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domingo, 18 de outubro de 2015

ANDORRA



Passando por Logroño e Bilbao.

5 a 10 Outubro 2015


Andorra é um dos destinos que já conhecemos há alguns anos e que repetimos várias vezes, porque não é longe, a viagem de carro faz-se bem e... é um encanto!

Desta vez, convidámos a São e o Quito que, como a maioria dos portugueses, acham que Andorra é, apenas, uma rua de compras e pistas de esqui.
A paragem para dormir, depois de um almoço à beira da estrada, foi, aos 680km, LOGROÑO, 

no "Hotel Carlton Rioja", bem situado, muito perto do Casco Antiguo.
Capital da Comunidade Autónoma de La Rioja, banhada pelo rio Ebro, tem muito para descobrir. Mas o tempo é curto e escolhemos fazer uma visita rápida pela parte antiga, aproveitando a luz que já fugia.
Atravessámos o jardim El Espolón, onde está o Monumento às Vítimas do Terrorismo, de Agustín Ibarrola.

A Plaza del Mercado fica logo ali, 

onde a Concatedral Santa Maria La Redonda se mostra, majestosa. 

Construída entre os séculos XVI e XVIII, o seu nome deve-se a uma antiga igreja românica sobre a qual foi construída. Virada para a praça, impõe
as duas grandes torres gémeas, numa fachada monumental.
A Virgen de Valvanera

padroeira, em prata e marfim, é uma belíssima peça que faz parte do património, no interior, bem como uma pequena pintura da Crucificação, atribuída a Miguel Ângelo.

Logroño faz parte do Caminho de Santiago Francês 

e pudemos vê-lo marcado nas calçadas, quando nos dirigíamos para a Puente de Piedra

uma das quatro pontes que cruzam o rio Ebro que, apesar da poluição das suas águas, não perdeu a beleza.
A Iglesia Imperial de Santa Maria de Palacio 
foi doada pelo Imperador Afonso VII aos clérigos do Santo Sepulcro, construída entre os séculos XII e XIII, conhecida pela sua interessante agulha piramidal, 

que é o único vestígio da igreja original.
A Iglesia de San Bartolomé
também do século XII, que fazia parte da muralha, tem um portal fantástico. 

A torre, mudéjar, é do século XVI.
A Iglesia de Santiago El Real, 
foi vista já no fim do dia, ao cimo da calçada, com a Fonte do Peregrino no início, do outro lado da rua.

Construída entre os séculos XVI e XVII, a sua fachada barroca mostra uma enorme figura de Santiago a cavalo.

Petiscámos na Plaza del Mercado, com a Concatedral na frente.

O caminho para Andorra, feito no dia seguinte, é um passeio de deslumbrante beleza paisagística.


Registámos a passagem pelo Meridiano de Greenwich

já na Catalunha, e continuei a sentir-me pequenina entre as colossais montanhas, 

em vales tão apertados que, mesmo olhando para cima, quase não conseguia ver o céu!

ANDORRA, no coração dos Pirinéus, 
é um pequeno país de 464 quilómetros quadrados, oficialmente Principat de les Valls d'Andorra, o único país do mundo cuja língua oficial é o catalão, embora o castelhano, o português e o francês também sejam falados. Só Malta, Lichtenstein, Mónaco e o Vaticano são menores, em área.
Segundo a lenda, foi Carlos Magno que fundou Andorra, em 805, em reconhecimento pela ajuda prestada pelos seus habitantes na luta contra os Sarracenos.
O primeiro documento que se conhece é a Acta de Consagração de Santa Mari de Urgell (839), que menciona as paróquias de Andorra como feudos dos Condes de Urgell. Em 1133, torna-se senhoria eclesiástica dos bispos de Urgell. 
No século XIII, começaram as lutas pela sua soberania com os condes de Foix e, a partir de 1288 até hoje, com algumas modificações, a Constituição de Andorra reconhece o sistema de co-principado, com o bispo de Urgell e o presidente francês. A capital é Andorra la Vella.

