Translate my Blog

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

NEPAL - Nagarkot, Vale de Kathmandu e Changu Narayan



7 a 11 Outubro 2014


Deixámos o Butão, passando, outra vez, ao lado da Cordilheira dos Himalaias


e, em 50 minutos, estávamos em Kathmandu.

Ainda no "Metta hotel", em Paro, tínhamos tratado do visto, pela net e, por isso, depois de pagarmos 25 dólares, o passaporte foi rapidamente carimbado. Um bom começo!
O nosso shutle é que desiludiu: a mala dos primos viajou no tejadilho!
O trânsito é caótico 
e, com as muitas buzinadelas, faz lembrar a Índia. Bem diferente do Nepal que visitámos há 18 anos.
O destino era NAGARKOT, mais precisamente o "Nagarkot Peacefull Cottage", a cerca de 32km de Kathmandu, a 2175m de altitude, numa colina.
A aldeia é procurada pelos turistas para ver a Cordilheira dos Himalaias e fazer caminhadas na Natureza.
Na orla do Vale de Kathmandu, muito rural, vamos encontrando casas simples com malaguetas a secar nos pátios 
e nos telhados 

e muitos restaurantes e pequenos hotéis.

À chegada, o hotel parece bem diferente das fotografias da netmas é só uma noite e o terraço, 
com uma vista esplêndida, 
faz esquecer tudo o resto, até a sala de refeições de aspecto duvidoso quanto à limpeza.
Está um pouco nublado, ameaçando chuva, mas o dono do hotel prometeu-nos um bom pôr-do-sol e um amanhecer, por volta das 6h da madrugada, com vista de 8 dos 13 picos dos Himalaias.
O pôr-do-sol 
valeu pelos debruados das nuvens, feitos de luz! 

E a lua, 

do lado da Cordilheira, também nos brindou com a sua presença.
E, de manhãzinha, o sol brilhou de novo, 
mostrando a bela Cordilheira.

Nagarkot é isto. E o "Peacefull hotel" é visitado por muitos turistas que aqui vêm para usufruir desta maravilha.
O comércio de beira de estrada, 

foi-nos acompanhando na descida até ao trânsito caótico da cidade grande de KATHMANDU. Mas o hotel, "Shambala hotel", 

é bom e fica numa rua lateral, bem mais calma.
Não conseguimos um guia, mas, na recepção, arranjaram-nos um condutor, para depois do almoço, para o programa que delineámos.
A confusão do trânsito é assustadora, mas a grande odisseia foi caminhar nas ruas, depois de o condutor estacionar o carro no "Hotel Tibet" 
e nos indicar o caminho para a primeira visita, de dedo espetado para o caos!
Conseguimos chegar ao grande stupa, depois da aventura da travessia da rua e do assédio de mulheres com crianças ao colo a convidar para as acompanhar ao supermercado!
Depois do portão do Boudhanath 
e do pagamento de 250.00Rs, a grande cúpula branca brilha, 
coroada com a cara de Buda com olhos e o símbolo da Unidade, 
o local que, para mim, é o mais bonito do Nepal.
É sítio de importante peregrinação para budistas do Nepal e do Tibete, porque se encontra na maior estrada de comércio entre estes dois países. 

É Património da Humanidade da UNESCO desde 1979.
A grande escadaria branca com 30 degraus, desapareceu. 

Descobrimos depois que o acesso ao piso superior se faz por várias escadas, obrigando a passar em pequenos templos hindus.

À volta, existem numerosos mosteiros tibetanos 
(a invasão do Tibete pela China trouxe muitos refugiados, que se concentraram nesta zona).
O comércio aumentou. Cafés, restaurantes e pequenos hotéis proliferaram e foi difícil identificar os pequenos mosteiros. 
Consegui identificar o Guru Lhakang com a varanda cheia de turistas.

A luz, fantástica, faz as cores vibrarem. 

Tudo está bonito e limpo, visto do piso superior.
Regressámos à confusão, até ao carro que nos levou ao Pashupatinath.

