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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

CUBA - CIENFUEGOS - TRINIDAD - VARADERO



Agosto 1995 e Abril 2003



Na segunda visita que fizemos a Cuba, cometemos a proeza de alugar um carro e viajar de Havana a Varadero, passando por Cienfuegos e Trinidad.

De véspera, procurámos o rent-a-car, perto do Gran Teatro de La Habana, no "Hotel Inglaterra", para combinar a hora e não demorarmos, de manhã, porque queríamos ir almoçar a Cienfuegos. Mas não adiantou nada porque o carro, no dia aprazado, não estava pronto e os papéis eram tantos e as burocracias tão desesperantes que acabámos por aceitar outro carro e não ter que esperar por um maior que ainda demoraria uma hora a entregar!... Não se livraram de uma reclamação por escrito, quando entregámos o carro em Varadero e da devolução da diferença do preço entre os dois veículos.


As indicações nas estradas eram inexistentes e GPS era coisa de que não se ouvia, ainda, falar.

Conseguimos sair da confusão do centro, com algum sentido de orientação e o mapa de Cuba.
E perguntávamos muito, utilizando o AJP (Abre a Janela e Pergunta), com o Zé a rir-se muito porque como o calor era muito e o ar condicionado ía ligado, cada vez que perguntávamos (e eram muitas...), gritávamos: "Abre a janela, Zé! Fecha a janela, Zé!"
Andámos em auto-estradas atravessadas pela linha de caminho de ferro ("Que é aquilo, ali ao fundo?" "Cuidado, é um combóio!")
Demos boleia a um sujeito gordo e de timbre estridente que, quando perguntámos pela saída de Cienfuegos, se apertou entre mim, a Carolina e as malas que não tinham cabido no porta-bagagens, muito sorridente e quebrando o nosso receio dizendo que fazia parte da Direcção de Estradas!!! Saiu onde queria e abandonou-nos ao nosso desnorteio. Errámos a saída e voltámos atrás na seguinte, embora nos tenham sugerido que fizéssemos inversão de marcha, atravessando o separador central...


E lá chegámos a CIENFUEGOS e ao nosso hotel, o "L'Union", com muito calor e muita fome. Tínhamos comido uma sanduíche numa "área de serviço" onde as bebidas alcoólicas eram proibidas. A tarde já ia avançada e, por isso, a cozinha já estava fechada. Fizeram-nos umas pizzas que saboreámos no terraço do hotel, desfrutando de bela vista para o Parque José Martí, destacando-se as torres assimétricas da Catedral de La Purísima Concepción e o Palácio de Gobierno.





Cienfuegos fica a 250 km de Havana. A cidade é conhecida como La Perla del Sur


Situada na entrada da Baía de Cienfuegos, defendida pelo Castillo de Nuestra Señora de los Angeles de Jaqua, construído em 1745 para defesa contra os piratas das Caraíbas. Os primeiros colonos foram os Franceses de Bordeaux e Louisiana. A sua arquitectura tem base no Iluminismo Espanhol 


com um planeamento urbanístico único, no séc.XIX, na América Latina, fazendo jus à riqueza nascida da cana de açúcar, café e tabaco.


Fizemos, depois, o Paseo del Prado

com as belas casas coloniais, neoclássicas, de cor pastel e colunas, cujo melhor exemplo é o Palacio de Gobierno.



No Parque José Martí, destaca-se a estátua do herói nacional, ao centro.

O Arco do Triunfo
dedicado à independência, foi erguido em 1902, ano em que Washington reconheceu a independência cubana após a 2ª Guerra da Independência desencadeada por José Martí.
O Teatro Terry 

é a homenagem ao venezuelano Tomás Terry e foi construído entre 1887 e 1889, com influência italiana, embelezado com mármores de Carrara. Inaugurado com a ópera "Aida" de Verdi.
A Catedral de La Purísima Concepción

em cores pastel, é de 1869, tem três portas em arco e duas torres desiguais de cúpulas vermelhas.
De carro, fomos até Punta Gorda
língua de terra no fim do Paseo del Prado, que os índios chamavam Illamaban Tureira (Perto do Céu), que era zona alagada e verde.
Parámos junto do Palacio de Valle
construído por Alcisto Valle Blanco, espanhol das Astúrias, que custou um milhão de dólares e é um belo exemplo da arquitectura Mudejar associada ao Gótico Veneziano, com mármores de Carrara, 
alabastros de Veneza e vitrais de França. Foi aqui que fomos agraciados por um trecho de piano e canto em que a pianista parecia ter o piano no corpo e nos gestos, quando se levantou e me entregou uma flor branca, no meio do trecho musical!...

No terraço, também tivemos música com o conjunto
"Perla del Sur" e Alfredo Moreirinhas!...


No dia seguinte, lá nos aventurámos na estrada sem indicações até Trinidad, voltando ao AJP e ao "Abre a janela, Zé! Fecha a janela, Zé!"

Mas chegámos. Ficámos instalados num hotel muito charmoso, "Trinidad del Mar", 
na Península de Ancón, com um lobby muito simpático, completamente aberto e com um interessante quadro representando a cidade.

