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quarta-feira, 23 de março de 2016

BARILOCHE E CIRCUITO DOS LAGOS ANDINOS


9, 10, 11 Fevereiro 2016

Às 16.25h saímos de Calafate, voando para Bariloche, serenamente, durante um pouco menos que duas horas. 


No hotel "Edelweiss" 

deram-nos uma fantástica suite

no piso 5, com vista para o Lago Nahuel Huapi. 

Jantámos truta arco-íris, típica da região, e experimentámos um "Cordonas", vinho branco argentino. Os gelados têm sido sempre bons... e estes estavam muito bem apresentados.

Saímos, para um primeiro contacto com a cidade, já noite, até ao Centro Cívico.

A cidade está nas margens do grande Lago Nahuel Huapi que, em linguagem indígena, significa "Ilha do Tigre".

Não fomos longe. Deixámos a descoberta da cidade para outro dia.
O passeio do dia seguinte foi com um guia-condutor, o Agustín que nos contou a história da região num resumo bem estruturado e compreensível.
Os primeiros missionários a chegar, foram os Jesuítas, em 1653, que foram mal recebidos pelos nativos que se sentiam explorados e reagiram. Em 1670, Nicolás Mascardi fundou a Missão Nossa Senhora del Nahuel Huapi. Foram os responsáveis pelo cultivo da maçã na região. A partir de 1872, as autoridades argentinas começaram a exploração e reconhecimento dos lugares ocupados pelos nativos. Por essa altura, chegou ao Lago Nahuel Huapi, 

o geógrafo Francisco Pascacio Moreno (o Perito Moreno). Em 1892, começaram a chegar os primeiros povoadores e, cinco anos depois existiam 14, ao longo do Lago, dedicados à agricultura e ganadaria. Depois, argentinos, alemães descendentes de argentinos, chilenos e suiços conviviam com os nativos. Mas, enquanto oficialmente, os colonos eram donos das terras, o governo não reconhecia aos locais a posse das suas terras. A situação era complicada e os colonos não se sentiam seguros... Resolveu-se a situação "dando" terra aos nativos, mas em reservas. Só Cristina Kirshner, a presidente anterior, veio dar os direitos perdidos aos nativos que, nos finais do século XIX, na Campanha do Deserto, tinham sido deslocados para as terras serem ocupadas pelos colonizadores. Depois da II Guerra Mundial, o desenvolvimento turístico atraiu numerosos imigrantes, a maioria oriundos da Europa Central. Diz-se, mesmo, que Hitler não se suicidou e viveu aqui com Eva Braun. A verdade é que muitos nazis se esconderam na América do Sul, nomeadamente em Bariloche, em belas casas à beira do lago, após a Guerra.

Começámos na Avenida Bustillo Exequiel, que ladeia o Lago Nahuel Huapi. Tentámos, primeiro, subir ao Cerro Campanário mas, como estava muita gente, deixámos a visita para o fim do circuito. A 8km, a praia Bonita, protegida pelo Cerro Lopez e Baía Lopez.

No Ponto panorâmico, a vista é de perder a respiração: 
Lago moreno, Península Llao Llao, com o hotel com o mesmo nome, ilhotas e muito verde.

A Capela de Santo Eduardo
que estava fechada, é um mimo de arquitectura, em madeira, obrigou a uma pequena subida mas proporcionou uma melhor visão do hotel Llao Llao, com o zoom.

Ao Cerro Campanário, subimos de teleférico. 

A 1050m acima do nível do mar, levámos cerca de dez minutos a subi-lo, sentados nas cadeirinhas. Em cima, a panorâmica é mais abrangente, 
desde a Colónia Suíça, Cerro Lopez, Lago Moreno, Braço Tristeza do Lago Nahuel Huapi, Cerro Capilla e outros cerros nevados, o Mahuida, o Três Picos...

O almoço foi perto do hotel, já sem guia, um churrasco muito bem feito.
A tarde foi para a descoberta da cidade.
Bariloche ou San Carlos de Bariloche, fica no noroeste da Patagónia Argentina, a 764m de altitude, a 1627km de Buenos-Aires, nas margens do Lago Nahuel Huapi que faz fronteira com o Chile. A fundação do povoado foi feito pelos Mapuches, que eram originários do outro lado das montanhas, por isso, bariloche ou ubdabis, que significa povo de trás da montanha.
Em 1895, chegou aqui um imigrante alemão de origem chilena, que aqui criou um armazém. Depois vieram os suiços e todos se aproveitaram das facilidades do governo argentino que queria povoar a região. No início, a maioria das construções eram de madeira, em estilo alpino, trazido pelos imigrantes maioritariamente alemães. Entre 1935 e 1940, a direcção do Parque Nacional Nahuel Huapi, resolveu fazer algumas edificações em pedra, nascendo o Centro Cívico


a bela praça, que é o centro da cidade. A estátua equestre é do General Julio Roca, coberta com desenhos de lenços semelhantes aos que vimos na Plaza de Mayo, em Buenos-Aires. À volta, os edifícios de grande volumetria, como a Municipalidad

com a sua grande torre do relógio, 

a Biblioteca Sarmiento 
e Museu, e outros. 
Da mesma época, é o Hotel Llao Llao.

