Translate my Blog
sábado, 8 de dezembro de 2012
TOLEDO CUENCA E SERRANIA DE CUENCA
POR TERRAS DE DOM QUIXOTE
17, 18 e 19 de Julho de 2012
Parámos em Toledo, a caminho de Cuenca.
Ficou o desejo de voltar, porque ficámos, de certa maneira, insatisfeitos com o curto tempo disponível.
Saímos por Vilar Formoso, seguimos até Salamanca e continuámos até TOLEDO, sempre por auto-estrada, sem gastar um euro em Espanha (auto-via).
Tínhamos apenas uma noite reservada no "AC Ciudad de Toledo", na Carretera Circunvalación de Toledo, o que nos proporcionou panorâmicas magníficas,
circundando a bela cidade, no morro, com o Tejo aos pés, identificando o Alcázar
e a Catedral.
O acesso à cidade, de automóvel particular, só é permitido aos residentes. Por isso, o melhor é deixar o carro no hotel e chamar um taxi.
Os Visigodos transformaram Toledo na sua capital. Na Idade Média, a cidade era um cadinho de culturas (muçulmana, cristã e judaica) e foi nessa altura que se construiu a Catedral, que era o nosso alvo principal.
O taxi deixou-nos na Plaza Zocodover,
onde se realizava o mercado, no tempo dos Mouros. Circundada por edifícios medievais, passámos por ela apressados, porque a visita à Catedral nos levaria muito tempo e há horas para encerramento.
Pelas estreitas ruas medievais, encontrámo-la, no meio do casario, perdendo um pouco a sua monumentalidade!
Na tienda, em frente da entrada principal, adquirimos o bilhete de entrada para dois (16 euros) e os guias-audio que teríamos que entregar até às 18.30h, sob pena de ficarmos sem os BI! Não tínhamos muito tempo.
Recomendo pelo menos 2 horas, se se quiser ver com atenção, ouvir e fotografar. Só tínhamos uma hora e vinte minutos!!!
Consagrada à Virgem Maria
na sua Assunção aos Céus,
começou a ser construída em 1227, a mando de dom Rodrigo Jiménez de Rada. Estilo Gótico de influência francesa, tem 120x60 metros, 5 naves sustentadas por 88 colunas e 72 abóbadas.
Não me lembro de ter lido nada a cerca disso, mas tenho a imagem do El Cid a cavalo dentro da catedral (...) e, por isso, imaginava-a mais ampla.
A Capela-mor tem um majestoso retábulo de madeira policromada dourada.
É um exemplo do mais sumptuoso Renascimento Espanhol, como uma filigrana de madeira.
Na abóbada da Sacristia, um grandioso fresco de Lucas Jordán
representando a descida da Virgem na imposição da casula a San Ildefonso, com auto-retrato do autor na última janela, do lado esquerdo (figura com óculos...). Ao fundo, "El Expolio" de El Greco.
El Greco, nascido em Creta, foi para Toledo em 1557 e ficou, encantado com a cidade, pintando retratos religiosos e retábulos para igrejas,
e aqui morreu em 1614. Quadros de de El Greco, Caravaggio, Ticiano, Van Dick, Goya, podem ser admirados na Sacristia, bem como vestimentas litúrgicas
realizadas em Toledo entre os séculos XV e XVII.
No Coro, o interessante cadeiral,
com as misericórdias com relevos.
Chamam-se misericórdias porque tinham pena dos monges, apoiando-lhes os traseiros quando tinham que se manter de pé muitas horas, a rezar... A Virgem Branca,
de Domingo Céspedes, executada entre 1541 e 1548, destaca-se.
O Transparente, para mim, é a obra-prima da Catedral.
Ilumina o exemplo de maior relevo do Barroco Espanhol, instalado nas costas do altar-mor, um retábulo de mármore espanhol e genovês representando a Apoteose do Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
É uma janela oval,
rodeada pelos Arcanjos,
rasgada na abóbada da Girola, onde se celebra a Glória de Todos os Santos. Obra de Narciso Tomé faz sobressair a escultura da Virgem e do Menino.
A Capela de Santiago, com os túmulos de dom Álvaro de Luna e sua mulher dona Joana Pimentel, a Capela de San Ildefonso,
octogonal, a Sala Capitular, Gótico Flamejante e Mudejar, são locais de paragem.
