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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

WROCLAW e POZNAN


14, 15 e 16 Junho 2015


Vindos de Auschwitz, chegámos a WROCLAW (Vratislávia), às 20h.

Tínhamos um apartamento reservado, muito simpático, no centro histórico da cidade que é a 4ª mais populosa da Polónia. 
Só desde 1945 é uma cidade polaca. A região da Silésia ficou ligada ao Império Alemão desde 1871 e, na I Guerra Mundial, era a capital da Prússia. 
Nas eleições de 1933, o Partido Nazi conquistou 51,7% dos votos da cidade, uma das áreas de maior apoio eleitoral de Hitler. Inicialmente removida das frentes, na II Guerra Mundial, o que levou a deslocação de populações de outras regiões da Alemanha, sofreu destruição e muitas vítimas depois, com o cerco da cidade pelo Exército Vermelho.
Com o acordo de Ialta e Potsdam, a Polónia recuperou todas as cidades da Silésia
e deportou toda a população alemã. As autoridades comunistas da Polónia tentaram banir o passado alemão da cidade, promovendo uma visão histórica segundo a qual a cidade e todos os territórios da Silésia sempre teriam pertencido à Polónia.
No início de 1982, durante a lei marcial na Polónia, foi fundado o Combate Solidariedade - anti-comunista, organização clandestina, e, em Agosto, a Alternativa Laranja que protestava contra o autoritarismo comunista pintando anões nos locais onde a polícia apagava os slogans anti-comunistas.  A sua actividade foi suspensa em 1989, mas, em 2001, apareceu a primeira escultura de anões. Foram-se espalhando pela cidade, chamando a atenção dos comerciantes que começaram a pedi-las para as portas das suas lojas, com motivos alusivos. Actualmente, são mais de 300 conjuntos de pequenas esculturas e já se criou, mesmo, um circuito turístico, cujo mapa de localizações pode ser obtido no Posto de Turismo na Rynek.
A Praça do Mercado  (Rynek), 
está rodeada por edifícios muito bonitos 
e bem cuidados, dos séculos XIV e XV, que apetece fotografar até ao mais pequeno pormenor.


Imponente, o Edifício da Câmara, Ratusz, de tijolo escuro e muitos dourados,

com o belo relógio e uma instalação de areia e cadeiras de praia, à frente, onde as pessoas saboreiam um refresco!
Apesar da vasta oferta de restaurantes, só conseguimos lugar no "La Espagnola"... e percebemos, depois, pela má qualidade da comida, porque havia lugares!...
No dia seguinte, encontrámos os primeiros anões, o músico e o amante de música

ao virar da nossa rua para a principal que leva à Rynek, um pouco antes do local onde tomámos o nosso bom pequeno-almoço. Um pouco mais à frente, outro, o pole
agarrado ao poste de iluminação, bem em cima. 

Algumas das bancas de artesanato, de madeira, ainda estão fechadas.
A temperatura desceu, a luz não é das melhores, mas a beleza lá está, na Rynek

O Ratusz é imponente, gótico, começou a ser construído no século XIII e foi sendo aumentado ao longo dos séculos. 
O relógio astronómico é de 1580. 

A fonte do urso foi feita por Geyger, em 1932, 
e tem duas irmãs: uma no zoo de Berlim e outra na Brown University, em Providence (Rode Island). À volta, nas paredes do edifício, várias esculturas de profissões 

e a porta do que foi o primeiro bar da cidade, 

com o bêbado a chegar a casa e a mulher à espera... 

E mais um grupo de anões, junto da entrada traseira, os deficientes.

A praça é uma das maiores da Europa, 
a sua construção data do século XIII, foi minuciosamente recuperada e os edifícios à volta são muito fotogénicos.

A vantagem das pequenas cidades históricas, é que é fácil andar a pé e as coisas interessantes são facilmente encontradas. 
A pouca distância, o Hotel Monopol

construído em 1892, de estilo neo-barroco, foi bem recuperado e o seu principal interesse turístico é ter sido aqui que Pablo Picasso (que em 1948 aqui esteve no Congresso Mundial de Intelectuais) desenhou a célebre "Pomba da Paz". 
Em frente, uma escultura com várias pombas a voar.

