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sábado, 26 de junho de 2010

NOVA ZELÂNDIA

NEW ZEALAND

Em língua maori, a Nova Zelândia tem o nome de Aotearoa ("Terra da Longa Nuvem Branca"). E "maori" significa "pessoa normal".
Diz a lenda que o deus Maui, que vivia em Hawaiki, decidiu, um dia, partir para a pesca com o irmão. Entrou pelo mar dentro até alcançar a Ilha do Sul e, graças a um anzol mágico, talhado no maxilar da sua avó morta, apanhou um peixe gigantesco (a Ilha do Norte) e assim foi criada Aotearoa.

Em 1840, o Reino Unido negociou com os chefes maoris o Tratado Waitangi, que garantia a posse da terra aos maoris, oficializando, ao mesmo tempo, o estatuto colonial sob controlo da coroa britânica.
O tratado não foi cumprido e os colonos ocuparam as terras, provocando confrontos. A desproporção de forças resultou em milhares de mortes entre os nativos, que perderam grandes extensões de territórios e numerosas vidas. Hoje, são, apenas, 9,6% da população.
Separadas pelo Estreito de Cook, as Ilhas do Norte e do Sul navegam no Mar da Tasmânia a oeste e no Oceano Pacífico a este.

ILHA do Sul

É atravessada de nordeste a sudoeste pelo Alpes neozelandeses,

com picos acima de 3.000 metros (o pico mais alto fica a 3.764 metros acima do nível do mar), onde nascem os rios Waitaki e Clutha.
Os fiordes

recortam a costa sudoeste e, a nordeste, erguem-se os Montes Kaikoura.
De Christchurch a Tekapo
23 a 25 Fevereiro 2010

Chegámos tarde a Christchurch.
A porta do "Holiday Inn" estava fechada e o hall mergulhado numa penumbra acolhedora.
O porteiro deu-nos as chaves dos quartos que já estavam reservados e pagos, via net.
A zona de Christchurch era habitada pelas tribos Moa-hunting (Waitaha), que migraram da costa este da Ilha do Norte no século XVI. Era uma área muito húmida que, para os maoris, era "mahinga kai" ou "lugares bons para a comida".
O primeiro europeu passou por aqui em 1815, quarenta e cinco anos depois do capitão Cook avistar o que chamou "Banks Island", que depois verificou ser uma península.
Instalaram-se em 1840. Tornou-se cidade em 1856, sendo das mais velhas cidades da NZ.
A maior população é britânica, e isso constata-se bem quando se olham as pessoas, principalmente as de mais idade, com o aspecto conservador visto em qualquer pequeno burgo do interior da Grã Bretanha. Mas depois da II Grande Guerra, vieram os Gregos e, agora, co-habitam mais de 150 nacionalidades.
São mais 2 horas do que em Melbourne e mais 13 do que em Portugal.
Christchurch

é a capital da província de Canterbury e fica numa planície resguardada pelos Alpes do Sul.
O dia abriu-se, cheio de sol.
O hotel fica muito perto da Cathedral Square, o coração da cidade, dominada pela Anglican Cathedral.

Decorria o Festival das Flores e a pequena cidade estava enfeitada e em festa.
O Gótico Vitoriano da catedral, impõe-se. Dentro, um dos mais belos órgãos.

Fora, o hakka (canto de guerra acompanhado por gestos ritmados e mímica) de um grupo de maoris que o Alfredo já estava a fotografar, com rostos muito expressivos.



Demos uma volta pelas margens do Avon River,



muito bucólico, com gôndolas a passear os turistas, e gondoleiros a quem nem faltava gravata às risquinhas a fazer lembrar Veneza!...
Subimos para o Christchurch Tram

(15 dólares por pessoa, para o dia todo) e fizemos o city-tour até à New Regent Street, construída em 1932 no estilo Missão Espanhola. Tão charmosa, que nos apeámos para fotografar melhor as belas casas.



Enquanto eu e a Joana retomámos o eléctrico,

o Alfredo e o Ricardo foram buscar o carro que já tínhamos alugado.
Fomos até ao Arts Centre,

localizado na Old University of Canterbury que, além de Arte, cinemas e teatros, também tem cafés e bares. E visitámos o Canterbury Museum,


fundado em 1868 pelo geólogo Julius Haast.
Foi no Arts Centre

que nos reunimos, para comer qualquer coisa, num bar muito agradável, com música brasileira de fundo.
Perto da Universidade, a interessante sede da "Dyslexia Discovery Exhibit",

com uma galeria exterior com esculturas de Paul Dilbble no jardim.