Apesar do adiantado da hora, pudemos servir-nos no buffet e almoçar muito bem.
Mesmo à beirinha do mar, o hotel era composto por um conjunto de quartos distribuídos em dois pisos, formando um U, com a reprodução da Torre do Convento de São Francisco 
e uma área social muito boa, complementando as mornas águas do Mar das Caraíbas.
A visita da cidade foi feita com tempo e sem pressas, até porque o piso não ajuda, formado por grandes pedras que, em alguns sítios, estava bastante degradado.
TRINIDAD é Património Mundial da Humanidade desde 1988. Pertence à Província de Sancti Spiritus e foi fundada por Diego Valásquez de Cuellar, em 1514, com o nome de Villa de La Purísima Trinidad. 

Está protegida a norte pelas montanhas de Guamuhaya e virada a sul para o Mar das Caraíbas.
As casas, coloridas, têm janelas rasgadas quase até ao chão, 

com grades de ferro que deixam ver o seu interior, adivinhar uma vida familiar e refrescar os seus habitantes.


Ressalta à vista, imediatamente, a grande torre sineira em tons amarelo ocre do Convento de San Francisco de Asís


o mais conhecido edifício de Trinidad, tornado Museu Nacional de Luta Contra os Bandidos desde 1986 (forças contra-revolução que lutaram contra Fidel na revolta de Escambray, serra próxima). Construído em 1813 por monges franciscanos, a igreja foi demolida em 1920, ficando apenas a torre e alguns edifícios próximos.

Na Plaza Mayor
sobressai a Iglesia Parroquial de La Santísima Trinidad
a nordeste da praça, reconstruída em 1892 no local onde existiu outra, chamada Igreja do Cristo da Verdadeira Cruz, destruída por uma tempestade. Abriga uma estátua de madeira do séc.XVIII, "El Señor de la Vera Cruz" que estava destinada a uma igreja de Vera Cruz, no México, mas o navio que a transportava foi levado de volta a Trinidad por três vezes, por causa do mau tempo e só conseguiu chegar ao México depois de deixar a estátua em Trinidad.
Ao lado, o Palácio Brunet, Museu Romântico, com mobílias do séc.XIX, porcelanas e cerâmicas de Talavera de La Reina e cristais da Boémia. Esvaziado pelos seus proprietários que fugiram para a Florida durante a Revolução, o recheio veio do que restou nos palacetes abandonados na região.
A sudoeste da Plaza Mayor, está o Palácio Ortiz

construído em 1809 por Ortiz Zuñiga que mais tarde se tornou prefeito da cidade e que tem uma arquitectura colonial muito bonita, de grande varanda corrida.
O Museu Histórico Municipal que pertenceu à família Borrell, foi construído para um plantador alemão, Kanter ou Cantero, é conhecido por Casa Cantero. Dentro, um interior neo-clássico e do topo da sua torre, tem-se umas belas vistas.

No passeio pelas ruas , entrámos no "Canchánchara", cujo nome vem da bebida típica feita com rum e mel e servida em pequenos copos de barro e onde a música animava com o "Son Trinitário", em 1995.
No dia seguinte, rumámos para VARADERO
enfrentando, de novo, a estrada sem qualquer indicação. Foi aqui que descansámos das andanças por Cuba. 
É uma estância de veraneio para estrangeiros, feita à semelhança de todas as outras das Caraíbas. 

É um mundo à parte que não diz nada do país que acabámos de visitar. Os cubanos que aqui vemos são os privilegiados que trabalham no turismo.
Cuba, é o resto!



8 comentários:

São Rosas disse...

Maravilha... e nem precisei de abrir a janela!

ALCINA FERNANDES disse...

Gostei muito de ver a tua reportagem. Aguardo por melhores dias, para também visitar Cuba.
Obrigada pela partilha.

celeste maria disse...

Visitaram duas Cuba!
O contraste é flagrante.
Apreciei a viagem, pelas imagens, pelas descrições e pela partilha.
Agradeço, mais uma vez.

quito disse...

Mais uma boa reportagem,tanto na parte escrita, como da parte fotográfica.
Embora não conhecendo Cuba com esta profundidade ( apenas estive em Varadero e Havana, embora percorrendo algum território de camioneta) retenho esta afirmação que é bem verdadeira: Varadero não é Cuba. Cuba é o resto.
Obrigado. Gostei

cota13 disse...

Obrigado pela viagem.
Tonito.

olinda Rafael disse...

Pois Varadero nada tem a ver com as Cuba aquela que desejaria visitar....
Acompanhei-vos imaginando que por lá andei convosco e foi mesmo muito agradável!
É muito interessante a vossa predesposição para nos mostrar as maravilhosas rotas que fazem!
Continuem pois eu agradeço.

JORGE NEVES disse...

Muito obrigado por mais este roteiro turístico, que sem sair de casa fica-se a conhecer.
Jorge

Odete Tavares disse...

Lindissimo!!!A foto que anexa do quadro era algo que eu adorava emoldurar....!
Beijinhos!
Odete