Ainda visitámos o Museo Sefardi,
criado em 1964 e instalado na Sinagoga del Tránsito, edifício que os Reis Católicos outurgaram às ordens militares de Calatrava e Alcântara, convertendo a antiga sinagoga em templo cristão, arquivo e lugar de enterramento dos cavaleiros cristãos. Hoje museu, tem como objectivo conservar o legado e história da cultura judaica e sefardi desde a época romana até à sua expulsão pelos Reis Católicos em 1492.
À Igreja de São Tomé
e ao Museo El Greco
já não foi possível a visita.
Passeando pelas estreitas ruas, voltámos à Praça Zocodover, onde jantámos.
A estátua de Cervantes mereceu fotografia.
Iríamos descobrir alguns dos seus percursos através de Dom Quixote!
Saímos cedo de Toledo e, a poucos quilómetros de Cuenca, apareceu a indicação de SERRANIA DE CUENCA - Ciudad Encantada - 36 km.
Por estrada serpenteante com profundos desfiladeiros, encontrámos o primeiro miradouro sinalizado, a fantástica Ventana del Diablo,
que é uma janela esculpida num rochedo, sobre uma garganta escavada pelo rio Júcar, perto de Villalba de La Sierra.
A 1500 metros, encontrámos a Ciudad Encantada, um percurso de cerca de 3km, que se faz em cerca de hora e meia, a pé, numa cidade esculpida pela água, vento e gelo durante milhares de anos.
O Tormo Alto,
é o símbolo da cidade. Caminhando, vamos encontrando as formas mais fantásticas, entre elas, Los Barcos,
El Mar de Piedra,
Lucha Elefante y Crocodrilo,
Los Amantes de Teruel!...
A fome já apertava e aventurámo-nos, ali mesmo, num "imperador grelhado".
Na chegada a CUENCA, não foi fácil encontrar o hotel "Alfonso VIII". Depois de acomodados, largámos o carro num estacionamento próximo e, de mapa na mão, contornámos o rio Huécar, pela Calle de Los Tintos.
A cidade vem do tempo dos Muçulmanos e ganhou a sua riqueza graças aos têxteis... e as pinturas dos tecidos era artesanal, à beira da água que ficava tingida.
E subindo ladeira bem íngreme, chegámos à Puente de San Pablo
com o Convento de San Pablo, à direita, onde está instalado o Parador de Turismo.
Da ponte, dá-nos a vertigem da altura.
E, ao fundo, não sabendo onde termina a rocha e começa a mão do homem, aparecem as famosas Casas Colgadas, do séc.XIV, usadas pela Família Real como casas de Verão.
Glaciares e cataclismos anteriores à Humanidade, esculpiram o morro e o homem aproveitou para fazer arte e arquitectura.
Muito calor! E muito cansaço. Depois da manhã na Cidade Encantada e da subida à zona histórica, soube bem uma bebida fresca ao lado da Catedral, junto do Palácio Episcopal.
A bela Catedral, de estilo Gótico Espanhol, do séc.XVIII,
está virada para a Plaza Mayor.
A Plaza Mayor
é o coração da cidade antiga, com as suas arcadas com cafés, restaurantes e lojas de artesanato.
Ao fundo, a descer, a Câmara Municipal,
do séc. XVIII, barroca, onde começa a rua mais importante, Calle Alfonso VIII
que, com o seu casario, é Património da Humanidade.
No início da rua, passando as arcadas do Município, à direita, fica o Convento das Carmelitas Descalças.
Subindo umas escadinhas, chegamos à Plaza de La Merced com o convento das freiras enclausuradas.
E, ao fundo, a Torre Mangana
que vigia do alto da cidade e é o que resta de uma fortaleza árabe do séc.XVI.
A cidade é feita de ladeiras, escadinhas e pequenos recantos que temos que descobrir, sempre a pé.
E a descoberta leva a lugares inesperados.
A Igreja de Santo André
fica ali num pequeno largo desnivelado, com a Torre de Santo Domingo.
E na Plaza El Salvador,
a Igreja do Salvador, com a sua torre inconfundível
e o seu belo portão de bronze.
E, sem darmos conta, fomos descendo e estávamos na Puerta Valência e, de novo, na Calle de los Tintos.
