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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ALENTEJO - Uma Rota Curta


COSTA ALENTEJANA. 
BEJA, ÉVORA, MONSARAZ, ESTREMOZ

19, 20 e 21 Abril 2014



Saímos da A1 em Grândola, em direcção a Sines.

Parámos na praia lagoa de Melides
seguindo as indicações do GPS e do AJP (Abre a Janela e Pergunta). O local estava muito calmo. 

As pessoas, com o bom tempo, procuram as praias do Algarve. A Páscoa proporcionou uns dias de férias curtas e esta zona não tem a propaganda turística do sul do país. Para nós, que gostamos pouco de multidões, ainda bem, que a beleza natural desta costa não se compara com as imensidões de areia rodeadas por construções em urbanizações mais ou menos caóticas do Algarve.
Estacionámos junto de um restaurante porque a hora era propícia ao repasto e o pequeno-almoço tinha sido há muito. "O Vapor" tinha um ar simpático, vislumbrava-se a água azul do oceano e a língua de areia que a separa da do rio. 

Encomendámos um ensopado de enguias e, enquanto esperávamos, desfrutámos de um pequeno passeio a pé para ver e fotografar a praia fluvial rodeada por pinheiros e sobreiros e, ao longe, o azul forte do mar.

O ensopado estava delicioso: sobre o pão frito em azeite, fomos colocando as enguias, até não conseguir comer mais. Uma dose teria sido suficiente para nós, que já apreciamos mais a qualidade do que a quantidade!… Com sobremesa de morangos fresquinhos (acabadinhos de chegar…) e dois cafés, pagámos 33€.
A paragem seguinte foi na lagoa de Santo André,
bem maior e com mais gente.
O extenso areal é banhado pelas águas doces do rio que se misturam com as do Oceano Atlântico.

Sines é um porto industrial e petrolífero que, por isso, nunca me atraiu. Mas é, surpreendentemente, uma cidadezinha branca alcandorada na falésia com um castelo reconstruído em parte, com uma muralha limpinha. 
Era um castelo medieval que foi mandado reconstruir por D. Manuel no século XVI e onde nasceu Vasco da Gama em 1469, quando o seu pai era o alcaide-mor.

Passámos pela estação de caminhos de ferro,

muralhas do castelo 

e desfrutámos da paisagem.

Descemos por ruas estreitas até à beira-mar, 
onde existe uma praia abrigada, com porto de pescadores e de onde se tem uma vista bonita da cidade.

Depois, sempre ao lado do mar, fomos vendo as belas praias, escondidas por arribas, 
multiplicando-se, bem diferentes dos extensos areais da costa mais a norte, mais familiares para nós.

Porto Covo 
fica a cerca de 10km mais a sul. É uma pitoresca aldeia com praia e porto abrigados, 
bem conhecida por hippies e surfistas e cantada por Rui Veloso que também deu a conhecer a pequena Ilha do Pessegueiro 
(mas… não "havia um pessegueiro na ilha", como diz a canção)! Está a 250m da costa e foi importante centro de pescado no tempo dos romanos, restando as ruínas de tanques de salga que o confirmam. Visíveis da costa, são as ruínas de um forte 
mandado construir por Filipe II por causa dos saques dos piratas do norte de África.
As vacas, 
deste lado, pastam calmamente, dando um ar bucólico à paisagem.
Em Vila Nova de Milfontes
tínhamos reservado hotel para dormir, na marginal, com vista para o rio, 

no "Milfontes Beach", muito simpático.

Milfontes é onde o rio Mira desagua no mar. Tem um pequeno castelo que defendeu a costa dos piratas. 
Tomado dos Mouros em 1204, foi adquirido por particulares em 1939.

Fizemos o check-in  e saímos em direcção ao sul, pela costa.
A cerca de 10km, a praia de Almograve

com as suas falésias e pedras riscadas, 

limitada a norte pela Ponta dos Azulejos e a sul pela Rocha Furada.
Queria ver a ponta do Cabo Sardão, mas o  acesso não é fácil… e só encontrei o farol. 

Valeu  pela paisagem, 
com o sol a começar a avermelhar o horizonte.

Esperava-nos um dos ícones da Costa Alentejana, Zambujeira do Mar
famosa pelos seus festivais de música, em pleno Verão, que arrastam milhares de adolescentes.

O casario branco está no alto das falésias, 
com a pequena ermida na extremidade sul. Em baixo, protegida pelas escarpas, a foz de um pequeno curso de água e a praia.
O fim do dia proporcionou-nos o cenário para belas fotos.

Voltámos a Vila Nova de Milfontes e ainda deu para um pequeno passeio e fotos do pôr-do-sol.

Jantámos no restaurante do hotel: sem história. Vulgar. Assim como o pequeno-almoço, na manhã seguinte.

Mais umas fotos a partir do miradouro, 
e arrancámos em direcção a Beja, deixando a costa.

A chuva ameaçava. Mas nem por isso a paisagem perdia a beleza. Pelo contrário, a luz e as nuvens fazem sobressair o verde dos sobreiros, 

os vermelhos dos campos lavrados, 

e as diversas flores silvestres. 

