Translate my Blog

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

BERLIM


16 a 21 Junho 2015

Chegámos a Berlim, já noite cerrada, depois de 273km, cansativos. 


Acho que dormimos todos, menos o condutor, claro.
Os apartamentos, "Clipper City Home Apartments Berlin", são simpáticos.

Tentámos entregar o carro, mas o serviço que deveria ser de 24h, não estava a funcionar...
Jantámos no "Sagrantino", restaurante italiano localizado por baixo dos apartamentos e onde iremos tomar os pequenos-almoços.
Estamos na zona oriental da cidade.
Depois de entregar o carro, começámos o reconhecimento da cidade.
Na Zimmerstrasse, 

está o Checkpoint Charlie
um dos pontos de passagem do Muro, no sector americano, 

onde, uma vez, os tanques dos USA e do Exército Vermelho se colocaram frente a frente. Mas os canhões ficaram mudos. 

Era um dos três postos militares controlados pelos americanos. A passagem só era utilizada por estrangeiros e funcionários da Missão Permanente da RFA. Foi cenário de fugas espectaculares. 
Agora, outro cenário foi montado 
com um actor vestido de soldado americano da época, para as fotos dos turistas... 
O ponto original, está no Mauermuseum - Museum Haus am Checkpoint Charlie. Com entrada livre, a exposição de fotografias e histórias de algumas fugas. Um troço original do muro e um esquema mostrando a localização do Muro, 
separando as zonas francesa, inglesa e americana da soviética. Como eu, muita gente não terá a noção do tamanho do Muro. Nem de alguns pormenores da sua história:
Depois da II Guerra Mundial, em 1945, os Aliados, 
vitoriosos, dividiram a Alemanha em 4 sectores. Os sectores USA, Inglaterra e França, combinados, formaram um estado capitalista, a República Federal da Alemanha (RFA). O sector soviético tornou-se num estado comunista, a República Democrática da Alemanha (RDA). Embora Berlim ficasse do lado soviético, os Aliados dividiram, também, a cidade. Em 1961, Nikita Krushev ordenou a construção do Muro. Na madrugada de 13 de Agosto de 1961, os berlinenses, incrédulos, viram surgir uma parede com 3,60m de altura e 15cm de espessura e que se foi estendendo até perfazer 155km de comprimento. Tinha 302 torres de observação e um corredor para guardas com cães e ordem para matar quem tentasse passá-lo. Em 12 de Agosto de 1987, na Porta de Brandenburgo, Ronald Reagan desafiou Gorbachev a derrubá-lo. Em 1989 ficou decidido e a 30 e Outubro de 1990, finalmente, o Muro caiu!
Caminhando, chegámos a outro ponto de memória, desta feita da época dos nazis, a Topografia do Terror
localizado no edifício onde estava a sede da Gestapo. Foi aqui que foram planeadas todas as atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial. Com a divisão de Berlim, o Muro passava exactamente por esta rua e ainda se pode ver parte dele. 
Tem parte de exposição ao ar livre, mas dispensámo-nos de a percorrer porque já temos a nossa dose de terror, nesta viagem.
Perto, o Ministério da Aviação do Reich
hoje Ministério das Finanças, um edifício de arquitectura pesada, construído entre 1935 e 1936, como o maior prédio de escritórios da Europa. Foi um dos poucos edifícios que sobreviveram aos bombardeamentos dos Aliados. Depois da Guerra, era a "Casa dos Ministérios da República Democrática". Foi aqui que, em 1961, se tomou a decisão de construir o Muro. Em frente, no chão, um painel com fotos dos manifestantes da greve de 1953, com flores ali depositadas por alguém. 

painel debaixo das arcadas, é de 1952, intitulado "A importância da Paz para o Desenvolvimento Cultural da Humanidade", 
é da autoria de Wolfgang Ruppel e retrata pessoas comuns no seu dia-a-dia, na Alemanha Democrática.
O dia está bom, convida à caminhada e chegámos à Potsdamer Platz

No local, podemos ver as marcações do Muro.

