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terça-feira, 1 de abril de 2014

VIETNAME - HANÓI, HOI AN E HUÉ



2 a 7 Dezembro 2013


Viajámos de Luang Prabang para Hanói, de novo na companhia aérea do Vietname, sem problemas.

Entrámos no país sem passar pelo suplício do Visto, que já tínhamos desde a primeira vez que entrámos, antes do Camboja e do Laos.
HANÓI é a capital. Está muito diferente.
Quando cá estivemos há 7 anos, só se viam motorizadas e bicicletas, 

e os automóveis eram o "lá vai um!". Hoje, os automóveis são muitos.
No bar do "Sunway Hotel Hanói", não se fuma. E pudemos fazer a nossa refeição à vontade.
De manhã, a caminho de Halong Bay, beleza natural Património Mundial da UNESCO, a 180km, demo-nos conta de outras alterações. Apesar de já estarem construídos alguns quilómetros de auto-estrada, a viagem foi um tormento, por causa das obras. Parámos numa chamada "área de repouso", onde nos tentaram impingir grandes esculturas de mármore.

A desilusão continuou, quando chegámos à baía de Halong: o pequeno porto, onde se podiam ver os típicos barcos de madeira, desapareceu para dar lugar a um enorme cais de embarque, moderníssimo, com marina, 
casas ricas à volta e anúncios de grandes empreendimentos turísticos, com campos de golfe com muitos buracos! À espera dos Chineses, como diria o nosso amigo arquitecto suiço de Luang Prabang!…
Agora, os Vietnamitas querem ser invadidos, desdizendo a lenda antiga da Baía:
Quando os Chineses invadiram a região de Halong, os seus habitantes rezaram e pediram a protecção do Grande Dragão, que vomitou todas estas ilhotas, como uma barreira de defesa. 

Por isso a baía é conhecida como "O Dragão Descendo ao Mar".
São mais de 3000 ilhotas calcárias que emergem das águas esmeraldas, algumas com grutas.





Aldeias flutuantes vão aparecendo em algumas enseadas.


O almoço foi mais simples do que da outra vez, mas igualmente saboroso.
O regresso ainda foi mais cansativo.

A visita da cidade, no dia seguinte, foi bem interessante.
O Mausoléu de Ho Chi Minh 
é visita obrigatória para qualquer vietnamita e foi impossível não reparar na grande exploração turística de que foi alvo nestes sete anos. Está montado um verdadeiro espectáculo à volta, com segurança que nos revista as mochilas e os sacos, antes de entrar na área impecavelmente limpa, com filas muito alinhadinhas de pessoas que se dirigem para dentro do mausoléu.

Catadoras de ervas daninhas mantêm a relva pura,
com avisos de "não pisar a relva" por todo o lado.
Guardas atentos evitam que alguém pise o solo na proximidade do monumento.

A área do Palácio Presidencial é bem arborizada e cuidada. 
O Palácio foi sede do Governo General da Indochina, no tempo da ocupação francesa e local de trabalho e de recebimento de hóspedes importantes no tempo de Ho Chi Minh. A residência deste 
era num outro edifício, mais pequeno, com o mesmo tipo de arquitectura colonial.
A Casa de Verão é uma pequena casa-palafita,
muito simples, mas bem localizada em frente ao lago com peixes ornamentais que lhe eram oferecidos.
Ho Chi Minh fumava muito e morreu de cancro do pulmão. Na fase terminal, já não conseguia subir as escadas da casa-palafita e, então, foi-lhe construído um quarto arejado, também muito simples, 
com túnel até ao rio Vermelho que poderia servir de fuga, em caso de ameaça.

Contornando o lago, pode ver-se uma curiosidade que me deixou surpreendida: na margem, junto aos troncos dos grandes ciprestes, as raízes aparecem como nascendo das águas, antes de chegar à ponte Uncle Ho Fishpond, e o povo chama-lhes raízes de Buda.

