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quinta-feira, 31 de julho de 2014

CROÁCIA



Dubrovnik -  Plitvicka -   Zagreb


21, 22 e 23 Junho 2014



DUBROVNIK, a "Pérola do Adriático", 

fica separada do resto da Croácia por um enclave da Bósnia-Herzegovina que, assim, tem o seu único ponto de acesso ao mar, como ficou acordado após o último conflito.
Com alguma chuva pelo caminho, atravessámos a fronteira Croácia-Bósnia
e, pouco depois, a Bósnia-Croácia e chegámos ao "Hotel Lapad" 
na baía de Lapad, bonito e situado mesmo à beirinha da água, mas com um wi-fi nos quartos muito deficiente.
Depois de instalados, tentámos ir de carro até Dubrovnik e procurámos estacionamento junto às muralhas. Fomos obrigados a desistir. Captámos algumas imagens a partir da colina 
e regressámos a Lapad para jantar.

Foi um belo pequeno-almoço, no dia seguinte. Pedimos um taxi e, por 90 kunas, ficámos à entrada das muralhas, junto ao Portão Pile, no meio da confusão.

A cidade foi fundada na primeira metade do século VII por um grupo de refugiados que se estabeleceu na ilha, designando-a de Laus. O nome latino, Ragusa (Rausa), em uso até ao século XV, provém de Rocha, tradução de Lausa, devido ao rochedo sobre o qual está a cidade.
O Portão Pile (Gradska vrata Pile), 
o portão de terra, é a entrada principal da cidade fortificada. A ponte de pedra, de 1537 tem, por baixo o fosso transformado em jardim. No nicho sobre o arco em ogiva, a estátua de São Brás, 

de Ivan Mestrovic, padroeiro de Dubrovnik. À direita, o convento de Santa Clara 

onde estão as bilheteiras para a visita das muralhas, na Praça onde a Fonte Onofrio está mergulhada na multidão. 

A Grande Fonte de Onofrio 
foi construída entre 1438 e 1444 pelo arquitecto italiano Onofrio de la Cava que trouxe a água do rio Dubrovacka por um sistema de abastecimento.
A confusão é grande e nem quero imaginar o que será isto em Agosto!
A certa altura, uma avaria no sistema de cartões de crédito abreviou-nos a fila porque os 100 kunas/pessoa para pagar o passeio nas muralhas teria que ser em dinheiro!
As muralhas são o símbolo de Dubrovnik. Construídas no século X, sofreram modificações no século XIII e foram reforçadas em várias ocasiões por arquitectos da região.
Torres 

e bastiões 
defendiam a República de Dubrovnik.

Percorremos os cerca de 2km em mais de duas horas entrando junto ao Pile, 

com a Fonte Onofrio em baixo, abobada, com as suas 16 bicas de água e a Stradun (Placa), 
a rua larga que atravessa a cidade, construída  no século XII, pavimentada em 1468 e que termina na Porta da Cidade com a Torre do Relógio,
(Gradski zvonik),  ao lado.
Destacam-se as duas fortalezas afastadas, 
Revelin,

que se tornou local de concertos durante o Festival de Verão de Dubrovnik e Lovrigenac
a oeste, que já foi utilizado como prisão e onde se fazem representações de Hamlet, sob as estrelas, durante o mesmo festival.
O Mosteiro e Igreja dos Dominicanos

visto das muralhas, mostra um campanário Barroco de quatro andares e o portal sul de inspiração Gótica.

Sob o sol escaldante, fomos rodeando a cidade, apreciando os pormenores, os telhados (de telhas portuguesas) recentemente restaurados, 

as torres das igrejas 

e panorâmicas com a ilha Lokrum ao longe.

Terminámos junto da Torre Minceta
projectada por Michelozzo Michelozzi em 1461, a mais visitada das estruturas de defesa.
Na grande praça da Fonte de Onofrio, colado à muralha, está o Mosteiro Franciscano
dos séculos XIV e XV, Gótico-veneziano, cuja atracção principal é abelíssima Pietá, na porta sul. 

Ao lado, a Igreja de São Salvador, com fachada Renascentista-veneziano-dalmata, 

com um interessante pormenor de uma gárgula gasta, 

junto ao solo, onde um rapaz se equilibra, colado à parede, despindo e voltando a vestir a T-shirt, num equilíbrio instável. 
Li, algures, que é uma espécie de ritual de passagem para a idade adulta (quem o consegue fazer, já é um verdadeiro homem!).

Almoçámos no "Konoba Longo" , numa transversal da Stradun, sombreada pelas altas paredes de pedra. Com ementa em português, a comida é excelente!
Caminhámos até à Praça da Loggia Loza
rodeada por importantes edifícios dos séculos XIV e XV. É o ponto de encontro popular, junto da Coluna de Orlando (1418) do escultor António Ragusino.

O Palácio Sponza

do lado esquerdo da Praça, foi remodelado entre 1516 e 1522 e tem uma elegante loggia Renascentista no andar térreo e uma estátua de São Brás no andar superior, e está fechada às visitas por causa de um casamento a decorrer lá dentro. 

