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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

LAOS



30 Novembro a 02 Dezembro 2013

A viagem de Siem Reap a Luang Prabang, no Laos, correu bem e durou cerca de hora e meia.
A história do VISTO de entrada, vale a pena ser contada. Éramos poucos, no avião. A fila para a obtenção do visto, era pequena. Além dos papéis de entrada e saída, que preenchemos no avião, o papel para a colocação da fotografia encontrava-se ali. Tudo muito organizado, com um balcão corrido com uma série de funcionários. E os passaportes e o dinheiro vão passando de mão em mão. Foi rápido. Aqui, os preços variam conforme o país, desde 30 a 45 dólares americanos. O mais estranho é que não é igual em todos os países da CE. Nós pagámos 35 dólares e a Alemanha, por exemplo, paga 30. Ah, e mais 1 dólar, trocado, para o trabalho do funcionário! Gorjeta? Mas está tudo escrito: a lista dos países, o dólar (trocado) pelo serviço!!!

O Laos é considerado um dos últimos países comunistas. Faz parte do chamado Triângulo Dourado (Laos, Mianmar e Tailândia) de onde saía grande parte da heroína do Mundo. Composto por 49 grupos étnicos e 4 grupos linguísticos, tem o Budismo Theravaca como religião predominante e a população é uma interessante amálgama de rostos e gente de hábitos diferentes.

Com muitos jovens (cerca de 37% tem menos de 14 anos), a esperança de vida é de cerca de 63 anos.
O seu nome significa Terra dos Mil Elefantes e a fundação de um reino, neste local, data de 1353, quando o rei khmer de Angkor casou a sua filha com o príncipe Fa Ngum, localizando a capital em Luang Prabang. Só em 1563 a capital passou para Ventiane.
Em 1778, o reino do Sião (actual Tailândia) conseguiu ter o domínio da região, depois de lutas interinas dividirem o país em vários reinos. Em 1887, o rei de Luang Prabang pediu protecção a França (na altura na Indochina) que ocupou as cidades mais importantes, estabelecendo um Protectorado. Em 1945, os Franceses foram expulsos pelos Japoneses, mas depois da derrota destes na II Guerra Mundial, formou-se um governo provisório. Mas a França recusou a independência e expulsou os dissidentes nacionalistas, repondo o rei no trono e dando autonomia ao país. Vários dissidentes nacionalistas uniram-se com forças pró-comunistas vietnamitas e estabeleceram o Governo do Pathet Lao, em 1953. A Conferência de Genebra, que acabou com a Guerra da Indochina, obrigou Vietnamitas e Franceses a saírem. Em 1959, desencadeou-se uma Guerra Civil entre forças conservadoras apoiadas pelos USA e as de esquerda (Pathet Lao) com o apoio da URSS. 
Em 1964, a força aérea dos USA bombardeou secretamente o país, durante a Guerra do Vietname. Em 1975, a Monarquia foi oficialmente abolida e proclamada a República Democrática do Laos, de carácter comunista, sofrendo um embargo dos USA que só cessou em 1995.

A cidade de LUANG PRABANG é Património da Humanidade desde 1995.

Já era escuro quando chegámos.
Saímos do hotel, "SADA", a pé, para jantar.
Entrámos num restaurante ao ar livre e, quando vimos "beaf steak" na lista, suspirámos: finalmente iríamos comer um bom naco! Pois. O "bife" era de carne aos bocadinhos ou picada. Muito difícil entenderem-nos e entendermos. Enfim, escolhemos os três a mesma coisa: "Fried rice", com carne de porco. 

A salada não foi tocada, por causa das recomendações de saúde. Não foi mau de todo. E pagámos 13 dólares americanos pelas 3 refeições.

O nosso guia tentou explicar-nos os nomes dos grupos populacionais, mas o seu inglês é tão difícil de entender, com muitos LL na pronúncia, que tive que procurar informação na net. Assim, 68% da população vive nas terras baixas "Lao low lands"… eu não disse?!?), os Lao Luom; 22% nas "Lower mountains dwellers", os Lao Theung; e 10% são tribos que vivem nas altas montanhas, os Lao Sung .
Ah, mas isto dito no inglês do Laos!…
Aqui, o rio Mekong abre-se numa profusão de braços, num plácido e belo estuário conhecido como "Quatrocentas Ilhas".
Chegámos ao pequeno cais de embarque,
onde entrámos num barco-casa, com assentos de bancos de automóvel na parte aberta, preparada para transportar turistas. Os nossos anfitriões (visíveis) são três miúdos (irmãos). O mais velho não terá mais do que 16/17 anos, e vai ao leme. 
O do meio, 
traz-nos chá com folhas a boiar. O mais pequenito, espreita, envergonhado e não se aproxima.
Com a subida das águas, as terras das margens são fertilizadas e é ver as belas hortas bem cultivadas.

