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sábado, 9 de janeiro de 2010

KONYA E ANTALYA

KONYA e ANTALYA
Turquia - Outubro 2009

KONYA


É a cidade mais conservadora da Turquia, com forte influência islâmica.
Fica no meio da estepe da Anatólia, numa planície alta.
Foi capital seljúcida no século XII e é a 7ª maior cidade da Turquia.
O hotel onde ficámos, o "Rixos" é muito bom e a sua porta de entrada, muito original, simula o rodopiar dos derviches. Daí, partimos à descoberta da cidade.


No parque Aladino (Alaeddin Park), no cimo do monte, rodeada de jardins e esplanadas, visitámos a Mesquita Alaeddin, de 1220, que deve o seu nome ao arquitecto que a projectou, Alaeddin Keykubad, o maior arquitecto dos sultões seljúcidas. Não tem uma cúpula central como as mesquitas otomanas


(cujo exemplo mais belo é a de Santa Sofia, a Mesquita Azul, de Istambul).Tem um belo Mihrab de azulejos seljúcidas e um Mimber de madeira esculpida e, de resto, é muito minimalista, sem qualquer outro adereço.


Por fora, parece uma fortaleza.


A pé, descemos os jardins e passámos por uma construção modernista, em cimento, que protege restos da antiga muralha.


E dirigimo-nos ao Seminário do Minarete Estreito, uma antiga madrassa seljúcida construida entre 1258 e 1279 e que foi aberta ao público em 1956 como Museu da Pedra e da Talha.


Este museu tem várias pedras com animais esculpidos e também figuras humanas e peças em madeira. 
Deambulámos ainda por algumas ruas, fotografando a arquitectura urbana. Uma casa otomana, numa das esquinas, típica, com os seus três andares


e as varandas salientes, habitada pela classe média. Em frente, uma pequena livraria que, infelizmente, só tinha livros escolares.


Simpáticas esplanadas vêem-se nesta zona, servindo o típico café turco, cheio de borras.

E uma espécie de carruagem de madeira, dentro da qual vislumbramos o que poderá ser um fogão, para confecção de alimentos, provavelmente para servir na esplanada...


De autocarro, dirigimo-nos ao Museu Mevlâna ou dos Derviches Rodopiantes.
O fundador desta seita, Celaleddin Rumi ou Mevlâna, no século XIII, desenvolveu uma filosofia de união espiritual e amor universal e é visto como um dos maiores místicos do Mundo Islâmico.


A "Sema" ou cerimónia rodopiante, é essencial à prática dos derviches, composta por várias partes com diversos significados, sendo o amor o tema principal e funcionando a dança como uma ascensão espiritual do Homem ao Amor Divino. O rodopio é o climax da "sema", entrando os bailarinos num transe de perfeita união com Deus.


O museu é um acrescento do pavilhão derviche original e dentro tem o rico túmulo de Rumi com caligrafia dourada a adornar as paredes em redor da urna. Também um salão cerimonial com livros e outros documentos e testemunhos e uma caixa de madrepérola onde se diz que está a barba de Mevlâna.


No exterior, a bela Fonte das Abluções, usada no ritual de lavagens antes das orações. Num outro edifício, retrata-se, com manequins, o dia-a-dia dos iniciados.


Depois do almoço, foram cerca de quatro horas até Antalya, por uma paisagem de montanha, o Taurus, que tem alguns picos a mais de 3.000 metros e é a região mais selvagem da Turquia.  Belas formações rochosas em camadas sobrepostas que, aos poucos, se vão enchendo de verdes, amarelos e vermelhos.






