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domingo, 27 de maio de 2012

BRASIL - NORDESTE - MARANHÃO - São Luís, Alcântara

SÃO LUÍS do MARANHÃO
ALCÂNTARA

5 a 7 Julho 2007


São Luís é Património da Humanidade da UNESCO desde 1997.
Às 10 horas já estávamos a tomar o café da manhã no "Pestana São Luís", à espera de quarto.
A viagem desde Salvador foi um tormento, embora o avião partisse e chegasse a horas. Foram cinco horas de viagem com paragem no Recife e em Fortaleza. Não dormimos, claro, mas já marcámos um citytour, para não perder tempo. Descansaremos depois.

Os índios que aqui viviam, os tupinambás, viviam do cultivo da mandioca, batata doce, fruta, caça e pesca. João de Barros chegou em 1535 e fundou a cidade de Nazaré provavelmente onde hoje é São Luís.
No entanto, outros povos europeus começaram a explorar também a região. Em 1612, os franceses (Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière) invadiram o Maranhão e fundaram São Luís, em homenagem ao seu rei, Luís XIII. Em 1615 foram os franceses vencidos pelos portugueses (Alexandre de Moura), que começaram a povoar a região com colonos açorianos que vieram em 1620. Em 1641, os holandeses também quiseram tirar algum proveito da região e permaneceram aqui até serem expulsos em 1644.
A cana, o cacau, o tabaco e o algodão fizeram a riqueza desta região.

Começámos a nossa visita, guiados pelo André, pela Avenida Atlântica, na Ponta d'Areia, Praia do Calhau e Praia do Caolho. Belíssima extensão de areias onde as marés-baixas são as mais baixas que já vi, deixando à vista uma imensidão de areia molhada.
Parámos na Praia de São Marcos para fotografar uma interessante escultura de pescadores estilizados, na sua faina ("O Arrastão", de Cordeiro Maranhão).
Na Praia Ponta d'Areia, a música do Maranhão e o reggae (que é rei). Chamam-lhe a Jamaica brasileira.
Ainda na parte nova da cidade, fomos ver a Lagoa Ana Jansen,
rodeada de manguezais e com uma serpente adormecida que espera ser acordada para abraçar São Luís.
Atravessámos a ponte José Sarney que veio fazer desenvolver a Cidade Nova (1970) com belos e luxuosos hotéis. O bairro de São Francisco foi a primeira área a desenvolver-se.
A pé, fomos descobrir a Cidade Velha.
O Palácio dos Leões, Palácio La Ravardière
(sede do Governo Estadual) já foi Casa da Câmara e Cadeia, construído em 1612, o mesmo ano da fundação da cidade, sob o nome de Fort Saint Louis. Da construção antiga, apenas restam dois baluartes, de São Luís e São Damião.
Ao fundo, a Catedral da Sé,
dedicada a Nossa senhora da Vitória, construída pelos Jesuítas, com mão-de-obra indígena. Inaugurada em 1699, marca a vitória dos portugueses sobre os franceses na batalha de Guaxenduba. Reconstruída várias vezes, em 1922 assume o seu estilo neo-clássico. O retábulo do altar-mor é barroco com dourados e azuis do séc.XVIII. Um pormenor interessante é a existência de dois falsos painéis de azulejos, um deles é a Sagrada Família, no nascimento de Jesus.
Ao lado, o Colégio dos Jesuítas de Nossa Senhora da Luz,
actualmente Paço Episcopal.
A Igreja do Desterro, saqueada pelos holandeses,
foi reconstruída em 1893 com donativos dos moradores.
Embrenhámo-nos, depois, pelas velhas ruas com muitas casas de azulejos

