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sábado, 25 de janeiro de 2014

CAMBOJA


28 a 30 Novembro 2013


O CAMBOJA fica na parte sudoeste da chamada Península da Indochina, fazendo fronteira com o Vietname, o Laos e a Tailândia.

Viajámos desde Saigão (Ho Chi Minh City) na companhia aérea do Vietname, pontualíssima.

A capital é Pnom Penh, mas Siem Reap é a sua cidade mais turística, servindo de portão para Angkor.

O Reino de Funan introduziu a cultura hindu e governou desde o séc.I. Mas foi durante o Império Khmer que os complexos de templos como o 
Angkor Wat, foram construídos,

começando o seu declínio no séc.XVI, altura em que os Missionários Portugueses aqui chegaram e, com eles, também os aventureiros!
Disputas com a Tailândia e com o Vietname pelo Delta do Mekong, tornaram o país dependente do Vietname, levando o rei Norodom, em 1863, a assinar um tratado de protectorado com a França.
Durante a II Guerra Mundial, os Japoneses invadiram as suas províncias a oeste, tornando a região num caos. Foi nessa altura que um forte sentimento nacionalista, liderado pelo Partido Popular Revolucionário do Kampuchea levou a França a conceder a independência em 1953. Norodom Sihanouk governa mas enfrenta uma forte oposição de esquerda que culmina numa violenta rebelião comunista, em Março de 1974, levando à imposição do Khmer Vermelho. Entre 1977 e 1978, a violência atingiu o seu auge, com assassinatos e execuções em massa. Em 1979, o regime de Pol Pot é deposto pelas forças do Vietname, restabelecendo a República Popular do Kampuchea, começando nova guerra civil que levou 600.000 cambojanos para campos de refugiados ao longo da fronteira com a Tailândia, causando muitas mortes.
Em 1991, esforços desenvolvidos pela ONU, levaram ao cessar fogo, regressando o Príncipe Sihanouk, e em 1993 realizaram-se eleições, tornando-se o país numa Monarquia Constitucional, 
o Reino do Camboja.

A burocracia de entrada é bem menor do que no Vietname e no Laos, como verão mais tarde.

No "Prince D'Angkor", 
confortável e simpático, comemos "uma espécie de pizzas", enquanto o guia e o motorista esperavam para nos levar ao Angkor Wat para fazer a visita e assistir ao pôr-do-sol.
Mas a chuva era tanta que nem conseguimos sair do carro.

A 3km, está o Complexo Banteay Samré



E foi para lá que nos dirigimos, por uma estrada com muita água e ladeada por arrozais e pequenas aldeias.

O tempo foi melhorando.
O templo foi construído no séc.XII pelo rei Suryavarman II, é dedicado a Vishnu, segundo o estilo do Angkor Wat. "Samré" designa um grupo étnico da montanha e "Banteay" significa "fortaleza".



A luz não era muita, mas não chovia.
Construído em pedra rosada, tem magníficos baixos-relevos nas suas paredes.

A parede interior mede 44X38m 

e o exterior 77X83m. 

Nos vários frontões, profusamente decorados, 
reconhecem-se imagens de deuses hindus e cenas do Ramayana.


O dia seguinte amanheceu com um sol abrasador e foi sob ele que fizemos as visitas do dia.
Ta Phrom foi um dos primeiros templos a ser descoberto pelos exploradores europeus, no meio da selva.

É impressionante. Parece reclamado pela selva!



Construído no chamado estilo Bayon, entre os séculos XII e XIII, originalmente chamado Rajavihara, a 1km de Angkor Thom.
Foi deixado como foi encontrado por causa da sua atmosfera fotogénica em que as raízes das árvores parecem comer as pedras!



Embora se façam algumas recuperações, o que se pretende, fundamentalmente, é que as raízes das Ficus pilosa, algumas com mais de 150 anos, não destruam totalmente o complexo.

Abandonado depois da queda do Império Khmer, no séc.XVII, a floresta tomou posse do que lhe tinha sido roubado!…



Seguimos para o Complexo de ANGKOR THOM.
Angkor Thom foi capital do Império Khmer entre os séculos XIII e XIV. O próprio nome significa "Grande Capital". Era uma cidade fortificada com residências de sacerdotes, militares, funcionários do palácio, o próprio palácio e edifícios para a administração do Reino. Construídas em madeira, estas estruturas não sobreviveram, o que não aconteceu com os templos, construídos em pedra.
Com 10 quilómetros quadrados de extensão, tem 5 torres de entrada, 
cada uma com 23m erguidos para o céu, coroadas com 4 cabeças orientadas segundo os pontos cardiais. 

A metade inferior de cada portão é modelada como um elefante de 3 cabeças 
cujos troncos servem como pilares assentes em flores de lótus. Ali se chega passando por uma alameda ladeada por deuses 
de um lado e demónios do outro.
Os terraços,
espaços que serviam para cerimónias públicas, são enfeitados por elefantes (Terraço dos Elefantes

e figuras de reis (Terraço dos Reis Leprosos).


Phimeanakas

ainda lá está. Parece uma pirâmide das Civilizações da América do Sul. O nome significa "Templo do Céu". Com 3 andares e uma torre no topo, onde se pode subir, se houver coragem!

Baphuon

é dedicado a Shiva e foi construído em meados do séc.XI. Fica alinhado com o Terraço dos Elefantes. Era o maior templo, na época. Também com a forma de pirâmide, tem 5 níveis. Deitado, o Buda, 

acrescentado no séc.XVI, com 70m de comprimento, no segundo nível, pode passar despercebido ao turista menos atento.
Consegue-se uma bela fotografia, atrás, com reflexo no lago.

