Estamos no hotel "Medina Grand", na Queen Street, um aparthotel razoável.
Chegámos ontem, por volta das 22 horas e, num voo de pouco mais de uma hora, a Qantas serviu-nos jantar... não sei como não vão à falência!...
Melbourne foi fundada em 1830 por colonos que regressavam da Tasmânia e descobriram um rio, o Yarra, cujas margens acolheram um acampamento que terá estado na origem da cidade.
E são, agora, 3.500.000 a viver aqui.
De manhã, apanhámos o City Circle Tram,
demos uma voltinha até às docas e voltámos para nos apearmos junto da Eureka Skydeck, um ninho de abelhas
na fachada lateral e que dizem os locais ser "a mais alta plataforma do Hemisfério Sul", com 300 metros de altura e 88 andares. De lá, tem-se uma noção de 360 graus da cidade de Melbourne.
Identificam-se os edifícios da CBD, a torre estilizada de ferro branco
(Victorian Arts Centre, que é sede do ballet australiano e da Companhia de Teatro de Melbourne, e cuja agulha mede 115 metros), a Flinders Street Station
(o principal terminal ferroviário, de costas voltadas para o Yarra River), a St. Paul's Cathedral.
Ao longe, a Shrine of Remembrance
(Memorial de Victoria ao serviço e sacrifício de seus homens e mulheres em tempo de guerra), a Como House,
uma elegante mansão construída em 1840.
De novo de eléctrico,
fomos até South Gate, fotografando a Flinders Street Station
e a St. Paul's Cathedral
do outro lado do Yarra River, atravessando a Princess Bridge.
E brincámos na "Experimenta Utopia Now", vendo envelhecer o Ricardo e o Alfredo,
tocando nas plantas que emitiam sons e música, saltando nas sombras e interagindo com outras sombras. Até o Alfredo entrou numa história de desenho animado, atrás de um coelhinho.
Almoçámos no "Young and Jackson",
antigo hotel do século XIX, na Federation Square, com a Flinders Street Station a aparecer à janela.
As "arcades" são lugares agradáveis,
ruelas cobertas, cheias de vida e de lojas (the Block and Royal Arcades),
Centrepoint, Howey Place, The Causeway (onde decorria um concurso de fotografia, vendo-se máquinas fotográficas por todo o lado).
Edifícios vitorianos,
como o Majorica Building, a Royale Arcade,
a Torre da Melbourne GPO,
na esquina da Elisabeth e da Bourke Street Mall, a loja mais fina da cidade.
A caminho do edifício do Parlamento (Parliament Buildings, considerado "The finest" fora de Londres, construído em pedra Grampions), parámos numa galeria de arte aborígene,
na Bourke Street, em que a galerista nos deu uma aula sobre essa Arte. Os desenhos começaram por ser feitos nas rochas e, depois, na areia, o que os tornava demasiado perecíveis e de mais difícil divulgação. Os que estavam na galeria e os que vimos na Art Gallery de Adelaide, já são em tinta acrílica sobre tela ou casca de árvore. Todo o quadro conta uma história.
No Parlamento,
apanhámos o eléctrico para a Federation Square, de novo. É uma zona cheia de animação e que se presta a muitas fotografias.
Tomámos uma bebida na esplanada da NGV (National Gallery of Victoria),
junto do Ian Potter Centre e entrámos no "Sustainable Living Festival", com a acção global para a mudança climática do Globo, com coisas para interagir e outras para chocar.
Um corpo humano
de que só se percebiam as pernas (porque mexiam), um braço e uma mão a manejar um telemóvel, completamente embrulhado em fios eléctricos e tomadas. Uma mulher num "apartamento" de vidro, com a cama, a mesa de refeições e a televisão!... E nós de "voyeurs". E a música, muita música e muita gente por todo o lado, sentados no chão, apanhando banhos de sol (escaldante), descalços, vestidos como quem vai para um casamento...e, mesmo, algumas damas de honor e parceiros, de casamento a sério,
que vimos junto do Hotel Windsor.
Jantámos no "Max", na Hardware Lane, um beco com restaurantes de um e outro lado, com mesas na rua onde mal se passa e música ao vivo.
Por volta das 5 horas da manhã, soou o alarme. "Que é isto?". Saltámos da cama. O Alfredo foi ao corredor e o barulho da sirene ouviu-se mais alto, aflitivo. "Veste qualquer coisa, Daisy. Temos que abandonar o hotel!...".
O vizinho do quarto ao lado, estremunhado, espreitou. Ordeiramente, sem uma palavra, as pessoas já desciam as escadas, em pijama, de chinelos, as crianças ao colo, também caladinhas, de olhos espantados. Nove andares! Em baixo, quatro carros de bombeiros e polícia a isolar o quarteirão. Uma mulher jovem arrastava uma mala de viagem. Um grupo de três idosas vestiam roupões de seda.
Não chegámos a ter a certeza do que foi. Falava-se num incêndio num carro, na garagem do hotel. Foi cerca de hora e meia na rua, de chinelos de quarto e pijama.