(São Luís é a cidade brasileira com mais azulejos...), a maior delas, o Solar São Luís, na Rua de Portugal.
Comprámos castanha de cajú e nauseámo-nos com o cheiro de camarão.
No Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Fundação Cultural do Maranhão, visitámos uma exposição que pretende explicar o "Bumba-meu-boi", ligado às festas juninas e cuja origem está numa lenda de escravos: Pai Francisco ou Nego Chico ou Preto Velho era marido de Catirina que engravidou e teve desejo de comer língua de boi. Mas não um boi qualquer. Teria que ser do melhor boi do patrão. O Nego Chico viu-se nessa aflição de satisfazer a mulher e matou o boi, deu a língua a Catirina e fugiu para a mata, com medo do castigo. Procurado pelos outros escravos, a mando do senhor, Pai Francisco regressou e prometeu ressuscitar o boi. Um "pajé" ajudou-o: "Levanta boi e dança!"... e o animal levanta-se e começa a dançar. A brincadeira é em Junho, nas festas dos Santos Populares, Santo António, São João, São Pedro e São Marçal (este, só aqui, no Maranhão, a 30 de Junho). Utilizam matracas, zabumba (África) e orquestra (Europa) e os vários grupos rivalizam entre si para ver quem é o melhor.
A Igreja dos Remédios,
a única em estilo gótico, em São Luís, nasceu como capela, em 1798, de São Francisco Xavier, com donativos dos fiéis. De frente para o rio Anil, disse-nos adeus, no fim do dia.
Jantámos no "Landruá", na Praia do Calhau.

De manhã, apanhámos a lancha para Alcântara, no cais da Praia Grande. As horas de atracamento da lancha dependem das marés já que, aqui, acontecem as maiores maré-baixas, chegando a ser de 800 metros.
O trajecto demora entre uma hora e hora e meia, dependendo das marés.
Chegámos ao Porto do Jacaré

e subimos a Ladeira do Jacaré,
 bem íngreme, com calçada bicolor que, ao longe, parece uma escadaria.
Guiados por Luís Magno, maranhense de Alcântara, fomos observando casas e ruínas
 
que documentam o apogeu e o declínio da cidade do séc.XVII que viveu da cana de açúcar e do algodão à custa da mão-de-obra dos escravos africanos. No início do séc.XIX era a terceira cidade da região, depois de São Luís e de Belém e foi o fim do esclavagismo que a levou à ruína.
Deparámos com uma original igreja, revestida a madeira azul forte com quatro portas, que foi mercado. É a Igreja das Mercês.
Desviámos à direita e, num pequeno terreiro, a capela de Nossa Senhora do Desterro,
surge, com um pequeno campanário lateral,
com o mar ao fundo e dois sinos de tamanhos diferentes que foram trazidos de Portugal no séc.XVIII.

Vêem-se alguns solares em ruínas. O mais impressionante é o de Clóvis Beviláqua que estava a ser construído para receber o rei D. Pedro II e como o rei não veio, a construção não chegou a ser terminada e ficaram as ruínas.

Seria um dos maiores solares, com 44 quartos!
A diferença entre solar
e sobrado,
é que este tem loja ou espaço comercial por baixo e o dono vive em cima, no que sobra (...). E o solar, "é só lar"... apenas habitação.
Outra bela ruína de Alcântara, é a
Igreja de São Matias (1648).
No seu largo, Praça da Matriz, está o belo Pelourinho
de 5 metros de altura e 40 centímetros de diâmetro, em mármore, que foi arrancado a marteladas quando a notícia da abolição da escravatura aqui chegou. Feito desaparecer, só em 1948 voltaria ao local, reposto por uma equipa do Projecto Rondon.
A Matriz actual, é a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (1665), no Largo do Carmo,
uma igreja branquinha, com dois campanários. No interior, um altar-mor rococó, sacristia, tribuna, balcões e vários azulejos na nave principal.
A escadaria de madeira, que leva à bonita e agradável varanda é, ainda, a original. Daí, vê-se, ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos,
 que não vamos poder visitar por causa da alteração do horário da lancha devido à maré (...).
Na Casa da Cultura, um guia local falou-nos do culto e da Festa do Divino (Espírito Santo)
que os povoadores açorianos trouxeram para aqui. Os "impérios", que nos Açores são construções em alvenaria, são improvisados em madeira e enfeitados como andores. Os maiores e mais ricos são os do Imperador e da Imperatriz (um ano festeja-se o imperador e no seguinte a imperatriz, em alternância). Lá está a pomba do espírito Santo,
a coroa encimada pela pomba e o bastão também com a pomba na ponta. É tudo com muito mais cor, introduzida pela influência dos africanos.

