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sexta-feira, 22 de julho de 2016

PORTUGAL - AÇORES


ILHA DE SANTA MARIA
7 e 8 Julho 2016

A lava saiu das entranhas da Terra, 


endureceu e transformou-se em terra. 
Apareceram as aves que trouxeram sementes de lugares longínquos e enfeitaram a terra de verde e flores, 


transformando ilhas em lugares encantados. 


Quando as caravelas dos Portugueses audazes as descobriram, foram saudados pelas aves Açores. Trouxeram outros animais e resolveram ficar. Um arquipélago mágico, de 9 ilhas, a que deram o nome das aves AÇORES!
Santa Maria fica no grupo oriental, com 16,6km de comprimento por 9,1km de largura e foi a primeira ilha a ser descoberta. Tem 5.574 habitantes.
A data da sua descoberta, é duvidosa: Diogo Silves em 1427 ou Gonçalo Velho em 1431. Mas foi Gonçalo Velho que trouxe o primeiro grupo de colonizadores, para a Praia dos Lobos, vindos do Algarve e do Alentejo.
A sobrevivência não teria sido fácil nos primeiros tempos. Cultivaram trigo e pastel, planta tintureira para extracção de um corante azul que vendiam à Flandres, para os têxteis. E do barro, abundante, fizeram as telhas para as coberturas das casas e louças.


Os corsários ingleses, franceses, turcos e árabes do Norte de África, faziam pilhagens e raptavam habitantes para vender como escravos.
A partir do século XVIII, a vida melhorou, com o cultivo da vinha, 

milho, fruta, batata, inhame e com a pecuária e os lacticínios.

Mas as condições de isolamento e pobreza levou ao desejo de emigração, facilitada pelos Americanos que, em contrapartida, tinham interesses na construção de um aeroporto de apoio na luta anti-submarina na II Guerra Mundial...
Não tínhamos grandes expectativas, mas fomos agradavelmente surpreendidos, graças ao Miguel Marques que nos soube mostrar a Ilha, depois de lhe dizermos o que pretendíamos. Tem que se gostar do que se faz!...

O aeroporto é pequenino. Poucos passageiros, salientando-se um grupo de hippies desenquadrados, com instrumentos musicais (que soubemos depois que vinham para um festival musical na freguesia da Maia).
O Henrique esperava-nos para nos levar ao Hotel Colombo, 


de onde pudemos fotografar o casario e o horizonte.


O resto da tarde, daria para uma visita ao centro, a cerca de 15 minutos a pé. Preferimos chamar um taxi.
Vila do Porto fica na zona mais plana da ilha e onde está o aeroporto.
As ruas estão praticamente vazias, 

num fim de tarde quente e húmido. 

Ficámos junto da Igreja de Santo Antão 

bem debruada a magenta, esquinas e janelões, com duas torres e um meio sol bem amarelo, abaixo da cruz. A brancura das paredes não descura a ascendência alentejana!... Bem como a algarvia, no alinhamento do casario, modesto, rua abaixo. 


Os passeios, com calçada portuguesa.




No primeiro largo, edifícios mais modernos, a Escola, e a calmaria.


No largo de Santo António, o Convento de Santo António

edifício volumoso do século XVII é, hoje, sede da Associação Juvenil. Aqui existiu uma pequena ermida dedicada ao Santo que foi depois transformada em convento quando os Franciscanos chegaram. Em alvenaria de pedra rebocada e caiada, um campanário e portal entre os dois torreões, 

o lugar tem, claro, muita história e lendas.

O caminho é fácil e as sombras ajudam a chegar ao Largo de Nossa Senhora da Conceição, 


onde está a actual Câmara Municipal no edifício do Convento de São Francisco


já mais perto do mar, com um painel onde se conta a história das sua destruição por corsários em 1616, 

nove anos após a sua fundação. Os corsários do Norte de  África aterrorizaram e fizeram cativos muitos dos habitantes. Foi reedificado em 1725 e ampliado em 1822. 
Torre sineira 

(sobre a portaria do convento), igreja de Nossa Senhora da Vitória  e a Capela dos Terceiros, 

compõem a fachada principal. 

O Padrão, no largo, edificado em 1932, 

mostra o Escudo e a Cruz de Cristo.