O Alentejo, na Primavera, é o local mais bonito do país!…

BEJA, capital do Baixo Alentejo, foi, também, capital no tempo de Júlio César, com o nome de Pax Julia.

Com entrada em arco, subimos à cidade velha,

estacionando na Praça da República que marca o local do fórum romano. Os Mouros chegaram no ano 711 e deram-lhe grande importância cultural até  à sua expulsão em 1162.
Em 1808, os ocupantes franceses massacraram os habitantes e saquearam a cidade.

A Praça da República é encantadora. 

Os edifícios são uma mistura das arquitecturas 
dos povos que por aqui passaram. 

O Pelourinho 
é particularmente bonito. Foi reconstruído em 1938 com elementos que se encontravam guardados no Museu Arqueológico. 
É encimado pela Cruz de Cristo
que se sobrepõe à bandeira e à esfera armilar.

Descendo a rua ao lado da interessante loggia da Igreja da Misericórdia
procurámos o castelo. 
Ruas estreitas, casas brancas

com toques coloridos e portas chamativas 

e desembocámos no Largo do Lidador, 
onde se impõe, à esquerda, a muralha e a belíssima Torre de Menagem do Castelo 
(com 36m de altura, mandada construir por Dom Dinis) e, à direita, a
de estilo Maneirista, do século XVI. É Domingo de Páscoa e, por isso, está aberta, decorrendo a Missa. 

Altares protobarrocos 
de talha dourada policromada, 

telas de André Reinoso 

e painéis de belos azulejos. 

Foi construída no local onde existia uma igreja dedicada a Santiago. O altar é dedicado a São Sezinando, natural e padroeiro de Beja.
O Castelo
data da ocupação romana. 

Foi conquistado por Dom Afonso Henriques 
ao ocupante mouro em 1159. Em 1169, o cavaleiro Gonçalo Mendes da Maia (o Lidador), já com 90 anos, perdeu a vida na defesa das suas muralhas contra as tropas de Badajoz.
Depois de muitas fotografias do exterior, 

entrámos na Praça de Armas 
e tomámos um café, saboreando um sol envergonhado.

Voltámos à Praça da República, dando um pouco mais de atenção à Igreja da Misericórdia com a sua bela loggia inspirada na de Florença. 
Construída no século XVI em estilo Renascença maneirista, destinava-se, inicialmente a um açougue, mas o seu aspecto nobre levou a adaptá-la a igreja.

Ao fundo da praça, por uma rua à direita, buscámos o Convento Nossa Senhora da Conceição,
fundado em 1459, por ordem dos primeiros Duques de Beja, Dom Fernando e Dona Brites, pais de Dona Leonor e de Dom Manuel. 

Foi um dos mais ricos conventos do sul do país. 

Foi celebrizado internacionalmente por causa da tradução das "Cartas Portuguesas" atribuídas à monja Mariana Alcoforado que se terá apaixonado pelo conde de Chamilly que esteve na campanha do Alentejo contra os Espanhóis, tendo regressado a França em 1618, no final da Guerra da Revolução.

Voltámos ao carro.
À hora do almoço, a chuvada apanhou-nos!
Com sorte, conseguimos um estacionamento mesmo à porta de um restaurante, na Vidigueira. Foi no "Túnel" que saboreámos um bem confeccionado arroz de cabidela.
Quando saímos do restaurante, já não chovia e arriscámos o caminho até Monsaraz.
Mas a sorte não estava do nosso lado: a chuva não nos deixou, sequer, sair do carro. E decidimos encaminhar-nos até Évora, fotografando a paisagem com céu cinzento. E o bonito casario de Vendinha.

Já a silhueta de ÉVORA se via ao longe.

Mas não é fácil chegar de carro ao nosso local de poiso, na Pousada do Convento dos Lóios, no Largo do Conde Vila Flor. Por ruas bem estreitas, ameaçando o risco nos espelhos laterais, lá chegámos e, com a ajuda do simpático porteiro, estacionámos no espaçozinho à medida, guardado para a nossa viatura. Tudo milimetricamente estudado!

O Convento dos Lóios ou de São João Evangelista, foi construído no século XV 

sobre o que restava de um castelo medieval, de planta rectangular em torno de um claustro de dois pisos, 
sendo o piso inferior do estilo Gótico manuelino, com influência árabe, e o superior, Renascença.

Anexa, tem a Igreja dos Lóios
manuelina, fundada em 1485 como panteão de Dom Rodrigo de Melo, guarda-mor do rei Dom Afonso V.

Os quartos são antigas celas conventuais, confortáveis, mas de dimensões pequenas para a categoria do hotel.
Saímos para fazer a nossa visita pedonal, gozando da situação do hotel escolhido, bem no centro da cidade histórica.

O Templo Romano
considerado como tendo sido dedicado à deusa Diana, é do século II ou III e foi usado como armeiro, teatro e matadouro, antes de ser recuperado em 1870.
A Sé Catedral 
parece uma fortaleza e levou 50 anos a ser construída desde 1186. Em granito, estilos Românico e Gótico, as duas torres assimétricas dão-lhe um aspecto estranho. 
O portal 
é flanqueado pelas belas esculturas dos Apóstolos, do século XIV. 