Tornou-se um espaço desolado após a Guerra, 
totalmente destruída, mas sofreu grande desenvolvimento depois da Reunificação.

O grande espaço reconstruído no local, de onde sobressai o Sony Center (Helmut Jahn), 

albergava, no início do século XX, os melhores hotéis, entre eles o "Grand Hotel Esplanade", do arquitecto Otto Rehing, onde Charlie Chaplin e Greta Garbo foram dois dos célebres hóspedes, e o "Excelsior", que tinha 600 quartos. Partes do "Hotel Esplanade"
foram incorporadas no lado norte da Praça Sony, incluindo o Kaisersaal

que foi deslocado 75cm do local original, mantendo a sua orientação. Perto, o novo "Café Josty", 
aberto em 2001, onde nos sentámos para um refresco.
Em espaço aberto, uma réplica do primeiro semáforo automático de Berlim, 
aqui colocado em Junho de 1924 porque a Potsdamer Platz era um dos locais de maior movimento de entrada da cidade (pessoas, carros, charretes, bicicletas...).
Também foi criado um Passeio da Fama
semelhante ao de Hollywood, mas só com nomes de alemães célebres.
Antes de chegar à Porta de Brandenburgo, aparece o Memorial aos Judeus Mortos na Europa ou Memorial do Holocausto

Obra do arquitecto Peter Eisenman, consiste em 2711 blocos de concreto, as estelas, num arranjo que pode ser abordado por qualquer lado. As estelas têm diferentes alturas e, com o terreno irregular, formam uma espécie de ondas 
que dificultam o caminhar e o equilíbrio... 
que não é por acaso. As sombras projectadas criam efeitos espectaculares!
Já se avistam a cúpula do Reichstag 
e a Porta de Brandenburgo. No distrito Mitte, é uma das antigas portas da cidade antiga, 
reconstruída no século XVIII como um arco de triunfo neo-clássico, segundo os planos de Carl Gottard Langhans segundo o modelo do Propileus da Acrópole de Atenas, com 6 colunas dóricas que formam 5 passagens. Em 1793, a quadriga 
desenhada por Johamm Gottfried Schadow, foi colocada sobre o portão. Hoje, é um dos marcos mais conhecidos de Berlim e da Alemanha. 
Entre a Avenida Unter Den Linden e o Parque Tiergarten, 
ficava do lado soviético durante a Guerra Fria.
A Praça Parisiense, Parisier Platz 
é a zona chique de Berlim, tendo sido construídas residências elegantes, embaixadas e o luxuoso 
"Hotel Adlon". 

Em 1806, Napoleão, durante a ocupação francesa da cidade, mandou levar a quadriga para Paris. Oito anos mais tarde, após a sua derrota, a quadriga é recuperada e foi trazida para o seu local original, tendo recebido a cruz de ferro 
(condecoração militar instituída pelo rei da Prússia Friedrich Wilhelm III) com uma águia de ferro no topo. E a praça recebeu o nome de Pariser Platz e a quadriga passou a chamar-se Vitória (deusa romana).
Almoçámos tarde, perto, num recanto agradável, uma espécie de pátio sombreado, um churrasco saboroso.

O Reichstag
que abriga o Parlamento Alemão, foi projectado por Paul Wallot e inaugurado em 1894, de estilo neo-clássico, 