Antes de sairmos, batemos com força na porta do quarto da Joana e do Ricardo e o Alfredo gritou por eles. Nada. Descemos preocupados. Cerca de vinte minutos depois, encontrámo-los: tinham descido por outras escadas. Tentaram contactar-nos pelo telefone e não conseguiram. Enfim, estávamos juntos.
No fim, falou primeiro o chefe dos bombeiros e, depois, o da polícia: agradeceram o civismo, pediram desculpa e organizaram a reentrada no hotel. Subimos pelas escadas, porque os elevadores estavam cheios de clientes. Custou um pouco. A descer, nem demos conta!...
De manhã, cheios de coragem, continuámos a descoberta da cidade, a pé, pela Swanston Street,
que representa o arquétipo de ruas largas, uniformes e rectilíneas, de alamedas e arcadas, com exemplos de arquitectura victoriana e do século XX.
Fomos fotografando o Building 8, RMIT (Royal Melbourne Institut of Tecnology),
uma mistura contemporânea de cores primárias em linhas verticais e horizontais.
O Old City Bath (Banhos Públicos),
num edifício eduardino com cúpulas gémeas muito características e que visitámos por dentro, transformado em spa, com uma grande piscina de 33 metros e um varandim com fotografias antigas.
A State Library
tem colunas coríntias neoclássicas na fachada.
Tomámos um cafezinho no Starbucks e saímos da Swanston para a Chinatown,
onde ainda vivem chineses descendentes dos que, a partir de 1850, vieram, recebidos com hostilidade pelos residentes europeus, em busca de ouro. Foram eles que vieram substituir a mão-de-obra barata que tinha diminuído com a redução do número de condenados enviados.
De eléctrico, fomos até St. Kilda, ver a praia, o pier,
a feirinha, o Luna Park e o Palais Theatre.
St. Kilda fica a cerca de 5 quilómetros a sul de Melbourne. É uma zona simpática, com boas vistas de mar, restaurantes e cafés. O Luna Park
é o símbolo de St. Kilda, com a famosa cara a rir. A feirinha de artesanato faz-se todos os domingos, como hoje.
Regressámos para almoçar, de novo, no "Young and Jackson",
o simpático restaurante que tem, no primeiro andar, um confortável bar
com o famoso quadro "Nu de Cloé".
A Federation Square
é o centro de tudo. Voltámos a fotografar a St. Paul's Cathedral e fui vê-la por dentro, belíssima. Foi construída em 1866, como catedral anglicana da cidade, para substituir a de St. James. O retábulo de mármore e alabastro
e com mosaicos de vidro embutidos, veio de Itália.
Entrámos na NGV, no edifício Ian Potter Centre para visitar a Arte Aborígene (quadros,
totens e algumas esculturas em madeira),
os mais famosos pintores australianos como Eugene von Gérard, Tom Roberts ("Shearing The Rams"), Grace Crossing Smith ("The bridge in curve" - a construção da ponte de Sydney).
John Brack foi um dos meus preferidos.
Mandaram-nos embora porque eram cinco horas.
O festival, cá fora, também estava a ser desmontado.
A festa estava a desfazer-se.
Jantámos com um casal amigo da Joana, perto do NGV.
No dia seguinte, depois do pequeno-almoço, malas guardadas, check-out feito e pedido de reserva de taxi (na recepção) para as 14.30 horas. E ala para a despedida da cidade.
Apanhámos o City Circle (gratuito) e, passando pela Swanston, Exibition, Springs, Nicholson e Flinders Streets, chegámos à Federation Square, claro!
Atravessámos a Princess Bridge, com a Rainbow Bridge ao fundo
e aproveitámos para fazer as últimas fotos!
Fotografámos a Victorian Arts Centre
e entrámos no segundo edifício da NGV, a galeria internacional, que abriu a 24 de Maio de 1861 como museu de Arte,
antes localizado na Swanston Street, agora State Library. Visitámos várias galerias, entre elas a Arte do Pacífico, Fotografia, Pintura Europeia, a "Love, Loss and Intimity"
que explora as emoções humanas do desejo e afectos, com desenhos de Rembrandt, Goya, Picasso, Edvard Munch.
Mas a estrela das temporárias (15 dólares por pessoa - as outras eram livres) foi Ron Mueck,
escultor nascido em Melbourne, que vive em Londres, genro da "nossa" Paula Rego, com obras de um realismo impressionante, por vezes chocante. As expressões, os pormenores das situações, chegam a incomodar, sentindo-nos "voyeurs"!
No aeroporto, o avião para a Nova Zelândia, Ilha do Sul, estava atrasado. Mas Christchurch esperará por nós!
...
22 comentários:
Dando uma "espreitadela", já me encantei...coisas belas, lindas, desde os monumentos, uma tela maravilhosa, as paisagens e construções, até , finalmente, uma praia, onde bem me espraiaria e o envelhecimento do Alf...
Deliciada, mas atarefada, verei com calma esta parte das vossas férias, para ler bem e comentar a condizer...
