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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

CHINA - Cruzeiro no Yangtzé e Shangai

 16, 17, 18, 19, 20 Setembro


O dia findava. Estava uma luz interessante.
Pagámos 10 yuans por mala e os carregadores corriam à nossa frente na passadeira de madeira com os empregados do navio a saudar-nos. A banda tocou quando chegámos.
Foi-nos pedido um extra de 300 yuans para gorjetas, mas os rapazes que nos levaram as malas ao camarote não saíram do quarto enquanto o Alf não desembolsou mais uns dólares. A suite é muito boa.
Tem uma varanda espectacular. É pena não poder tirar mais partido dela, devido ao calor húmido. O rio é castanho.
O director do cruzeiro é o Michael Crowe, americano.
A informação é nos dada por escrito, todos os dias. Amanhã há uma visita geral e uma opcional à tarde.
Dormimos bem. O barco fez a viagem até Fengdu durante a noite.
O rio Yangtzé é o maior rio da China (6300 quilómetros) e o terceiro do Mundo, depois do Nilo e do Amazonas. As águas são barrentas.
A velha Fengdu foi engolida pelas águas da maior barragem do Mundo. A cidade nova
fica numa das margens e o complexo de templos que visitámos ainda está na colina,
que era bem mais alta. Foram deslocados daqui cerca de 100.000 pessoas.
Fica a 176 quilómetros de Chongqing e é chamada Cidade Fantasma de Fengdu ou Cidade dos Espíritos, nome que lhe foi dado na dinastia Han.
Conta-se que dois oficiais do Governo Imperial, Wang Fang Ping e Ying Chang Sheng se aborreceram com a vida política da corte e vieram para a montanha Ming,
perto da cidade de Fengdu para praticar o ensino do Taoismo, tornando-se imortais. Os seus dois nomes juntos, Ying e Wang soa como Rei do Inferno, em chinês. Para os chineses, a estrutura social do submundo é exactamente como na vida real.
Os espíritos passam pela burocracia dos oficiais do submundo para receber o julgamento final.
Os espíritos puros reencarnam e os pecadores estão sujeitos a severos castigos.
  
Viviam aqui monjes que, após a construção da barragem e com a perspectiva do lucro com o turismo dos cruzeiros, foram "deslocados" para outros locais.
Regressámos ao barco e partimos,
enquanto almoçávamos um esplêndido buffet, em direcção a Wanzhou,
onde chegámos por volta das 16 horas, para a visita opcional. O nosso grupo era constituído apenas por nós e por um casal belga. A Suzana, desistiu.
Foi uma penosa subida
pelas ruas da cidade nova e por muitas bancas de vendilhões, sob um calor abrasador e uma humidade insuportável.
Fomos visitar Shibao Zai ("Fortaleza da Pedra Preciosa"),
que fica numa ilha ligada a terra por uma ponte suspensa que abana por todos os lados.
É um pagode vermelho
encravado na rocha, Lanruo Dian, com 12 pisos que subimos por escadas de madeira com degraus irregulares. Não foi fácil.
Foi construído durante o reinado do imperador Qianlong (1736-1796) e o seu acesso era feito por uma cadeia de ferro cravada na rocha. Para que o pagode não fosse invadido pelas águas, foi construído um grande muro à volta da ilha.
O nome de "Pedra Preciosa" vem da lenda segundo a qual havia uma pedra com um orifício de onde saía, todos os dias, a quantidade certa de arroz para alimentar os monjes. Um dia, um deles resolveu aumentar o buraco para vender o arroz excedente... e o arroz deixou de sair.
No regresso, alugámos uma carrinha com ar condicionado. Mesmo assim, chegámos encharcados, mas um bom banho, jantar e um espectáculo
dado pela tripulação, fez esquecer o incómodo.
No dia seguinte, de manhã, resolvemos descansar e não fizemos a visita opcional.
Às 10 hora e meia já estávamos em andamento e atravessámos a primeira garganta a Qutang,
uma passagem de 8 quilómetros que passámos em vinte ou trinta minutos. Não tem a espectacularidade que sonhei antes da barragem, mas é impressionante.
Entre duas montanhas, a Chijia Shan (Montanha Vermelha) e a Baiyan Shan (Montanha do Sal Branco), que guardam a garganta como portas gigantes de um castelo.
A segunda garganta, Wu Xia,
com 25 quilómetros, com uma beleza serena, floresta e penhascos.
Desembarcámos em Wushan,
na confluência do rio Yangtzé com o rio Daning. A cidade tinha mais de 300 anos, fundada na dinastia Shang. Aqui, foram deslocados cerca de 300.000 pessoas para uma nova cidade quando a antiga foi submersa em 2003.
Para nós, foi o ponto de partida para as belíssimas três gargantas menores, no rio Daning.
As águas são límpidas, de um verde esmeralda deslumbrante. Fizémos o percurso, primeiro num barco mais pequeno
do que o do cruzeiro e, depois, distribuídos por pequenos barcos típicos, sampanas.
Os penhascos,
os pássaros a cantar e um grupinho que, numa caverna, nos brindou com música,
fizeram-nos pensar no paraíso.