Almoçámos no "Cantaria", no Largo do Desterro, onde tínhamos feito a marcação quando chegámos. Comemos uma camaroada bem servida e temperada, acompanhada por 3 tipos de arroz (branco, de camarão e o célebre arroz de cuxá, com vinagreira ou azedinha, camarões secos, gergelim e farinha de mandioca), pirão e farofa.
A farofa, é farinha de mandioca frita numa frigideira onde se coloca alho, cebola picadinha, colorau e azeite.
O pirão utiliza a farofa a que se junta o caldo de cozer o camarão e se vai mexendo em lume brando.
Findámos mesmo na hora de, passo apressado, chegar à lancha.
A chegada, em São Luís, foi na Ponta d'Areia em cima do areal, por causa da maré!...
Marcámos os passeios em Barreirinhas na agência de turismo Taguatur e descansámos à beira da piscina do hotel até ao jantar no "Landruá", à beira da praia imensa, com fila de grandes barcos (carregados com minério de ferro do Carajá, Pará), à espera para entrar no porto de São Luís que é dos maiores do Mundo.








sábado, 12 de maio de 2012

BRASIL - NORDESTE - Salvador da Bahia

SALVADOR da BAHIA

1 a 5 Julho 2007


Em 1548, Tomé de Sousa, o primeiro governador da Baía, desembarca na vila do Pereira (povoado na baía de Todos os Santos, onde hoje se situa o porto da Barra), para fundar o centro administrativo da Colónia, nascendo,assim, Salvador.
Os índios tupinambás, habitantes do Recôncavo, que não foram aprisionados para o trabalho na lavoura, fugiram mais para o interior.
A produção açucareira tornou-se a base da riqueza da região e, se, no início, o trabalho indígena foi chegando, a rápida evolução levou à necessidade de mais mão-de-obra, tornando-se, então Salvador, o principal centro importador de escravos africanos.

Chegámos a Salvador depois de cerca de 8 horas de viagem, com um dia ainda pela frente, com uma diferença horária de menos 4 horas.
Esperava-nos a Rosane e o Sr. Mário.
O bagageiro estendeu logo a mão... "para me estrear no euro!...". Mas levou dólar, que era o que estava mais à mão.
Levaram-nos ao "Vila Galé", que já foi "Holliday Inn", onde nos instalámos muito bem, com vista para o Atlântico,

com águas a baterem nas rochas escuras.


Descansámos um pouco e telefonámos ao António Luís, um colega e amigo do Alfredo. Apareceu, acompanhado pela esposa, Silvana. Para mim, que não os conhecia, foram de empatia imediata.
Como estávamos cansados, fizemos uma visita rápida e superficial pelo Forte de Santo António,
Solar do Unhão (onde almoçaremos amanhã), Barra e Pelourinho.
O jantar foi num restaurante à beira-mar, o "Iemanjá":
moqueca de camarão e moqueca de siri mole com os acompanhamentos devidos (vatapá, caruru, farofa de dendé e pirão...).

A independência do Brasil não foi pacífica na Baía, onde só se consolidou em 1823, com derrota das tropas portuguesas que ainda resistiam no Recôncavo. Ainda hoje é feriado no Estado no dia 2 de Julho, dia da Vitória, e não a 7 de Setembro (1822) como no resto do país.
O feriado proporcionou-nos a companhia do António Luís que nos mostrou a sua cidade.
No Mercado Modelo,

