14 a 18 Junho 2008
Tivemos que madrugar. Às 6.10h já estávamos no taxi que nos levou até ao cais para embarcar no ferrie da Stena Line.
O cais parece um aeroporto. Fizemos o check-in, despachámos as malas e fomos comer qualquer coisa. Às 7.30h o ferrie avançou pelo Canal do Norte, em direcção a Stanraer, onde chegámos duas horas depois.
A Hertz portou-se mal: não nos foi entregue o carro que tínhamos reservado, tendo-nos sido entregue um carro de categoria inferior. Não éramos os únicos a reclamar!
A paisagem, a caminho do sul,
é de grandes montanhas na linha do horizonte e campos verdes a perder de vista, com vacas, ovelhas e cavalos.
Em Biggar, uma pequena povoação muito simpática, parámos no "The Crown"
para um almoço muito bom, com queijo frito servido com uma compota de amoras silvestres e casca de batata frita (skin potato) seguido por um bife esplêndido com uma espessa rodela de morcela e batata frita, salada e cogumelos. Depois da fast food irlandesa, foi um consolo.
Os montes Pentland
estendem-se por 26km para sudoeste de Edimburgo, com muitas zons de caminhadas bem sinalizadas.
Chegados a EDINBURGH, estacionámos no Castel Terrace e subimos até ao Edinburgh Castle,
no cimo de um rochedo de basalto que resta de um vulcão extinto.
É um conjunto de edifícios construídos entre o século XII e o século XX. Foi fortaleza, palácio real, guarnição militar e prisão estatal.
Das suas ameias desfruta-se de uma bonita paisagem.
O castelo é composto por diversos edifícios, entre eles a St. Margaret's Chapel,
o mais antigo da cidade, com belos vitrais como o da Rainha Santa Malcom III
a quem a capela é dedicada, provavelmente construída por seu filho, David I, no início do século XII. Também o palácio onde Maria Rainha dos Escoceses deu à luz Jaime VI,
no século XV, onde se pode ver a Stone of Destiny, (relíquia dos antigos Reis Escoceses, usurpada pelos Ingleses mas devolvida em1996) e as Jóias da Coroa Escocesa (a coroa, redesenhada por Jaime V da Escócia em 1540, a espada, o ceptro e o colar). Na esplanada, realiza-se, anualmente o militar tatoo.
Descemos The Royal Mile
que une o castelo ao The Palace of Holyrood House. Edifícios, cartazes
e pormenores invulgares
fazem deste local a melhor zona para passear em Edinburgh.
A Lady Stair's House,
The Camera Obscura,
o pormenor da Águia a segurar um rato no exterior da Gladstone's Land,
a St. Giles Cathedral,
o Unicórnio com as armas de Jaime V,
no Mercat Cross que assinala o centro da cidade, foram os pontos que marcámos no dia da chegada.
Procurámos hotel perto do centro mas, como é Sábado, está tudo cheio.
Afastando-nos, conseguimos um "Best Western", na Milton Road East que nos decepcionou completamente, desde o mau serviço do bar aos quartos onde o ruído da festa de Sábado-à-noite se fez ouvir até à uma da manhã!
Levantámo-nos cedo, voltámos à Royal Mile, ao ponto onde ficámos ontem, continuando a descer.
A Casa de John Knox
é a casa mais antiga da cidade, de 1450, onde viveu o célebre pregador ordenado padre em 1536 e que participou contra a ocupação protestante do St. Andrew's Castle, tendo sido feito escravo de galé na marinha francesa. Quando regressou a Londres, depois de libertado, tornou-se protestante e voltou a Edinburgh.
O Museum of Childhood,
tem uma placa deliciosa à porta. Este museu foi criado por um conselheiro da cidade que era conhecido por não gostar de crianças!…
O Parlamento Escocês
é um edifício ultra-moderno, perto do Holyrood House.
O The Palace of Holyrood House
é a residência oficial da Raínha e foi construído por Jaime IV nos terrenos de um convento, em 1498 e fecha a Royal Mile.
Antes de partir, fizemos o City tour.
as torres e pináculos da cidade,
a North Bridge
inaugurada em 1772 e que é a principal ligação entre a Old Town e a New Town.
E partimos para o centro da Escócia, em direcção a STIRLING
situada entre os Ochill Hills e Campside Fells, crescendo à volta do seu castelo.