Comprámos ameixas, a caminho do hotel, descansámos um pouco e jantámos na Calle de San Francisco, cheia de esplanadas onde os espanhóis cumprem o ritual antes do jantar. Mas, para nós, a hora do jantar já era e deliciámo-nos com tapas de presunto e bebidas frescas.
Cedo, de manhã, fomos à procura da ROTA de DOM QUIXOTE.
Em La Mancha, encontra-se sempre um castelo por perto, na sua maioria construídos entre os séculos IX e XII, quando a zona era um campo de batalha entre Cristãos e Mouros.
A paisagem é uma extensão enorme de campos de girassóis!
Parámos em Belmonte, onde viveu Frei Luís de Léon, o maior poeta lírico espanhol. À entrada, o primeiro sinal de Dom Quixote na escultura da praça.
Antes de entrar na cidade velha, a bela porta
encimada por um original Crucificado,
Pelas ruas medievais, chegámos à Iglesia Colegiata de San Bartolomeo,
edifício gótico construído sobre a antiga igreja visigótica do séc.V, a pedido do primeiro marquês de Villena, dom Juan Pacheco. A Puerta del Sol,
ladeada por dois pináculos góticos, é um arco ogival inscrito dentro de um trevo gótico florido. A Porta dos Perdões,
ocidental, com três arcos geminados e recesso em que o tímpano tem a figura de São Bartolomeu a conceder o perdão aos penitentes.
O Castelo
foi mandado construir em 1456 por Juan Pacheco. No séc. XIX, Eugenia de Montijo executou a maior reforma. Pertenceu aos Dominicanos, às Juventudes Falangistas e, actualmente é propriedade da Casa Ducal de Peñaranda, descendente da Duquesa de Alba, irmã da Imperatriz Eugenia de Montijo.
É um palácio-fortaleza
ou residência fortificada,
de estilo Mudejar e está decorada à época, mostrando como se vivia, com quartos de dormir
e de "toillete", latrinas
e salas de receber. E belas janelas trabalhadas, cheias de símbolos, animais, figuras lendárias e plantas.
Rodeado por uma muralha com porta de entrada no edifício de onde se tem uma panorâmica sobre a cidade.
A visita custa 8 euros.
Almoçámos em El Toboso, bem e barato em restaurante simples.
A hora do almoço foi má opção porque tudo fecha às 14 horas e só reabre às 16.30 horas!!! Grande siesta fazem Nuestros Hermanos!
Fotografámos o exterior do grande Convento de Las Trinitarias,
de planta rectangular, do séc.XVII.
No Museo Cervantino,
o funcionário, simpático, confirmou-nos que tudo estava "cerrado" até às quatro e meia da tarde. Com pena, não vimos a interessante exposição de edições em diversos idiomas de "Don Quijote de La Mancha".
O Monumento a Dulcinea
está na Plaza Juan Carlos: Dom Quixote, de joelhos, declara-se à sua amada, com a igreja por trás.
A aldeia dorme.
Passámos em frente da Casa de Dulcinea,
com pena por não poder entrar e ficar a conhecer uma típica casa manchega, com o seu pátio interior, que fotografei ao lado, num restaurante...
mas não era bem o que eu queria. Esta casa-museu era a residência de um fidalgo que conserva parte da sua estrutura original, do séc.XVI. Pertenceu a uma das mais ilustres famílias de El Toboso, Martinez Zarco de Morales. Segundo a tradição, na época cervantina, foi habitada por dom Esteban e doña Ana, sua irmã, que inspirou a personagem da "sin par" Dulcinea de El Toboso: Sabreisme decir, buen amigo, que buena ventura os dé Dios, donde son por aqui los palácios da sin par Dulcinea de El Toboso? - Don Quijote de La Mancha, II, 9.
Em Campo de Criptana fotografámos
o Santuário da Santa Virgem de Criptana
e, nas bombas de gasolina, ensinaram-nos o caminho para a Sierra de Los Molinos.
Neste ponto, eles avistaram 30 ou 40 moínhos de vento que estavam de pé na planície. - Dom Quixote de La Mancha, VIII.
No Cerro da Paz, restam 10 do grande número de moinhos e em 1978 foram declarados Monumento Artístico, sítio de Património Cultural.