Até há bem pouco tempo, tinha o mais pequeno parlamento do Mundo, na Casa de la Vall, 
antes da construção do moderníssimo novo parlamento, na mesma praça, de onde se pode olhar a cidade, como duas das esculturas que fazem parte dos "Sete Poetas
de Jaume Plensa, em baixo, na Plaza Lídia Armengol.

A Casa de La Vall 
foi construída em 1580 para a Família Busquets e adquirida pelo Conselho Geral em 1702. "La Morisca",

que representa um casal de bailarinos dançando um contrapasso, de bronze, de Antoni Viladomat, no exterior, homenageia o 1º Centenário da Nova Reforma.
Entre a Casa de La Vall e a Iglesia de Sant Esteve, está outra interessante escultura, "Angel del Trapezi",

de Fernando de Blasi, de 2008.

A Iglesia de Sant Esteve 
ainda tem alguns traços românicos, mas com grandes alterações no século XX.
O resto do primeiro dia foi para compras, embora algumas planeadas tenham ficado frustradas. O comércio decaiu muito. A última vez que aqui estivemos, em 2011, demo-nos conta da sua grande expansão, com muitas lojas nas zonas novas da cidade, 
rodeando o rio Valira. Mas hoje, as lojas estão vazias e os preços não compensam (para além do álcool e do tabaco...), levando ao encerramento de alguns espaços. Muitos portugueses por todo o lado, quase todos do norte do país. É preciso não esquecer que o português é a terceira língua falada no país, à frente do francês!
Junto do rio Valira, a escultura do Relógio, de Salvador Dali.

O principal motivo da visita, é a Rota do Românico e delineei um programa para os dois dias seguintes.
Bem tarde, fizemos a nossa primeira refeição em Andorra no "Els dos Caçadors", 

o nosso restaurante preferido em Andorra-a-Velha, onde matámos saudades do pão torrado com alho, tomate e azeite acompanhado pelo bom presunto ibérico e um vinho tinto esplêndido, LC (Lopez Cristobal), da região Ribera del Duero.

No dia seguinte, rumámos em direcção a Espanha, para procurar o pequeno povoado de Santa Coloma,

agora colado a Andorra-a-Velha por modernos edifícios. Por isso é difícil de encontrar a sua belíssima igreja do século XII. A entrada do templo 
está protegida por um átrio gótico e o seu elegante campanário cilíndrico com quatro pisos, de janelas geminadas, está decorado com motivos lombardos.

Mais uma portuguesa, de Mirandela, passeava o cãozinho e meteu conversa connosco, nas ruas estreitas da parte antiga.

Dirigimo-nos para Sant Julià de Lòria. Seguindo o Carrer de Nagol, subimos a Collada de Galina, estrada sinuosa, subindo sempre e espantando-nos com a paisagem, 
os verdes, amarelos e vermelhos das encostas. Chegados a Bixissarri, encontrámos a indicação "Santuari de Canòlich", à esquerda, a 3,5km. E, em curva e contra-curva, subimos até 1528m de altitude, 

para encontrar o restaurante 

e os simpáticos anfitriões 
onde almoçámos há quatro anos e onde, desta vez, tomámos a bica da manhã. 

Hoje, não chove e pudemos visitar o santuário 

em frente onde, no último Sábado do mês de Maio, os peregrinos fazem prova da sua devoção, subindo o difícil caminho 
e saboreando o piquenique, à volta, onde se vêem vários assadores e mesas de pedra. 

O pequeno núcleo populacional foi citado pela primeira vez em 1176.
Voltando ao Carrer de Nagol, fomos encantar-nos, outra vez, com San Cerní de Nagol
hoje com uma luz espectacular e a montanha a acariciar-nos. 

De 1055, a bela igreja tem um campanário de espadana de dupla abertura, 

abside semi-circular e um encantador alpendre 
virado para Sant Julià de Lòria,  e parece sobrevoar a cidade.
Descendo, voltámos a Andorra-a-Velha e voltámos a subir, agora em direcção a França.
Em Encamp, estacionámos para percorrer a parte velha, de casas de pedra.
Passámos pela Casa Carrer 

e entrámos na Casa Cristo


uma das casas rurais que está transformada em museu e mostra como se vivia numa casa humilde (?) na Andorra do século XIX e primeira metade do século XX. 