No meio da vegetação, adivinha-se a Route 13, a primeira estrada asfaltada do país que percorre o trajecto entre Laos e a China, ao lado do rio Mekong.

A visita das grutas THAM PAK OU
na margem do rio, era um dos pontos importantes do passeio. 
As  Tham Ting guardam cerca de 4000 estátuas de Buda do séc.XII ao séc.XVI,


feitas dos mais variados materiais desde madeiras preciosas e metais até aos plásticos actuais.

Ficam a 25km de Luang Prabang e o Mekong é o único caminho para lá chegar.
Situado mais acima, acedendo-se por caminho de escadas esculpidas na rocha, com paisagem fantástica para o rio, 

fica o santuário Tham Theung

Com um Buda guardião à porta, 

para ser visitado, necessita de uma lanterna.

Almoçámos na outra margem do rio: 



bife, porco e búfalo, com arroz cozido ao vapor e pepino às rodelas. À sobremesa, uma espécie de "bolacha americana" assada no carvão, numa base de bambú.

Regressando, parámos na MUANGKEO CULTURAL VILLAGE.

Estas aldeias são organizadas pelo Governo, para mostrar aos turistas. Embora retratem o que é uma aldeia típica e as pessoas ali residam, 
não deixa de ser estranho. Parece o cenário de um filme. Os homens trabalham no campo e pescam. As mulheres vendem écharpes teoricamente fabricadas por elas. 

E as crianças, amorosas, atrás das bancas, chamam o turista para comprarem e pedem moedas para serem fotografadas.

Algures, na margem, já não muito longe da cidade, um Backpacker's hotel no Backpacker Trail, entre o Laos e a China.

Deixámos o barco, não nos esquecendo de gratificar os irmãos, que pareceram satisfeitos, distribuindo acenos e sorrisos, à medida que o barco se afastava.

Subimos a grande escadaria, até à estrada e entrámos no WAT XIENG THONG ou Templo da Cidade Dourada
o maior mosteiro na confluência do rio Mekong e do rio Nam Khan, construído por Setthathirat que reinou em meados de 1500. Foi o local onde foram coroados os reis do Laos até à chegada do Comunismo, em 1974.
São mais de 20 estruturas, incluindo santuários, pavilhões e residências, jardins com flores e árvores ornamentais.
Belos telhados, sempre em número ímpar, com os famosos Cho Faa e cabeças estilizadas de nagas.
O grande mural Árvore da Vida é belíssimo,

criado com mosaicos de vidro colorido. Este tipo de revestimento aparece em outras paredes exteriores, numa manifestação de paciência, arte e beleza, principalmente na Capela Vermelha (Tai ho pha sai nyaat). 
Nesta, na vista frontal, painéis com fundo vermelho onde se vêem belíssimas figuras, árvores e animais dourados.

Na Capela do Buda Sentado

com o Mudra Bhumis Parsha, existem quatro colunas cobertas de flores de lótus.
O Uposatha é o edifício principal, 

coroado com o Dok So Fa, com 17 elementos, 

e uma porta de entrada com frontão em folha de ouro, onde brilham nagas, apsaras, animais e flores. O interior foi restaurado recentemente.

A Capela Funerária sobressai, dourada, com finos ornamentos.

O carro, que nos esperava, deixou-nos perto do Palácio Real, para visitar o 
WAT MAI SUWANNAPHUMAHAN ou, simplesmente, WAT MAI
que é considerado o templo budista do Lao mais ricamente decorado. Situado ao longo da rua Sisavangvong, onde se realiza o Mercado Nocturno, foi construído em 1821, durante o reinado de Manthatourat. O alpendre duplo com colunas 

e a biblioteca foram construídos posteriormente. Serviu como templo para a Família Real e é residência do mais alto dignitário budista do País. Era o local onde estava o Buda de ouro que pesa 50kg, o Prabang, mas que se encontra, agora, no Palácio Real (actual Museu Real) desde 1974. Em meados de Abril é cerimoniosamente trazido para o templo, durante 3 dias, para a lavagem cerimonial e para os fiéis lhe prestarem homenagem.
Telhados de 5 níveis e uma varanda que, à frente, protege o baixo-relevo 
de cimento coberto com laca preta e dourada com cenas do Ramayana e de Vessantara-Jakata, penúltima reencarnação de Buda. No interior, a nave é vermelha com desenhos dourados a stencil nas colunas, vigas e paredes.

Fora, o Mercado Nocturno começa a desenhar-se.

Até à subida para o Mount Pousi, a pé, vamos observando o movimento e o telhado do Wat Mai e, mais à frente, já junto do Palácio Real, o seu belo templo acima dos toldos vermelhos e azuis do Mercado.

O MOUNT POUSI 
é uma colina de 100m, no centro de Luang Prabang, bem no seu coração, entre o rio Mekong e o rio Nam Khan.