Já passava das duas da tarde e ninguém nos serviria almoço. Na zona pedonal, no "Nero", matámos, como diz o povo "quem nos matava a nós" e, subindo para o castelo, fotografámos o Bruce (Robert The Bruce) e o memorial da batalha de Bannockburn
que ocorreu em 1314 entre as forças da Inglaterra e da Escócia, no âmbito das Guerras de Independência Escocesa (Eduardo II da Inglaterra e Robert The Bruce pela Escócia).
O Stirling Highland Hotel
foi um liceu, o Old Town Jail
e o Argyl House Church
encontram-se no caminho.
Antes de entrar no castelo, outra estátua de Robert The Bruce.
Ao longe, muito ao longe, o vitoriano Wallace Monument, de 67m de altura, na Abbey Craig,
lembrando o guerreiro escocês que liderou os Escoceses contra os Ingleses de Eduardo I na batalha de Stirling Bridge em 1297.
Dentro das muralhas, o Pátio de entrada, a Torre do Príncipe
com bonitos arranjos de jardim na base, o Palácio em restauro, a Capela Real com belas tapeçarias
e o Grande Salão com tectos de madeira
construídos em 1500.
As cozinhas foram objecto de reconstituições com figuras nas suas actividades.
E as gárgulas.
O castelo ergue-se num penhasco rochoso,
mas não se fica com essa ideia durante a visita, mas sim a partir da auto-estrada, já a caminho de Perth. Conta a lenda que o rei Artur tomou o castelo original aos Saxões. As muralhas da cidade foram construídas no século XVI para manter Maria, Raínha dos Escoceses, a salvo de Henrique VIII.
PERTH foi capital da Escócia medieval.
No Balhousie Castle
está o Museum of Black Watch, o primeiro regimento das Highlands. De passagem, a foto do Museum and Art Gallery.
A norte e a oeste de Stirling fica a entrada histórica das HIGHLANDS, com montanhas e vales.
Parámos em PITLOCHCRY, famosa após a Raínha Vitória a ter descrito como uma das melhores estâncias da Europa, local de salmões e da destilaria Blair Athol, a casa do whisky "Bells".
Ainda procurámos alojamento no "East Hugh Hotel",
mas estava cheio de caçadores e pescadores.
Alojámo-nos no "Dundarach Hotel",
um pequeno hotel de charme com jardins verdes
e um confortável restaurante e bar onde saboreámos o salmão.
E Portugal perdeu com a Suiça.
Na manhã seguinte, dispensámos a visita à destilaria e fomos tentar ver os salmões no rio Tummel.
Em vão.
Focámo-nos na direcção do Blair Castle.
Muito bem conservado, com um branco imaculado, várias torres e telhados escuros, tem uma imagem imponente no meio da arborização frondosa que o rodeia.
Tem uma história de cerca de 700 anos e foi várias vezes alterado, dando-nos uma visão única sobre os diferentes gostos da vida aristocrática nas Highlands.
A Raínha Vitória visitou-o em 1844 e conferiu aos seus proprietários, os Duques de Atholl, a distinção de manterem um exército privado, que ainda existe, os Atholl Highlanders.
INVERNESS foi a paragem seguinte.
Capital das Highlands, é a maior cidade do norte da Escócia, atravessada pelo rio Ness que, no Verão, se enche de pescadores de salmão.
Almoçámos o fast food do costume porque não conseguimos cumprir os horários deste povo. Com os dias tão grandes, só servem almoços até às 13h e às 20.30h já não há jantar para ninguém!
O castelo
é um belo edifício de grés vermelho da época vitoriana, nas margens do rio e é o seu ponto mais turístico.
Para além do Loch Ness, claro!
Este é o lago mais famoso da Escócia, com uma área de cerca de 56,4 quilómetros quadrados. Tem uma profundidade máxima de 226m, onde o seu famoso monstro se esconde. Diz-se que foi visto, pela primeira vez, por Sta Columba, no século VI. Nos anos 30 do século XX foram publicadas algumas enigmáticas fotos que reavivaram a lenda. Nós, não o vimos!
Mas vimos lindas paisagens,
ao longo de todo o percurso, embora o tempo não ajudasse nada. A partir de Inverness, a chuva foi-se adensando. Sobre as águas do lago, as ruínas do Urguhart Castle
lembram bons velhos tempos. Foi erguido sobre um forte da Idade do Ferro.
No extremo sudoeste do lago, a pequeña aldea de Fort Augustus
e o que resta do Inverlochy Castle.
Acompanhados pelo Ben Nevis à direita,
com os cumes enevoados e a cascata Clach Leathada a 1097m,
fomos parando para arranjar hotel, sem sorte.