PARABÉNS por tais fotos e narrativas. Até muito breve, pois também quero deixar outro comentário, na vossa postagem, anterior, como disse, na altura.
Beijos grandes, queridos Alf e Daisy.
Juju
Grande viagem e boas fotos, consegue-se quase estar lá.
Parabéns
Daisy e Alfredo
Vou repetir-me, mas que deve ter sido uma viagem de espanto, lá isso é verdade.
Mais uma vez me deliciei a seguir os vossos passos e volto a agradecer a partilha das belíssimas fotos que tiraram.
Um beijo para os dois
Romicas
Amanhã,volto!
Olinda
Gostava de ter mais tempo para vêr as fotos, deliciar-me com os vossos comentários que me levam a viajar convosco...
Hugs,
Odete
Pois estive alapado durante o tempo suficiente para apreciar aa excelentes fotos desta admirável viagem!
Gostei particularmento da foto dos casamentos "a sério!...
Os NUS também apreciei, se bem que ao vivo...,pois!
Vim a correr para ganhar o prémio,carro ou mota?
Imagino que também correram para fugir...sem saber de quê!
Um amanhecer diferente,de pijama e chinelos!
Obrigada pela vossa partilha.
Fantástica reportagem, é como ter ido convosco...aliás, dum craque da fotografia, não se espera outra coisa.
Um abraço.
Luís e Fátinha
e que dizer?
Gostei muito e apendi com a Daisy
a descrever e a caracterizar o que
está fotografado...
Viagens apetecíveis para mim... mas contento-me com a vossa partilha!
Bjos
Olinda
Vamos lá ver se é desta que recebo um carrito...
Bela viagem para este fim de tarde... Bem hajam.
Beijinho para os dois
Nazaré
Continuas o mesmo malandro!!!!!
mas é sempre um prazer bisbilhotar os vossos passos, já que não os podemos seguir....(falo por mim, bem que gostaria!)
Fico sempre encantada com as tuas fotos, mas extasiada com as maravilhosas descrições da Daisy, que nos transporta para os locais, com as suas descrições tão completas , cheias de história,e mesmo de romance.Obrigada por tanta informação, querida Daisy. Será sempre um prazer ler-te...
Beijos para os dois.
Meus Amigos:
Não me canso de ver e ler as fotos e respectivas descrições das vossas viagens! E aqui está mais uma bela cidade australiana que adorei conhecer através de vós.Esta viagem teve um contratempo diferente de outros que já vos aconteceram,mas até essa descrição é feita de tal modo que nos encanta embora imagine quanto aflição e ansiedade devem tre sentido.Melbourne é grandiosa e nota-se muito a cultura inglesa.
Claro que só vos posso agradecer os momentos belos que me proporcionaram e desde já prescindir do carro e da mota pois devem ter saído ao padre e sacristão aí da paróquia eheheh!!!
Um grande abraço da LILI e João.
Bem feito, lindo de vêr.
Obrigado Meninos.
Um Abraço.
Tonito.
Mais uma viagem de mel.
As fotos do Alfredo são a colmeia onde a doçura dos textos da Daysi se aconchega para nos oferecer o encanto dos seus voos pelo mundo.
Carlos, O Romântico.
Porra, com esta tenho direito a um Ferrari!
O Outro, O Sacana.
Gostei mt da reportagem, fotos e texto.Gostava de lá ter estado tb.Espero pelas fotos da N Zelândia!!!
E agora o mais importante:LOL Ganhei a viagem?????Ou o carro????
Beijs
Hilde
E como prometi, cá estou, mas...não sei o que dizer!...
É tudo tão lindo e bom, diferente do que penso para mim em férias, que é muito gostoso viajar convosco...
Fico a conhecer, como se lá estivesse e por tal o meu muito obrigada, Alf e Daisy!...
As Fotos do Alf, com as Narrrativas da Daisy, deixam-me extasiada...
Façam muitas mais e partilhem pois é mesmo um gosto!!!
Muitos beijos, para vós queridos.
Juju
Hallo Alfredo,
Parabéns pelo seu blog e pelas belíssimas fotos e narrativas.
abraços
Obrigada
Alfredo. Maravilhoso, aliás como sempre. Parabéns !
Para quando a publicação de um livro com o título :
Viagens por aqui e mais além ? rsrsrs
Um beijo da
Jane
Queridos Daisy & Alfredo:
Vocês são DEMAIS.......
Que lugar lindo!!!!!!!!
É claro que com o profissionalismo do Alfredo com as fotos, as coisas ficam ainda mais bonitas.
Temos muitas saudades vossas!!!
Um grande abraço do tamanho do oceano que nos separa...
Washington, Beth, Juli e Victor.
A Catedral e o Nu de Cloé, fascinaram-me.
Mas mais ainda a costumada qualidade das fotografias e a clareza dos textos que as acompanham.
Como sempre fiquei encantada . Parabéns pelo alto nível das fotos e narrativas tão cuidadas e interessantes.
Beijos e abraços
Jane
Agradável de ver!
O meu "apoio" à priori pelo problema do Hotel!!!
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