De três pisos, sem luxos, com austeridade, mas com comodidades 

que não se vêem nas casas das nossas aldeias da mesma época!
Almoçámos num simpático restaurante e, já de saída, avistámos a Sede del Comú 
que chama a atenção pela sua arquitectura contemporânea, uma grande fachada de vidro onde se reflecte a montanha, mudando conforme a luz e as estações do ano. Ah, e a encantadora San Miquel de la Mosquera!

Há 4 anos, não consegui subir ao Conjunt de Sant Romà de les Bons, sozinha, porque o caminho não estava bem indicado. Mas, desta vez, com a ajuda da São (os homens ficaram no carro...), fiz o trajecto, começando na Pont de les Bons
por baixo da qual o rio canta, virando à esquerda, junto aos painéis indicadores, encostados ao que resta da Ca de Pont
casa de gente rica que, orgulhosos, diziam "Acabará a água no Valira mas não o pão e o queijo em Ca de Pont!". A água do rio Valira continua a correr, alegre e cristalina... e a casa já lá não está!
O caminho é rude, de calçada de grandes pedras, traiçoeiras e a altitude (1500m) também não ajuda. A Torre dels Moros vê-se e orienta, mas a face que oferece é a dos andaimes que a sustentam. 

Mas consegui a foto. 

Só então me dei conta da pequena igrejinha.

Entretanto, já a São se perdera, caminho acima. Chamei-a e vi-a a descer, de novo, até ao terreiro suspenso na montanha. A Torre dels Moros deve ter feito parte de uma fortificação militar, talvez do século XVI (incursão dos huguenotes em Andorra). A pequena igrejinha, a seus pés, 
Sant Romà de les Bons
é românico-lombarda, consagrada a 23 de Janeiro de 1164. A abside semi-circular conserva um campanário de espadana de duas aberturas que ocupa todo o muro poente e tem uma bonita porta de entrada, 

decorada com um friso de dentes de serra resguardada por um alpendre com panorâmica para o vale. 

Em baixo, as casas típicas, do século XVIII, com três pisos, de granito, orientadas para o sol e escavadas na rocha, com varandas de ferro (símbolo de riqueza) onde os donos apanhavam sol e secavam os frutos.
Voltando à estrada principal, em direcção a Canillo, desviámos para o Santuari de Nostra Senhora de Meritxell

patrona dos vales. Segundo a tradição, a Virgem 
(valiosa talha policromada), foi encontrada, em pleno Inverno, entre plantas milagrosamente floridas. 
Levada sucessivamente para Encamp e Canillo, desaparecia e era encontrada sempre no mesmo local, onde se construiu o santuário e onde decorre a Fiesta Nacional de los Valls, cada dia 8 de Setembro. 
Na noite 8 para 9 de Setembro de 1972, um incêndio destruiu o santuário. Junto das ruínas da velha ermida, 

levantou-se o actual santuário, 
arrojado projecto em vidro, pedra e cobre, do arquitecto Ricard Bofill, benzido a 8 de Setembro de 1976.
Continuámos até San Joan de Caselles, em Canillo, 
a mais setentrional das seis paróquias de Andorra e a mais extensa. Ainda não foi desta vez que fotografei a bela igreja como gostaria. 
Das duas vezes que aqui estive, nunca consegui a luz certa. A 1531m de altitude, a igreja, construída entre os séculos XI e XII, 
segue as características do românico de Andorra. Com torre de três pisos e janelas lombardas, tem um inestético cartaz, 

no prado em frente, onde uma instalação de vacas e vitelos pastam.

O dia acabou na pizzaria "Mama Maria", onde as pizzas já foram melhores!
No último dia, continuámos na rota do românico.
A Manuela, portuguesa da loja de jeans, falou-nos da Igreja de Sant Miquel de Angolasters
do século XII, bem perto, em direcção às termas de Escaldes-Engordany, 
mas bem lá no alto, na montanha. 
Não conhecíamos e ficámos encantados. À beira da estrada, com o seu campanário lombardo desproporcionado, de 17m de altura, 
que conserva um dos poucos testemunhos de escultura românica em Andorra, uma cabeça esculpida 
no centro de cada arco das janelas geminadas, no último piso. Com a montanha por trás, 

dá uma grande sensação de serenidade. Do outro lado da estrada, Andorra-a-Velha aos pés.