ANTALYA


No dia seguinte, às 9 horas, estávamos prontos para conhecer Antalya, localizada à beira do Mediterrâneo.
Antiga Attaleia, foi fundada pelo rei Átalo II em 159 a.C. Prosperou nas épocas romana, bizantina e seljúcida, caindo sob o domínio otomano em 1390.
Até Perge, fomos falando da Turquia e dos turcos. Às vezes, penso que o nosso guia não nos diz toda a verdade... mas as nossas culturas são, efectivamente, muito diferentes! Diz o Murat que, para os turcos, a coisa mais importante na vida, é o dinheiro (e não acredita que, para nós, o não seja também. Considera que seremos um pouco hipócritas...). Afirma-o muitas vezes e estou convencida de que, para ele, o é mesmo!...

Vendedora de rua

Os turcos nunca inventaram nada. Por isso não poderiam ter um Prémio Nobel na área da Ciência. Têm um Prémio Nobel da Literatura, em 2006, Orhan Pamuk ("O meu nome é vermelho" e "A cidadela branca", fazem parte da nossa biblioteca).


Foi Portugal que começou a preparar a queda do Império Otomano, quando Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Ìndia, acabando , assim, com o monopólio das especiarias para a Europa, que era a sua principal fonte de riqueza.
O dia-a-dia de trabalho de uma aldeia turca começa com o pequeno-almoço preparado pela mulher. O marido vai levá-la ao campo, voltando para jogar as cartas com os amigos. Vai buscá-la para almoçar em casa o que ela ou a filha já deixaram preparado. O marido volta a levá-la ao campo para trabalhar e regressa ao café para confraternizar com os amigos. E a cena repete-se à noite. Anedota? Que não. É mesmo assim. Enfim!...
Chegámos a Perge, a 18 quilómetros de Antalya, cidade muito rica que decaiu na época bizantina e foi completamente abandonada no século VII.
Visitámos, primeiro, o grande Stadium para cerca de 15.000 pessoas, onde decorriam espectáculos com gladiadores, cristãos e leões.


Pensa-se que foi fundada pelos gregos pouco depois da Guerra de Tróia, conquistada por Alexandre e, mais tarde, ocupada pelos Romanos.


Fotografámos vários frisos com decorações preciosas, em mármore.
A porta mais antiga da cidade é marcada por duas torres helénicas, em ruínas, mas muito bonitas.


Esta, é precedida por uma outra, romana.
Visitámos as Termas, o mercado (Ágora), as lojas (reconhecem-se as marcações dos espaços comerciais, à esquerda...).
No centro da praça rectangular de colunas, está um edifício redondo: o lugar da Deusa da cidade.
Continuando, dirigimo-nos à alameda principal que era ladeada, à esquerda, por um grande canal que encaminhava as águas que vinham do outeiro da Cordilheira de Toro e forneciam a cidade e os banhos, ao mesmo tempo que refrescavam a avenida.


Continua-se a fazer explorações arqueológicas e reconstruções de uma forma mais ou menos aleatória. As colunas, que eram de mármore na sua origem, são, agora, de cimento.

Conversa de Gigantes

A política de subsídios para estas explorações, é um pouco estranha. Segundo o guia, o Estado só subsidia se se encontrar alguma coisa... Assim, os sarcófagos abundam porque... têm sempre alguma coisa.
Almoçámos no "Rasya Otel", com a brisa do Mediterrâneo a amenizar o calor do sol escaldante. Bom peixe grelhado.
Fotografámos a bela cascata que cai directamente no Mediterrâneo, com o arco-íris a colorir a espuma branca.


De regresso ao "Paraíso Verde", refrescámo-nos nas águas mediterrânicas,


com areia escura e saboreámos um belo pôr-do-sol na companhia de amigos novos.


No dia seguinte, depois da visita às jóias (a Turquia produz joalharia para as principais marcas internacionais), entrámos no Museu Arqueológico de Antalya, que merecia mais uma horinha(...). Tem uma colecção excepcional de esculturas em mármore, romanas, do século II d.C., muitas vindas de Perge. A Galeria dos Deuses foi das salas que mais me marcaram, bem como as máscaras gregas.