As lojas de chocolate, proliferam, 
começando a aparecer logo que atravessamos o edifício dos arcos. Em 2014 fabricaram, mesmo, a maior barra de chocolate do Mundo com 130m e 800kg.
Procurámos a Catedral de Nossa Senhora do Nahuel Huapi
Em estilo Neo-gótico, o arquitecto responsável foi Alejandro Bustillo, foi inaugurada em 1946 e pretende homenagear a imagem da virgem que, em 1670, acompanhou o jesuíta N. Mascardi e cuja reprodução se encontra na fachada principal, 
executada por Giovanni Battista Andeoli, modesto operário que lhe chamou "La Madonna". De pedra branca, tem um pináculo de 69m de altura.
Dentro, a nave é em cruz latina 
e tem bastantes pontos de interesse. 

Os vitrais são de 1947, muito bonitos. 




Várias peças de Arte Sacra, nomeadamente dois Crucificados 




e uma Nossa senhora das Neves. 

Mas, quanto a mim, a surpresa foram as 14 peças da Via Crucis, de Arte Religiosa Contemporânea, 






de Alejandro Santana, em argila cozida em forno cerâmico.
No exterior, em frente, outra escultura contemporânea, de grande beleza.

O sol continuava quente, mesmo com a tarde a findar.
Ficou muito por ver em Bariloche... mas vimos bastante no pouco tempo em que aqui permanecemos.
No dia seguinte, às 8.30h, a Victoria, da "Andean Lakes Crossing", 

etiquetou a nossa mala e encaminhou-nos para o autocarro que nos levou a Puerto Pañuelo.

Grande confusão, com grupos que voltam e outros que seguem para o Chile, como é o nosso caso.
Até Puerto Blest
foi uma viagem calma pelo grande Lago Nahuel Huapi, sem pontos de interesse na paisagem. Deve ser por isso que criaram o espectáculo das gaivotas
que vêm comer a bolacha à mão do turista e existe uma fotógrafa oficial para registar o momento...

A Baía Blest tem um certo encanto. 

Quem volta para Bariloche, vai ficar aqui e fazer algumas caminhadas para descobrir cascatas e outros encantos da região. Nós, atravessámos uma floresta, de autocarro, 
com muito pó, até Puerto Alegre
ao lado do rio Frias, que não vislumbrámos.

Navegámos de novo, agora no Lago Frias

até chegar a Puerto Frias

onde nos carimbaram os passaportes, na alfândega argentina. 
Mais confusão, com espera ao sol e ao vento.

De novo de autocarro, saímos do Parque Nacional Nahuel Huapi, 
da Argentina e entrámos no Chile pelo Parque Nacional Pèrez Rosales. 

Parámos para as fotos da praxe turística. Mais à frente, voltámos a parar para fotografar 
o monte El Tronador
agora do outro lado da fronteira. 

O El Tronador faz parte da Cordilheira dos Andes (chama-se Cerro Três Picos, do outro lado),
tem 3554m de altura e deve o seu nome ao ruído intenso provocado pelo desprendimento periódico dos gelos, quando a Primavera começa. 
Dá origem ao rio Peulla, que desagua no Lago de Todos os Santos.
Chegados à pequeníssima cidade de Peulla,  
a polícia da alfândega obrigou cada um de nós a identificar a mala, a colocá-la em cima de uma mesa e a abri-la, para ser inspeccionada.

Da alfândega, caminhámos até ao hotel, 

onde almoçámos, olhando a paisagem pela janela 
e dispersando-nos do resto do grupo. 

Sabíamos que nos viriam buscar, se não quiséssemos ir a pé. O sol e a poeira levaram-nos a escolher o transporte turístico, bem original.

O Lago de Todos os Santos, por onde navegámos a seguir,
foi assim baptizado pelo Jesuítas, em 1670. É um grande lago com 3036 quilómetros quadrados. 

A viagem foi muito cansativa, apenas com dois pontos interessantes, o Vulcão Osorno
que lembra o Monte Fuji 

e o Vulcão Calbuco 
que esteve em actividade em Abril último.

Chegados a Petrohué, tínhamos transporte privado reservado, depois da viagem no lago, até à cidade de Puerto Varas

o que não aconteceu. Ficámos sem conhecer a cidade, que parece bonita pelas poucas fotografias que consegui tirar da janela do autocarro. 



(O transportador foi responsabilizado pela agência que representa a nossa, no Chile...).

O hotel "Dreams Los Vulcanos", 
fica mesmo à beira do Lago Llanquihue e, da janela do nosso quarto vimos o dia a findar e os dois vulcões, noutra perspectiva.

Findámos o dia no "Buenas Brasas", à frente de uma mariscada com alguns mariscos desconhecidos.

De manhã, voámos para SANTIAGO DO CHILE, com um pequeno-almoço servido só para nós, na sala aberta de propósito meia hora antes. 
Um excelente serviço prestado pelo "Hotel Dreams de Los Volcanos"!


* * *