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sexta-feira, 11 de março de 2011

TOSCANA 1 - Firenze




FIRENZE - 15, 16 e 17 Setembro 2010

Fizemos o voo Lisboa/Bolonha em duas horas e vinte minutos.
A Joana e o Ricardo foram os nossos companheiros de viagem.
No aeroporto, na Avis, estava o BMW 320 D que tínhamos reservado e que nos levou a Signa que fica a 15 quilómetros de Florença, na confluência do rio Bisenzio com o rio Arno. Está documentada desde o ano 978, em que a sua igreja e castelo foram dados à abadia fiorentina.
Foi, apenas, o nosso dormitório para a visita a Florença.
O hotel Borgo Castelletti apareceu-nos depois de atravessar a pequena cidade, numa colina, com uma bela casa senhorial.

A recepção e as habitações ficam um pouco abaixo, em construções típicas da Toscana rústica.
Muito acolhedor, proporcionaram-nos um almoço tardio com uma refeição de coisas locais
em que não faltou o presunto, a mortadela e o vinho da propriedade (que não é nada de deitar fora!...)
O Alessandro, o simpático gerente,

veio à mesa dar-nos as boas-vindas e mostrar-nos os quartos, que são grandes, com uma kitchnette. O nosso é o "Raffaello" e o dos primos é o "Monet".

Florença

foi fundada pelos Romanos (Colónia Florentia) em 59 a.C. e manteve-se sob o jugo de Roma até à queda do Império. A partir do séc. XIII, desenvolveram-se as cidades-estado e, por essa altura, tinha um chefe cívico, o Podestá, e um número de arti ou guildas, que representavam os interesses das classes dos mercadores e dos banqueiros. Destes, surgiram os Médici, que controlaram Florença durante o Renascimento. No séc. XVI, os Médici eram os grão-duques da Toscana e, embora em declínio, continuaram a ser patronos das Artes. De 1737 a 1859, a cidade-estado caiu nas mãos dos duques austríacos da Lorena. Em 1860, tornou-se parte da Itália unificada, servindo-lhe de capital por um breve período em 1861.

Como em qualquer cidade, a descoberta faz-se caminhando, seguindo alguns trajectos previamente definidos mas, também, perdendo-nos por ruas e ruelas.
De Signa a Florença, são 15 minutos de combóio, que apanhámos na estação de Signa, onde deixámos o carro, depois de um magnífico pequeno-almoço na sala aconchegante e de algumas "dicas" preciosas do Alessandro.
Entra-se em Florença por Santa Maria Novella,

deparando-se-nos, logo, a igreja com o mesmo nome com um exterior muito belo de mármore branco e preto. No convento, adjacente,
existe um museu com belos frescos de Domenico Ghirlandaio (séc. XV).
No Mercado San Lorenzo,
apreciámos as especiarias italianas: os tomates secos, os funghi, os queijos, as frutas, os enchidos.

Fora, as tendas habituais, que vendem tudo, com a desculpa de ser "artesanato".
A Igreja de San Lorenzo
era a igreja da família Médici e é um exemplo da arquitectura renascentista. Foi consagrada em 393 e pensa-se que será a mais antiga de Florença. Em 1425, os Médici encomendaram a sua reconstrução a Fillippo Brunelleschi. As Capelle Medicee,
na Piazza Madonna Degli Aldobrandini, ficam na ponta leste da igreja e são notáveis pela sua escala e nelas estão os túmulos de muitos membros da família Medici.
A Piazza del Duomo

