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terça-feira, 13 de novembro de 2012

PORTUGAL - GUIMARÃES


GUIMARÃES
19 e 20 Agosto 2012



Capital Europeia da Cultura 2012, Guimarães, 
para além dos eventos culturais diários, mantém o encanto de ser "O Berço da Nação".

Vindos do Gerês, acompanhados pela família "dos Algarves",
instalámo-nos no "Hotel Fundador", junto à estação ferroviária e, a pé, descemos a avenida Dom Afonso Henriques, para descobrir a cidade.

Quando Dom Afonso Henriques se proclamou rei de Portugal, em 1139, escolheu Guimarães como capital.
Na avenida, encontramos o Centro Cultural Vila Flor, no Palácio Vila Flor, 
construído no séc.XVIII em estilo Barroco, que, adquirido pelo Município, oferece espaços culturais para conferências e exposições, bem como um restaurante e um café-concerto.
Desembocámos no Largo do Toural 
que, no séc.XVII, era um largo extramuros junto à porta principal da vila, onde se realizava a feira do gado bovino. Em 1791 foram construídos os belos edifícios 
que transformaram o grande largo na bela praça onde nos encontramos, também beneficiada para este ano de Capital da Cultura.
O Chafariz renascentista de três taças, 
está no local onde esteve a estátua de Dom Afonso Henriques que se encontra, agora, na Praça do Castelo. O pavimento de basalto e quartzo 
foi obra de intervenção da artista Ana Jota.
Comemos uma "clarinha" na esplanada do café mais antigo da zona, 
apreciando a praça, lindíssima. Do mesmo lado, a Igreja de São Pedro, de 1737, 
junto às casas da Irmandade de São Pedro.
Por ruas estreitinhas 

ladeadas por belos edifícios
e lojinhas engalanadas com os corações 
que são o símbolo de Guimarães Capital da Cultura, chegámos ao  Largo Nossa Senhora da Oliveira
a sala de visitas da cidade. O mosteiro foi fundado por Dom Afonso Henriques e a igreja foi restaurada por Dom João I como prova de gratidão pela sua vitória na batalha de Aljubarrota. O arquitecto foi Mestre João Garcia de Toledo. A construção original é Românica, mas foi modificada no período Manuelino.

O Padrão do Salado é outro ícone desta praça.
É um relicário muito original, Gótico, do séc.XIV, de abóbada de pedra apoiada em quatro arcos em ogiva que, por sua vez, repousam em quatro colunas ou pedestais lavrados e emoldurados ao gosto romanizante. A meio do padrão, um cruzeiro 
de calcário dourado e policromado, oferecido em 1342 por um comerciante vimaranense, Pedro Esteves. Na base do cruzeiro, escudo e armas portuguesas. O padrão foi mandado erigir para comemorar a vitória da Batalha do Salado, travada em 30 de Outubro de 1340, entre Cristãos e Mouros, junto da ribeira do Salado, na província de Cádis.
O nome da praça vem da lenda que diz que foi plantada, ali, uma oliveira para fornecer azeite para a lamparina do altar, mas murchou. A oferta da cruz para o Padrão, fez com que ela renascesse. A actual, foi ali colocada em 1985.
Ao fundo, o belo edifício medieval, de arcadas, que é o Domus Municipalis

Atravessando-o, estamos na Praça de Santiago,
bem delimitada pelas bonitas casas seiscentistas. 

Segundo a tradição, uma imagem da Virgem Santa Maria 
foi trazida pelo apóstolo São Tiago e colocada num templo pagão existente no largo que passou a chamar-se Praça de Santiago. De traça medieval, foi nas suas imediações que se instalaram os Francos que vieram para Portugal na companhia do conde Dom Henrique, pai do fundador da Nação.

Jantámos muito bem no "Histórico", 
num velho edifício recuperado.

Na praça em frente, ao fundo, o Convento de Santo António dos Capuchos
de arquitectura Maneirista, Rococó e Neoclássica, do séc.XVII. Contrastando, a escultura do "Fundador", 
de linhas vanguardistas.
Também as Capelas dos Passos da Paixão 
que eram, inicialmente, sete, chamam a atenção, uma delas bem perto, no largo Martins Sarmento.
Fazendo o caminho inverso até ao hotel, no Jardim Público, vizinho do Largo do Toural, esperava-nos uma surpresa: viola, guitarra portuguesa e as canções e baladas dos Cantores de Intervenção. No coreto iluminado, Zeca Afonso, Adriano, Fausto e outros, fizeram-nos sonhar.