antiga alfândega, comprei o malangandan e várias pequenas telas de sabor naif com motivos da cidade.
O malangandan
é uma peça muito interessante: são 12 objectos em prata, todos diferentes, que eram oferecidos ao escravo quando o senhor achava que o devia premiar. Quando tinha as 12 peças, adquiria a liberdade.
Dique do Tororó, um local muito verde, tinha os orixás a planar no meio da água.
Até à Sorveteria da Ribeira, onde nos deliciámos com um saborosíssimo sorvete,
fotografámos as "Gordinhas"
da escultora Eliana Kertész, no bairro de Ondina.
A Silvana acompanhou-nos no almoço no
Solar do Unhão.
Este solar
foi construído para residência do desembargador Pedro Unhão Castelo Branco, no séc.XVII. Abrigava a casa-grande, senzala, capela, armazéns e cais. Em 1962 foi restaurado pela arquitecta Lina Bo Bardi e abriga o Museu de Arte Moderna (que estava fechado por causa do feriado). Com cais próprio,
recebia as mercadorias e os escravos vindos de África.
O bobó de camarão estava uma delícia e uma carne de sol (carne salgada e demolhada para cozinhar), com um sabor um pouco agressivo também não esteve mal.
A sobremesa, fomos procurá-la no Pelourinho,
no Convento do Carmo
transformado em hotel. Uma multidão em festa,
muito colorida, a música altíssima, as casas enfeitadas, as bandeirinhas por cima das nossas cabeças,
fez-nos adivinhar, pela amostra, o que será o Carnaval nesta cidade.
Provámos a sericaia brasileira que só pecou pelo acompanhamento: a ameixa de Elvas foi substituída por figo em compota com sabor a ervas.
Ao fim da tarde, a Gabriela, uma argentina loura a viver há vários anos no Brasil trabalhando no turismo com pessoas de língua inglesa, veio buscar-nos para assistirmos ao Candomblé. No seu mini-bus, foi recolhendo duas americanas negras, serôdias, junto ao forte da Barra, um casal japonês (que estão a trabalhar em Manaus), numa pousada junto ao Pelourinho e um casal holandês um pouco mais velho que nós.
O Candomblé foi num dos mais antigos terreiros da Baía e também um dos maiores e mais importantes, Ilê Axê Opô Afonjá da Mãe Stela que deve andar pelos setenta e tal anos. Constituído por casas dedicadas a vários orixás, museu sobre a história do terreiro, da religião africana, biblioteca, escola municipal e tecelagem artesanal. Forçados a converter-se ao catolicismo, os africanos escravizados prestavam culto aos seus deuses (os orixás que representam as forças da natureza), dando-lhes nomes de santos católicos. Iemanjá, rainha do mar, é Nossa Senhora da Conceição; Oxalá, deus da criação, Jesus. Proibido pela Igreja Católica, o ritual consiste no chamamento dos espíritos falecidos (babalorixás) que se materializam com roupas específicas, numa roda, presidida pela Mãe-de-Santo, e depois de muito rodar e batucar. Tudo seguido com muito respeito, em bancadas separadas por sexos.

Combinámos o Circuito Histórico para o dia seguinte e foi a Rosane que nos guiou com o Alex, filho do sr. Mário, ao volante.
Descemos até ao Forte da Barra ou de Santo António,

 onde chegou o barco de Tomé de Sousa. Pelo caminho, passámos o chamado Corredor da Vitória, onde os ingleses do tempo da rainha Vitória, se instalaram com o mercado do aço, pelo Museu de Arte da Bahia, pelo Campo Grande com a estátua do Caboclo, pelo Gabinete Português de Leitura
em estilo manuelino, pela Igreja Barroquinha
quase afundada e em vias de recuperação, atrás da qual existiu o primeiro candomblé. E parámos na Praça Municipal, onde está o Elevador Lacerda,
a Casa Tomé de Sousa
e a estátua do mesmo.
Espreitámos a Cidade Baixa,
com o Mercado Modelo e algumas habitações antigas do porto. Na ladeira, as casas das mulheres, numa ruína de meter pena. Era aqui que as mulheres/prostitutas esperavam os marinheiros.
A zona mantém algumas prostitutas, velhas e degradadas como as habitações que se recusam a abandonar.
Na Praça da Sé, as baianas vieram para serem fotografadas connosco,
a troco de alguns reais. Bonitas e vistosas mulatas.
As casas portuguesas de um lado,
a Cruz caída do escultor Mário Cravo e mais uma baiana, esta de pedra imortal, em frente.
Entrámos no Terreiro de Jesus, com o Convento dos Jesuítas, as duas igrejas só com uma torre cada uma, a de São Pedro dos Clérigos,
azul, a de São Domingos,
em frente à Catedral.
E finalmente, ao fundo, a igreja de São Francisco,
com um magnífico barroco dourado no interior
e um claustro também muito bonito.


Nada de fotos lá dentro...
Ao lado, a igreja da Misericórdia,
cuja fachada também é muito bonita.
Continuando a descer até ao Largo do Pelourinho, os olhos enchem-se com as ruelas de casas coloniais coloridas,
a casa de Jorge Amado, agora Fundação com o mesmo nome,
a igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
que levou quase todo o séc.XVIII a construir porque os escravos só podiam trabalhar nela nas horas de folga, que não deviam ser muitas.

O almoço foi numa churrasqueira esplêndida, o "Rincão do Gaúcho" com rodízio óptimo mas, principalmente, com um buffet de acompanhamentos de comer e chorar por mais.

Depois, direitos à igreja do Senhor do Bonfim,
construída em 1772, em estilo rococó, coberta de azulejos portugueses do séc. XIX, no interior, com linhas neo-clássicas   .