com 137m de comprimento. 
Sofreu um incêndio quatro semanas após Hitler ter sido nomeado chanceler, quando a sua cúpula foi destruída. Também foi danificado durante a Guerra e, a sua reconstrução durante a Guerra Fria, não incluiu a cúpula, devido ao grande peso. Em 1990, foi decidido que o governo e o parlamento regressariam de Bonn e foi feita nova recuperação e uma nova cúpula 
com o projecto do britânico Norman Foster, de vidro, com 23,5m de altura sobre a sala do plenário, com um caminho em espiral que leva ao topo, de onde se vê a Porta de Brandenburgo e a cidade. Infelizmente, as visitas têm de ser previamente marcadas e já estavam completas para os dias que vamos permanecer em Berlim.
O rio Spree fica logo ali 
e decidimos fazer um passeio de barco. Passámos pela Chancelaria
um edifício de linhas muito modernas, o "escritório" de Ângela Merkel.
Durante cerca de uma hora, por 11€, passámos por alguns ícones da cidade, como o Bode Museum, 

a Berliner Dom, 

a Ilha dos Museus, a Chancelaria 

e avistámos, ao fundo, a Coluna Vitória 

e a Berliner Fernsehturm, 
mas um pouco decepcionante, por causa dos guindastes das obras...
Saímos a sul da Unter den Linden, 

perto da Ópera

rodeada pelos edifícios da Universidade

para ver a Bebelplatz

conhecida por ser o local onde o ministro nazi da Propaganda, Joseph Goebbels, convidou a associação de estudantes a fazer a queima de livros, a 10 de Maio de 1933. Foram 20.000 livros queimados, incluindo Henrich Mann, Erich Maria Remarque, Karl Marx e Albert Einstein. O Memorial
de Micha Ullman, consiste numa placa de vidro, no chão, onde se vêem prateleiras vazias.
Perto, a Praça Gendarmenmarkt
embelezada por três edifícios: a Catedral Alemã e a Catedral Francesa 
em frente uma da outra e o Konzerthaus entre as duas. Construídas no século XVII, de acordo com os planos de Johann Arnold Nehring, nenhuma das catedrais tinha, inicialmente, as torres que foram adicionadas em 1785. Destruídas durante a II Guerra Mundial, a reconstrução fez-se entre 1977 e 1996. O Konzerthaus 
foi o último edifício a ser reconstruído e, em frente, foi-lhe acrescentada a estátua de Schiller.
Findo o dia, o descanso merecido, depois de uma refeição ligeira, que o almoço tinha sido tardio.
O "Sagrantino" serviu-nos um óptimo pequeno-almoço, no dia seguinte, que nos preparou para a visita da Eastside Gallery
onde chegámos de taxi. É um memorial pela Liberdade, com 1,3km de Muro, perto do centro de Berlim, na Friedrichhain-Kreuzberg, na margem do rio Spree, 
considerada a maior galeria de Arte ao ar livre do Mundo. É o que resta do Muro, com pinturas e mensagens de artistas de várias nacionalidades,

infelizmente já com alguns graffitis vândalos. 

São 105 painéis que começaram a ser pintados em 1991, do lado leste do Muro de Berlim, expressando a euforia e a esperança num futuro melhor e livre para as pessoas de todo o Mundo. Infelizmente, já 23m foram removidos para a construção de apartamentos de luxo. O troço mais conhecido, onde param os autocarros de turistas, é o que tem o beijo trocado entre Leonid Brejnev e o líder alemão Erich Honecker. 

Portugal também está representado pela pintura de Ana Leonor Rodrigues.

Caminhando junto ao rio, aparece a ponte Oberbaumbrucke
a ponte de dois pisos, sobre o rio Spree, que é um dos marcos da cidade, de tijolo vermelho, onde passa o combóio e que já foi a maior da Europa construída naquele material.
A Alexanderplatz (Alex, para os berlinenses), 

não fica longe. 
Deve o seu nome ao russo Alexandre I, que passava revista às suas tropas aqui. Foi o centro de Berlim Leste durante a Guerra Fria. Pode ver-se a Torre da TV, Fernsehturm

no centro, com 300m de altura, mais alta do que a Eiffel de Paris. 
A Fonte da Amizade Internacionalé de 1970. 