No dia seguinte, a jornada começou no Castelo


no local onde a condessa Mumadona Dias 
mandou construir um mosteiro, no séc.X, depois de ficar viúva, em herdade que lhe pertencia, em Vimaranes. Com os constantes ataques dos Mouros e dos Normandos, surgiu a necessidade de construir uma fortaleza para  defesa dos monges e da comunidade cristã que vivia em seu redor. Foi aumentado por Henrique de Borgonha, dois séculos mais tarde. Diz a tradição que foi o local de nascimento de Dom Afonso Henriques.

No alto das ameias, o falcoeiro chamava um falcão, enquanto outro aguardava, de olhos vendados, 
fazendo as delícias de adultos e crianças.
Em baixo, muito pequenina, a capela de São Miguel 
e o belo Paço dos Duques.

A Capela de São Miguel 
é o local onde se diz que foi baptizado o primeiro rei de Portugal. De traça Românica, muito simples, 
o seu lajeado 
tem sepulturas que se diz serem dos guerreiros ligados à fundação da Nacionalidade.

Continuando a descer, encontramos o 
Paço dos Duques

construído na chamada Colina Sagrada, no séc.XV, pelo primeiro duque de Bragança, Dom Afonso, ao estilo Borgonhês e que foi residência dos duques até à sua mudança para Vila Viçosa. Em 1937 foi renovado e transformado em residência presidencial. Com características de casa fortificada, o Paço apresentava, já na sua traça inicial, vastas dimensões, coberturas de grandes inclinações e um grande número de chaminés cilíndricas, 
elementos arquitectónicos novos no Norte do País que denotam a influência da arquitectura senhorial da Borgonha e da Normandia. É um conjunto único na Península Ibérica, reconhecendo-se preocupações de conforto, iluminação e elegância que eram completamente inovadores no séc.XV. 

A partir do séc.XVI, começa o abandono progressivo, com a consequente ruína. A sua reedificação, a partir de 1937, transformaram-no no belo solar que é hoje.
As peças do seu recheio são quase todas do séc.XVII e XVIII. Existem quatro cópias das Tapeçarias de Prastrana
cujo desenho é atribuído a Nuno Gonçalves e que narram alguns passos das conquistas do Norte de África. Porcelanas da Companhia das Índias, contadores indo-portugueses e hispano-árabes de estilo Mudéjar e esculturas de Arte Sacra, 
são algumas das riquezas que podemos admirar em visita obrigatória!
Descendo até ao Centro Histórico, a pé, voltámos a deliciar-nos com a comida do "Histórico" de que ficámos clientes.

O sol queimava e fomos refrescar-nos para a Montanha da Penha
onde chegámos de teleférico depois de estacionar os carros. É um maciço granítico a 500m de altitude, que integra a Reserva Ecológica Nacional da Penha, a sudeste de Guimarães, com uma área de 50 hectares com grutas, miradouros, percursos a pé, muita sombra e um Santuário
obra do Estado Novo, do arquitecto Marques da Silva, que se começa a ver, imponente, quando o teleférico está a subir.
Diz a história que, em 1702, um ermitão pertencente à Ordem de Santo Antão, Guilherme Marino, oriundo de França, aqui se fixou depois de ter percorrido a Galiza e todo o Norte de Portugal. Ficou encantado com as muitas grutas naturais, propícias à meditação. Mandou esculpir, em Braga, uma pequena imagem da Virgem Nossa Senhora do Carmo que trouxe para aqui. 
Ainda no séc.XVIII, uma pequena comunidade de Carmelitas Descalços, presidida por Santo Elias, sucedeu-lhe.
Santo Elias é o padroeiro do sono e podemos "vê-lo" dormindo, na gruta.

A capela de São Cristóvão (onde os taxistas da cidade fazem uma peregrinação anual) está ao lado de torre acastelada. 
Por baixo, enormes penedos dispõem-se de modo a formar a gruta onde é venerada a imagem de Nossa Senhora do Carmo, onde viveu o monge Guilherme Marino.
A Montanha da Penha é um bom local para passar um dia de descanso. 
Não faltam as bancas com fruta, quiosques e esplanadas com bebidas frescas, locais para piqueniques e restaurantes como a "Adega do Ermitão".
Mas tínhamos outro compromisso e o tempo escasseava. Dissemos adeus ao Berço da Nação.




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