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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

ARGENTINA - BUENOS AIRES

2 e 3 Fevereiro 2016

Há 18 anos, estivemos em Buenos-Aires.

Voltámos, como escala para a Patagónia.
Ficámos muito bem situado, no hotel "Eurobuilding", na Avenida 9 de Julho e memorizámos os pontos de referência, para não nos perdermos na avenida mais larga do Mundo: entre o Obelisco 

e o Ministério que tem a Evita desenhada, 

em frente à escultura de Dom Quixote.

Mais de 90% dos turistas que visitam a Argentina, são brasileiros e a Lídia, que nos vai acompanhar no tour da cidade, fala português com pronúncia do Brasil...
Às 14h, veio buscar-nos. Já nos tínhamos refrescado e mudado as roupas de Inverno para outras mais leves, que o sol está abrasador.
Hoje, vamos fazer os pontos do turista comum, começando pela Plaza de Mayo 
(que os porteños pronunciam Majo). 

É o centro histórico, político e cultural da cidade. Aqui se fazem as celebrações e os protestos. 

E vários protestos decorriam no espaço: defesa das Comunidades Indígenas, 

a pedir reconhecimento de mártires de guerra para os soldados mortos na guerra das Malvinas...

Muito mais confusa do que na nossa última visita, em que era um espaço aberto. Agora, há barreiras metálicas que são deslocadas conforme o número de manifestantes... e muita polícia. Dificilmente se tem a noção de que seria a Plaza de Armas, em 1580 (quando da fundação da cidade por Juan Garay),  enquadrada pela Casa Rosada, a Catedral Metropolitana e o Cabildo. O nome "Mayo" vem da Revolução de Maio que deu origem ao primeiro governo independente.
A Casa Rosada

está no local onde foi construído o Forte de Juan Garay, em 1580. Em 1873, Sarmiento mandou construir aí os Correios e, em 1882, outro edifício ao lado, com características semelhantes que, em 1910, foram unidos e que ficaram inteiramente dedicados à sede do Governo. A varanda 
ficou internacionalmente conhecida pelos discursos aí proferidos por Evita Peron. A estátua equestre, em frente, é de Manuel Belgrano que participou activamente na Revolução de Maio.
A Pirâmide de Maio
alva, foi o primeiro monumento da cidade, edificada em 1811, para celebrar o primeiro aniversário da Revolução de Maio.

Na calçada, os lenços brancos pintados, 
símbolo das Mães da Plaza de Mayo, das famílias de mais de 30.000 desaparecidos na última ditadura.

O Cabildo
representava os interesses dos espanhóis na colónia. Em 1810, foi o centro dos acontecimentos que deram lugar à primeira Junta do Governo e declaração da independência.
A Catedral Metropolitana ou Igreja da Santíssima Trindade, 

está no mesmo local onde, em 1622, foi edificada a primeira catedral sobre a primeira igrejinha em adobe de 1593. O edifício actual data de 1822 em estilo Neo-clássico, com 12 colunas coríntias 

e frontão triangular decorado com cenas bíblicas, difícil de fotografar por causa do aparato de segurança que a rodeia. 
No edifício ao lado, 
viveu Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, quando era arcebispo de Buenos-Aires. 

A chama de homenagem ao Soldado Desconhecido
mantém-se acesa na parede da catedral. 

O interior tem um rico altar-mor em talha dourada. 

A prata trabalhada brilha na modernização dos altares. 
Uma bela escultura em madeira policromada de algarrobo, representando 
o Santo Cristo de Buenos-Aires
está protegida dentro de uma redoma. 

Mais moderno, o grande Cristo del Gran Amor, 
de Luis Alvarez Duarte, de 1981, que sai em procissão na Via Crucis. 

Em destaque, o mausoléu do General José de San Martínherói da Independência. 

Várias obras de artistas italianos, enriquecem a igreja. 
E o piso tem mosaicos venezianos com a reprodução da flor nativa.