Weltzeituhr, o Relógio Mundial

foi projectado pelo designer industrial Erich John e executada por Hans-Joachim Kunsh, com 10m de altura, um cilindro com placas gravadas com 24 segmentos coloridos, exibindo as horas das grandes cidades do Mundo.
Perto, uma grande praça 

com jogos de repuxos de água enfeitam a Marienkirche ou Igreja de Santa Maria,

originariamente do século XIII. E outra fonte, esta mais clássica e mais conhecida, 
a Fonte de Neptuno, Neptunbrunnen
oferecida pelo kaiser Wilhelm II, em 1891, com Neptuno em bronze no meio e figuras femininas que representam os rios Oder, Reno, Elba e Vístula. A torre vermelha da Rotes Rathaus

a Câmara Municipal, está escondida na base por tapumes de obras. Tapumes, guindastes e canalizações aéreas (azuis e cor-de-rosa), estão por toda a cidade!
O Marx-Engels Forum
fica um pouco à frente, caminhando em direcção à Catedral. 

O Memorial homenageia os autores do "Manifesto Comunista", os pais do Comunismo, construído em 1986 pelo governo da RDA.
Vamos deixar a Ilha dos Museus para amanhã... 
e decidimos chegar perto da Coluna Vitória, Siegessaule

apanhando um taxi, que as distâncias, aqui, são grandes. O Obelisco da Vitória, concluído em 1873, foi erguido para comemorar as vitórias da Prússia sobre a Áustria, Dinamarca e França (1864-1871). Com 67m de altura, no meio do Parque Tiergarten, na rotunda Grosser Stern (Estrela Grande), que dá acesso a 5 ruas, como uma estrela. Desenhada por Heinrichtrack, tem a estátua dourada da Vitória, 
de bronze, desenhada por Friedrich Drake, no topo, com 8,3m de altura e 35 toneladas de peso. Tem uma plataforma de observação de onde se pode ver a dimensão do Parque Tiergarten.
E, de novo de taxi, depois de alguma espera, no meio da confusão do trânsito, chegámos a outro ícone da cidade, a Kaiser Wilhelm Gedachtniskirche (Igreja Quebrada). 

Muito danificada durante os bombardeamentos da II Guerra Mundial, manteve-se a torre sem restauro
para lembrar a destruição causada pela guerra. 

Construída entre 1891 1895, em estilo neo-românico, a torre ainda apresenta grande beleza, 
apesar da destruição. 

Mas a surpresa está no interior, com o que resta dos belíssimos mosaicos nas paredes

e no chão.

O interior da nova igreja também me surpreendeu, depois da decepção do exterior. São 20.000 quadrados de vidro que dão uma cor azul intensa, estrutura desenhada pelo artista francês Gabriel Loire, por trás duma bela imagem dourada de Cristo.

Mais ou menos escondida, à saída, à esquerda, outra escultura interessante do Crucificado. 

E o órgão de tubos.

Almoçámos no "VaPiano", 

na Kurfurstendamn
a praça que se desenvolveu como centro cultural, comercial e de entretenimento nos anos 20 do século passado, onde está a estranha fonte de granito e bronze, Weltkrugelbrunnen
a Fonte do Mundo, decorada com esculturas de humanos e animais e formas geométricas, popularmente conhecida como "Bola de Água".

O resto da tarde foi passada na Gemaldegalerie

no complexo Kulturforum

com 2700 pinturas europeias dos séculos XIII ao XVIII, onde brilham Caravaggio 

e Rembrandt ao lado de grandes mestres alemães.


No dia seguinte, voltámos a procurar os locais dos Judeus.
De taxi, fomos até à Rosa-Luxemburg Platz onde está o Volksbuhne (Cenário do Povo), 
o teatro construído entre 1913 e 1914, segundo o desenho de Oskar Kaufman, octogonal, reconstruído entre 1950 e 1954, depois dos estragos da Guerra.