Mas, para mim, neste complexo, Bayon, é o templo mais espectacular. 


Situado bem no centro, é a Torre de Ouro. Das 54 torres originais, restam 37, 
maravilhosamente esculpidas com faces, num total de 216, com expressões diferentes do Bodhisattva Avalokiteshvara, 

vigiando a cidade de Angkor Thom. 
É um templo budista, embora incorpore elementos hindus.

Neste templo não há muro envolvente. É composto por 3 níveis, 

sendo o primeiro e o segundo constituídos por galerias quadradas, apresentando baixos-relevos. 

No terceiro nível existe um santuário circular. Mas todo o templo é bastante complexo, como um labirinto de galerias e passagens estreitas, 
com corredores com pouca iluminação e tectos baixos.
A decoração dos pilares é no estilo Bayon, onde se destacam as elegantes Apsaras, as bailarinas dançando sobre as flores de lótus.
Duas longas paredes 

estão completamente preenchidas com extraordinários baixos-relevos com cenas de batalhas e outros eventos históricos, num total de 1200m.

Saímos pelo Portão Sul 

com uma alameda ladeada pelas estátuas dos deuses e dos demónios, à beira da água.

O almoço foi de comida Khmer: entrada de mandioca frita, envolvida em polme; legumes cozidos ao vapor, com molho muito saboroso; galinha aos pedacinhos com legumes e cajú; bife com molho tipo mostarda; peixe em polme, estufado com legumes apresentado dentro de casca de coco.

A tarde foi preenchida pela visita da jóia da coroa da arquitectura Khmer e símbolo nacional: 
o ANGKOR WAT.

É o maior e mais bem preservado complexo de Angkor, continuando o seu restauro, e é, também, o maior templo religioso do Mundo.
A entrada e a saída fazem-se pelo portão oeste e fizémo-lo sob uma soalheira intensa e um calor abrasador, percorrendo os 350m de calçada 
com fosso de 190m de largura 
ladeado pelas balaustradas das nagas.

Não se tem a noção da extensão e da formado templo, onde se destacam as altas torres, num equilíbrio arquitectónico muito belo.

Acredita-se que terá sido construído como monumento funerário para o rei Suryavarman II.
Um dos primeiros ocidentais a visitar o templo, foi o monge português António Madalena, em 1586, que disse ser impossível descreve-lo com uma caneta, tal a sua beleza arquitectónica.

O grande fosso circundante, cheio de água, evitou a sua degradação pela invasão da floresta. 
A construção, em pedra, deixou que chegasse aos nossos dias, o que não aconteceu com o resto dos edifícios da cidade que, construídos em madeira, desapareceram.
A torre ogival mais alta mede 213m. 

Com a forma de rebento de flor de lótus, representa o Monte Meru, da cosmologia hindu e está rodeada por quatro torres menores.
Seis conjuntos de degraus dão acesso ao templo.

Muitas estruturas e pátios em forma de cruz, câmaras, galerias e corredores, bem como colunas e torres, compõem a sua arquitectura.

Existem quatro pequenos edifícios, chamados Bibliotecasorientados segundo os pontos cardeais.

Três galerias rectangulares sobem para a torre central, em níveis dedicados ao Rei, Brahama, Lua e Vishnu.
As paredes internas da Galeria Exterior
contêm baixos-relevos retratando episódios do Ramayana e Mahabharata.

Na galeria oriental, a célebre cena da Agitação do Mar de Leite
mostrando 92 Asuras e 88 Devatas (deuses hindus) usando a serpente Vasuki para agitar as águas do mar, sob a orientação de Vishnu.
Muitas e belas apsaras.


À noite, depois de um jantar buffet medíocre (feito ao gosto chinês e coreano), assistimos a um espectáculo muito bom sobre a História da Dinastia Angkor.

Em visita extra, pagando 60 dólares americanos, fomos até ao TONLE SAP
o maior lago do Camboja, que recebe água do rio Mekong (antes deste se abrir no Delta, em Saigão) e diversos pequenos rios. É como um amortecedor das cheias do rio Mekong, passando de 2600 quilómetros quadrados para 10.000 e até 13.000 quilómetros quadrados, na época das chuvas. 

A caminho, fomos fotografando as casas-palafita, à beira da estrada.

Rico em peixe, os seus habitantes, que moram em casas-barcos flutuantes, 

dedicam-se à pesca. 

Têm as suas próprias escolas, igrejas, 

lojas, hospital e até quintas de criação de crocodilos, tudo flutuante.

Distraídos a fotografar, de repente, um garoto com latas de cerveja e sumos estava entre mim e o Alfredo, a tentar vender. "Que é isto?!", perguntou o Alf, espantado, perante o riso do guia. "Nasceu aqui? É de geração expontânea?!". A verdade é que eu lhe tirei uma fotografia, no pequeno barco com a mãe 

que, rapidamente, mudou de rumo, contornou o nosso barco e o miúdo saltou para o nosso, com a caixa das bebidas, negociando a cerveja por 2 dólares, que acabou por ficar por 1.

Almoçámos no hotel, depois de contactarmos a Suzana que tinha ido às compras.
O voo para o Laos foi às 15.30h, e o Phally, o nosso guia, presenteou-nos com o cachecol típico, num gesto gentil e original. Marcou o seu trabalho e a simpatia do seu povo.


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