Caminhando por trás do Mausoléu, 

chega-se ao Pagode Miniatura de Um Pilar
mandado construir pelo imperador Ly Thai Thong, no séc.XI para agradecer ao bodisattva Avalokiteshvana o filho que não conseguia ter e que nasceu depois de ter sonhado com Buda sentado numa flor de lótus. A conselho de um monge, erigiu o pilar do pagode no meio de uma flor de lótus. De madeira, o templo assenta num pilar de 1,25m de diâmetro no meio de um lago embelezado com flores de lótus.

O Templo da Literatura ou de Confúncio, 
fica a cerca de um quilómetro e foi a primeira Universidade vietnamita desde o séc.XII. Foi construído em 1070 pelo mesmo imperador do Pagode de Um Pilar e ocupa uma área de 54.000 metros quadrados. 
Foi o local onde o imperador quis que os seus filhos se cultivassem, trazendo para aqui os Sábios.

As caloiras brilhavam nos seus trajes nacionais.

As grandes tartarugas de pedra carregam os nomes de estudantes importantes.

Almoçámos umas pizzas espectaculares, no "Mediterraneo", restaurante italiano num dos quartiers
cujo gerente é um espanhol de Valença.

Às 18h, chegámos a HOI AN, depois de cerca de hora e meia de avião e 25km de automóvel desde Danang.
Na sala de jantar do "Hoi An River Beach", a refeição foi acompanhada com boa música tocada por dois músicos do hotel e, mais tarde, por um hóspede saxofonista vietnamita a residir nos USA.
Claro que o Alf também exercitou os dedos na guitarra com a "Valsa" do tio Custódio (o avô da Joana) e foi muito cumprimentado pelo saxofonista  e amigos que se levantaram e lhe disseram ter muito talento!

Hoi An é Património da Humanidade desde 1999.

As habitações coloridas que ladeiam as diversas ruas são dos séculos XVI e XVII, 
quando a cidade era um porto importante de comércio para Chineses, Japoneses, Franceses e Portugueses. Durante centenas de anos de edificação e desenvolvimento, gerações de habitantes de Hoi An adaptaram-se às condições locais,
aplicaram-se activamente em trocas económicas e culturais com outros povos para formar a sua característica cultural única.
A zona histórica faz-se a pé ou de bicicleta, pagando os turistas uma taxa para a manutenção do Património.

O comércio é profuso, mas não houve alterações significativas como notámos em Halong e Hanói.

Visitámos uma casa tradicional
construída pelo proeminente comerciante Tan Ky. Numa das paredes, as marcas dos anos de cheias do rio Thu Bon.

Phúc Kién (Fukien Assembley Hall) 
é o templo dedicado às deusas do Mar e da Fertilidade e local de encontro da colónia chinesa Fukien. Vários murais, 

pinturas e placas lacadas embelezam o local. E o intenso cheiro do incenso a queimar, permanentemente.

A beleza da pequena cidade está, principalmente nas suas ruas e no quotidiano.


No fim da rua principal, um dos ícones da cidade, a Ponte Japonesa
como um pagode, sobre um canal do rio, construída em 1953 pela comunidade japonesa da cidade.

Atravessando uma das lojas, encontrámo-nos à beira do rio, onde fizemos um passeio, 
com oportunidade de fotografar a cidade de outro ângulo.

E parámos em duas aldeias: a da cerâmica 

e a do Estaleiro.

Almoçámos, tardiamente, no restaurante do hotel (comida ocidental) e, na varanda, virada para o rio Hoi An, 
calminho, gozámos o cair do dia e os pescadores.

No dia seguinte, de manhã, partimos para Hué, de carro.
O tempo mudou e a chuva e o nevoeiro apanhou-nos.
A meio caminho entre Danang e Hué, fica a Passagem de Hai Van
que significa "Passagem Oceano-Nuvem", na Route 1, contornando o Mar da China. É um ponto de paragem, onde se vêem os bunkers 
onde, no cimo da montanha, 
os Americanos tinham os postos de vigia.