O Bairro de San Telmo 

é conhecido pelos seus antiquários 
e pela Plaza Dorrego 

onde, aos Domingos, se realiza a feira de antiguidades e onde se dança tango nas ruas, 
para turista ver. 

Hoje não é Domingo, mas há 18 anos tivemos a sorte dessa vivência. 

Mas as novidades são as esculturas de rua. 


Várias, que não escaparam às nossas objectivas, assim como a homenagem ao seu habitante mais célebre, Quino, nas figuras bem conhecidas da "Mafalda".

O Bairro da Recoleta, é o mais elegante da cidade.

Foi aqui localizado o Mosteiro dos monges recoletos, pomares e fazendas. Começou a ser fundado em 1871, com a chegada de famílias ricas para escapar à febre amarela (que grassava no centro histórico), construindo as suas casas em estilos arquitectónicos franceses. 

A Igreja de Nossa Senhora del Pilar
de 1732, representa o barroco colonial. 

O Cemitério, um autêntico museu a céu aberto, com um grande número de obras de arte, 
é um dos pontos mais visitados pelos turistas, que procuram o jazigo de Evita Peron. 
As homenagens são várias, no jazigo da Família Duarte (a de Evita) 
e as flores estão sempre presentes.

A Floralis Genérica, de Eduardo Catalano, 
é de 2002 e fica perto. 
Trata-se de uma grande escultura de aço inoxidável, com esqueleto de alumínio e concreto, de 18 toneladas, 23m de altura e um sistema eléctrico que abre e fecha as pétalas da grande flor com a luz do sol.

A cidade é enorme, mas, desta vez, temos um condutor à nossa disposição e uma guia... E foi mais fácil chegar a Puerto Madero
que presta homenagem às mulheres, com ruas com nomes de mulheres famosas na ciência, artes e política e uma elegante ponte, de Santiago Calatrava, que se chama Puente de la Mujer

O bairro foi construído pelo engenheiro Eduardo Madero, em 1887, abandonado em 1990 como porto de entrada, mas reciclados os velhos edifícios para habitações e escritórios de luxo. Hoje, é dos locais mais caros da cidade, com habitações de luxo. Num dos jardins, a homenagem a Juan Manuel Fangio.

La Boca 
é, sem dúvida, o bairro mais turístico da cidade. Não há ninguém que visite Buenos-Aires que não o conheça. Nasceu como um porto, começando a receber um grande número de imigrantes, principalmente italianos, que começaram a construir as suas casas com chapa e pintadas 
com os restos das cores com que pintavam os navios. 

As habitações são conhecidas por Conventillos

construídas com muitos quartos, um pátio central 
e um banheiro partilhado.

"La Boca", porque está situado na desembocadura do rio Riachuelo no rio de La Plata.
Caminito é a rua mais famosa, 
onde proliferam os artistas, em menor quantidade agora do que há 18 anos, onde se viam muitos pintores e onde nos tentámos com uma tela do local. 
Foi o pintor Quinquela Martín que baptizou a rua com o nome do popular tango de 1926, de Peñalosa e Filiberto.
Demos um pequeno passeio sozinhos, recordando, e reencontrámos guia e condutor num pequeno bar, para nos refrescar do calor intenso. Finalizámos a visita a La Boca, fotografando o estádio do 
Boca Junior, 
como não podia deixar de ser. 
É carinhosamente chamado de La Bombonera, por parecer uma caixa de bombons, visto de cima.

No dia seguinte, fizemos o resto do nosso roteiro sozinhos. 
Voltámos a La Boca

Passeámos calmamente, entrando nos conventillos, 

fotografando muitos pormenores, 


observando,

tranquilamente, a partir de uma esplanada, bebendo café. 
As janelas enfeitam-se com personagens, do Carlos Gardel a Evita, 
não esquecendo Maradona. 
E o Papa Francisco, por todo o lado: 
o burlesco associou-se ao religioso!
É um local único. As casas coloridas ficam bem. Quem vive aqui, não quer mudar-se. Vão fazendo restauros e adaptando o melhor que podem. 

O turismo também ajuda.

