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domingo, 11 de outubro de 2009

CAPADÓCIA -


TURQUIA - CAPADÓCIA

Outubro 2009



Ás cinco e meia da manhã, as carrinhas da empresa das viagens de balão, estavam à nossa espera. A pontualidade é importante sempre, mas neste caso ainda mais porque se tem que aproveitar os ventos e ver o nascer-do-Sol.
Noite cerrada, abriram-se as portas da carrinha num descampado. Éramos os primeiros. Serviram-nos um café e um doce e demos lugar a outras cerca de trinta carrinhas, que foram chegando, aos poucos.
Encaminhámo-nos para o local onde os balões estavam a encher.



Na penumbra, adivinhavam-se as “chaminés de fadas” e as casas trogloditas, em silhueta.






O fogo sobressaía e iluminava o colorido do balão, que ia enchendo e se começava a erguer no ar. Aqui, ali e mais além, o barulho e a cor.





O sol começava a nascer. O balão encheu e os vinte e quatro do grupo do Murat (o guia turco) subiram, com uma certa dificuldade alguns, para a cesta.
Começámos a subir, lentamente, enquanto o manobrador dava algumas instruções para a descida e o fotógrafo se atarefava a chamar a atenção do pessoal para a pose (já sei o que nos espera no fim do passeio…)
Máquinas fotográficas (as nossas) a postos para o que sonhávamos!...




O sol nascia e, lentamente, suavemente, em silêncio, elevávamo-nos no ar.



Entretanto, um e outro e outro e mais outro balão, faziam o mesmo.

O dia ia clareando e o maciço erodido da Capadócia, mostrava-se.



Casas, torres, vales, escavados pela erosão e desagregação das rochas formadas pelas cinzas solidificadas dos vulcões, iam aparecendo.





Esta região fica entre Ürgüp e Göreme, na Anatólia Central.
As camadas de lava, endurecem, protegendo o tufo de cinzas. Existem fendas naturais entre elas e a água e os ventos, vão moldando diversas figuras. Como o arenito é fácil de trabalhar e a camada superior de lava protege da chuva, as pessoas foram escavando as habitações.





E vêem-se janelas e varandas.



Como a Turquia é uma região de muitos sismos, nos anos sessenta, O Estado proibiu a habitação destas zonas por perigo de desmoronamento. Muito poucas são, ainda, habitadas. Algumas foram transformadas em restaurantes e pequenos hotéis para turistas, depois de uma apertada vistoria, por causa da segurança.




Aos poucos, os balões foram subindo todos e o céu ficou cheio de cor e beleza.











Por vezes, o piloto aproximava-se de uma formação, causando um certo calafrio, mas, facilmente se desviava, provocando o alívio e o aplauso dos tripulantes. Achou piada às palmas e repetiu a graça mais uma ou duas vezes, mas sempre com segurança.
Fantástico!





As máquinas fotográficas não descansaram durante cerca de cinquenta minutos.







































Depois, a escolha dos ventos para aterrar e, lá em baixo, carrinhas e vans, deambulavam a tentar prever em que local da planície lisa o balão iria poisar!... Um pouco ao sabor das correntes e da perícia do piloto.




Preparar para a descida: guardar as máquinas fotográficas, agachar e pegar nas pegas de segurança, como nos recomendou o piloto no início da viagem. Tudo previsto, tudo muito bem.



No final, uma taça de champanhe e a escolha das fotografias (…).
A oferta de uma taça de champanhe, vem do facto de, em 1783, altura em que se fez a primeira viagem de balão com partida de Paris, poisando a cerca de cinco milhas, num vinhedo, perante a estupefacção dos camponeses que julgavam estar a ser invadidos por seres de outro planeta. Os tripulantes traziam uma garrafa de champanhe e as respectivas taças e festejaram com os atónitos agricultores.





Voltámos ao hotel para tomar o pequeno-almoço e fazer a visita da Capadócia por terra.
O grupo é ordeiro e muito pontual. Também, como diz o Murat, é um grupo excepcional, como a sua companhia nunca teve, de um “clube de leitura”…

Às nove e meia saímos e parámos na aldeia de Üçhisar, que quer dizer “Castelo de Fronteira”.



A primeira visita, foi no local da aldeia, apenas 15 minutos que aproveitei muito bem, fotografando habitações já abandonadas mas onde ainda se reconheciam portas, janelas e as chaminés,










mas também uma com um belo terraço com sofás, sombreada por um par de árvores. Fomos convidadas, eu e a Helena a visitar uma outra residência, por dentro, mas tivemos que recusar, por causa do tempo contado. Descemos rapidamente e fomos conduzidos mais à frente, para ver o maciço de habitações que se vêem ao longe, na montanha, encosta abaixo, que dá o nome à aldeia (como uma fronteira).


























