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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ALSÁCIA, MERCADOS DE NATAL - Kaysersberg - Eguisheim - Strasbourg - Riquewir

Mas a Alsácia não é só Colmar, embora esta linda cidade a represente muito bem.


MULHOUSE, fica perto da fronteira com a Suiça, perto de Basileia.
É uma cidade industrial e visitámo-la no segundo dia, esperando pelos nossos amigos que não chegaram por causa da greve dos controladores aéreos espanhóis.
Possui o maior museu automóvel da Europa, "La cité de l'automobile",

colecção Schumpt, o "Louvre do automóvel". Com 400 automóveis, desde os primordiais

aos modernos, possui um número importante de Bugatti 

e mais modelos Peugeot do que a própria marca em Lyon. E belos Mercedes... brancos!

A antiga Câmara, é um edifício renascentista,
muito bonito, na Place de la République, onde o cheiro a vin chaud e canela perfumava (empestava?) as ruazinhas do mercado de Natal.

No domingo, saímos da confusão de Colmar, provocada pelos visitantes de fim-de-semana, e rumámos a KAYSERSBERG, pequena cidade enquadrada por montes cobertos de vinhas,



hoje sobressaindo dos campos de neve, muito alinhadinhas. 

Foi onde nasceu Albert Schweitzer, prémio Nobel da Paz em 1952.
"kaysersberg" significa "montanha do imperador". O castelo-fortaleza, com torre de menagem redonda, domina a cidade.
A ponte fortificada,

construída em grês rosa em 1514, protegia a cidade das agressões possíveis vindas do Weiss.
O rio corria e as águas gelavam em alguns sítios.

Não se viam as lavadeiras, mas os seus utensílios estavam lá representados.
Numa pequena praça, ouvia-se o acordeão.

Hôtel de ville 

fica na Rue Génèral de Gaulle e é um edifício de 1604, com uma bela sacada de dois pisos. Nos seus claustros, está montado um mercado de Natal.

A jóia de Kaysersberg é a Église de la Sainte Croix,
situada ao lado do Hôtel de ville. A sua construção foi feita por etapas, desde o século XII ao século XV. O portal romano, enquadrado por colunas com capitéis com decorações variadas, apresenta um belo tímpano
representando a coroação da Virgem (com o artista apresentado no canto esquerdo). No interior, um Cristo crucificado monumental (4,10 metros),
datado do séc. XVI, ladeado pela Virgem e S. João. Por trás, no coro, um imponente retábulo
em madeira esculpida, dourada, retratando a Paixão e a Ressurreição de Cristo.

Na praça da igreja,
várias belas casas e uma fonte em grês amarelo encimada por uma estátua do Imperador Constantino (séc. XVI).


Debaixo de chuva, visitámos EGUISHEIM, depois de um óptimo almoço na "Taverne alsacienne", em Ingersheim, explorada pela família Guggenbuhl.
A pequena cidade (tem apenas 1600 habitantes), é quase redonda,
construída em círculos à volta do que foi o castelo da célebre família Eguisheim, de onde veio Léon IX, papa de 1048 a 1054.
Das ruas estreitas,
empedradas e escorregadias, as casas magníficas, típicas dos vinhateiros, foram aparecendo, com as suas traves de madeira entrelaçadas e bem enfeitadas com motivos de Natal.

A luz ía desaparecendo, a chuva não parava e não era fácil fazer boas fotografias,
apesar do Bobbyzé e da Elisabeth terem prescindido das suas máquinas fotográficas para protegerem as nossas da chuva (!...).
Já havia pouca luminosidade quando desembocámos na praça principal.
Do castelo primitivo, só há alguns vestígios da muralha em pedra. Palácio e capela
foram reconstruídos no séc. XIX. Da mesma época é a igreja (Chapelle de Saint Léon IX), que conservou uma torre sineira românica, em grês amarelo.
No interior, um tímpano, do séc. XIII, onde se vê Cristo em majestade,
rodeado por S. Pedro e S. Paulo. Os medalhões da abóbada
e os vitrais representam as várias cenas da vida do papa Léon IX.
Na Mairie, bem ao lado, visitámos uma exposição de ilustradores alsacianos (muito bons!) que retratavam o nascimento de Cristo.