é o local mais belo da cidade.
O complexo da praça
é constituído pelo Duomo, Campanille, Battisterio e Museo del'Opera (que fica mesmo ao lado da Piazza della Signoria).
O Duomo
de Santa Maria del Fiore, é a Catedral da cidade. A sua beleza salta-nos aos olhos. Toda a pedra utilizada é da Toscana:
a branca de Carrara, a vermelha de Maremma e a verde de Prato.
As portas são maravilhosamente esculpidas.
O ornado, estilo gótico, da fachada, data do séc. XIX, porque o original foi destruído no final dos anos 500. Quilómetros de fila, aguardavam para a visita do interior(...).
O Baptistério,
octogonal é, provavelmente do séc. VI ou VII, tendo sido remodelado no séc. XI. É famoso pelos seus três conjuntos de portas de bronze, a do lado sul da autoria de Andrea Pisano e as do lado norte e leste de Lorenzo Ghiberti. As do lado leste são conhecidas por Portas do Paraíso,
nome dado por Miguel Ângelo. Os temas são tirados dos primeiros livros da Biblia, começando em Adão e Eva. Na ombreira da porta, do lado esquerdo, está o auto-retrato de Ghiberti.
O Campanille
foi projectado por Giotto em 1337, mas como morreu antes de completá-lo, Andrea Pisano e Francesco Talenti alteraram o desenho, reforçando as paredes e acrescentando janelas grandes. É revestido por faixas de mármore verde, branco e cor-de-rosa e decorado com cópias de esculturas e cenas do Antigo Testamento (os originais estão no Museo dell'Opera del Duomo). São 414 degraus para chegar ao seu topo.
Entrando na Catedral, pode admirar-se a cúpula
(a maior do seu tempo construida sem andaimes), revestida por frescos de Vesari, o "Juízo Final" e o pavimento
de mármore do séc. XVI.
Na Piazza della Signoria,
construída no final do séc.XIII com a forma de um L, sobressaem o Palazzo Vechio, a Loggia Lanzi e a Fonte de Neptuno.
O Palazzo Vechio
é a prefeitura da cidade. É um palácio-fortaleza, românico, com ameias e uma bela torre. A cópia da estátua de David
de Miguel Ângelo, brilha na frontaria. Nos belos claustros (arquitecto Michelozzo, 1453), "Il Putto",
o cupido, de Andrea del Verrochio.
A Loggia dei Lanzi
é um museu ao ar livre, magnífico,
mostrando séculos de riqueza e poder. Era aqui que os dignitários faziam as suas reuniões e cerimónias formais.
Numerosas esculturas merecem a nossa atenção. O "Perseu" de Benvenutto Cellini,


mostra Perseu segurando a cabeça de Medusa e destinava-se a avisar os inimigos de Cosimo I do seu provável destino (...).
De Giambologna, o "Rapto das Sabinas"
(1583) esculpida num único bloco de mármore.
Também "Judite e Halofernes" de Donatello e "Hércules e Caco" de Baccio Bandinelli.
A Loggia del Bigallo
era a Misericórdia, onde eram expostas as crianças encontradas abandonadas, durante três dias. Se ao fim desse tempo não aparecessem os pais, eram levadas para orfanatos.
O Mercato storico delle Porcelino
deve o seu nome ao javali em bronze
que, junto a uma fonte, faz as delícias do turista supersticioso (o focinho brilha, de tanto acariciado!...).

Na Piazza Santa Croce
fica a igreja com o mesmo nome, a maior igreja franciscana em Itália,
supostamente fundada pelo próprio S. Francisco, neo-gótica, de mármore colorido, iniciada em 1294 e finalizada em meados do séc. XV. Nela repousam Miguel Ângelo e Galileu. No centro da praça, a estátua de Dante.
No dia 16, visitámos a Galleria degli Uffizi.
A entrada foi reservada a partir do hotel, a conselho do Alessandro, evitando, assim, as longas filas de espera. Pagámos 10 euros e mais 4 pela reserva. Foram quatro horas pelas galerias, depois de um almoço no terraço, com o Duomo como cenário.
É uma das mais antigas galerias de arte da Europa e atrai mais de 1,5 milhões de pessoas, todos os anos.
A exposição temporária, de Caravaggio, mostrou-nos a impressionante "Medusa". A Galeria de Botticelli encheu a nossa alma artística, bem como o "Donni Madonna" de Miguel Ângelo, a única pintura do Mestre em Florença, e a "Madonna dell Cordelino" de Rafael. Também o "Duque e a Duquesa de Urbino" de Piero della Francesca (que iremos descobrir por toda a Toscana).
Depois dos Uffizi, atravessámos a Ponte Vechio
para Oltrarno (para além do Arno), zona mais pobre, mais escura, mas que tem o Palazzo Pitti, na Piazza Pitti