As pequenas gargantas, denominadas Porta do Dragão, Mística e Verde Esmeralda, são muito semelhantes em beleza e tamanho.
Regressámos ao cruzeiro e continuámos
a atravessar a segunda garganta, não arriscando a sair para o deck, onde o frio, o vento e a chuva nos assustavam e impediam de saborear como deve ser a beleza da paisagem.
Depois foi o banquete e o "cabaret" executado pela tripulação.
A terceira garganta, Xiling tem 49 quilómetros de comprimento e é a maior.
Entrámos nela durante a noite, passámos os cinco níveis das eclusas durante a madrugada, de uma altura de 113 metros.
A Barragem das 3 gargantas
fica situada a meio da terceira garganta.
Operacional desde 2003, ficou completamente acabada em 2009. Tem 2.335 metros de comprimento, 185 metros de largura e 30 metros de profundidade, criando um reservatório de 39,9 mil milhões de metros cúbicos de água. Afectou 570.000 hectares de terras agrícolas, centenas de pequenas cidades e aldeias e 1,3 milhões de pessoas deslocadas.
O projecto continua a causar uma controvérsia enorme, principalmente pelo património histórico perdido e pela poluição causada. Foi este imponente projecto que visitámos durante a manhã, sob chuva intensa e temperatura pouco agradável.
Almoçámos no navio e desembarcámos em Yichang às 12 horas e 45 minutos nas docas de Muzhuzi onde nos esperava outro "Peter" e um condutor que nos deixaram no aeroporto para o voo até Shangai.

SHANGAI
foi visitada num dia.
Situada nas margens do rio Huangpu, no litoral da China, perto da foz do rio Yangtzé, foi de pouca importância até ao séc.XIX. Nesse século, o tratado de Nanquim deu livre comércio aos Britânicos e a cidade cresceu, enriqueceu e foi dividida em "concessões" de ingleses, franceses, americanos e japoneses.
Podem ver-se construções dessa altura ao longo da avenida Huangpu,
mostrando o fausto da época em que Shangai era o maior centro financeiro do Mundo. Na marginal do Bund, pode ver-se o Banco de Hong Kong e Shangai,
o antigo Palace Hotel ou o Peace Hotel, entre os edifícios mais faustosos.
Em 1949, os comunistas apoderaram-se da cidade e despojaram-na da sua grandiosidade. Mas em 1999, Pudong,
do outro lado do rio, foi declarada zona económica especial e houve o renascimento. Edifícios futuristas, ressaltando a "Pérola", a antena da televisão, perdem-se no nevoeiro.
Como não podia deixar de ser, visitámos um templo, o Templo do Buda de Jade (Jufo Si),
constuído em 1882 para guardar duas estátuas de jade de Buda trazidas da Birmânia pelo monge Wei Ken (que não pudemos fotografar). Ainda aqui vivem 100 monges que fazem preces públicas por preço módico e recebem dádivas dos crentes.
Os vários budas estão distribuídos por vários salões. O Buda de Jade tem um aspecto andrógino.
Existe uma réplica, em maior tamanho, que pode ser fotografada através de vidro.
Percorremos a Nanjing Lu,
a principal rua de comércio de Shangai, pedonal, com lojas de marcas internacionais e becos onde se podem encontrar as respectivas cópias... A chuva não ajudou ao passeio e o nosso espírito consumista é muito pequenininho. Só a Suzana se arriscou.
A cidade velha é um encanto,
com arquitectura tradicional chinesa.
É o Bazar dos Jardins Yu e o local não é verdadeiramente antigo, tendo sido construído à volta da habitação do mandarim Yuyuan.
A casa de chá Huxingting
está no centro de um lago e acede-se a ela por uma ponte em zigue-zague
que a protege dos espíritos malignos que não conseguem dobrar esquinas!
A bela casa do senhor Yu
tem muros brancos encimados por um dragão ondulante com apenas quatro garras
porque o dragão do imperador tem cinco garras e representa o poder imperial que não pode ser igualado por mais nenhum mortal.
A casa parece um labirinto de jardins e corredores cobertos ligando os diversos pavilhões da época Ming

evocando as grutas e desfiladeiros do sul da China.


Subimos ao 88º andar do Jinmao Dasha, com 421 metros de altura,
depois de atravessar um túnel de 4 quilómetros debaixo do rio Huangpu.
A chuva não ajudou, mas ainda deu para ver alguns dos mais altos edifícios da cidade como a Torre da Televisão ("Pérola do Oriente")
com 457 metros e o Shangai Financial Center com 460 metros. Na Torre Jinmao está o hotel com a recepção situada no piso mais alto do Mundo, no 57º andar.
Temos uma perspectiva interessante, no interior da torre, através de um vidro.
A chuva foi um contratempo muito grande. No entanto, ainda fomos ao Parque e Praça do Povo (Renmin Gong Yuan). Deveria ter sido um passeio aprazível. A arquitectura do Museu de Shangai (1995) lembra um pote ding da dinastia Shang (céu redondo e terra quadrada).
O Palácio do Governo fica em frente e os edifícios de Pudong, ao longe.
Infelizmente, não fechou em beleza esta viagem à China. Shangai terá muito mais para dar. Mas o tempo era escasso.
Fica, no entanto, uma bela recordação de um país muito belo, cheio de surpresas, muito diferente da ideia que tínhamos antes de pensar visitá-lo.
E ficou o desejo de voltar para descobrir outros locais únicos como Mianshan, a Floresta de Pedra e mais aldeias que não fazem parte do turismo de massas.


Fim