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segunda-feira, 23 de maio de 2011

TOSCANA 4 - Siena, Monteriggioni, Montalcino, San Quirico D'Orcia, Pienza, Montepulcino, Castiglione del Lago

21, 22, 23 Setembro 2010


Às 15.15 horas de 21 de Setembro 2010, estávamos a enfrentar a multidão de turistas em Siena.
Estacionámos num parque coberto e fomos subindo até Il Campo
Siena é uma cidade gótica, construída em tijolo, em contraste com o mármore renascentista de Florença.

Foi fundada pelos etruscos e, depois, tornou-se a romana Saena Julia. Cresceu até se tornar uma república na Idade Média e no século XIV era uma das cidades mais importantes da Europa,
um polo de actividade bancária. Com a peste negra, em 1348, a sua população passou de 100.000 para 30.000 habitantes. Em 1557, tornou-se parte do grão ducado da Toscana dos Médicis.
Na nossa caminhada, passámos pela Loggia della Mercanzia,
construída em 1417, a arcada onde os mercadores e cambistas negociavam. Tem uns belos frescos nos tectos

e esculturas exteriores.
Entrámos no Il Campo por uma viela estreita e íngreme. Vindos da sombra, o Campo apareceu-nos, luminoso, numa enorme praça em concha, com o Palazzo Pubblico à frente.

É este o cenário (duas vezes por ano, a 2 de Julho e 16 de Agosto) da emocionante corrida de cavalos (em pêlo) do Pálio. Os preparativos e as celebrações duram uma semana. No dia da corrida, pode ficar-se de pé no centro do Campo, de graça,


ou comprar um lugar sentado (com meses de antecedência) em qualquer loja da praça. Antes da corrida, de 90 segundos, os "sbandieratori" exibem-se lançando as bandeiras de cada distrito (Terzio). A corrida do Palio faz-se desde a Idade Média, em honra da Virgem Maria.
O pavimento da praça
é dividido em nove segmentos em honra do Conselho dos Nove, o sistema de governo medieval, e representando as pregas do manto da Virgem. Tem a forma de concha, avermelhada, com uma inclinação suave, rodeada de palazzi quase todos dos séculos XIV e XV, como o Palazzo Pubblico,
no lado sudeste, com a Torre Mangia ao lado.
Esta, foi construída entre 1338 e 1348 e ergue-se a 97 metros acima do Campo. Foi construída como campanário cujo sino assinalava as horas de trabalho, durante o dia, aos cidadãos. O nome remonta ao primeiro vigia (sineiro), Giovanni di Balduccio, a quem foi dada a alcunha de "mangiaguadagni" ("comedor de ganhos"). São 388 degraus até ao cimo.
O Palazzo Pubblico ainda serve o município, mas os salões de cerimónia estão abertos ao público.
A Fonte Gaia,
renascentista, é constituída por um tanque rectangular de mármore, decorado com estátuas, na parte mais alta do Campo. Os relevos são cópias dos originais de Jacopo della Quercia (1409-1419), que foram retirados para impedir a corrosão.
A Capella di Piazza,

uma graciosa arcada de pedra na base da Torre del Mangia, foi encomendada em acção de graças no final da peste negra, em 1348.
Continuámos a subir, seguindo a indicação de "Duomo", na expectativa do contacto directo com a obra que conhecíamos dos livros.
O Duomo,
de estilo predominantemente românico e gótico, tinha, no séc. XII, no período de maior riqueza de Siena, mais ou men os as mesmas dimensões que tem hoje. No séc. XIV, foi construído o Battisterio,
na encosta, por trás da catedral.
Fizeram-se planos para reorientar a Catedral, construindo uma nave, enorme,
no sentido norte, virada para o Campo (por onde entrámos), mas a peste negra pôs termo à prosperidade de Siena e o projecto ficou interrompido.
O Duomo é um dos mais espectaculares de Itália.
A pedra preta e branca usada na sua construção, foi transportada das pedreiras até aos subúrbios da cidade por muitos dos seus habitantes.
A fachada foi construída em duas partes: as portas, de 1284 a 1297 e o resto de 1382 a 1390. O símbolo
solar, por cima da porta do meio, aparece por desejo de São Bernardino de Siena (1380-1390) para que acabasse o derramamento de sangue e rivalidades, substituindo os emblemas da sua contrata por uma união sob o símbolo de Cristo ressuscitado.
A fachada, de Giovanni Pisano, com as suas altas janelas góticas, é decorada com esculturas, gravuras e mosaicos.
O Campanário,
em pedra branca e preta, com janelas, data do séc. XIII.
Pelas ruas estreitas da cidade medieval,
regressámos ao estacionamento e depois ao "Castel Bigozzi" a tempo de ver o pôr-do-sol no olival, junto à piscina.
Na manhã do dia 22, despedimo-nos do nosso castelo e fomos visitar a povoação, Monteriggioni,
inteiramente cercada por muralhas medievais, cujas 14 torres Dante comparou aos Titãs que guardam o nível inferior do Inferno.
Foi fundada por Siena em 1203 para defender dos fiorentinos o lado norte da cidade. As muralhas acabaram por ser destruídas em 1224 pelos fiorentinos invasores e reconstruídas entre 1260 e 1270. Têm duas portas, uma virada para Siena e outra para Florença.
Passando a Porta Romea ou Franca,
virada para Siena, entramos numa praça larga,

