VERONA, PENINSULA SERMIONE, PESCHIERA DEL GARDA, VICENZA, BASSANO DEL GRAPPA, ASOLO
28 a 30 Outubro 2011
O grande Crysler, previamente reservado, esperava-nos no rent-a-car da Piazzale Roma, onde chegámos de vaporetto.
Com o GPS orientado, chegámos a Montegalda, terra de Antonio Fogazzaro, escritor do séc.XIX. "Fattoria Grimana"
é o simpático agro-turismo onde estamos instalados. Por 65 euros/dia, pequeno-almoço incluído, temos um grande estúdio com mezzanine,
No centro da pequena cidade, jantámos no
"Cá Magnon", restaurante despretensioso com muito boas pizzas.
De manhã, conhecemos Lícia Lotto, a dona do agro-turismo, que nos forneceu todos os mapas para os locais que lhe dissemos querer visitar no dia, com os trajectos mais interessantes delineados.
VERONA fica a 65 quilómetros.
É a segunda maior cidade do Veneto, depois de Veneza. Foi governada, por cerca de 127 anos desde 1263, pela família Scaligeri.
Os Scaligeri
nem sempre exerceram o seu poder de modo beatífico sendo, mesmo, implacáveis, pelo que mereceram cognomes como "Mastino" e "Cangrande".
No entanto, depois de terem todo o poder nas mãos, acabando com as rivalidades entre famílias, tornaram-se mais justos e cultivaram-se, recebendo Dante na sua corte entre 1301 e 1304, tendo o poeta dedicado a última parte de "A Divina Comédia", o "Paraíso", aos Scaligeri.
Depois deles, passaram por aqui, deixando algum rasto, os de Milão, Veneza, França e Áustria, até 1866, altura em que o Veneto voltou a fazer parte da Itália.
Estacionámos no parque "Arena",
passámos a Porta Nuova
e chegámos à Piazza Brà,
uma praça irregular com um jardim público, rodeada por bonitos edifícios do séc.XIX.
Mas o que sobressai, depois de avançarmos um pouco e passando as árvores do jardim, é a Arena,
o anfiteatro de Verona, o terceiro maior do Mundo (depois do Coliseu de Roma e do anfiteatro de Capua, perto de Nápoles). Data do ano 30 dC e podia albergar toda a população da Verona romana e os visitantes que vinham assistir a batalhas simuladas e lutas de gladiadores.
Foi fácil encontrar o balcão da Casa de Giulietta,
seguindo a multidão até ao 27 da Via Capello. De aspecto romântico, em mármore, o balcão é cenário para os parzinhos se fazerem fotografar.
Também a estátua da figura romântica, em bronze, é abraçada e a sua mama direita acariciada (não sei por que razão, nem qual o significado).
Na Piazza dei Signori, está o Palazzo della Ragione, medieval, onde se joga o S-cianco,
com uma elegante escadaria renascentista que vai do pátio exterior até à Sala dos Magistrados. Impõe-se a Torre Lamberti, com 84m de altura.
No meio da praça, meio escondido pelas tendas de artesanato, está a estátua de Dante, em pose de pensador.
Vários palazzi, chamados Palazzi Scaligeri, individuais, ligados por arcadas renascentistas e arcos de pedra gravados.
Cruzando com a via Santa Maria in Chiavica, os Túmulos dos Scaligeri,
uma obra prima de Arte Gótica Funerária, do séc.XIV, onde soldados santos guardam os túmulos, numa recordação das proezas militares dos poderosos governadores medievais de Verona. Junto, a pequena igreja românica de Santa Maria Antica, do séc.VII.
Na Piazza Erbe (mercado medieval de ervas),
com tendas, lojas e esplanadas, está a coluna (Colonna di San Marco) de 1528, encimada pelo símbolo do poder veneziano.
A Fontana Madonna de Verona é de 1368 e tem a Virgem de Verona que é o símbolo romano do comércio.
Depois de atravessarmos a Porta dei Borsari,
a entrada principal da cidade, construída no séc.I aC, chegámos ao Arco dei Gali, um arco triunfal romano que enquadrava a principal estrada romana até à cidade, hoje Corso Cavour.