O Antigo Bairro Judeu está ocupado por muitas galerias de Arte e ateliers de artistas. No início do século XX, um terço dos judeus alemães viviam aqui, incluindo pessoas altamente respeitadas que contribuíram para a Arte e Cultura de Berlim. Em poucos anos, este mundo foi destruído pela ascensão e preconceitos nazis.
Caminhando, encontrámos o primeiro grupo de 7 Pátios. Encadeados uns nos outros, 
com pequenas praças ajardinadas 

onde nascem os prédios altos com janelas. 

É o Hackesche Hofe
Galerias, 
cafés e esplanadas, lojas de recordações, dão vida aos recantos. Já poucos judeus (ou nenhum) aqui vivem, mas mantém-se a atmosfera intimista,
acolhedora, mas, de certa maneira, segregacionista, que caracteriza um povo sempre perseguido. Tive uma sensação estranha, de claustrofobia.
Rosenhofe 
é outro grupo de pátios. Acede-se-lhe por arcadas
onde existem portões que eram fechados à noite, por segurança.
No chão, pequenas placas de bronze com nomes de judeus que ali nasceram, com a data de nascimento e a de deportação e de extermínio nos Campos. Histórias de vida. De muitas vidas. São as Stolpertein, Pedras de Tropeço

projecto de Gunter Demnig, para dar nome às vítimas. São postas na calçada e obrigam as pessoas a curvarem-se para as ler: Não, ninguém tropeça e cai, tropeçamos com a cabeça e com o coração,  baixando-nos para vê-las, como cumprimentando, respeitosamente (explicação do Artista). São 150.000, e a que tem este número é a de Paul Hohlmann, adolescente que foi vítima de diversos testes e experiências no Campo.
O Cemitério Judeu 
foi o primeiro cemitério judeu de Berlim, de 1672, destruído pelos nazis em 1943. 

No exterior, um memorial

um conjunto de personagens escuras com pedras aos pés (os judeus usam pôr pequenas pedras para fazer as suas homenagens...) e uma taça de flores.

As cúpulas da Sinagoga 

vêem-se ao longe e conseguimos orientar-nos para lá chegar, passando pela Sophienkirche
uma das mais bonitas igrejas barrocas, que deve o seu nome a Sophie Louise, mulher do rei Friedrich I, que financiou o projecto.

A Nova Sinagoga 
fica na Oranienburger Strasse e foi construída entre 1859 e 1866 como Sinagoga Central, estilo mourisco-bizantino, com detalhes dourados, lembrando o Alhambra. Com 3200 lugares, tinha um órgão de tubos e um coro. Na noite de 9/10 de Novembro de 1938 (Novemberpogrome) foi invadida e incendiada pelos nazis, mas conseguiu salvar-se e voltou a funcionar até 1940, altura em que foi confiscada pelo governo nazi. Bastante danificada durante a II Guerra, as ruínas foram demolidas pelos soviéticos, conservando apenas a fachada principal como memorial contra a guerra e o fascismo. 
A presente, além das fachadas, tem as cúpulas e as torres 
e só algumas dependências interiores, funcionando como museu.

O Bode Museum

sede da Arte Bizantina, fica um pouco à frente, junto ao rio.
Foi aqui que apanhámos um taxi para visitar outro museu, o Berggruen
com a colecção deste filantropo, que era amigo de Picasso. Contemporâneo do pintor, viveu em Paris e depois nos Estado Unidos da América, tendo entrado na II Guerra Mundial com o exército americano. Regressou depois ao seu país tendo deixado de herança mais de 100 obras de Picasso 
e também Klee, Matisse, Braque, Cézanne e Giacometi. 

O bilhete incluía o Sammlung Scharf-Gerstenberg,

com obras do Impressionismo. 

Almoçámos na sua cafeteria e, quando saímos, as ruas estavam bem molhadas, mas o sol abriu um pouco para podermos fotografar o belo Palácio Real de Charlottenburg.