A resenha histórica foi feita, pelo guia, em frente de um túmulo da idade do Bronze. Túmulos e sarcófagos, são muitos e, alguns com decorações preciosas.


Hititas, Frígios (o rei Midas...), Persas, Níbios (que inventaram a primeira moeda com valor fixo), Gregos e Romanos, todos deixaram marcas. O almoço foi muito demorado, no "Sultan Saray" e voltámos a ser penalizados no tempo para coisas bem mais interessantes (desvantagens das viagens em grupo...)! Antalya é a Cidade das Laranjas. E "laranja", em turco, diz-se "portakal"... isso mesmo, como Portugal! Há representações de laranjas (grandes bolas cor-de-laranja) por todos os jardins.


E a cidade tem um festival de cinema chamado Altin Portakal (Laranja de Ouro).
O tempo para a visita da Cidade Velha foi, manifestamente, muito curto.
Com a Leninha e o Altino, acelerámos o passo, para fazer o circuito e cumprir com o horário, sem prejudicar o grupo.


Começámos na Praça da República, com um conjunto escultórico, em bronze, com Ataturk, como não poderia deixar de ser. Avista-se o Minarete Estriado


(Yivli Minare), do século XIII, reinado do sultão seljúcida Alaeddin Keykubad, de tijolos vermelhos decorados com azulejos turquesa, e a Mesquita adjacente, que o Pedro tentou visitar mas foi impedido de entrar porque estava a decorrer o culto.
Seguimos até à Torre do Relógio, passando pelo campanário que marcava o limite da Cidade Velha e fazia parte do sistema defensivo da cidade.


Parámos na Porta de Adriano (Hadrian'in Kapisi), datada de 130 d.C., erguida para celebrar a visita do Imperador Adriano. É um monumento espectacular,


formado por três entradas em arco, adornadas por quatro colunas coríntias.
Atravessando a Porta de Adriano, entra-se num outro mundo.
Até ao porto de mar, passámos por casas interessantíssimas, recantos


encantadores, pequenos restaurantes onde apetecia sentar e desfrutar dos jardins intimistas.


Pequenos hotéis encantadores, como o "Kaleiçi Lodge", onde teria sido bom ficar e poder deambular, com tempo e a qualquer hora por estas ruazinhas estreitas e descobrir novos recantos.
Sempre caminhando em direcção ao porto, passámos pelo Minarete Truncado (Kesik Minare), uma torre decapitada, ao lado de umas ruínas que se supõe ter sido um templo grego.


Avistámos, então, o mar,


belíssimo, com a cascata a despenhar-se da arriba, e as montanhas cinzentas, ao fundo. Descemos umas escadas íngremes, fotografando os barcos dos pescadores e os veleiros, lá em baixo.


Contornámos a marina e voltámos a subir, encontrando lojas, velhos restaurantes e esplanadas.


Parámos numa delas e provámos, finalmente, o sumo amargo de romã, misturado com sumo de laranja, para "amaciar", debaixo de um alpendre a meio da subida para o nosso ponto de encontro com o grupo.


Do Parque Karaalioglu, mais fotografias da Cidade Velha e do porto de mar.
À Praça da República já tinham chegado alguns dos companheiros de viagem e o Murat.


As últimas fotografias do Minarete Estriado e da Mesquita e o adeus à bela cidade de Antalya. 

  

21 comentários:

Maria Julia disse...

Mais uma volta, mais uma viagem, proporcionada, p'lo casal mais querido, meu Amigo de há longa data.
Da qualidade fotográfica e descritiva, para quê repetir-me???
Agora como nos conseguem mostrar locais, construções, monumentos e arte, em Países, para onde não me passa a mim visitar, é que é fantástico!...
Obrigada e continuem Alf e Daisy.

Beijinhos doces.

Júju

Rosa Martins disse...