Castelvecchio, fica logo ali,
construído por Cangrande II entre 1355 e 1375. O caminho exterior das muralhas, deixa ver o rio Ádige e a Ponte Nuovo que liga os montes da margem leste com o centro histórico da cidade.
A Ponte Scaligero, do tempo de Cangrande II, foi reconstruída depois da retirada germânica a ter arrasado em 1945.
De carro, procurámos San Zeno Maggiore que, infelizmente, estava em obras.
Construída entre 1123 e 1135 para albergar o santuário do santo padroeiro de Verona, é a igreja mais ornamentada do Norte de Itália.
Nas Portas Oeste,
alguns relevos esculpidos em 1140, com cenas da vida de Cristo (à esquerda) e cenas do Livro do Génesis (à direita).
Por cima, San Zeno a derrotar o demónio.
O campanille, de 1045, atingiu a altura actual, 72m, em 1178.
A alguns quilómetros fica a
PENINSULA DE SERMIONE,
uma faixa de terra que se estende da parte sul do lago Garda, ligada a terra por uma ponte.
É uma aldeia encantadora, termal, cheia de casa bonitas e ruazinhas cheias de charme,
dominadas pelo Castelo Rocca Scaligeri
construído por esta família para apanhar os invasores vindos do mar, deixando-os vulneráveis aos projécteis lançados das ameias do castelo.
Da Piazza Castello,
conseguem-se belas perspectivas das torres, das pontes e das águas claras do fosso.
O sol baixava e prestava-se a belas fotos.
Ainda visitámos PESCHIERA DEL GARDA,
onde o rio Mincio se junta ao rio Pó e cujo porto foi construído pelos Austríacos em 1860. Também é uma pequena aldeia, bonita e cheia de lojas,
cafés e restaurantes com esplanadas viradas para o rio.
Vicenza era o principal destino do dia seguinte.
Com a ajuda da simpática Lícia Lotto e com os mapas por ela fornecidos, chegámos à Villa Rotonda,
uma das muitas construções de Andrea Palladio. Nascido em Vicenza, Palladio construiu para os venezianos ricos as suas villas, quando começou a ser moda ter casa no campo, inspirando-se nas construções da Antiga Roma.
A Villa de Almerico Capra, "La Rotonda",
tem uma planta em cruz, com cúpula à semelhança da arquitectura religiosa e com as fachadas voltadas para os quatro pontos cardeais. Construída entre 1550 e 1552, inspirou outras em cidades distantes como Londres, Sampetersburgo e Deli.
Não foi fácil lá chegar, por caminhos estreitos entre vinhedos. Também não é fácil arranjar um espaço para o carro.
Visita rápida, do exterior, porque o tempo escasseia. Subimos o Monte Berico, uma colina verde, com muitos ciprestes, a sul de Vicenza, onde os ricos construíram as suas habitações para fugir aos calores de Verão. As portici ou colunatas estendem-se pela avenida larga que liga o centro de Vicenza à
Basílica di Monte Berico,
de fachada barroca, construída no séc.XVI e ampliada no séc.XVIII, dedicada à Virgem que apareceu neste local durante a peste de 1426-1428, para anunciar que Vicenza seria poupada.
A intenção era fazer as panorâmicas de Vicenza, mas a neblina não ajudou.
VICENZA tem quase 140.000 habitantes, numa área de 80 quilómetros quadrados.
Estacionámos junto do Palazzo Chiericatti,
Museo Civico, obra de Palladio, de 1550. Perto, uma porta etrusca encimada por uma cabeça.
Na Piazza Giacomo Mattioti, o Teatro Olimpico,
o teatro interior mais antigo da Europa, começado a ser construído por Palladio em 1579 e completado por Vicenzo Scamozzi, seu discípulo. Em estilo militar, o Portão de Armas
dá entrada ao pátio onde estão várias esculturas doadas por membros da Academia Olímpica, o grupo erudito que financiou o teatro.
Seguindo o Corso Palladio,
encontramos Santa Corona,
uma igreja gótica (em obras), construída em 1261 para guardar um espinho da coroa de espinhos de Cristo, doado por Luís IX de França e que tem o túmulo de Luigi Da Porto (falecido em 1529), autor do romance "Romeu e Julieta" com base no qual Shakespeare escreveu a sua peça de teatro.
