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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

CHINA - Lijiang, Baisha, Longquan, Chongqing

13 a16 Setembro 2011


Foram três horas de carro até ao Hotel Guanfang, um edifício actual, um 5 estrelas com bastante conforto, em Lijiang.

 O nosso novo guia adoptou o nome de Peter, fala inglês, pediu desculpa por não falar espanhol... e voltámos a frisar que não somos espanhóis, mas de PUTOIÁ.
Depois de um curto descanso, levou-nos ao Heilong Tan Gongyuan, o Parque do Dragão Negro, com um lago belíssimo.
Ao centro, a ponte branca,
Deyue Lou e, ao longe, o cume do Yulong Xue Shan (montanha de Neve do Dragão de Jade).
A chuva apanhou-nos e aproveitámos para tomar um cafezinho e saborear, com calma, a paisagem à volta.
O sol reapareceu e pudemos fazer a caminhada na cidade velha, Dayan, por ruelas empedradas ladeadas por casas de madeira
onde estão cafés, barbeiros, restaurantes e artesanato.
Tudo muito cuidado e bonito.
Em 1996, um sismo deixou a cidade praticamente arrasada, tendo morrido 300 pessoas. Mas tudo foi reconstruído e recebeu a classificação de Património da Humanidade em 1999.
Começámos o passeio na praça da roda da azenha,
onde está o monumento ao cavaleiro e ao cavalo
(que faziam o trajecto até ao Tibete) e o alpendre de sininhos e plaquinhas de madeira com inscrições de sorte.
A rua Xinhua Jie é um encanto, com o ribeiro a correr e as pequenas pontes de madeira que levam às casas.
Embrenhámo-nos mais para o interior.
À porta de uma loja , um jovem que parecia ter saído do filme "Avatar" tocava uma hulusi,
com um som que nos encantou e faz, agora, parte da nossa colecção de instrumentos musicais.
Jantámos num pátio simpático e continuámos o passeio a fazer tempo para assistir ao concerto de música Naxi, na Academia de Música Naxi.
O bilhete é um pequeno livrinho que conta (em chinês e inglês) a história de Xuan Ke, o músico que aqui nasceu, de origem tibeto-naxi, um estudioso desta música que é uma fusão de ritos taoistas e confucionistas, com flauta tradicional, alaúdes, cítaras e outros estranhos instrumentos. Os músicos têm, quase todos, idades superiores a 80 anos e vestem-se a rigor para este concerto, todos os dias.
No final, o próprio Xuan Ke apareceu, discursou e fez projectar um video em que dirigia um coro que cantava o "Hino à Alegria" em língua Naxi. Veio cumprimentar-nos e perguntar se o Alfredo era músico, pois notou o seu interesse ao espectáculo. Afirmou conhecer a guitarra portuguesa e apreciá-la muito.
No dia seguinte, o Peter levou-nos à Montanha de Neve do Dragão de Jade ou Yulong Xue Shan cujo pico mais alto fica a 4.506 metros que só foi escalado em 1960.
Fizemos cerca de 20 minutos de carro e foi um autocarro que nos levou, por um trajecto cheio de curvas e desfiladeiros,
durante 40 minutos, até à base do teleférico.
Este teleférico tem 1.800 metros de extensão, subindo a montanha num declive suave, por cima da floresta até 3.400 metros de altitude,
ao Monte do Suicídio de Amor.
Os Naxi acreditam que no topo da Montanha de Neve do Dragão de Jade existe um portal imaginário que dá acesso ao Paraíso. Por ali passam todos os que cometem suicídio, o que era prática comum aos jovens que se rebelavam contra os casamentos contratados.
Ao longe, um stupa tibetano,
com as suas bandeirinhas ao vento, que nos chamava.
Até ao templo, encontrámos a idosa trajada a rigor
 que vendia artesanato, acompanhada pela nora.
E até as cabras ficam bem na paisagem.

A descida mete mais respeito.

Esperava-nos um almoço típico, hot pot (tive que pedir ao nosso guia para escrever, para poder entender o que ele dizia...). É típico desta região: num pote, onde já está água a ferver com batatas aos cubos, no centro da mesa, fomos juntando bolas de carne, tiras de galinha, uma espécie de salame e couves.
Muito sem sabor... mas possivelmente saudável!... Uma "barrigada de fome"! O Peter pediu desculpa, porque percebeu que não gostámos, mas não havia outro tipo de comida no local e perderíamos muito tempo a voltar à cidade.

Em meia hora, pusémo-nos em Baisha,
uma aldeia que foi capital do Reino Naxi até à invasão de Kublai Khan (séc.XIII).
O Dabaosi Palace é um grande templo
que foi escola primária no tempo da Revolução Cultural, tendo muita coisa sido destruída. Mas no salão Liuli estão guardados alguns frescos do séc.XIV, bem guardados na penumbra.
A história da cultura Naxi é contada em dois salões, com desenhos e fotografias. Migraram ao longo do rio Amarelo.