No dia de S. Nicolau, 6 de Dezembro, visitámos STRASBOURG.
A estação ferroviária de Colmar
fica a 200 metros do nosso hotel. O dia amanheceu com a neve a cair,
em farrapinhos ténues e, por isso, a viagem de combóio pareceu-nos mais cómoda do que a de automóvel.
Strasbourg é capital da Alsácia e possui património histórico e cultural que faz dela a cidade mais rica da Alsácia.
O centro histórico é Património da UNESCO.
Foi escolhida para sede do Parlamento Europeu, instalado num edifício futurista próximo do centro histórico, que pudemos ver no nosso passeio de barco pelos canais.
Saídos da estação dos caminhos de ferro, encontramos o rio
e a bela Igreja de S. Pedro o Velho,
que foi dada aos Protestantes na altura da Reforma, mas que Luís XIV, depois da anexação da Alsácia, dividiu, dando o coro aos Católicos e a nave aos Protestantes.
Seguimos até à Place Kléber,
uma grande praça dedicada ao general Kléber que participou nas guerras revolucionárias e na campanha do Egipto com Napoleão, durante a qual foi assassinado. Ocupando todo o lado este, está a "Aubette", construída em 1770 para abrigar uma parte do comando militar da cidade e as tropas. Os oficiais vinham aqui receber as ordens, à aurora, daí o nome. Aqui está a árvore de Natal mais alta da região.
Na Place Guttenberg,
a Câmara do Comércio (séc. XVI) e a estátua de Gutenberg, ao centro.
A Place de la Cathédral 
é ocupada, nesta altura do ano, pelo mercado de Natal. Várias belas casas rodeiam a Catedral. A mais célebre é a Maison Kammerzell,
construída em 1571 para um queijeiro, num estilo renascença muito peculiar. O rés-do-chão é em pedra e os andares superiores em madeiras esculpidas com cenas sagradas e profanas. Infelizmente, a chuva não deixou que esmiuçasse os pormenores.
A Catedral,
é uma preciosidade da arquitectura. A sua construção vai do século XII ao século XVI. Em grês rosa, com um pináculo de 142 metros,
foi, até ao século XIX, o edifício religioso mais alto da Europa. Predomina o estilo gótico. Os três portais,
do século XIV, são ricamente ornamentados com esculturas. O portal principal está ladeado por estátuas de profetas
e tem como tema a Paixão de Cristo.
No interior, a nave é típicamente gótica. No coro, (séc. XIX), elevado, os frescos têm cenas da vida da Virgem, a quem a catedral é dedicada, e um vitral central, dádiva do Conselho da Europa. Outros vitrais e a grande rosácea
também mereceram a nossa atenção.
Como bons turistas, não podíamos deixar de ir ver o Horloge astronomique,
do século XVI, ricamente decorado com figuras animadas que se põem em movimento às 12:30 horas: personagens que representam as idades da Vida
(da criança ao velho), desfilam perante a Morte. Em cima, os Apóstolos passam em frente a Cristo, que os abençoa.
Ao molho, com o resto dos turistas, esperámos cerca de meia hora, para apreciar o inusitado, aproveitando para fazer as fotos possíveis não só do Relógio, mas também do Pilier des Anges,
construído cerca de 1230, de uma grande beleza, ali mesmo ao lado. O primeiro andar está representado pelos quatro evangelistas, depois os anjos tocando trompa e o grupo superior representa Cristo sentado, rodeado de anjos com os instrumentos da Paixão.
No cruzeiro norte, um conjunto escultórico do início do séc. XVI, que se ilumina por 20 cêntimos, o Monte das Oliveiras.
Almoçámos no "Le Gruber",
tartes flambées e Baeckeoffe aux trois viandes. O restaurante é muito interessante, com uma russa a cantar ao vivo, a quem o Alfredo acompanhou a cantar o "Avril aux Portugal", a nossa "Coimbra", e o Bobbyzé também a acompanhou,
enquanto esperávamos, com um Stevie Wonder. São uns verdadeiros artistas!
O passeio de barco pelos canais, foi interessante,
mas a chuva impossibilitou a reportagem fotográfica esperada. Deformadas pelas gotas de água, as Pontes Cobertas,
que são vestígios das fortificações que rodeavam a cidade, onde sobressaem três grandes torres quadradas que dominam as pontes, que eram cobertas até ao séc. XVIII, fazendo lembrar a Ponte Vechio de Florença.
Também a Petite France,
que se estende desde a Igreja de S. Tomás até às Pontes Cobertas, merecia outra atenção. Antes, bairro de pescadores, moleiros e curtidores, é um dos mais bonitos quartiers de Strasbourg.
Chama-se assim porque foi propriedade do Hospital que era utilizado para albergar os doentes com o "mal francês" (a sífilis).
Da ponte Saint Martin à Place Zix,
diversas maisons à colombages, algumas com pontão para a água.
Terminámos a nossa visita a Strasbourg, depois de um passeio pelas ruas enfeitadas de Natal,
numa acolhedora cafèterie, comendo "mannalas" (é o seu dia...) e chocolate quente, no "Winter".