com igreja românica.
Seguimos para Montalcino,
cidade no alto de uma colina, no coração de uma das regiões vinícolas mais importantes da Toscana, produzindo os vinhos tintos "Barolo" e "Brunello".
Entrando pelas ruas estreitas,
desembocámos na Piazza del Popolo,
praça principal da cidade, onde se encontra o
Palazzo Comunale
(Câmara Municipal), construído em 1292.

Mais acima, encontra-se a Piazza Garibaldi,
para onde dá o Palazzo Comunale e o Museo Civico e várias esplanadas. Subimos em direcção ao Duomo San Salvatore,
que foi projectado por Agostini Fantastici em 1818 e substituiu a igreja românica.
Fomos descendo a Costa Spagni
e a Viale Roma, onde tínhamos deixado o carro.
À saída, fotografámos a Robusta Fortalezza
e as suas muralhas que Cosimo I construiu em 1571.
Ainda parámos para fotografar a colina, ao longe.

San Quirico d'Orcia
já fica a 10 quilómetros de Pienza, o nosso destino final para o dia.
Ficava na rota da peregrinação para Roma e por isso o seu crescimento económico, visível nas belas casas medievais.
Estacionámos junto às muralhas e subimos, seguindo a indicação de "Centro storico", pela via del Chiasso.
Na Piaza della Libertá,
encontrámos a igreja dedicada a San Francesco, com a Porta Nuova e o Horto Leonini,
um jardim clássico à italiana, à esquerda.
Saindo a Puorta Nuova,

faz-se uma bela fotografia, aproveitando a catapulta gigantesca virada para a cidade.
A fome apertava e encontrámos um agradável alpendre
na "Trattoria al Vechio Forno",
na via Piazzola, onde comemos muito bem.

Na Piazza Chigi,
encontramos a Collegiata (via Dante Alighieri), construída sobre a antiga igreja paroquial, do séc.VIII. Dedicada a San Quirico (séc. III) que dizem ter sido morto aos 8 anos de idade por se ter declarado cristão. O "Portale di Mezzogiono",
portal sul, é em estilo românico, embora com algo gótico atribuído a Pisano. Com o seu alpendre saliente apoiado em colunas com pormenores de dragões, sereias e outras figuras fantásticas.


No Palazzo Chigi, próximo da Collegiata, em frente ao Palazzo Pretorio, construído na segunda metade do séc. XVII para o cardeal Flávio Chigi, funciona um centro cultural, o Paço artístico Val d'Orcia.
A encantadora igreja de Santa Maria Assunta
é uma pequena igreja românica já mencionada numa bula papal de 1017, com um portal simples, campanile e abside modestos.
Em frente, o Ospedale della Scalla,
o hospital do séc. XII que ofereceu abrigo aos peregrinos e viajantes. No pátio, um alpendre com três elegentes colunatas.