A hora era adiantada e, desta vez, não pudemos visitar o seu belíssimo interior e ver o museu de Arte Sacra que já conhecemos e que acho que ainda está disponível para ser visto pelo público.
Descemos pelas ruas estreitas 

até à Igreja de Nossa Senhora da Graça
de fachada em estilo Pseudo-clássico renascentista, do século XVI, em granito, no Largo da Graça, com torre sineira com três sinos. 

Quatro figuras (duas de cada lado) ostentando globos, são apelidados pelo povo "Meninos". 

O projecto é do arquitecto da Casa Real, Miguel de Arruda.
Começou a pingar e apressámos o passo até às arcadas da Praça do Giraldo

para nos abrigarmos, na esperança de ser uma chuva passageira.
Mas engrossou e fomos obrigados a regressar à Pousada, pela rua 5 de Outubro, abrigados por mais um guarda-chuva comprado à pressa.
Foi uma noite trovejante e muito molhada, mas passada no conforto da sala do hotel, onde o wi-fi não era o desejável, mas vali-me do material que tinha em downloding, enquanto o Alf alimentava amena cavaqueira com os simpáticos funcionários.
Fizemos um jantar ligeiro, no bar.

O pequeno-almoço, no dia seguinte, foi nos claustros do piso inferior.

Saímos em direcção a Monsaraz, na esperança de um dia soalheiro ou, pelo menos, sem chuva.
Passámos por Reguengos de Monsaraz e consegui fotografar a igreja que já me tinha chamado a atenção, ontem. 
É a Igreja de Santo António
do século XIX, construída em estilo Neogótico pelo mesmo arquitecto da Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, António José Dias da Silva.

Subindo a colina até MONSARAZ

fomos apreciando a paisagem alterada pelo maior lago arificial da Europa, 
criado pela construção da Barragem do Alqueva, no rio Guadiana. E, sobranceira, a aldeia medieval tomada aos Mouros em 1167 por Geraldo Sem-Pavor e entregue aos Cavaleiros Templários.

Entrámos pela Porta da Vila

deixando o carro no pequeno estacionamento.
As ruas empedradas e o casario muito branco, 

bem cuidado, dão-lhe um ar encantador e aconchegante. Apetece fotografar tudo. E temos sorte, porque os visitantes são escassos. Seguimos pela Rua Direita até ao castelo, do século XIII, 
mandado construir por Dom Afonso III e reforçado por Dom Dinis, para as defesas fronteiriças.
Das ameias, fiz belas panorâmicas 

e pormenores  do aglomerado no arrabalde, com a Ermida de São Bento, que valeram o risco da subida.

Depois da infalível visita a uma das lojinhas de artesanato, o passeio até à Igreja Matriz
do século XVI, de Nossa Senhora da Lagoa que substituiu uma outra, gótica, destruída por estar contaminada pela peste. Duas torres quadrangulares ladeiam a fachada simples, com azulejos com imagem de Nossa Senhora da Conceição.
À volta, os edifícios dos séculos XV e XVI, a maioria reconstruídos após a derrocada com o terramoto de 1755.
Em frente, o Pelourinho
símbolo da jurisdição e da autonomia do Concelho, de mármore branco da região.

O tempo manteve-se quente e com sol.
Parámos em ESTREMOZ
cidade que foi importante fortaleza na Guerra da Restauração (1640) e nas Lutas Liberais (1832).

Estacionámos, sem problemas, 
no Rossio do Marquês de Pombal
a principal praça da Cidade Baixa. 
À volta, o Convento dos Congregados 

de São Filipe Nery, do século XVIII, que funcionou como palácio de Dom Constantino de Bragança, vice-rei da Índia, a Igreja do Convento de São Francisco
com o Memorial dos Combatentes, em frente, e o restaurante onde almoçámos muito bem (pezinhos de coentrada e borrego, com mexidos e sericaia como sobremesa), o Edifício Águias d'Ouro
em estilo tardio de Arte Nova.

Depois do repasto, saímos, caminhando à direita para o Largo Luís de Camões,

onde está o Pelourinho

em praça alta, e fomos subindo até à Cidade Alta. 

Esta, medieval, encontra-se dentro das muralhas 
e é dominada pela torre de mármore com 27m de altura, do século XIII. 
É a Torre das Três Coroas

(Dom Sancho II, Dom Afonso II e Dom Dinis, que são os reis do período da sua construção). 

O castelo e o paço real 

foram construídos por Dom Dinis 
para a Rainha Dona Isabel 
e foi restaurado para Pousada.

A Igreja de Santa Maria
no largo Dom Dinis, junto ao castelo, é do século XVI e é obra de Miguel de Arruda.

Descemos até ao Rossio e ainda fotografámos o Teatro Bernardim Ribeiro
um ex-libris da cidade, construído em 1916 e inaugurado em 22 de Julho de 1922 com a Companhia Amélia Rey Colaço- Robles Monteiro. O arquitecto foi Ernesto da Maia.

Pelo caminho, até casa, fotografámos, ainda, na colina, a bela Portalegre.



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