Descendo, ainda com algum nevoeiro e a chuva, a aldeia de pescadores Lang Co 
aparece à beira da praia, muito bonita.

Quando chegámos a HUÉ, a chuva tinha parado.
Almoçámos num restaurante local, saborosa e bonita comida.

E antes de ir para o hotel e antes que escurecesse, entrámos num barco com proa de dragão colorido, 

no rio Perfume, em direcção ao Pagode Thien Mu
o mais antigo e mais alto do Vietname, situado na colina Hà Khê, a cerca de 3km do centro da cidade, construído na dinastia Nguyen, em 1601.

Em 1963, o monge Thich Quang Duc 
imolou-se durante uma manifestação, em Saigão, como protesto contra a política religiosa do Governo. Foi fotografado por Malcom Browne que ganhou um prémio Pulitzer com esta fotografia.

Também aqui está o carro conduzido pelo monge na altura.

Foi a primeira de uma série de auto-imolações de membros do clero budista para chamar a atenção da comunidade internacional sobre o regime de Diem e fez com que o líder anunciasse reformas.
Não voltámos ao barco. O carro esperava-nos para nos levar ao Túmulo do Imperador Khai Dinh
o último da dinastia Nguyen, terminado em 1931 e incorporando elementos europeus na arquitectura tradicional vietnamita. O interior é belíssimo, 

com pormenores com bocados de porcelana colorida. 

Várias fotos de Khai Dinh 

e uma escultura que me lembrou alguém da socialite portuguesa… 

E o guia confirmou que o imperador era homossexual.

Hué fica no centro do Vietname e foi capital dos Senhores Nguyen, a dinastia feudal que dominou entre os séculos XVII e XIX.
A cidade sofreu represálias dos dois lados da contenda na Guerra do Vietname, tanto das bombas americanas como das forças comunistas.
O "Saigon Morin Hotel" 

é um belo edifício de arquitectura francesa, situado na avenida principal, Le Loi, à beira do rio Perfume, 
onde pernoitaram muitos famosos. 

É o mesmo de há 7 anos, bem à frente da ponte exclusiva de motorizadas, motivo por que foi escolhido, para poder observar o movimento caótico característico, a partir da varanda do quarto. Embora tenha, já, semáforos e um polícia a tentar manter a ordem… o caos é evidente!




Procurámos um restaurante para jantar, perguntando ao porteiro por um italiano. Dirigido por vietnamita, a comida tinha um sabor misto das duas culturas. Os empregados, extremamente simpáticos, queriam moedas de euros "para colecção", mas nenhum de nós as tinha…
Para fazer a digestão, demos um pequeno passeio junto ao rio, 

onde decorria um mercado animado, com algumas simpáticas pessoas a perguntar "Where are you from?". Como o movimento era confuso, regressámos à Le Loi, com pouco movimento. Fui-me adiantando, deixando o Alf e a Suzana para trás, a conversar amenamente. Como demoravam, voltei-me e vi-os a falar com uma mulher. Esperei. Quando, finalmente, chegaram ao pé de mim, ainda vinham atónitos: a mulher abordou-os para que lhe trocassem as moedas de euros por notas e caíram na esparrela. Com trocas e baldrocas com a nota de dez euros que lhe deram ("Já lhe dei a nota…", "Não…", etc.), os 10 euros em moedas, ficaram por duas notas de dez euros. E a mulher desapareceu na noite, rapidamente, de motorizada! Os rapazes do restaurante "das moedas-de-euros-para-a-colecção", devem estar metidos nesta organização de burla de turistas europeus.

A Cidadela Imperial de Hué
na margem do rio Perfume, Património da Humanidade da UNESCO desde 1993, foi visitada no dia seguinte.
Em forma de quadrado, cercada por um muro de 10km de comprimento, 6m de altura e 21m de espessura, a sua construção começou em 1804, com uma configuração semelhante à Cidade Proibida de Pequim. Como um invólucro de três camadas, 

a mais interior é a Cidade Proibida onde só a Família Real era admitida.