Percorremos a bela paisagem do Val d'Orcia,
que é Património da Humanidade desde 2004, até ao nosso hotel, o "Cerreto",
uma casa tradicional, localizada ao longo da rede antiga de pequenas estradas estabelecidas pelos monges Olivetan. O caminho é descrito pelo papa Pio II (fundador de Pienza) após ter ido para Sant'Anna in Camprena, durante a segunda metade do séc. XV. A quinta
foi construída por pedreiros locais nos séculos XVIII e XIX e tem oliveiras centenárias. A nossa área de habitação é composta por dois quartos com as respectivas casas de banho e uma grande cozinha rural onde combinámos que nos deixarão um cesto com o pequeno-almoço, amanhã, às 9 horas da manhã.
De chaves na mão, rumámos a Sant'Anna in Camprena
para visitar um mosteiro beneditino do séc. XIV. Aqui foram filmadas algumas cenas de "O Paciente Inglês" com Juliette Binoche e Ralpf Fiennes.
Seguindo o Viale Don Fernaldo Flori, ladeado por altos ciprestes,
entrámos no mosteiro
e fomos visitar o Refeitório com frescos lindíssimos de Giovanni Antonio Bazzi (1503),
retratando cenas da vida de Jesus e Maria, a que deu o nome de "Sodoma".

Seguimos depois para Pienza
 
que fica situada numa região de suaves colinas, no canto sudeste da Toscana.
Serviu de berço a Eneias Sílvio Piccolomini (1405-1464) que se tornou papa em 1458 com o nome de Pio II.
O centro da cidade foi completamente replaneado no renascimento por Pio II que queria transformar a sua cidade natal numa urbe renascentista. Foi o arquitecto Bernardo Rosselino encarregado da transformação da cidade mas, entretanto, o papa Pio II morreu e apenas foram construídos meia dúzia de prédios à volta da Piazza Pio II.
Entrámos pela via Guglielmo Marconi,
encontrámos a bonita Piazza di Spagna,
com as suas varandas e janelas floridas e um simpático idoso confirmou o nome da praça.
Entra-se depois na Piazza Pio II,
com o Duomo e uma bela igreja renascentista, também o Palazzo Piccolomini
que serviu de residência aos descendentes do papa Pio II até 1968. Das escadas do Duomo, vemos a Piazza e o Município de Pienza (retro-gótico).
No Corso Rosselino, a rua principal,
o cheiro a queijo (queijo Pienza) sai das suas lojas pejadas deles e de vinhos.
Passeando pelas muralhas, apreciámos as belas paisagens do Val d'Orcia,
com o monte Amiata, a montanha que faz parte de um vulcão extinto, com 1738 metros, com forma de pirâmide. E depois do pôr-do-sol e de um jantar ligeiro, conseguimos encontrar o "Cerreto" no meio da escuridão e das oliveiras.

De manhã, às 9 horas, abrimos a porta da grande cozinha e tínhamos um cesto de piquenique

à nossa espera:
2 termos de café, 1 de leite, 1 cestinho de pão e outro de doces secos, um frasco de compota de alperce Cerreto, manteiga e açúcar.

Metemo-nos à estrada até Montepulciano. A Abadia de San Biaggio,
na paisagem, do lado de fora das muralhas de Montepulciano, um dos edifícios renascentistas mais harmoniosos da Toscana, encomendada por Antonio de Sangallo.
Montepulciano
é uma das cidades mais altas da Toscana, construída ao longo de uma crista estreita, com vielas íngremes e sinuosas a partir da rua principal, central.
Na via di San Donato,
tomámos o pior espresso da viagem! Seguimos até à Piazza Grande,
rodeada por palazzi de Sangallo e pela
Catedral (Duomo)
dedicada a Maria SS. Assunta in Cielo, com um tríptico dourado

que é uma obra-prima gótica de Taddeo di Bartolo (1401).
Também na Piazza Grande se encontra o
Palazzo Comunale,
do séc. XIII, com grande semelhança com o Palazzo Vechio de Florença.
Seguimos pela via Ricci Già della Mercanzia e entrámos no pátio do Palazzo Ricci, onde se ouviam árias de Puccini e de onde fotografámos a paisagem, os telhados e a Abadia di San Biaggio.
Passámos ao lado do Palazzo Comunale, subimos até ao Convento de San Francesco,
que passaria despercebido nas suas linhas simples e, pela via Tolosa, entrámos no Palazzo Riccio para ver os claustros e os frescos.
Continuámos pela via Florenzuola Vechia, ao lado esquerdo da Catedral, fotografando uma Madonna com o Menino apanhando flores, em terracota vidrada.
Decidimos visitar os arredores do Lago Trasimeno, que já não faz parte da Toscana, mas que ficava perto (...).
Castiglione del Lago
surgiu como uma pesada fortaleza, com o lago ao fundo, na paisagem.