Continuando pela planície, rodeados de campos cheios de matizes,
chegamos a Consuegra.
De origem romana, no sopé do morro Cerro Calderico, no topo do qual está o castelo,
de origem árabe, destruído por Napoleão Bonaparte e os Moinhos, continuando a lenda do sonhador louco de La Mancha.
Voltámos a Cuenca, deixámos o carro na garagem e, de taxi, voltámos ao Casco Antigo, descobrindo novos pormenores, novos recantos.
E voltámos a descer até à Calle de Los Tintos,
Parque de San Julián
e Calle de San Francisco, onde fomos surpreendidos por uma manifestação contra cortes do Governo na saúde. Pacificamente, com cartazes e palavras de ordem, 6 000 pessoas (dados oficiais) manifestavam o seu descontentamento.
Numa cidadezinha de 50000 habitantes, é surpreendente.
Também não estão bem, nuestros hermanos!
Etiquetas:
Espanha - Cuenca,
Espanha - Serrania de Cuenca,
Espanha - Toledo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
25 comentários:
Maravilha. Vai ser uma nossa próxima viagem.
Adoro suas viagens!!!! Você e a Daisy me fazem sonhar!!!! :))
Adorámos! Magnífico trabalho! As fotos são espectaculares, as descrições fazem-nos viver o vosso passeio...ficámos rendidos. Será que provaram o melhor queijo de Espanha, o queijo de Cuenca?
Marinela, Comemos um magnífico queijo, numa esplanada, na calle de S. Francisco, mas não sabemos se seria de Cuenca!
Emiliana, obrigado! É bom saber que gostas.
São Rosas, faz esta viagem que não te arrependes. Com a vantagem de não ser assim tão longe!
Mais uma maravilha!!
Foi muito bom recordar Toledo e fiquei com uma vontade enorme de ir a Cuenca. Não sei quando poderá ser, mas está na lista.
Beijinhos aos dois e, mais uma vez, obrigada pela partilha.
Finalmente,locais que revi por lá ter andado, há poucos anos...
A descrição e fotografias avivàram-me a memória.
Mas sem ter visitado estes locais com a vossa boa característica de viajantes que sabem bem o que querem...
Obrigado por mais esta viagem.
Obrigado pelo passeio
BJsssss aos dois
Lindo, principalmente por ver que vocês os dois sabem viver e partilhar. Obrigada!
Já fui viajar... Lindíssimo. Obrigada!
Já vi. Adorei. Bem hajam por partilharem.
Excelente! Julgo que melhor nāo haverá! Muito obrigado pela partilha. E...assim vamos dandy a volta ao Mundo....
Abraço.
Me gusta!
Imponente e lindo!
Adorei rever esta matéria!
Em 2005 fizemos uma viagem por estes lugares que me maravilharam e agora com a nossa Daisy a servir de guia revivi tudo e senti alguma saudade.
Obrigada pela partilha.
Um beijo grande para os dois.
Lili
Adorei rever esta matéria!
Em 2005 fizemos uma viagem por estes lugares que me maravilharam e agora com a nossa Daisy a servir de guia revivi tudo e senti alguma saudade.
Obrigada pela partilha.
Um beijo grande para os dois.
Lili
Muito obrigado por mais um belo passeio, sem sair de casa.
Jorge
Uma grande lição de História, documentada de forma magnífica e com fotografias de classe!
Bolas, cada vez vos aprimorais mais!
A Catedral de Toledo é, para mim, das mais bonitas!
Amigos Daisy e Alfredo, continuai a deliciar-nos.
Até que enfim posso dizer "também conheço !"
Nous adorons voyager en votre compagnie et redécouvrir des lieux magnifiques que nous avons visités trop vite et trop superficielllement il y a déjà longtemps.
Merci pour les très belles photos de Alfredo et les commentaires très intéressants de Daisy. Nous attendons avec impatience et un grand intérêt votre (ou notre!) prochain voyage.
Mario et Marie-Thérèse Ferriere
Alfredo, é realmente imponente esta ponte e a sua altura.Valeu a pena o esticão a CUENCA é muito giro!
Lindo, lindo, gostei muito.
mui bonito, per supuesto!!!
Brilhante.
Beijinhos e obrigada pelo envio.
Ana
Enviar um comentário