Ao lado, o edifício da Ópera (Opera Wroclawska), 
inaugurado em 1841, conhecida como Opera Breslau e é obra de Carl Langhans, o mesmo da Porta de Brandenburgo, em Berlim. E do outro lado do Hotel, a Igreja de São Stanislau
de tijolo vermelho, o que resta do antigo Convento.

Bem perto, mais anões, o Alba Papier 

e o Florianek.

Procurámos... e encontrámos, o primeiro, de maiores dimensões, o Papa Krasnal

em cima de um dedo polegar, antecedido por uma instalação muito ao jeito da Joana Vasconcelos...

Voltámos à Rynek. 

O tempo está instável e, na direcção do rio, a temperatura foi baixando. Na zona da Universidade, vários exemplos de StreetArt. 


Os edifícios da Universidade são barrocos do século XVIII. 

A Fonte do Homem da Espada
chama a atenção pela figura do jovem atlético, nu, empunhando uma espada. Tem várias histórias e uma delas é que um jovem estudante foi assaltado e só lhe deixaram a sua espada... Perto, mais um anão, nu, empunhando um guarda-chuva!

A igreja da Universidade é a Igreja do Sagrado Nome de Jesus, barroca.

O edifício do Mercado
de tijolo vermelho, aparece mais à frente. Mas íamos a caminho da pequena ilha do rio Oder (Odra), 

onde chegámos atravessando a Ponte de Areia
onde se encontra um conjunto de igrejas e mosteiros 

e onde, possivelmente, nasceu a cidade, na Ostrów Tumski, espalhando-se depois pelo conjunto de onze ilhas unidas, agora, por 112 pontes. As primeiras construções, de madeira, fizeram-se no século X. 
A primeira construção em pedra foi a Igreja de São Martim, 
do século XII, não muito longe da Catedral. Em 1315, a ilha foi vendida às autoridades eclesiásticas e os infractores da lei de Wroclaw refugiavam-se ali, como num santuário.
A ponte azul, Ponte Tumski 
(que começa a encher-se com os estúpidos cadeados do amor...), pedestre, leva-nos à Catedral, de que se avistam os pináculos, ao longe. A ponte é de aço e foi construída sobre o braço do rio Oder em 1889, substituindo uma outra, de madeira, que unia Ostrów Tumski e Whyspa Piaskowa.
A Catedral de São João Baptista
gótica com alguns acrescentos neo-góticos, é a quarta igreja construída neste local. 

A primeira, data do século X e foi destruída pela invasão mongol e reconstruída depois em estilo gótico, de tijolo, em 1224. Em 1540, o fogo destruiu o telhado, que foi restaurado 16 anos depois no estilo renascença. Outro fogo, em 1759, queimou as torres e os telhados, que só foram recuperados 150 anos depois. A última reconstrução é de 1951.

Perdi a conta às pontes atravessadas. 
Vão surgindo paisagens bucólicas, 

com barcos e reflexos, até chegar ao Museu Nacionalcoberto de hera
com muitas esculturas exteriores.

Afastámos-nos do rio, e rapidamente nos encontrámos de novo na Rynek.

Almoçámos no "Pierogarnia Stary Mlyn", 

pierogi gigantes assados no forno, deliciosos.

Cuidado com as doses: 3 pierogi são suficientes!

A Igreja de Santa Isabel
da Ordem de São Francisco, com a sua torre imponente, 
já nos tinha chamado a atenção. 

Inicialmente com 130m de altura, em 1976 sofreu um incêndio e foi reconstruída com 91,5m. 
A igreja, gótica, é do século XIV 

e tinha, à época, um pequeno cemitério com casas à volta. Entre elas, as célebres Gretel e Hansel 
unidas por um arco 
e que fechavam o pequeno adro igreja-cemitério da época medieval.
Fora o baixo-relevo A Morte é o Portão para a Vida

E mais anões: os bombeiros 

e o preguiçoso.