Lembrava-me de ter entrado por uma estrada aprazível, ladeada por árvores e com bancas com os pós coloridos, atravessando, depois, uma ponte sobre o rio, a nascente, de águas límpidas.
Agora, o recinto está no meio da confusão da cidade, que cresceu. As bancas coloridas estão lá, 

numa calçada empedrada onde se vende de tudo.
Pagámos 1000.00Rs e entrámos em mais um local Património da Humanidade, importante local de peregrinação de hindus de todo o mundo, dedicado a Shiva. Nas margens do rio sagrado Bagmati, o complexo data do ano 400 dC, é uma profusão de edifícios 
rodeando o templo principal 
e pequenos cubículos de orações 

onde se encontram alguns dos sadhus, os homens santos, 

que se vêem um pouco por todo o lado. 

Os ghats de cremação 
empestam e enchem de fumo o ar e tornam o rio Bagmati negro de poluição e veículo doenças.

O templo é em estilo pagode nepalês, 
com vigas de madeira esculpida e dois telhados com revestimento de ouro.
As vacas recostam-se, pachorrentamente, nas pontes, dificultando a passagem.

Não nos demorámos muito e fomos encontrar o nosso motorista no mesmo local onde nos deixou, à entrada do complexo e nos deixou em outra entrada, a da Durbar Square de Kathmandu 

que, juntamente com as durbar squares de Bhaktapur e Patan, também faz parte do Património Mundial da UNESCO.
Aqui, notei diferenças positivas, com os edifícios aparentemente mais cuidados. 

O pior, é o grande número de pessoas, polícias e militares (estes, chamam a atenção por todo o lado).
A praça tem o nome de Hanuman Dhoka Durbar Square devido ao deus macaco Hanuman, devoto do Senhor Ram, do século III, época da sua construção. A estátua de Hanuman está à entrada do Palácio Real, actualmente museu.

A arquitectura da praça, espectacular, é obra dos artistas e artesãos Newari, ao longo dos séculos.

Entre os templos, o Taleju
com três telhados, em forma de pirâmide, de 1564. O Kumari Bahal, a casa da Deusa Viva, 

é local muito procurado pelos turistas, com dois coloridos leões gigantes, macho e fêmea, 



que dão acesso ao pátio. 

A lenda da Deusa Viva, que o actual governo maoista mantém porque é de interesse turístico, pode ser lida no post da nossa viagem em 1996, 
(Nepal - Katmandu) no link:

http://alfredo-moreirinhas.blogspot.pt/search/label/Nepal%20-%20Kathmandu 

A Coluna de Pratap Malla
em frente ao Palácio Real e os Templos de Vishnu e Indrapur
são outros dos muitos edifícios interessantes da praça.
Pedimos outro condutor para o dia seguinte e negociámos a visita a Bhaktapur e Changu Narayan, no dia seguinte, por 130 dólares.

Mais simpático e com alguns conhecimentos de inglês, o nosso segundo condutor não nos largou um só momento.
As ruas antigas de BHAKTAPUR estão cheias de comércio, 
cafés, restaurantes e hospedarias. Mas, se por um lado, o mercantilismo choca, as casas foram recuperadas. Capital cultural do Nepal, o seu nome, na língua Newari é Kwopa e foi , mesmo, capital do país entre os séculos XII e XV. A sua história vem do século VIII, fica a 1400m de altitude e o seu centro histórico tem uma área de 6 quilómetros quadrados interditos ao trânsito.
Durbar square, Taumadhi square, Pottery square e Dattatraya square, são as praças da cidade ligadas entre si e que proporcionam um passeio agradável de descoberta.
A Porta, arco em pedra, 
marca a zona a partir da qual começa a zona histórica.

A Durbar Square é a praça central. 
Foi danificada em 1934 por um terramoto. Era uma área com 99 pátios ligados entre si, mas, agora, está reduzidos a 6.
O Palácio das 55 Janelas 
é uma estrutura que domina a praça, construído no século XV. A sua entrada principal ostenta o magnífico Golden Gate

Vários pátios, 
muitas janelas artisticamente trabalhadas, em madeira, 
e o templo dedicado à deusa Taleju Bhawani, 
com proibição de entrada a quem não seja hindu.

Em frente ao palácio, a Coluna de Bhupatindra Malla, belíssima.

O Templo de Siddhi Laxmi
é uma construção diferente, octogonal, de pedra.
Na Taumadhi Square, o Nyatapola Temple
ao cimo da escadaria tão fotografada e tão interessante, onde os cinco patamares têm pares de esculturas cujos poderes vão dobrando à medida que se sobe: os lutadores (que são duas vezes mais poderosos do que o homem comum), elefantes, leões, grifos e as deusas Baghini e Singhini. 