E arrancámos para Akaroa, serpenteando a costa, pela estrada 75, fotografando a montanha, Littleton

e Diamond Harbour ao longe.


Akaroa é uma cidade muito pequenina,

anichada no topo do Akaroa Harbour e é a mais velha de Canterbury, fundada por um pequeno grupo de colonos franceses, em 1840.
Toda a arquitectura é de influência francesa, com mais de 40 edifícios classificados como históricos, um deles, a residência de Langlois-Eteveneaux,

que se crê ter sido fabricada em França.
A cidade fica a sudeste de Christchurch, na Banks Peninsula.
Estamos num pequeno motel familiar, o "Tresori Motor Lodge", na Rue Jolie, e o dono já nos deu as dicas para a visita da cidade e de Tekapo.
Jantámos muito bem, no "Bully Hayes", boa comida do mar, mas muito demorado, cortando-nos o prazer do pôr-do-sol à beira-mar. E atenção, porque fecha tudo às nove da noite! Não há outro remédio se não ir para a caminha... ou passear à beira-mar pelas ruas mal iluminadas e desertas.

De manhã, o Peter, do "Tresori", já nos tinha reservado os bilhetes para o cruzeiro no Akaroa Harbour, no Pacífico.
"Akaroa"significa "porto comprido". Aqui viviam as tribos Ngai Tahu, quando o capitão Cook sinalizou o porto em 1770 e antes da chegada dos colonos franceses. As ruas têm nomes como Rue Jolie e Rue Lavaud.
O cruzeiro foi de duas horas, com paisagens espectaculares. Vê-se o Farol,

a Red House Bay,

a Onuku Maori Pa,

um local onde os maoris ainda fazem culto religioso e que só pode ser visitado quando se é convidado.
O "Penhasco da Notoriedade"


é uma falésia altíssima numa pequena enseada, onde o capitão conseguiu meter a proa do barco, numa manobra arrojadíssima!
Vimos focas

e muitos golfinhos a rodearem o barco, brincando.

Depois, já de carro, fomos fotografar algumas das casas do Património Histórico: A Fire and Ice,

a Old Library,

a Bon Accord, a Customs House e a casa de Jean-François Langlois, o primeiro responsável por Akaroa, que comprou a Peninsula aos Ngai Tahu.

Decidimos dormir em Lake Tekapo e o Peter reservou-nos uma vivenda em Green Gables, com dois pisos e varanda de onde se vê o lago.
Foram quatro horas e meia de carro e almoçámos pelo caminho, com belas paisagens e muitos carneiros.
O lago é um deslumbramento,

com as suas águas de um tom esmeralda intenso e a paisagem à volta, mudando-lhe a tonalidade, conforme a luz. E apanhámos chuva, nevoeiro, luz intensa e até um arco-íris!...
A igreja do Bom Pastor, "church of Good Shepard"

é de pedra e carvalho, simples, mas muito bonita e ainda mais embelezada quando olhada com as águas do lago ao fundo.
O lugar tem poucas casas e, aparentemente, apenas para férias e fins-de-semana.
Diz-se que tem o ar mais puro da NZ e, por isso, a Universidade de Canterbury tem aqui um observatório, no Mount John.
Do restaurante onde jantámos, fomos vendo a noite a aproximar-se

e a escurecer o lago.
No primeiro andar do nosso chalé, fizemos o serão, a escrever, a ler e a dormitar vendo televisão. Lá fora, nem vivalma a perturbar o silêncio.

De manhã, deixámos a porta aberta e a chave na cozinha,

no primeiro andar, aliás como tínhamos feito ontem, ao chegar, depois das seis da tarde (porque ninguém trabalha depois dessa hora... e não encontrámos ninguém!...)
Mais umas fotos do lago e da igrejinha


e saímos em direcção a Wanaka, onde programámos a dormida, junto de outro lago.

***

domingo, 13 de junho de 2010

MELBOURNE

  20,21 e 22 de Fevereiro 2010


Estamos no hotel "Medina Grand", na Queen Street, um aparthotel razoável.
Chegámos ontem, por volta das 22 horas e, num voo de pouco mais de uma hora, a Qantas serviu-nos jantar... não sei como não vão à falência!...

Melbourne foi fundada em 1830 por colonos que regressavam da Tasmânia e descobriram um rio, o Yarra, cujas margens acolheram um acampamento que terá estado na origem da cidade.