Vários palácios de Palladio, como o Palazzo Thiene,
com fachada cor-de-rosa e pinturas e o Palazzo Barbaran Da Porto,
com belos tectos pintados.
A Basílica Palladina
está na Piazza dei Signori com uma loggia magnífica (também em obras).
Também chamada Palazzo della Ragione, com o seu telhado verde, de cobre, tem a forma de um barco virado, com uma balaustrada cercada por estátuas de deuses romanos e gregos.
A Torre di Piazza tem 82m de altura e é do séc.XII.
Entre a Piazza dei Signori e a Piazza delle Biade, estão duas colunas encimadas por pilares com estátuas, uma delas o Leão, símbolo de Veneza.
Na Piazza del Duomo, a Catedral. O Duomo de Vicenza
foi reconstruído após ter sido bombardeado na II Guerra Mundial, pois só a fachada e o Coro ficaram intactos.
MARÒSTICA foi a cidadezinha que visitámos a seguir. Maròstica significa Que tem montanhas e colinas. Começámos por avistar o
Castello Superiore
que se assemelha à Grande Muralha da China, contornando a colina.
A cidade, medieval, é rodeada por muralhas,
fortificada desde 1370 pelos Scaligeri,
do Castello Inferiore,
O local é célebre pela recriação, com trajes da época medieval, da Partita a Scacchi,
torneio humano de xadrez, jogado aqui pela primeira vez em 1454,
num tabuleiro desenhado com pedras, em frente ao actual Município. Diz a história que dois nobres, Renaldo D'Anganaro e Vieri Da Vallanora caíram de amores pela bela Lianora, filha do Senhor local, Taddeo Parisio. Como era costume naquela época, teriam de bater-se em duelo. Mas o Senhor de Maròstica não queria fazer um inimigo de qualquer dos pretendentes ou perdê-lo em duelo e decretou que deveriam jogar uma partida de xadrez e o vencedor ficaria com a bela Lianora e o perdedor com a irmã mais nova, Oldrada.
Almoçámos na "Osteria L'Angelo e il Diavolo",
numa sala decorada com fotos de viagens feitas pelo dono.
E seguimos para BASSANO DEL GRAPPA,
no sopé do Monte Grappa e cujo ícone é a belíssima Ponte degli Alpini ou Ponte Vecchia,
desenhada em 1569 por Palladio, de estrutura em madeira para permitir dobrar quando fosse atingida pelo degelo da Primavera.
A cidade foi fundada por Bassiano,
Romano, no séc.II aC.
ASOLO fica situada no contraforte do maciço dolomítico. A rainha Caterina Cornaro (1454-1510) governou esta pequena cidade amuralhada.
Ruas estreitas e belas casas acompanharam o fim da luz do dia.
avistamos o castelo Rocca, no cimo do Monte Ricco.
E, para baixo, visualiza-se o centro antigo com a Piazza Garibaldi
com a sua fonte do séc.XIV. A antiga catedral guarda a bela "Assunção" de Lorenzo Lotto.
Antes de rumarmos a "casa", acabámos o dia, já noite cerrada, em Castelfranco (onde voltaremos) para uma bebida quente.
(cont.)
*****
8 comentários:
J'y étais, j'adore
Um lugar que quero conhecer..É bom que você e a Daisy sempre me fazem sonhar. :))
Apenas conheço Verona!
Mais uma bela "rodada"italiana...
Obrigado Meninos.
Tonito.
Maravilha...
E ainda bem que é só a parte 1.
Não sei porquê (olhem para a minha cara de anjo) achei interesantíssima a estátua da Giulietta (bem bonita) e o que as pessoas fazem (nada burros, os turistas). Numa busca pela internet, encontrei referências a esse costume. Todos confluem no mesmo objectivo, que é dar sorte: "Though its origins cannot be determined, the most popular thing to do when visiting the statue is to rub its right breast, which will bring good luck. So don’t be surprised if the right side of the bronze Juliet seems to be shinier than the rest of her!"
Autorizais-me a pôr este postalinho no blog «a funda São»?
Todo teu, São Rosas! A foto é da Daisy, se fizeres essa referência.
Abç
Alfredo
Pelas suas lentes, as cidades italianas parecem extremamente fotogênicas. Ou, de fato, são?
Belíssimo passeio!
Visita efectuada!
Foi um prazer!
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