que é o mais opulento palácio de Florença, principal residência dos Medici, iniciado em 1457 e que foi, originariamente, a residência do banqueiro Lucca Pitti (daí o nome), rival dos Medici e dos seus descendentes, mas que tiveram que o vender por esgotamento de fundos. Nos seus jardins, a "Grotta Grande"
é uma caverna maneirista com estalactites estilizadas, estátuas de Giambologna e moldes de gesso dos "Escravos" de Miguel Ângelo.
No dia 17 programámos a visita da Galleria dell'Accademia para as 13 horas, do mesmo modo dos Uffizi, pelo telefone, com a ajuda dos simpáticos funcionários do Borgo de Castelletti.
Até à hora, deambulámos pelas ruas da cidade velha, sempre com algumas surpresas, como os originais batentes de portas

e ângulos insuspeitáveis para fotos.
Desembocámos na Piazza Annunziata,
um espaço fiorentino que permanece praticamente como quando foi construído (1377-1446). É composta, em três dos seus lados, por graciosos pórticos. A Igreja da SS. Annunziatta,
ao norte da praça, foi fundada em 1250 para proteger um quadro da Virgem que terá sido pintado por um monge com a ajuda de um anjo.
Do lado leste, o Ospedale degli Innocenti,
adornado com medalhões brancos e azuis de terracota vidrada, de bebés em cueiros,
da autoria de Andrea della Robbia (1435-1525), que abriu como casa de expostos em 1445. Foi o primeiro do seu género na Europa e permaneceu como orfanato até ao ano 2000. Foi a primeira Escola de Obstetrícia de Itália e de investigação de vanguarda em nutrição e vacinação. Hoje, é sede da UNICEF em Florença.
No centro da praça, a estátua equestre do grão-duque Fernando I, de Giambologna.
A sul, a praça é aberta e proporciona belas vistas da cúpula da Catedral.
Em frente ao Ospedale, o pórtico de António da Sangallo e Bacci d'Agnolo.

A Galleria dell'Accademia é a segunda mais visitada. Foi a primeira academia de desenho de Florença, fundada nos anos 60 do séc. XVI.
Tornou-se a casa do "David" de Miguel Ângelo em 1873, quando a escultura foi retirada da Piazza della Signoria. É a atracção principal da galeria e, só ela, já justificaria a visita e vale a pena rodeá-la e apreciar todos os detalhes da anatomia excelentemente reproduzida pelo Mestre. Também os "Escravos", peças em mármore, inacabadas, em que as figuras parecem presas na pedra, chamaram a nossa atenção. Foram projectadas para o túmulo do papa Júlio II e algumas foram realizadas pelos assistentes de Miguel Ângelo e só no final o Mestre "libertava" a figura.
Tem uma pequena exposição de instrumentos musicais medievais, alguma pintura de Botticelli e muitos retábulos da Escola della Robbia.

Faltava uma panorâmica geral da cidade, que me ficou da visita anterior, há muitos anos atrás.
E o local ideal é para lá do Arno, subindo até San Miniato al Monte.
Nem pensar em subir a pé. Deixámos o exercício para os atletas e fomos de táxi, voltando de autocarro.
A igreja de San Miniato al Monte,
fica situada na colina. De estilo românico, brilha ao cimo de uma escadaria. Construída em 1013, o exterior de mármore branco e verde, pode ser vista de qualquer local de Florença.
Um mosaico resplandecente, na fachada,
mostra a Virgem e San Miniato. No interior, praticamente imutável, o tecto muito belo e o pavimento de mármore com embutidos.
Daqui, vislumbra-se toda a cidade, com o rio Arno a seus pés: as torres, as cúpulas e as pontes sobre o rio, sobressaindo a belíssima Ponte Vechio.
A despedida de Florença não podia ser melhor do que na bela ponte, saboreando o pôr-do-sol.



Amanhã, seguiremos para LUCCA.