E, no vale, à direita, os pombais.
Os pombais, hoje em dia, já não são tão úteis porque existem adubos químicos mas ainda se vêem alguns pombos a entrar e a sair. São buracos escavados no maciço de cinzas vulcânicas solidificadas, onde os pombos se refugiavam. As entradas eram tapadas à excepção de um orifício (muitas vezes pintado de branco) por onde entravam e saíam as aves. Periodicamente, as entradas eram abertas para recolher os excrementos que serviam de adubo para estas terras áridas.





Do local onde parámos, podíamos distinguir os relevos amarelos e esverdeados.

Visitámos a cidade subterrânea de Kaimakli, descoberta em 1964 e que é a segunda cidade subterrânea mais importante da região.
Percorremos os cinco níveis abertos aos visitantes.
Julga-se que funcionavam como locais de recurso quando havia invasões de outros povos, possuindo à entrada, local para os animais e armazéns. Uma grande cozinha comunal com nichos para armazenamento de alimentos e quartos. Entre os quartos e os diversos níveis, existem passagens estreitas e escadas que obrigam a alguma ginástica.










As portas, para dificultar a entrada dos inimigos, eram pesadas rodas de pedra com o feitio de mós de moinho.
Pensa-se que a cidade foi usada entre os séculos VI e IX e que alojou milhares de pessoas.
A construção destas cidades não era difícil porque o arenito é um material, que, com a ponta de uma navalha (o Murat exemplificou) facilmente se desagrega.





Quem tem problemas de claustrofobia não deve fazer esta visita.


De novo ao ar livre, fomos ver as Chaminés de Fadas ou Chaminés Encantadas, assim chamadas por causa da sua forma e por o povo dizer que, debaixo da terra, de onde elas aparecem, viviam seres encantados.
Fotografámos várias e todas muito interessantes com os seus chapéus ou cúpulas de material mais duro.
Uma delas parece a “Sagrada Família”, com três pedras que se assemelham a um homem, uma mulher e uma criança, enormes, num vale, que fotografámos de uma colina. Aqui, são os Vales Amarelos, com uma cor dourada dos seus relevos.












Parámos nos Vales Vermelhos, em que o arenito tem uma cor mais avermelhada.
Formam figuras interessantes, esculpidas pela Natureza, como o camelo, as focas, a mão e um par, perfeito, mulher e homem.











O Museu ao ar livre de Göreme, é uma espécie de santuário. Possui a maior concentração de capelas e mosteiros escavados na rocha da Capadócia.
Datadas a partir do século IX, são cerca de trinta igrejas, no vale, construídas escavando o macio tufo vulcânico.


Visitámos quatro, apreciando lindíssimos frescos bizantinos, com cenas do Antigo Testamento, representando a vida de Cristo e dos Santos.





















Popularmente, Murat diz que lhes foram dados nomes como “a da cobra”, porque tem um fresco com uma cobra, ou “a das sandálias” porque, quando foi descoberta, tinha um par de sandálias à porta. Na da cobra, que se chama Igreja de Yilanli vê-se S. Jorge e S. Teodoro matando o dragão.
A de Santa Bárbara tem um fresco que se julga reproduzir Santa Bárbara e uma cruz turca, um galo e um ser estranho. A Igreja de Karanlik tem vários frescos da ascensão de Cristo.



À saída o Mosteiro de Kizlar, onde viviam e trabalhavam os monges, numa formação esburacada que não tinha ligações no interior, pressupondo-se que eram usadas escadas ou andaimes exteriores.
A UNESCO declarou o Vale Património Mundial da Humanidade.




O dia acabou com um jantar turco, com folclore e dança do ventre.
No dia seguinte, saímos ás nove horas e trinta minutos, para visitar uma aldeia troglodita abandonada nos anos sessenta.
Esta aldeia chama-se Çavusin e merece uma boa hora de passeio pelas suas ruínas, fotografando enquanto a Natureza não a destrói completamente.
É um espectáculo único.


Algumas casas mostram ainda trabalhos artísticos, enfeites geométricos nas janelas, varandas sobranceiras ao Vale. Também os pombais.
















A mesquita, pequena, numa elevação, com o nicho de oração (mihrab) virado para Meca, onde o sacerdote fazia a oração do Alcorão e a pequena escada (minber) decorada onde era lido o texto que o governo mandava.
















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