E são, agora, 3.500.000 a viver aqui.
De manhã, apanhámos o City Circle Tram,

demos uma voltinha até às docas e voltámos para nos apearmos junto da Eureka Skydeck, um ninho de abelhas

na fachada lateral e que dizem os locais ser "a mais alta plataforma do Hemisfério Sul", com 300 metros de altura e 88 andares. De lá, tem-se uma noção de 360 graus da cidade de Melbourne.
Identificam-se os edifícios da CBD, a torre estilizada de ferro branco

(Victorian Arts Centre, que é sede do ballet australiano e da Companhia de Teatro de Melbourne, e cuja agulha mede 115 metros), a Flinders Street Station


(o principal terminal ferroviário, de costas voltadas para o Yarra River), a St. Paul's Cathedral.

Ao longe, a Shrine of Remembrance

(Memorial de Victoria ao serviço e sacrifício de seus homens e mulheres em tempo de guerra), a Como House,

uma elegante mansão construída em 1840.
De novo de eléctrico,

fomos até South Gate, fotografando a Flinders Street Station

e a St. Paul's Cathedral

do outro lado do Yarra River, atravessando a Princess Bridge.

E brincámos na "Experimenta Utopia Now", vendo envelhecer o Ricardo e o Alfredo,

tocando nas plantas que emitiam sons e música, saltando nas sombras e interagindo com outras sombras. Até o Alfredo entrou numa história de desenho animado, atrás de um coelhinho.

Almoçámos no "Young and Jackson",

antigo hotel do século XIX, na Federation Square, com a Flinders Street Station a aparecer à janela.
As "arcades" são lugares agradáveis,

ruelas cobertas, cheias de vida e de lojas (the Block and Royal Arcades),

Centrepoint, Howey Place, The Causeway (onde decorria um concurso de fotografia, vendo-se máquinas fotográficas por todo o lado).
Edifícios vitorianos,

como o Majorica Building, a Royale Arcade,

 a Torre da Melbourne GPO,

na esquina da Elisabeth e da Bourke Street Mall, a loja mais fina da cidade.
A caminho do edifício do Parlamento (Parliament Buildings, considerado "The finest" fora de Londres, construído em pedra Grampions), parámos numa galeria de arte aborígene,


na Bourke Street, em que a galerista nos deu uma aula sobre essa Arte. Os desenhos começaram por ser feitos nas rochas e, depois, na areia, o que os tornava demasiado perecíveis e de mais difícil divulgação. Os que estavam na galeria e os que vimos na Art Gallery de Adelaide, já são em tinta acrílica sobre tela ou casca de árvore. Todo o quadro conta uma história.
No Parlamento,

apanhámos o eléctrico para a Federation Square, de novo. É uma zona cheia de animação e que se presta a muitas fotografias.
Tomámos uma bebida na esplanada da NGV (National Gallery of Victoria),

junto do Ian Potter Centre e entrámos no "Sustainable Living Festival", com a acção global para a mudança climática do Globo, com coisas para interagir e outras para chocar.
Um corpo humano

de que só se percebiam as pernas (porque mexiam), um braço e uma mão a manejar um telemóvel, completamente embrulhado em fios eléctricos e tomadas. Uma mulher num "apartamento" de vidro, com a cama, a mesa de refeições e a televisão!... E nós de "voyeurs". E a música, muita música e muita gente por todo o lado, sentados no chão, apanhando banhos de sol (escaldante), descalços, vestidos como quem vai para um casamento...e, mesmo, algumas damas de honor e parceiros, de casamento a sério,

que vimos junto do Hotel Windsor.

Jantámos no "Max", na Hardware Lane, um beco com restaurantes de um e outro lado, com mesas na rua onde mal se passa e música ao vivo.


Por volta das 5 horas da manhã, soou o alarme. "Que é isto?". Saltámos da cama. O Alfredo foi ao corredor e o barulho da sirene ouviu-se mais alto, aflitivo. "Veste qualquer coisa, Daisy. Temos que abandonar o hotel!...".

O vizinho do quarto ao lado, estremunhado, espreitou. Ordeiramente, sem uma palavra, as pessoas já desciam as escadas, em pijama, de chinelos, as crianças ao colo, também caladinhas, de olhos espantados. Nove andares! Em baixo, quatro carros de bombeiros e polícia a isolar o quarteirão. Uma mulher jovem arrastava uma mala de viagem. Um grupo de três idosas vestiam roupões de seda.
Não chegámos a ter a certeza do que foi. Falava-se num incêndio num carro, na garagem do hotel. Foi cerca de hora e meia na rua, de chinelos de quarto e pijama.
Antes de sairmos, batemos com força na porta do quarto da Joana e do Ricardo e o Alfredo gritou por eles. Nada. Descemos preocupados. Cerca de vinte minutos depois, encontrámo-los: tinham descido por outras escadas. Tentaram contactar-nos pelo telefone e não conseguiram. Enfim, estávamos juntos.
No fim, falou primeiro o chefe dos bombeiros e, depois, o da polícia: agradeceram o civismo, pediram desculpa e organizaram a reentrada no hotel. Subimos pelas escadas, porque os elevadores estavam cheios de clientes. Custou um pouco. A descer, nem demos conta!...