 RIQUEWIR, rodeada por campos e campos de neve onde sobressaem os troncos das videiras,

é célebre, precisamente, pelos seus vinhos, desde o Tokay e o Pinot gris ao Gewurztraminer e Riesling.
Parece um museu ao ar livre. Foi a única cidade da Alsácia que não foi bombardeada, mantendo as casas renascentistas
praticamente intactas.
Nas muralhas,
as casas encavalitadas nas vetustas pedras.
Entra-se, passando por baixo da abóbada
do Município (Hôtel de ville) do séc. XIX e deparamo-nos com um cenário da Idade Média e do Renascimento,
seguindo pela Rue Génèral de Gaulle, subindo por uma rua empedrada, passando por pracetas com arcadas,
varandas e janelas com enfeites de Natal, sacadas,
portais esculpidos,
encantadoras tabuletas,



algumas feitas por um dos melhores ilustradores franceses, Hansi.
A propósito de tabuletas (que são muitas, indicando o que se vende nas lojas), vale a pena observar a "Hugel", da família regressando das vindimas,
em cuja extremidade se vê o caracol e a tesoura de poda, símbolos dos vindimadores.
O museu de Jean-Jacques Waltz (Hansi)
está na casa chamada "Au nid de Cigognes", uma velha casa medieval onde estão pinturas

e cartazes de publicidade com figurinhas encantadoras e algumas bem sarcásticas.
 O "Musée de la Poste"
está no castelo dos Wurtemberg-Monbéliard e tem, à frente, uma grande diligência onde, como bons turistas, fizemos o retrato.

O Dolder domina a rua.
É uma belíssima torre com janelas, do séc. XIII, e possui um museu com uma aterradora câmara de tortura medieval.
Almoçámos no "Au tire-bouchon",
bem típico, de traves de madeira à mostra e muito boa comida.
Parámos em frente da Maison Kiener
(na rua do Cervo), para ver a cópia do fresco
que representa uma alegre dança (o original encontra--se no Museu Unterlinden).
Depois, a Tour des Voleurs,
também transformada em museu e que marca o extremo norte da cidadela.
Neste último dia, tivemos, também, a companhia da família Ferrão, a Talinha e o Tó
que, entusiasmados com as nossas descrições da Alsácia e apesar da falta de profissionalismo dos controladores aéreos espanhóis (que fizeram greve sem pré-aviso) no dia 3, impossibilitando-lhes o embarque nesse dia, vieram no dia 7, para um programa mais curto.


Muito ficou para ver na Alsácia e fica a promessa de uma segunda visita, talvez na época das vindimas!




Fim.