Cá fora, claro, as célebres fitinhas coloridas que devem ser atadas ao pulso, depois de benzidas, para satisfazer os três pedidos que devem ser feitos à medida que se fazem os três nozinhos.

Descemos à Ribeira, à sorveteria, onde provei o sorvete de mandioca. Passeio agradável, admirando a beleza da grande Baía de Todos os Santos,
as casas da Ribeira, a praia, as casas da encosta
com as torres da Igreja do Senhor do Bonfim a sobressairem.
Depois, a Ponta de Humaitá com a pequena igreja

 e o Forte de São Filipe
ou de Monte Serrat, muito branco no morro verde, com o mar aos pés.

O jantar, no "Escravo Miguel", no hotel, foi muito bom. O buffet de acompanhamentos e de sobremesas com muitas frutas tropicais, tentador.

O dia da partida foi um passeio muito agradável pela BA-099, a chamada Estrada do Coco (com 146 km) até à Praia do Forte, a 84 km de Salvador.
A costa é lindíssima, com coqueiros e dunas de areia branca.
Numa primeira paragem, a Casa de Iemanjá,
em Rio Vermelho, onde se faz o culto da Rainha dos Mares, faz-nos adivinhar o que será o local em dias de festa com os barcos cheios de oferendas que lançam no mar, para Iemanjá. No dia seguinte, a praia enche-se para recolher o que a Rainha dos Mares não aceitou e devolveu.
A praia da Amaralina
tem uma história:a do português chamado Amaral que se apaixonou por uma índia chamada Lina que se perdeu no mar.
As praias vão-se sucedendo. Na praia da Pituba,
com um belo relvado onde se pode receber massagens. No Jardim de Alá,
há uns belos coqueiros. Em Arembepe, nos anos 70, os hippies assentaram arraiais. Janis Joplin passou por aqui e ainda podemos ver alguns resistentes, em cabanas sem qualquer infra-estruturas. A Boca do Rio (Rio das Pedras), e a Praia de Itapuã (pedra que ronca), tão cantada por Vinicius e outros, também ficam nesta costa.
Na Lagoa do Abaeté

bebemos uma água-de-coco,
ouvindo o papo de uma família baiana, metendo-se com a nossa guia. "Vai, guia, diz a eles que Pedro Álvares Cabral venceu as ondas e os oceanos e veio encalhar aqui!...". Risada. "E a cabeça de Lampião está no fundo destas águas!...". Mais risada. "E a água da lagoa era salgada, mas botámos tanto açúcar que agora é doce!". O papo ia bom. "Sabem porque a água do mar é salgada?", perguntou o Alfredo. Que não. "Porque tem muito bacalhau de molho!". Os baianos estavam encantados. "Portugueses?". "Sim, eu sou neto de Pedro Álvares Cabral!...". "E eu sou prima!", disse a mulher mais velha. E foram abraços e risos: "Oi, prima!", "Oi, primo!".
Também esta lagoa tem lenda com índio, que se apaixonou por uma sereia, mas como ela não era mulher, ele marcou casamento com uma índia. No dia do casamento, foi ao mar despedir-se da sua amada, mas não regressou, deixando a índia eternamente a chorar, formando a lagoa com as suas lágrimas. Perto, a gameleira,
a árvore sagrada do candomblé (também chamada iroko e com as suas folhas se prepara a água sagrada utilizada nos rituais da cultura afro-brasileira).

Almoçámos na Praia de Guarajuba e chegámos finalmente à Praia do Forte

cujo nome deriva da existência de um forte histórico, Castelo Garcia d'Ávila, primeira fortaleza-habitação no Brasil, construído no séc.XVI para proteger Salvador das invasões dos franceses.
Em 1972, o empresário paulista Klaus Peters comprou uma fazenda de coco na Praia do Forte e implantou um projecto de turismo sustentável. As casas da aldeia, de pescadores, foram restauradas.

Lojinhas de artesanato,

pequenos cafés,

restaurantes e pequenas pousadas ladeiam a avenida principal que nos leva ao Projecto Tamar,
preservação das tartarugas marinhas do Brasil,

desde 1980, controlando os 8.000 km da costa brasileira.

Regressámos ao hotel onde as malas estavam guardadas e recebemos o telefonema do António Luís com quem jantámos no "Yate Club".

O voo para São Luís do Maranhão é a uma hora um pouco incómoda, mas foi o que se arranjou
(00.45 h). Tentaremos dormir um pouco no avião.