A Igreja de São Brás
na mesma praça, foi reconstruída nas primeiras décadas do século XVIII, com fachada Barroca.
Saimos pela Porta da Cidade, 

em direcção ao porto 

para fazer um passeio de barco, de uma hora (10€/pessoa), circundando a cidade 

e chegando à ilha de Lokrum, onde as pessoas se refugiam para nadar e usufruir da floresta de pinheiros e da praia de nudismo, no meio das rochas. 

Foram os monges Beneditinos os seus primeiros habitantes, num mosteiro do século XI. Mais tarde, o arquiduque Ferdinand Maximilian Joseph mandou construir aí uma casa de Verão e jardins.

De regresso do mar, continuámos a visita. 
O Palácio do Reitor 
foi projectado por Onofrio de la Cava, no século XV, com pórtico de Michelozzo Michelozzi com loggia de belos arcos e colunas de capitéis com anjos sexuados. 

A Câmara Municipal fica ao lado, Neo-renascentista e, em frente, a Catedral 
com grande cúpula Barroca, reconstruída após o terramoto de 1667 e que foi uma catedral Bizantina no século VII. Nas suas paredes, testemunhos da guerra recente.

Subimos a escadaria que imita a da Praça de Espanha em Roma e encontrámo-nos na 
Praça Roger Boskovitch
ilustre escritor e matemático jesuíta, que é o adro da Igreja dos Jesuítas Santo Inácio de Loyola
reconstruída após o sismo de 1667, segundo o projecto de Andrea Pozzo, com a sua imponente fachada Barroca. Infelizmente, impossível de visitar por… mais um casamento.

Descemos e, por becos e escadinhas com roupa a secar nas janelas, 

encontrámos a encantadora capela de São José
de 1229, com fachada Barroca reconstruída após o sismo de 1667.
Voltámos de taxi e jantámos perto do hotel, em Lapad.

Na manhã seguinte, voltámos a atravessar as fronteiras Croácia-Bósnia-Croácia e seguimos para o interior da Croácia, 
para atravessar outra vez a fronteira da Bósnia que nos levaria mais rapidamente a Mostar (cuja história ficará para o próximo post…).


PLITVICKA

Dormimos no "Hotel Mare Nostrum", à beira do Adriático, modesto, e de manhã seguimos para PLITVICKA, o parque natural Património da UNESCO
desde 1979 e que é a maior área protegida da Croácia, com 16 lagos dependentes do rio Korana.
Depois de estacionarmos no Parque 2, sentimo-nos completamente perdidos. Não existem placas sinalizadoras e, com dificuldade, encontrámos o ponto de compra dos ingressos.
Foram cerca de seis horas de um belíssimo passeio. A partir do Parque 2, descendo em direcção ao lago, 

apanhámos um barco que nos levou à outra margem, usufruindo das águas límpidas esmeraldas
e depois a outro que nos levou a mais um lago até à margem onde iniciámos os percursos pedestres. 

Os barcos são eléctricos, o que nos proporciona uma paz e um silêncio que liga bem com a paisagem. 


Pequenas cascatas completam o cenário.

Recorrendo ao balcão das informações, escolhemos um circuito de cerca de hora e meia que se prolongou por bastante mais tempo, porque as paragens para fotografias, são muitas. Encantaram-nos as numerosas quedas de água, de grande beleza, 

e o som persistente das águas a cair, e até o som bem audível

do coaxar das rãs… uma delas enganada pelo "coaxar" do Alf, que a trouxe até nós… e voltando a desaparecer, desiludida!

Adiante, a mais alta das quedas de água 
que nos refrescou com os seus salpicos.

Subindo, obtivemos outras panorâmicas dos lagos,

das cascatas 

e das passadeiras com os visitantes.

Esperando o "combóio" eléctrico, comemos umas sanduíches, água, gelados e até uma bica.
E regressámos ao Parque 2.




ZAGREB

A viagem até ZAGREB deu-nos muito sono, depois do cansaço das caminhadas. Só o Ricardo, claro, se manteve atento ao trânsito.
Demos facilmente com o nosso "Hotel-boutique 9", graças ao GPS. 

O nosso quarto, prata, 

tem uma fotografia do Marlon Brando da época de "Um Eléctrico Chamado Desejo". O dos primos tem uma outra da época de "O Padrinho".

Jantámos, muito bem, no "Oxbo by Hilton", perto.

(E a Croácia perdeu com o México, no Mundial!)
A visita da cidade foi feita no dia seguinte, já com as malas no carro, para poder seguir para o aeroporto.
Tomámos um cafezinho na Vlaska,
uma bela praçazinha com uma escultura de 
August Senoa
trabalho da escultora Marija Ujevic. Encostado a um pilar negro onde está escrito um poema seu, Senoa parece olhar a casa onde nasceu…
Chegámos à Catedral da Assunção da Virgem Maria,
com as duas torres góticas de 104 e 105 metros, no Bairro Kaptol. É um dos símbolos de Zagreb, um Neo-gótico tardio com uma belíssima fachada. 