Começam a ver-se alguns bares e esplanadas, descendo  Rua Teófilo Braga.
Demos o passeio por completo, depois de fotografar a Matriz, Igreja de Nossa Senhora da Assunção,

padroeira da Ilha. O templo inicial foi construído no século XV e a actual reconstrução é do século XIX. Da primitiva estrutura, restam a porta lateral em estilo gótico, no exterior. 

A fachada apresenta três portas e uma janela 

sobre a porta central e um remate em cruz. Torre sineira à esquerda, de planta quadrangular.

O pôr do sol foi apreciado da varanda do quarto.


No dia seguinte, fizemos a volta à Ilha, com o Miguel.
Saindo da Vila do Porto em direcção à Costa Norte, parámos na freguesia de Anjos, povoação à 
beira-mar, 


de casas baixinhas, brancas, 


de telhados vermelhos e chaminés em mãos-postas 


e de vapor, 

com zona balnear de pedras negras. 

Na encosta, em contraluz, o perfil da bruxa


Foi aqui que Cristóvão Colombo parou e rezou, em 1493, no seu regresso das Américas. A sua estátua 


encontra-se em frente à Ermida de Nossa Senhora dos Anjos. 


A igrejinha é considerada o primeiro templo da ilha. No interior, existe um altar com um tríptico 
que terá pertencido a Gonçalo Velho Cabral, o povoador. 

Na encosta, a cruz 

no local onde os habitantes queriam construir a ermida. Mas a imagem da Virgem dos Anjos "fugia" para o actual lugar.

A ilha é rica em fósseis, e é fácil encontrá-los nas construções. Vimo-los no interior e no exterior da ermida.

A Associação Escravos da Cadeinha, 



foi motivada pelas frequentes incursões de piratas que raptavam os habitantes da ilha para os escravizar ou obter resgates, no século XVI.

Em São Pedro, a Capela dos Milagres

debruada a amarelo, com um Império, muito simples, ao lado, com a Coroa e a Pomba do Espírito Santo. 


No altar, um painel de azulejos 
que também terá pertencido a Gonçalo Velho Cabral.

Por caminho de terra, o jeep fez jeito para chegar à Ponta do Pinheiro, caminhando um pouco sob a frescura do arvoredo 


até ao deslumbramento da arriba. 
A Baía da Cré

à esquerda, as águas azuis-azuis, falésias a pique, grutas e no cimo, miniatural, uma casa em ruínas, que pertenceu ao historiador José Hermano Saraiva.

À direita, a não menos bela Baía do Raposo.


A caminho da Ponta do Pinheiro, já tínhamos passado por ele, mas voltámos e parámos no 
Barreiro da Faneca

o chamado deserto vermelho, devido à sua cor. 

É um terreno árido e argiloso, vermelho,

que corresponde à camada de alteração de uma antiga escoada lávica basáltica coberta por cinzas vulcânicas, formadas sob a acção do clima quente e húmido do Período Pliocénico.

A paisagem torna-se montanhosa e verde e as vacas enfeitam a paisagem.


Já surge, a Ermida de Nossa Senhora de Fátima

construída em 1925, o primeiro templo a ser construído fora do concelho de Leiria, após as aparições de 1917. 
Como curiosidade, o acesso faz-se por uma escadaria de 150 degraus, o número de contas do rosário.


Localizada nas Festeiras de Cima, São Pedro, tem um interessante Cruzeiro, à direita.

A Baía das Lagoinhas, é um recanto paradisíaco. 


E, ao cimo, no horizonte, as silhuetas das vacas a pastar, compõem o cenário encantador.


Em Santa Bárbara


Nordeste, tomámos um refresco e um café. E eu não pude deixar de fotografar a belíssima Igreja

Alvenaria de pedra rebocada e caiada, planta rectangular, torre sineira e portada encimada por uma janela. De nave única, tem, no altar, a imagem de Santa Bárbara.


Na Almagreiraas nuvens sobrevoam o casario e os campos verdes.

Do Miradouro da Macela, vemos o casario a descer para a praia. 


A Praia Formosa

que faz jus ao nome, de areia branca, na belíssima baía, com a ponta, ainda, sob a neblina. E as ruínas do Forte de São João Baptista ou castelo da Praia, 

que serviu de defesa contra os piratas e se encontra, tristemente, a morrer. Conseguem ver-se currais de plantação de bananas.