O lago, no alto, no meio da floresta, está vazio,

informa outro português que está a trabalhar na sua manutenção. Mesmo assim, subimos para tomar a bica da manhã no pequeno hotel rural de montanha.
Voltando a descer, continuámos na estrada para La Massana

à procura de Sant Cristòfol de Anyòs, situada na parte alta do povoado de Anyòs, 

construída estrategicamente num altiplano de onde se controla visualmente a entrada para o vale de Escaldes-Engordany e Sispony, La Massana e até Ordino. 

Do século XII, a estrutura românica, é bem pequenina.

Sempre a subir, a paragem seguinte foi em Pal
um conjunto de edifícios muito bem conservados, segundo a arquitectura tradicional.
Estacionámos na Plaça del Poble
exactamente onde o fizemos há 4 anos. 
E logo encontrámos outro português que estava a restaurar uma casa antiga, para apartamentos rurais. Por mais cinco anos, até à reforma.
Seguindo o Carrer de San Clemens, 

já se avista a Igreja de Sant Climent de Pal
dos finais do século XI. O campanário é lombardo, com três pisos de janelas geminadas duplas, 
o que é único em Andorra. 
Jogando com sombras e arcos, 

janelas 

e telhas, 

fui captando os pormenores, continuando pela Calissa de la Font, Carrer Major. 

Nos celeiros, nos últimos pisos das casas, 

secam-se as folhas de tabaco. 

Na Ca l'Eulari, uma escultura de um jovem espreita no beiral da janela.

As cidadezinha distam poucos quilómetros umas das outras e a 2/3km, fica Ordino, a 1300m de altitude,

a mais pequena das paróquias de Andorra, mas que tem mais casas solarengas (pairals), graças aos títulos nobiliárquicos e à exploração do ferro. A Igreja de Sant Corneli i Sant Cebriá
foi começada a construir na época medieval e remodelada nos séculos XVIII e XIX. Estava aberta e pudemos ver a imagem da Mãe de Deus, 
de madeira policromada, dos finais do século XI, que é a mais pequena do Principado, com 44cm de altura. Cinco retábulos barrocos, dos séculos XVII e XVIII, 
dedicados aos padroeiros da igreja.

No átrio, um pequeno coreto coberto, 
onde se realizavam as cerimónias de protecção contra as tempestades.
Na rua principal, a Casa de Areny-Plandolit
o único exemplo de casa senhorial em Andorra, do século XVII, que mostra o esplendor económico do seu proprietário.
Mais à frente, à direita, descendo até ao rio, a pequena Igreja de Santa Bárbara 

junto do Conjunt de Casa Rossell, do século XIX,
com raízes no século XV, quando a poderosa família do mesmo nome decidiu levantar uma casa neste local. É um conjunto de galerias, janelas arejadas, arcos, varandas e telhados, 

onde predomina a pedra e a madeira.

La Cortinada, com o seu casario interessante, 

mais acima, tem a Igreja de Sant Martí de Cortinada 
de um lado da estrada e o moínho de água
do século XVI, do outro, ao lado do rio Valira do Norte, onde as águas cantam e convidam ao descanso e à meditação. 

A igreja é românica, do século XII.

Llorts 
fica a escassos 2km, pequeníssimo povoado com igreja proporcional, do século XVIII, 
Sant Serní de Llorts.

O nosso último ponto, em El Serrat

foi a ainda mais pequena e simples Igreja de Sant Père del Serrat
minúscula, mas restaurada. Lembro-me de, há quatro anos, andar entre as ruínas.

Foi rápida a chegada ao hotel. A altitude também contribuiu para o cansaço, e já não saímos, petiscando na cafeteria.

A viagem de regresso, no dia seguinte, passou por Lourdes, onde almoçámos e Bilbao

onde dormimos, em frente ao Museu Guggenheim.

E, sem custo, fizemos a viagem até Almeida, onde almoçámos no Hotel Fortaleza de Almeida, 

antes chamado Estalagem de Nossa Senhora das Neves, onde somos sempre muito bem recebidos.


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