A Torre da Bandeira, ergue-se em frente, 
imponente (33,4m de altura), frequentemente usada como símbolo da cidade, construída em 1812, tendo servido como posto militar durante o domínio colonial francês.
Muitas estruturas têm vindo a ser recuperadas, desde a nossa última visita.
Os Portões são muitos, qual deles o mais bonito.
Classificados como Portões Imperiais, são 10 e como Portões da Cidade, 4.

Os templos, são 5, dos quais o Mieu Temple é o mais importante e antigo (1822-1823), 
com portas lacadas de vermelho e rodeado por 
potes de porcelana
e queimadores de incenso com interessantes pormenores.

O Palácio da Harmonia Suprema 

e o Teatro 

são edifícios que lembram a arquitectura chinesa, com os seus telhados ornamentados com dragões de porcelana e paredes com painéis intrincados e pormenorizados desenhos também de porcelana.
As galerias 
fazem pensar nos momentos de calma e frescura que os poderosos aqui terão passado.

O Palácio da Rainha-Mãe 
é encantador, em madeira, rodeado por um lago onde flutuam flores.

 Rápida, porque o tempo escasseava, 
a Biblioteca Real foi a última visita.


Esperava-nos uma longa viagem, com um voo até Saigão, curto, e mais dois longos de Saigão-Dubai e Dubai-Lisboa, onde chegámos no dia seguinte por volta do meio-dia, findando mais uma epopeia.


* * * * *

14 comentários:

São Rosas disse...

Vocês não percebem nada de Vietnamita.
"Bạn là một què, Alfredo" não quer dizer "Alfredo, tens muito talento".
Gostei dos pagodes... mas com a caloira é que seria cá um pagode!...

cota13 disse...

Gostei de mais esta viagem de sofá.
Mas o filme é o máximo.
Tonito.

Teresa B disse...

Gostei muito da viagem, especialmente, por ela ser no futuro...Nem vos sabia videntes ;)

Mais a sério: belíssimas fotos, comentários óptimos; obrigada!

Beijinhos aos dois

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Então e com quantas senhas concorro ao sorteio!
Afinal é tudo o mesmo!
Salvara-se as fotos.
A lésbica da São Rosas tinha que se imaginar com a caloira!

São Rosas disse...

Nem no Vietname o ginecologista me deixa sossegadita...

lili disse...

Ora aqui está uma viagem como deve ser com todos os "matadores", incluindo até o chamado "conto do vigário":)).
Adorei este momento sentada no sofá a admirar o quanto é diferente e bela esta civilização oriental!
Quanto ao sorteio, dispenso, não tenho facturas suficientes...
Beijinhos para os dois e obrigada.
Lili

Candita disse...

Meus grandes amigos como é possível já nos contarem com tantas fotografias a viajem que vão fazer em Dezembro?????!!!!
Adorei ao quadrado!!!
Candita

Alfredo Moreirinhas disse...

Queridos Amigos e Amigas,
Lamento ter-me enganado na data, mas já está corrigida.
Agradeço as vossas chamadas de atenção, para mim significa que vêm e lêem tudo como muita atenção.
Obrigado.

São Rosas disse...

A caloira não tem erro nenhum!

Alcina Fernandes disse...

Gostei muito. Obrigada pela sugestão.

Anónimo disse...

pretty nice blog, following :)

Saint-Clair Mello disse...

Mais outra viagem maravilhosa com vocês, sem sair da minha poltrona. Belas fotos, como sempre.

olinda Rafael disse...

Voltou a encantar-me este país...
Bem atenta a todos os pormenores e resta-me ficar com pena de não o conhecer ao vivo.
Continuem...

Unknown disse...

Mais uma aula de historia.