No último dia em Berlim, consegui convencer os primos a ir visitar o Museu Judaico. Não era longe e, por 8€ de taxi, chegámos lá.

O Museu Judaico de Berlim 
abriu em 2001 e é o maior museu judaico da Europa, mostrando dois milénios de história judaico-alemã e a relação entre judeus e não-judeus.

Consiste em dois prédios, um edifício barroco 
(onde está a entrada, bilheteiras, lojinha, restaurante e sala de exposições temporárias) e outro, de arquitectura vanguardista, 
com ligação subterrânea. Este, é do arquitecto Daniel Libeskind, filho de judeus sobreviventes ao Holocausto. Chamou-lhe Entre as Linhas, uma faixa recta mas quebrada em muitos fragmentos e outra tortuosa que lembra a Estrela de David despedaçada.
Toda a arquitectura do Museu tem uma simbologia própria. 
Espaços vazios com paredes nuas, são os Void
a lembrar os vazios deixados pela destruição da vida dos judeus na Europa.
Num dos corredores, a instalação do artista israelita Menashe Kadishman, Shalechet (Folhas Caídas):
o chão coberto por 10.000 rostos feitos em ferro, 
todos diferentes, que fazem um barulho ensurdecedor ao serem pisados, como gritos de dor. 



O Eixo do Exílio 

leva ao Jardim do Exílio

onde, alinhados em um canteiro quadrado, 49 blocos de concreto, com plantas no topo, ligeiramente inclinados, causam uma sensação de instabilidade e desorientação, 
ajudada pelo piso irregular. Simboliza o sofrimento dos judeus, e os verdes a esperança! 

O Eixo do Holocausto 

é um caminho estreito e escuro que leva a uma sala fria, fechada, com uma pequena abertura no tecto a 20m de altura, por onde entra um feixe de luz, a Torre do Holocausto

O Eixo da Continuidade é o mais longo, 

com uma escadaria alta com vigas de concreto que se cruzam (caminho de conexão com outros eixos). Numa área de 3000 metros quadrados, estão documentos, cartas, objectos pessoais, 

arte doada. 

Fotografias extremamente chocantes dos Campos de Extermínio.

Para acabar a visita da cidade e não ficar com a angústia da história judia... nada melhor do que a encantadora zona de Nikolaiviertel

a "Cidade Velha" da RDA, com edifícios da época medievalAqui se situa a igreja mais antiga de Berlim, a Nikolaikirche
reconstruída em 1970, que é conhecida pela escultura em pedra denominada 
"Spandauer Madonna", de 1290, 

para onde está orientada a nave da igreja. 

A meio, um grande Crucificado 

e no outro extremo, um órgão de tubos.

Almoçámos na vizinhança do Ephraim Palais

a residência rococó do banqueiro Veitei Heine Ephraim, construído entre 1762 e 1765, no que era considerado o quarteirão mais bonito de Berlim. O actual edifício é uma réplica do original e é um museu que retrata a vida da cidade na época áurea de Nikolaiviertel.
Atravessámos uma das pontes sobre o Spree, observando toda uma parafernália de guindastes e tapumes, até à Ilha dos Museus.

A Berliner Dom 
é um edifício escuro, construída entre 1894 e 1905 sobre uma outra de 1465, que era a capela de St. Erasmus. A reconstrução, depois da Guerra, começou em 1975 com a ajuda da igreja protestante.
Na Ilha dos Museus, bem perto dos nossos apartamentos, estava o Berliner Stadtschloss, principal residência dos reis da Prússia e dos imperadores alemães, demolido em 1950 pelo governo comunista que o considerava uma recordação do fascismo!
Com tempo, merecem a visita o Pergamon Museum, o Altes, o Alte Nationalgalerie, o Neues Museum e o Bode Museum.

Ante da saída para o aeroporto, na manhã seguinte, ainda voltámos à Gendamenmarkt, para ficar com a beleza nos olhos!




* * *