Em frente, o Nyatapola Cafe, 

onde saboreámos um refresco e de onde tirámos outras fotos da praça.

Almoçámos mais à frente, no "Shiva Guesthouse", mesmo ao lado do pequeno templo Pashupatinath, 
um mimo da escultura erótica, nas traves que sustentam o telhado...



A Pottery Square 
é o centro da actividade típica da região, devido à qualidade do barro das suas terras. Os artesãos do barro trabalham aqui e as peças secam ao sol!
As ruazinhas são muito interessantes, as janelas de madeira trabalhada são um espanto, as lojinhas têm artesanato muito interessante e as pessoas são simpáticas.



A 18km, fica outro templo Património da Humanidade, na aldeia de Changu, no topo de uma colina, habitada por uma comunidade Newari que se foi adaptando ao turismo, embora mantendo a sua vida rural.

Como uma avenida principal, 
subimos os vários lances de escadas, ladeada por casas de habitação, lojas, artesanato e galerias de arte.

O que chama mais a atenção, são os entrançados de grandes espigas de milho a secar, enfeitando paredes e janelas. 

Galinhas e patos, à solta, misturam-se connosco, à medida que caminhamos até à entrada do templo.

Changu Narayan está para além do portão, ao cimo da escadaria. 
É considerado o templo mais antigo do Nepal, existindo desde o ano 325 dC.
O edifício central é do estilo Pagode nepalês,

dedicado a Vishnu e suas diversas incarnações. Outros pequenos templos formam uma espécie de durbar square em miniatura. 
Poucos visitantes. A maioria parece ter vindo directamente dos anos 60 do século passado, percorrendo os templos e cantando "Hare Krishna".

Satisfeitos com o condutor, combinámos directamente com ele, as visitas de amanhã, Patan e Swayambhunath.
Não nos sentíamos seguros para caminhar e jantar fora do hotel. Nestes países, é complicado. O conforto do hotel e a sua área social, no terraço, com a piscina, ajudou-nos a tomar a decisão de acabar o dia por ali.

PATAN fica a 8km a sul de Kathmandu. O seu nome antigo é Lalitput, "Cidade de Beleza", e está rodeada por quatro grandes stupas, orientados segundo os pontos cardeais, mandados construir pelo imperador indiano Ashoka quando veio em peregrinação ao Vale de Kathmandu há mais de 2000 anos.
A Durbar Square 
é, das três durbar squares do Vale a que mais templos em pedra.
O Khrisna Mandir
construido no século XVII, foi o primeiro templo no estilo Shikhara, todo em pedra.
Entrando no Museu
as colunas e as janelas apresentam esculturas miniaturais de um pormenor que apetece fotografá-las a todas!


Não demorámos muito. O tempo escasseava e dirigimo-nos para o Swayabhunath, Templo dos Macacos, um dos mais velhos stupas do Vale de Kathmandu, no topo de uma colina, a oeste do Vale.

Entrámos por um local diferente, subindo mais de carro.

A escadaria com os 365 degraus 
não é considerada segura para os turistas  e só é utilizada pelos peregrinos hindus e budistas Vajrayana que, todas as manhãs, antes do nascer do sol, a sobem, passando pelo Vajra dourado e os dois leões e fazendo as suas circunvalações, orando.
Os macacos são considerados santos 
porque Manjusheree, o bodhisatva da Sabedoria e da Aprendizagem, subiu à colina e aí permaneceu a meditar na companhia dos macacos que aqui vivem. O imperador Ashoka construiu aí o primeiro templo.
O espaço parece diferente.

O grande stupa 

foi recuperado e está mais bonito, de um branco imaculado encimado pela cara de Buda com os símbolos (olhos, olho central e a unidade), coroada com 20kg do metal precioso.

Ao lado, o Haratimata Temple
local de uma das mais importantes peregrinações de hindus e budistas.
Não pretendendo turismo de aventura e de caminhadas e escalada, é o que se poderá fazer no Nepal.

Não pretendíamos mais. Mas, como já temos experiência, há países que não deveríamos repetir: fica uma certa desilusão!


* * *