Entrámos pela Porta da via Florentina até à praça principal.
Pela via Vittorio Emanuel, antiga via del Mercato,

vêem-se pequenas lojas

com os produtos da região: várias qualidades de grãos,
queijos, presuntos e salames.
Depois do almoço ( junto à porta para Siena), e descendo até à porta para Florença, encontra-se a igreja barroca S. Maria Maddalena, com muita luz, uma bela cúpula e frescos.
Perto das quatro horas da tarde,
Cortona
aparece-nos numa encosta do Monte Egídio, com as suas ruas medievais muito íngremes.
Subindo, encontramos a igreja S. Maria della Grazie,
renascentista, uma das poucas obras que ainda restam de Francesco Giorgio Martini (1439-1502).
Santa Maria Nuova,
fica um pouco abaixo na colina, vindo da Porta Colanja.
Na Piazza Signorelli,
está o Teatro Signorelli
e na Piazza della Republica,
o Palazzo Comunale,
do séc. XIII, com a sua torre do relógio e uma grande escadaria.
O Museo della Accademia Etrusca, está no Palazzo Casali, do séc. XIII.
Pela via Nazionale, de novo, até ao Duomo, os becos típicos (Vicolo Corazzi, Vicolo della Note, ...).
O Duomo, de Giugliano Sangallo,
estava em obras. Destaca-se a torre quadrada.
Chegámos a Pienza ainda a tempo do magnífico pôr-do-sol, na Passajata.






*****

16 comentários:

São Rosas disse...

Quem é que diz que é Tosca, a Ana?!

Saint-Clair Mello disse...

Como sempre, fotos maravilhosas, com texto enxuto. É um grande prazer acompanhá-lo nessas viagens!

Olga disse...

Queridos amigos, que belas fotos e que maravilhosos textos tão elucidativos, que quase nos transmitem a sensação de que viajamos convosco.
Um grande abraço.
Olga

Jorge Castilho disse...

Caríssimo Alfredo
Muito obrigado por mais esta "viagem", como sempre com belíssimas imagens.
Fraterno abraço!
Jorge

Ana Isabel disse...

Esta é verdadeira lowcost!!!!!! Viajar sem pagar um cêntimo:)

São Rosas disse...

As companhias low cost que se cuidem: Nós temos a AlfreDaisy - Companhia No Cost

Anónimo disse...

Alfredo,
Esta zona de Itália é fabulosa, a reportagem uma maravilha, parabéns.
Grande abraço.

Luís e Fátinha

Anónimo disse...

ASSUNTO.
Um Abraço.
Tonito.

olinda Rafael disse...

Arriverdeci(?)Toscana!
Arquitectura bela e bem explanada pela Daizy e lindas fotos do casal
mais viajado que eu conheço.
Ora foi bom o passeio como já é habitual...

lili disse...

Meus Queridos:
Obrigada por mais esta viagem.
É sempre um prazer passear convosco.
A região é muito bonita e com estes "guias" sabe mesmo bem este passeio.
Um beijo
LILI

Dina Sebastião disse...

Tão linda a fachada da casa.
Beijinhos e saudades
Dina

Maria Julia disse...

Mais um encantamento...

As fotos e a narrativa historial espantosa.


Parabéns Alf e Daisy.

Beijokinhas.


Jújú

celeste maria disse...

Já cheguei, finalmente!
A viagem foi longa e era necessário apreciar os detalhes.
Ai, a doce Itália tão bem retratada!!!

Obrigada ao casal Moreirinhas.

Odete Tavares disse...

As fotos e o relato são, em si, uma viagem deliciosa!
Adoro estes nichos antigos, as casas de pedra, a natureza que pouca intervenção tem da mão do Homem!
A Toscana é História, é o passado que se juntou ao presente!

CASCATA DE LUZ disse...

Queridos Daisy e Alfredo ,

Depois de ler os comentários atrás, que mais posso acrescentar ?
Está tudo dito.

Parabéns pela reportagem .

Beijos e abraços da

Jane

Hildegard Herrmann disse...

Que viagem!Adorava fazê-la.
Mas já visitei Siena e Castiglione del lago.
Fiquei uns dias perto em Cittá della Pieve para ver o Palio.
Uma pequena cidade medieval giríssima.
Gosto muito das vossas fotos.
Continuem a enviar. Beijinhos Hilde