Subindo os 328 degraus, vamos apreciando a paisagem com a cidade abraçada pelos dois rios, a nossos pés. 
No topo, o Stupa That Luang
construído no séc.III, onde se encontram as cinzas de Sisavanvong.
Descemos por outro lado, com 410 degraus, observando vários altares

e desfrutando da paisagem, já no fim do dia.

No hotel, reencontrámos a Suzana e combinámos jantar bem.
De tuk-tuk, voltámos ao centro da cidade e jantámos no "L'Elèfant", onde a comida é muito bem confeccionada, muito saborosa, com pessoal muito simpático. Pagámos cerca de 33 euros pelos três jantares, o que não se pode considerar barato aqui, mas valeu a pena. E não se fuma!
Depois, a pé, passámos no Mercado Nocturno, na rua Sisavangvong, a mais larga rua da cidade velha onde, em cerca de 300m, em 4 faixas com tendas, se vende artesanato, velharias e roupas desde as 16h às 22h. Montam e desmontam toda a quinquilharia todos os dias. O resultado é de um colorido fantástico com as mais variadas mercadorias.

Negociámos o preço do tuk-tuk, na praça deles, e regressámos ao hotel.

No dia seguinte, saímos já com as malas.
Começámos a visita com o 
PALÁCIO REALHaw Kham

Construído em 1904, durante o colonato francês, para o rei Sisavangvong 
e sua família no local onde os visitantes oficiais poderiam chegar de barco, através do Mekong.
O príncipe herdeiro, Savang Vattana e sua família foram os últimos habitantes, até 1975. Depois foi transformado em Museu.
A arquitectura 

é uma mistura de motivos locais com Arte Nova francesa. A porta principal é encimada por um elefante com 3 cabeças sob um para-sol branco, símbolo da monarquia do Laos.

Dentro, é proibido fotografar as belas mobílias e os valiosos tesouros expostos, entre eles o célebre Prabang.
As nagas
guardam todas as escadas de acesso e os carros cerimoniasi descansam sob os toldos brancos.

O belíssimo templo privado, está em restauro.

Acabada a visita, parámos no maior mercado de Luang Prabang, onde os seus habitantes se fornecem, o PHOSI MARKET, onde o colorido das frutas, legumes 

e massas 

contrastam com a carne e os peixes vivos. Situado na Phothisalath Road, os muitos tuk-tuk, à espera, 
dizem-nos como lá chegam os compradores.

A 29km, fica o parque das KUANG WATERFALLS, onde um grande portão 
impede a entrada indescriminada de veículos automóveis. O nosso passou, depois de pagar o bilhete.
O local está muito bem conservado e organizado, com caminhos que vão orientando os passos do visitante.
Tat Kuang Si é o Centro de Resgate dos Ursos Pretos Asiáticos, confiscados ao comércio ilegal de animais de estimação e ao da medicina chinesa. Bem tratados, de pelo negro azeviche, deliciam-nos nas suas posições amorosas.

As cascatas são múltiplas quedas de água, de um azul turquesa a um verde esmeralda, que caem sobre formações calcárias, rodeadas por uma mata verde, numa série de piscinas até à queda de 60m.



É um trilho muito agradável e fresco, podendo ver-se diversas variedades de borboletas

e flores, 
que fotografámos enquanto o nosso guia  e o condutor punham a mesa para um agradável e saboroso pic-nic, 
como faziam muitas famílias, amigos e outros grupos de turistas.
Com calma, passeámos em duas aldeias, já na base da montanha, na província de Angprabang. As casas de madeira estão bem conservadas 
e exibem os tecidos de algodão. 

A Suzana não se coibiu em experimentar os teares artesanais.

Muitas crianças, que são uma tentação para as fotos.

Também os noodles são feitos de modo artesanal 
(o arroz, depois de cozido, é bem batido e esticado) e a operação é presenciada por assistência variada 

e bem guardada por "gente miúda bem armada"…

Na cidade, ainda tivemos hora e meia livre antes de ir para o aeroporto, a caminho de Hanói.
Entrámos numa galeria de arte

onde o dono, 

um arquitecto suiço, manteve uma agradável conversa connosco (neste fim do Mundo, onde tenta mostrar artistas locais), sobre Arte e modos de vida… e sobre o receio dos Chineses, que o leva a repensar em reduzir os seis meses por ano que aqui passa. Convidou-nos a subir ao seu terraço, 

no prédio mais alto da cidade velha, para admirar as vistas.

Passeámos na downtown onde já se preparava o Mercado Nocturno e, sentadinhos a ver montar as tendas, numa esplanada, a comer deliciosos bolos caseiros e a beber um muito bom expresso, saboreámos o que poderá ser um agradável viver aqui, para quem não tem preocupações económicas!


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