Almoçámos na Praia: garoupa. Infelizmente, não tinham a típica meloa.

O Barreiro da Piedade

em Malbusca, é outro deserto vermelho. 

Três melros, colocados estrategicamente, comunicavam entre eles, quebrando o silêncio e encantando-nos. 


Além da argila vermelha, aqui, no alto da falésia, podemos ver os nódulos de manganês, 

típicos de fundos marinhos e disjunções esferoidais bem desenvolvidas. Material silicoso preenche as fraturas que definem os prismas e outros interstícios da rocha.


Para ver um dos locais mais fantásticos, tivemos que fazer um carreiro estreito à beira do precipício, com a Ponta da Malbusca ao fundo. 


E lá está ela, a Ribeira de Maloás

infelizmente com apenas um fiozinho de água a cair com 20m de altura, mas uma belíssima formação geológica com uma disjunção colunar impressionante

resultante do contacto do mar com uma escoada lávica, que comparam à Calçada dos Gigantes, na Irlanda, 


mas que nós achamos muito mais parecida com a Svartifoss, na Islândia!
 http://alfredo-moreirinhas.blogspot.pt/search/label/ISLÂNDIA%20-%20Vatnajokull 

A Ponta do Castelo 


fica do outro lado, com o Farol Gonçalo Velho 


a brilhar, qual estrela no meio do muito azul mar, com as encostas a descer até à água, vestidas de currais de vinhas. 


Uma bela vista, a partir do Miradouro Vigia da Baleia.


E a Maia,  


enfeitando-se para o festival musical, 

que vai ser esta noite, ao ar livre, para toda a população. Os visitantes, esses, deixam o carro ao cimo da vila, pagam 1€ pelo transporte até à praia... e divertem-se!

Continuando a contornar a ilha pela costa, no sudoeste, parámos na Cascata do Aveiro 

que, apesar de ser apenas alguns fios de água 
é um local muito bonito onde os patos gostam de estar. Com cerca de 80m de altura, é uma das mais altas do país, no Pico Alto, vendo-se diversos círculos de lava e adivinhando-se uma maior beleza quando o caudal da água é superior. Até ao vale formado, descem os currais das vinhas onde os trabalhadores acedem por escada de grandes pedras. 

O trabalho duro e o acesso difícil levou ao engenho de, logo ali, fazer um lagar numa grande rocha onde as uvas eram esmagadas. 
Com um orifício na parte inferior, a Natureza facilitava-lhes a vida.

Um pouco para o interior, na freguesia 
de Santo Espírito, 


fomos encontrar uma das mais bonitas igrejas da ilha, Igreja de Nossa Senhora da Purificação 

com uma fachada barroca em pedra da ilha. 
A primitiva data do século XVI, tendo sido ampliada no século XVIII com ornamentações de conchas. 

A torre sineira tem cúpula recoberta de azulejos. 


De três naves, 


o altar-mor 


é uma invocação de Nossa Senhora da Purificação, 
com o Menino e a Pomba do Espírito Santo.

Subindo para Norte, encontramos outra belíssima baía, a Baía de São Lourenço. 


A partir do Miradouro do Espigão, pode ser admirada, bem como a povoação, à volta e, em anfiteatro, as vinhas em socalcos, a praia e as piscinas naturais. 


Do outro lado, o Ilhéu Romeiro ou Ilhéu de São Lourenço e a Ponta Negra.


O Poço da Pedreira 

é uma antiga pedreira de exploração de inertes, talhada no Pico Vermelho, com paredes verticais de uma espantosa cor avermelhada e um lago, na base. 

Ouvem-se as rãs 


e os melros, num cenário de paraíso.


E regressámos a Vila do Porto, para visitar o Forte de São Brás

construído no século XVI, no Largo Sousa e Silva. 

A Capela de Nossa Senhora da Conceição


homenageia a padroeira do Reino e um Obelisco

na Praça de Armas, presta homenagem ao Comandante Carvalho Araújo.

Em um  dia, conseguimos conhecer a Ilha de Santa Maria e ficámos encantados. Sozinhos, não conseguiríamos!...

O avião para a Ilha de São Miguel sofreu um atraso de duas horas e meia, o jantar, incluído no hotel, vai perder-se, graças à Sata, que nos não vai compensar com nada!

* * *