Junto do Posto de Turismo, o turista

O dorminhoco, dorme à porta de um hotel e, 

logo ali, outro levanta dinheiro na caixa multibanco.

O último anão, encontrado graças à persistência do Ricardo, foi o mito de Sísifo
antes de irmos descansar, em casa. 
Jantámos, de novo, no "Pierogarnia", uma sopa de cogumelos, deliciosa, e gelado de baunilha com morangos, na despedida de Wroclaw.

No dia seguinte, depois do pequeno-almoço no mesmo simpático local dos dias anteriores, partimos para Poznan, a 150km.
Pequenas cidades ficam no caminho, no meio do verde, com os pináculos das suas igrejas a pespontar.

POZNAN é a 5ª maior cidade da Polónia, e a mais antiga, pois foi a primeira capital do Estado Polaco aqui fundado no século X e de onde saiu a primeira dinastia polaca (Piast) que governou o país.
A história foi madrasta para a cidade, bem como para a Polónia. No século XVII foram invadidos pelos suecos e devastados pela peste. No século XVIII, sob o domínio da Prússia, teve o seu nome mudado para Posen. Na I Guerra Mundial, recupera a nacionalidade, mas volta a perdê-la na II Guerra Mundial, para os alemães nazis e, depois da guerra, para os soviéticos. Foi a primeira cidade polaca a fazer um levantamento contra o regime soviético, em 1956, o que foi terrivelmente reprimido pela ditadura.
Como todas as cidades polacas, tem uma Stare Rynek
onde chegámos após estacionarmos o carro, relativamente próximo e sem grande dificuldade.
Uma praça quadrada, rodeada por belos edifícios coloridos 


de estilo barroco, gótico e renascença e diferentes ornamentos nas fachadas, de aspecto mais fechado do que as outras praças já vistas. As bancas de artesanato e comida, os grandes guarda-sóis das esplanadas, ajudam à sensação de claustrofobia, bem como as obras de restauro, que decorriam num dos lados. Mas não consegue perder totalmente a beleza.
A Ratusz (Câmara), 

no centro, foi reconstruída no século XVI, em estilo renascença, tem uma torre espectacular acima da parte central do edifício. A fachada tem três filas de arcadas, decoradas com retratos dos reis polacos, rematadas por três torres onde estão os sinos. 
A Torre do Relógio 

é a atração ao meio-dia, de onde saem duas pequenas cabras que trocam 12 cornadas. A história que se conta é a de que, quando mestre Bartlomiej acabou o relógio, o alcaide convidou o governador e tinha programado um almoço de javali, mas o chef deixou queimar o cozinhado. Como recurso, tentou apanhar duas cabras, mas estas fugiram para o alto da torre e começaram a combater quando o governador chegou. Este, gostou muito do espectáculo, que julgou ter sido preparado em sua honra e nem reparou no esturro do cozinhado. O mestre relojoeiro foi convidado pelo alcaide a incorporar duas pequenas cabras metálicas no mecanismo do relógio para "combaterem" ao meio-dia.
A praça tem várias fontes. 

A mais antiga é a Proserpina, do século XVIII. As outras, são dedicadas a Marte, Neptuno

e Apolo, 
mais modernas, mas inspiradas nas do século XVI.
Uma das esculturas mais procuradas pelos turistas, é a stuzienka bamberki, em bronze, 
executada pelo escultor Joseph Wackerle, representando uma mulher bamberg (relacionada com a vinificação), carregando dois cântaros de vinho. Já esteve em vários locais e em 1977 foi devolvida à praça, junto ao poço onde se reuniram o chanceler alemão Helmut Kohl e o governador de Poznan.
Tínhamos bilhetes de combóio para Berlim, que era às 17.30h. Almoçámos calmamente. Mas o tempo voa, tínhamos que entregar o carro, a cidade estava cheia de obras, o tráfego caótico. E não conseguimos apanhar o combóio!
Mas Berlim esperava-nos!

Enfim... foi com o mesmo carro que chegámos a BERLIM!


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