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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

RIO MEKONG - Tailândia e Vietname

RIO MEKONG
Agosto 2006

A primeira vez que vimos o Mekong, foi no norte da Tailândia, no Sop Ruak ou Triângulo Dourado.

Saímos de Chiang Rai, com chuva, com o Red a conduzir e o Keki (uma cópia tailandesa do Harry Potter...) como guia, por volta das nove da manhã.


Chegámos a Mae Sai, a cidade mais a norte da Tailândia, separada da Birmânia apenas por uma ponte sobre um rio sujo, o Ruak. Muito comércio, como em todas as cidades de fronteira. Muita gente e muitos rostos diferentes. Foi aqui que vimos as mulheres birmanesas com as estampagens brancas no rosto, feitas com folhas de uma árvore.


Subimos ao Wat Phra That Dao Wai, numa colina, por uma escadaria monumental, de perder o fôlego, ladeada por duas belíssimas Nagas (cobras) de porcelana coloridas, com cinco cabeças.



Além do stupa, tem uma estátua a um escorpião gigantesco (de significado desconhecido) e o monumento ao Rei Naresuan, um rei lama muito importante nas guerras com a Birmânia (Myanmar).



A caminho do Triângulo Dourado, a chuva continuou, mansinha mas consistente. O Red estava prevenido com belos guarda-chuvas, o que evitou as capas de plástico, tão incómodas com o calor húmido que se fazia sentir.

A zona está historicamente ligada ao tráfico de ópio e heroína (daí o nome de dourado), controlado pelos chefes militares da China que fugiram para aqui depois da Revolução Maoista.

A Paisagem é lindíssima. O rio Mekong, enorme, no meio, o Laos à direita e a Birmânia à esquerda, vendo-se o rio Ruak a desaguar no Mekong.


Descemos até Chiang Saen, nas margens do Mekong. Um enorme Buda foi erguido, numa escultura com a forma de um barco, virado para o rio.





O insólito: um grupo de crianças, com trajos das tribos das montanhas, cantarolavam: "Una foto 5 bath, por favor...", em coro. Decoraram a lenga-lenga também em francês, alemão e inglês e iam-na alterando conforme se apercebiam da nacionalidade do turista!... Impossível resistir ao seu charme...


O Mekong, "Me" (Mae), significa "Água" (Rio) e "Kong" significa "Grande". É o 13º rio mais comprido do mundo e o 10º de maior caudal. Percorre 4.880 quilómetros, nascendo no Tibete, atravessa a China, a Birmânia, a Tailândia, o Laos, o Camboja e desagua no Vietname, em Ho Chi Minh City (ex-Saigão), num delta que ocupa 795.000 quilómetros quadrados, em pequenos estuários.



O primeiro europeu a encontrar o rio, foi o português António de Faria, em 1540.



O Delta foi palco da Primeira Guerra da Indochina, durante o colonialismo francês e da Guerra do Vietname, onde decorreram diversos combates entre os guerrilheiros vietcongs da Frente Nacional de Libertação e unidades da Marinha Norte-Americana, nos manguezais e alagadiços que formam a maior parte do delta.



O Delta pertencia ao Reino Khmer e foi a última região a ser anexada pelo Vietname.



Hoje em dia, o Delta é composto por uma população mista de cerca de 13 milhões de cambojanos, chineses e vietnamitas, que convivem  pacificamente.



O nosso guia é o Khoa, um anti-chinês faccioso que se sente mal com os milhares de chineses novos-ricos que proliferam em Saigão.


Fomos de carro até ao porto onde entrámos num pequeno barco, os três e o barqueiro.





Percorremos o mercado flutuante, muito diferente do da Tailândia porque, este, é um mercado maioritariamente para revenda, vendo-se grandes barcos a motor carregados de produtos. Num alto mastro, colocam a "amostra" do produto que transportam, para mais facilmente os clientes os identificarem.



As águas são barrentas e inspiram pouca confiança, mesmo um certo receio!...




Vagueámos pelos canais e, com um pouco de imaginação, poderíamos esperar que, de qualquer canto, aparecesse um vietcong camuflado!... Em muitos, viam-se habitações, de um lado e outro, com pessoas lavando a roupa e a colher a água castanha para fins inimagináveis! Mas também se encontraram recantos bucólicos, de muita beleza.









Parámos numa das ilhas para ver fazer rebuçados e outras guloseimas, artesanalmente. Bebemos chá por pequenas malguinhas e deliciámo-nos com os doces de coco acabadinhos de fazer.



Entrámos de novo no pequeno barco para atravessar o delta, num descampado, para a ilha onde iríamos almoçar. E, aí, chegou a chuva. Não foi fácil: a chuva e o vento, juntos, fustigavam o pequeno barco e os passageiros. As capas de plástico que o Khoa nos deu, enfiadas precipitadamente, agarravam-se ao corpo e não queriam proteger. E o barqueiro, na ânsia de minorar o incómodo, acelerava, aumentando o nosso desconforto.





Temos vindo a fugir da chuva todos estes dias desde Banguecoque: ou chegávamos antes ou já tinha acontecido a monção... Apanhou-nos no pior sítio!




Depois do deserto aquático, chegámos à pequena ilha onde, num ambiente muito íntimo, nos foi servida uma refeição diferente, mais bonita que saborosa. O peixe foi pescado ali mesmo e parecia piranha, cheio de espinhas. Os acompanhamentos eram vários, envolvidos numa base muito fina, como um crepe, de farinha de arroz.






A chuva parou e pudemos regressar a um outro porto, calmamente, onde nos esperava o motorista e uma viagem de 150 quilómetros até Ho Chi Minh City.