Um taxi deixou-nos perto da 
Livraria Ateneo Grand Splendid
quando os turistas começaram a ser de mais.

O Teatro Grand Splendid 
foi construído em 1919 por Max Glucksman e por ele desfilaram Carlos Gardel, Ignacio Corsini e Roberto Firpo, personagens do tango. 
No palco funciona, agora, um café. 
A cúpula 
foi pintada por Nazareno Orlandi, simbolizando a Paz do fim da I Guerra Mundial. 
As varandas 
dão uma beleza especial ao espaço. E tudo, tudo cheio de livros: tem 120 mil títulos em stock. 
Na cave, uma secção infantil, onde as crianças podem brincar e ler. 
Entrada livre, pode estar-se completamente à vontade e fotografar tudo o que quisermos. É um local muito agradável. 
A nossa guia tinha falado nela como a segunda livraria mais bonita do Mundo... e que a primeira é a nossa Livraria Lello, no Porto! Gostámos de ouvir!...

O Pensador, de Rodin, 
é a segunda cópia da célebre escultura, e fomos procurá-la, depois do almoço numa cantina italiana, cheia de coraçõezinhos vermelhos com os nomes de pares amorosos de todo o mundo, desde a Minnie e o Mickey ao Romeu e Julieta, onde comemos a pior pizza do mundo!
Em frente ao Congresso da Nação Argentina
num pequeno jardim, lá o achámos, sob um sol abrasador. 
Muita luz, dificultou-nos a foto. Esta segunda cópia, chegou a Buenos-Aires em 1907. Já conhecemos o de Paris e o de Filadélfia, em frente ao Museu Rodin.
Guiando-nos pelo mapa, atravessando a 9 de Julho várias vezes... com vários desnortes, chegámos ao Café Tortoni
ao lado da Academia Nacional del Tango, com o dançarino no meio do passeio.

Bebemos um chá com limão, sentadinhos numa mesa que já conheceu gente ilustre, de certeza. Eram quatro horas da tarde e não estava cheio. 

O espaço foi aberto por um imigrante francês, de nome Tovan, em 1858 
e comprado por outro francês, Dom Celestino Curutchet, um homem pequeno mas de grande espírito que, com as suas indumentárias inusitadas dava um toque especial ao ambiente, cativando pintores, escritores, jornalistas e músicos. Ele próprio dizia que os artistas gastam pouco mas dão brilho e fama ao café! Num canto, estão sentados à mesa, 
Jorge Luís Borges, Carlos Gardel e Alfonsina Storni, cavaqueando. 
Noutro recanto, em fotografia desfocada com mesa em frente, 
de novo Borges, com a inseparável bengala.

A casa começou a encher... e saímos, voltando atrás, para visitar o Palácio Barolo 
que foi, durante 13 anos, o edifício mais alto da cidade, inaugurado em 7 de Julho de 1923 (aniversário de Dante), construído pelo arquitecto italiano Mario Palanti, para o empresário textil Luis Barolo, maçónico, que pretendia homenagear a obra "A Divina Comédia" de Dante Alighieri. 
Marcámos a visita e fomos acompanhados por uma guia do edifício. Barolo só ocupava o primeiro e o segundo piso, utilizava os dois subsolos para armazéns. 
Dos 9 ascensores, 
tinha dois escondidos que só eram utilizados por ele. 

O resto dos 32 pisos eram alugados para escritórios. No andar térreo, encontramos as gárgulas dos diabos, 

as chamas do Inferno 

e uma figura nua derreada no dorso de um condor,
que representa a morte de Dante e sua ascensão ao Paraíso. Os 14 andares intermédios são o Purgatório e a parte mais estreita do edifício, representa o Paraíso, onde subimos, a pé, por escada em caracol bem estreita. 
Como é difícil alcançar o Paraíso!... 

No alto, o farol, 
que representa Deus! 
Interessante... Do Paraíso, podemos tirar fotografias à cidade, saindo às pequenas varandas.



Regressámos ao hotel e dormimos cedo porque o voo para USHUAIA, no dia seguinte, era muito cedo.


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