Jantámos num restaurante à beira da estrada porque as 20h se aproximavam e sem cama nem comida, é que passaríamos mesmo mal!…
Mas conseguimos quartos confortáveis no
"The Lodge House",
perto de Crianlarich (cuja tradução é "passagem baixa"), um BB (Bed and Breakfast) classificado com 4 estrelas, dirigido por duas amigas, Cath e June, enfermeiras reformadas. A classificação dos BB é feita pela Visitscotland que controla, com visitas periódicas, os cerca de 1500 que existem na Escócia.
Éramos os únicos hóspedes, em ambiente familiar, serviram-nos o pequeno-almoço que tínhamos escolhido na véspera.
Da janela do nosso quarto, via-se o Loch Lomond.
A chuva, miudinha, recomeçou a forrar o céu e a cair.
Serpenteando ao longo do Loch Lomond, o maior lago de água doce da Grã-Bretanha, na base do Ben Lomond
que se ergue a 974m de altura, parámos em Luss Village, encantadora, com casinhas pitorescas, muito floridas,
reabilitada no século XIX, mas que remonta a 1500 anos atrás quando um missionário (St. Kessog) ali chegou, trazendo o Cristianismo. Até aí, Luss era conhecida por Clachan Dhu (Dark Village) porque ficava na escuridão das florestas que a rodeavam.
O Santo foi martirizado e o seu corpo embalsamado em ervas doces que, diz-se, germinaram e cobriram os campos dando o novo nome à aldeia, do gaélico Lus que significa Erva.
A presente igreja data de 1875,
mas pensa-se que terá sido erguida sobre uma outra bem mais antiga, pois as pedras do cemitério datam dos séculos VII e VIII. Há, mesmo, um túmulo de um Viking do Século II.
GLASGOW fica a 30km.
A chuva não nos abandonou!
Arranjámos alojamento no "Holliday Inn".
Os Romanos estiveram em Glasgow há 2000 anos. A cidade desenvolveu-se com as riquezas do Império Britânico e com a Revolução Industrial. No século XVIII, importava rum, açúcar e tabaco das colónias e no século XIX tornou-se um centro de produção de algodão. Desenvolveu-se, então, a construção naval e a engenharia pesada, atraindo muitos imigrantes pobres das Highlands, ilhas escocesas e Irlanda. Em 1990 foi Capital Europeia da Cultura e em 1999 Cidade de Arquitectura do Reino Unido, pelo esforço de reabilitação.
Depois de entregar o carro, iniciámos o City Tour Glasgow Hopon-Hopoff, junto do Clyde Auditorium, Armadillo.
Também o Art Gallery and Museum, a Glasgow University.
A Catedral de Glasgow
tem uma história interessante que me lembra outra, de um certo elefante branco com relíquia de Buda, na Tailândia… A história escocesa é assim:
Mungo (St. Kentigern)
colocou o corpo de um Homem Santo, Fergus, numa carroça com uma parelha de touros selvagens, dizendo-lhes para o levarem para o local escolhido por Deus e,no "encantador local verde" onde os touros pararam, ele construiu a sua igreja.
Foi a primeira catedral construída em pedra e é de 1136. Aqui está o túmulo de St. Mungo que morreu em 603 dC. A Nave tem 32m de altura e o tecto é de madeira da época. Os vitrais são recentes, quase todos instalados em 1947. O vitral grande, a oeste, é A Criação, pintado por Francis Spear.
A Nave de Blacader foi a última a ser construída e deve o seu nome ao Arcebispo Blacader
(1483-1508).
Na Igreja Baixa, está o túmulo de St. Mungo.
O Museu de St. Mungo, de Arte Sacra Escocesa, fica ao lado. Entrámos principalmente para ver o "Cristo de S. João da Cruz" de Dali, mas… já não é ali a sua morada!
Perto, a Provand's Lordship,
a casa em pedra mais antiga de Glasgow, Medieval, construída inicialmente para os cónegos, em 1471. Maria, Rainha dos Escoceses, terá aqui pernoitado quando visitou a cidade em 1566.
De novo no Hopon-Hopoff até George Square, passando pelo People's Palace no Glasgow Greene, a Torre do Science Centre
e pelas 3 Universidades (Glasgow University, Strathclyde University e a Glasgow Caledonia University).
Descemos na George Square onde as gaivotas e os pombos defecam nas cabeças das estátuas dos importantes da história escocesa…
Numa corridinha, o GOMA.
O edifício é de 1829 e foi centro do comércio da cidade.
Como galeria de Arte, abriu em 1996.
A viagem estava a findar. Ficámos com uma ideia da Escócia… mas não vimos os Pictos, o enigmático povo pintado celebrizado no cinema!
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