Com a expansão do Império Otomano, foi fortificada com muralhas e durante o séculoXVIII foram reconstruídos os bastiões de defesa a sul e a este, formando o monumental Palácio do Bispo.

Na praça em frente, uma fonte de Herman Bollé 
com as estátuas douradas da Virgem Maria 

e dos quatro Anjos, que simbolizam as Virtudes Cristãs (Fé, Esperança, Inocência e Caridade) do escultor austríaco Fernkorn. Na parede ao lado da Catedral, a instalação com o mostrador do Relógio
que parou às 7h3mn3s, no tremor de terra de 09 de Novembro de 1880!
Na Cidade Alta, o mercado Dolac, a céu aberto,
com os seus característicos chapéus vermelhos e, num plano superior, a estátua de Petrica Kerempuh 
(profeta plebeu e comentador sarcástico dos eventos contemporâneos), rodeado de flores, obra de Vanja Radaus.

Junto ao mercado, a igreja de Santa Maria
um pouco descuidada. 

E um pouco mais abaixo, a Tkalciceva
a mais colorida rua entre os bairros Kaptol e Gradec, com lojinhas, esplanadas e a estátua de Marija Juric Zagorka  (1873-1957), 
a escritora que foi a primeira jornalista profissional da Croácia, e que lutou pela igualdade de direitos.
Descemos até à Praça Ban Jelacic

coração comercial da cidade desde 1641, na Cidade Baixa. Os edifícios à volta datam do século XIX e a estátua equestre de Ban Jelacic, 
de Anton Fernkorn, está no centro desde 1866. Removida pelas autoridades comunistas em 1947, foi reposta por petição pública em 1990. Ban Jelacic simboliza a defesa dos direitos dos Croatas contra os Austro-Húngaros.
Voltámos à Cidade Alta no interessante funicular 
que é o mais curto do Mundo, que sobe uma colina de 66m com desnível de 30,5m em 55 segundos.

A Torre Lotrsca recebe-nos, em cima. 

Em tempos, teve um sino que anunciava o fecho dos portões da cidade, ao fim da tarde. Ao meio-dia, de uma das suas janelas, um canhão assinala a hora.
A caminho de São Marcos, 

visitámos o Museu Nacional de arte Naif,

desde 1952 instalado no edifício Barroco do século XIX. É o primeiro museu do Mundo dedicado à Arte Naif e tem obras de cerca de 20 mestres croatas.

Praça de São Marcos (Trg svetog Marka) 
é o coração da Cidade Alta, onde domina a 
Igreja de São Marcos 
com os seus telhados inclinados onde brilham dois escudos: o tríptico da Croácia, Dalmácia e Eslavónia e o da cidade de Zagreb. 

Do século XIII, o Românico e o Gótico misturam-se harmoniosamente. 
No portal sul, o arco gótico, 

acrescentado no século XIV, tem 15 estátuas em nichos.
Na mesma praça, o Sabor ou Parlamento
de 1737 e o Banski dvori ou Palácio do Governador (século XIX), onde viveu e morreu Ban Jelacic.


Descendo a Kamenita ulica, 

à direita, está a Farmácia Antiga

fundada em 1335. É a mais antiga da cidade e ainda continua a funcionar. Segundo está documentado, Nicolo Alighieri, neto de Dante Alighieri, trabalhou aqui como farmacêutico em 1399.

Ao fundo da rua, 
o Portão de Pedra (Kamenita vrata), 
a única entrada original que se mantém intacta. Construída na Idade Média, foi reconstruída no século XVIII. Debaixo da arcada, existe uma capela dedicada à Virgem Maria 

com uma pintura da Virgem que foi miraculosamente salva no fogo devastador de 1731 tornando-se, desde então, local de peregrinação. A escultura de bronze de Ivo Kerdik, representa Dora Krupic

personagem de novela de August Senoa (1871) envenenada por um barbeiro local enraivecido pela sua recusa de  proposta de casamento.

Almoçámos no "Hemingway", na esplanada em frente do Teatro Nacional Croata

na  Praça Marechal Tito ou Praça da Universidade ou Praça do Teatro. O edifício, de estilo Neo-barroco, abriu em 1895 e alberga as companhias de ópera, bailado e drama. 
Em frente, a belíssima Fonte "Fonte da Vida", 
um trabalho bem sensual de Ivan Mestrovic, circular, com figuras nuas em bronze, desde crianças a pares de amantes 

e velhos que parecem beber da água da fonte, numa interessante interdependência.

A caminho do carro, que nos levaria ao aeroporto para o regresso a Lisboa, ainda fotografámos 
a Casa Kallina (1904) 

do arquitecto Viekoslav Bastl, na Tomas Masaryk ulica, um exemplo de muitos dos edifícios de Arte Nova existentes em Zagreb, com incrustações em cerâmica.

E adeus CROÁCIA!


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