De manhã, cheios de coragem, continuámos a descoberta da cidade, a pé, pela Swanston Street,

que representa o arquétipo de ruas largas, uniformes e rectilíneas, de alamedas e arcadas, com exemplos de arquitectura victoriana e do século XX.

Fomos fotografando o Building 8, RMIT (Royal Melbourne Institut of Tecnology),

uma mistura contemporânea de cores primárias em linhas verticais e horizontais.
O Old City Bath (Banhos Públicos),

num edifício eduardino com cúpulas gémeas muito características e que visitámos por dentro, transformado em spa, com uma grande piscina de 33 metros e um varandim com fotografias antigas.
A State Library

tem colunas coríntias neoclássicas na fachada.
Tomámos um cafezinho no Starbucks e saímos da Swanston para a Chinatown,

onde ainda vivem chineses descendentes dos que, a partir de 1850, vieram, recebidos com hostilidade pelos residentes europeus, em busca de ouro. Foram eles que vieram substituir a mão-de-obra barata que tinha diminuído com a redução do número de condenados enviados.
De eléctrico, fomos até St. Kilda, ver a praia, o pier,

a feirinha, o Luna Park e o Palais Theatre.

St. Kilda fica a cerca de 5 quilómetros a sul de Melbourne. É uma zona simpática, com boas vistas de mar, restaurantes e cafés. O Luna Park
é o símbolo de St. Kilda, com a famosa cara a rir. A feirinha de artesanato faz-se todos os domingos, como hoje.
Regressámos para almoçar, de novo, no "Young and Jackson",

o simpático restaurante que tem, no primeiro andar, um confortável bar

com o famoso quadro "Nu de Cloé".

A Federation Square

é o centro de tudo. Voltámos a fotografar a St. Paul's Cathedral e fui vê-la por dentro, belíssima. Foi construída em 1866, como catedral anglicana da cidade, para substituir a de St. James. O retábulo de mármore e alabastro

e com mosaicos de vidro embutidos, veio de Itália.
Entrámos na NGV, no edifício Ian Potter Centre para visitar a Arte Aborígene (quadros,

totens e algumas esculturas em madeira),

os mais famosos pintores australianos como Eugene von Gérard, Tom Roberts ("Shearing The Rams"), Grace Crossing Smith ("The bridge in curve" - a construção da ponte de Sydney).

John Brack foi um dos meus preferidos.

Mandaram-nos embora porque eram cinco horas.
O festival, cá fora, também estava a ser desmontado.

A festa estava a desfazer-se.

Jantámos com um casal amigo da Joana, perto do NGV.


No dia seguinte, depois do pequeno-almoço, malas guardadas, check-out feito e pedido de reserva de taxi (na recepção) para as 14.30 horas. E ala para a despedida da cidade.
Apanhámos o City Circle (gratuito) e, passando pela Swanston, Exibition, Springs, Nicholson e Flinders Streets, chegámos à Federation Square, claro!
Atravessámos a Princess Bridge, com a Rainbow Bridge ao fundo

e aproveitámos para fazer as últimas fotos!
Fotografámos a Victorian Arts Centre

e entrámos no segundo edifício da NGV, a galeria internacional, que abriu a 24 de Maio de 1861 como museu de Arte,

antes localizado na Swanston Street, agora State Library. Visitámos várias galerias, entre elas a Arte do Pacífico, Fotografia, Pintura Europeia, a "Love, Loss and Intimity"

que explora as emoções humanas do desejo e afectos, com desenhos de Rembrandt, Goya, Picasso, Edvard Munch.
Mas a estrela das temporárias (15 dólares por pessoa - as outras eram livres) foi Ron Mueck,

escultor nascido em Melbourne, que vive em Londres, genro da "nossa" Paula Rego, com obras de um realismo impressionante, por vezes chocante. As expressões, os pormenores das situações, chegam a incomodar, sentindo-nos "voyeurs"!



Tivemos que acelerar um pouco, comemos uma refeição a caminho do hotel e o motorista já estava à nossa espera.


No aeroporto, o avião para a Nova Zelândia, Ilha do Sul, estava atrasado. Mas Christchurch esperará por nós!
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