Em 475-221 a.C. estavam em Mianshan e, depois, pelo Long River, Golden Sand River e, finalmente para a Montanha de Neve do Dragão de Jade.
Nos pátios, árvores com mais de 180 anos e a
Willow tree com mais de 500 anos,
já rachada ao meio pelo peso dos anos.
As ruas da aldeia estão transformadas em mercado de venda de "antiguidades" e artesanato.

Um grupo de músicos chamam o turista para colaborar na protecção da sua cultura e a acompanhá-los na pipa, o instrumento de cordas, tipo alaúde de quatro cordas. O Alf não se fez rogado.

Aqui residem 1.000 pessoas da minoria Naxi, tentando manter a sua cultura.


Longquan fica um pouco à frente. Parecida com Lijiang, tem 3.000 habitantes, a maioria Naxi,
mas também mongóis e outras minorias chinesas. Com lagos e ribeiros, o interessante é a presença das hortas no meio das casas com lojas, restaurantes e turistas.


Nos pequenos canais de águas correntes, ladeando as casas, vêem-se mulheres a lavar pequenas peças de roupa, louça e alimentos (...)
Seguimos a Renli Lu, fotografando becos, telhados, hortas e muitos recantos interessantes.
Pequenos cavalos de montanha passeavam turistas, puxavam carroças ou, simplesmente, descansavam.
Conseguimos encontrar uma casa de cafés, com espresso a sério servido por uma verdadeira cimbalino.
E deliciámo-nos com os noivos que faziam sessões de fotografias com trajes regionais.

Deixam-se fotografar, sem problemas, mas também muita gente nos fotografou a nós!...
Jantámos bem, numa casa tradicional, em Lijiang e fomos dormir cedo por causa do voo para Chongqing.

Saímos do hotel às seis horas e meia da manhã.
Fizemos dois voos. Até Kunming, cerca de 40 minutos e, depois, o voo às 12.55 até Chongqing
que durou uma hora e quarenta minutos.
Esperáva-nos a Joan. Muito "despachada". Deve estar habituada a turistas americanos: fala muito depressa e conta muitas anedotas (...). Diz que não temos sotaque a falar inglês... confesso que não entendemos o que ela queria dizer.
A cidade teve um crescimento tão grande que a sua área se confunde com o município. Diz a guia que é a maior cidade do Mundo (82.000 quilómetros quadrados e 33 milhões de habitantes), mas deve estar a referir-se ao município.
Parámos na Chongqing Bazu Custom and Cultural Village,

com uma fantástica colecção de camas imperiais com ricas e curiosas decorações.
Fora, as banyan trees cujas folhas os artistas trabalham e pintam numa finíssima trama.
O centro da cidade fica na confluência dos rios Yangtzé e Jialing. Ficámos no "Marriott".

No dia seguinte, visitámos as esculturas de Dazu
a alguns quilómetros do centro.
Baodin Shan era uma espécie de escola de escultura em pedra, entre os séculos IX e XIII.
"Dazu" significa "Pegada" ou "Pé Grande".
São cerca de 50.000 esculturas talhadas nas colinas com grutas decoradas remontando à dinastia Tang. Os trabalhos foram orientados pelo monge Zhao Zhifeng.
No meio da floresta, vamos encontrando esculturas isoladas ou cenas com significado religioso e filosófico.
A Roda Budista da Vida ou Roda da Transmigração
é agarrada por um demónio gigante, Anicca, de dentes afiados e representa um disco segmentado ilustrando os estados da reencarnação, desde Buda aos animais e espectros.
Numa sequência, vê-se o "cuidado parental"
alusivo ao tema confucionista do dever de cuidados entre pais e filhos.
Os sábios Dao
são as figuras de dois velhos sábios da filosofia taoista.
Dafo Wan ou Curva do Buda, é um grande Buda deitado (Buda Sakyamuni),
com 15 metros de comprimento com bustos de guardas e doadores em tamanho real, junto da Fonte dos Nove Dragões.
A Guanyin de 1.000 braços, que tanto queríamos ver, está resguardada num templo que está em obras.

As esculturas de Dazu são Património da Humanidade desde 1999.
Regressando ao centro, subimos ao Chongqing Eling Park para ter uma panorâmica da cidade, mas o nevoeiro (ou a poluição? Talvez os dois...) não cooperou. Nesta colina foram escavadas cavernas para as pessoas se esconderem durante a invasão japonesa. Mas existe, aqui, um pagode japonês.
Também um memorial aos aviadores russos.
E uma bela escultura, "Sonata in blue".

As raízes das árvores abraçam as rochas.
Depois do jantar, no restaurante de um hotel, a Joan deixou-nos no cais de embarque para o nosso cruzeiro no rio Yangtzé.
O calor e a humidade deixam-nos desesperados.




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