Alfredo, realmente estive uma semana em Konya, a trabalho, e acredita que adorei ver nas tuas fotos, algumas coisas que não vi por lá enquanto lá estive. O engraçado é que o hotel onde estive tinha a entrada igualzinha!
Adorei ver as vossas fotos!
ROMICAS

olinda Rafael disse...

"Bebo" a narração da Daizy
com um entusiasmo enorme
pela sua particular maneira de
o fazer...as fotografias ampliam
esse entusiasmo!

Em 26 de Março, partirei com a boa perspectiva de "gozar" a viagem quanto vocês depois deste vosso testemunho.

Olinda

Rui Pato disse...

Foi muito bom, numa tarde tão fria, fazer o vosso percurso, sentindo o sol dessas paragens, com óptimas fotos e com os textos da Daisy, sempre tão esclarecedores. Obrigado

José Manuel Saraiva disse...

Alfredo, não consigo (talvez não sabia...!) entrar no teu blogue. Porém não querida deixar de te felicitar e de felicitar a Daisy pela elevada categoria das fotografias (lindíssimas!!!) e respectiva legendagem. Bravo! Continuem a viajar e a produzir desta forma. Abr

Titá disse...

Gostei muito desta visita guiada. Já estive na Turquia, mas não nestas cidades. Fiquei assim a conhecer outras paragens. Sempre aguça o apetite para um regresso ao País.

Abraços

cota13 disse...

Obrigado, por mais esta viagem linda.
Escrita,fotos tudo bem feito.
Um Abraço.
Tonito.

ricjoa disse...

Parabéns mais uma vez pela excelente reportagem!
Agora só falta traduzir em inglês o blog para abrirem as portas a um universo mais extenso de leitores!
Beijo
Joana

Anónimo disse...

A Turquia é um país multifacetado, a história cruza-se com belezas e culturas exóticas.

As fotografias são magníficas, o Alfredo é mestre, a Daisy na legendagem é clara e esclarecedora, fazem um casal perfeito, psrsbéns.

Prevejo que já estão preparando a próxima viagem ao outro lado do mundo, nós ficamos na expectativa para ver a reportagem.

Um grande abraço.

Luís e Fátinha

Rui Felício disse...

Fotografias e textos com a costumada qualidade das anteriores viagens.
Destaco o pôr-do-sol que, talvez por ser a imagem que mais me atrai, em qualquer parte do mundo, aqui aparece com uma excelente fotografia ( a primeira das duas que são exibidas... ).

Rui Felício disse...

O Alfredo em contraluz fica muito bem!

celeste maria disse...

Começo por elogiar o aturado trabalho da Daisy!
Apreciei a atenção com que nos descreveu o dia-a dia de uma aldeia turca!
As mulheres...muito ainda terão de lutar pelos seus direitos!
As fotografias,sempre lindas!
Aquela que mais me deslumbrou foi a intitulada "conversa de gigantes".
Grata a ambos e um abraço grande.

lili disse...

Meus Amigos:
Mais uma grande viagem que fiz convosco.Não só adorei as fotos como recordei e aprendi algumas passagens de História (a minha formação leva-me sempre a esse campo)dos povos muçulmanos que tanto no deram em termos culturais e que muitas vezes ignoramos e até maltratamos.Mais uma vez quero felicitar-vos pelo texto e pelas fotos que ilustram esta vossa viagem e desejo ardentemente a concretização da próxima para a poder fazer virtualmente com a vossa ajuda. Um beijo cheio de ternura da vossa Amiga LILI e um abraço do João.

Liliana Mendes disse...

blog espetacular. . .

as imagens estao lindas.. o meu fotografo preferido é um profissional à serio, nao podendo deixar de elogiar a autora do texto, esta lindo...

beijinho grande para os dois;)

abilio disse...

Meus Amigos recebi o anúncio da reportagem de parte desta vossa viagem à Turquia com a curiosidade que sempre me desperta a qualidade cuidada que colocam no que publicam.
Deixei que a água me crescesse na boca e só hoje com calma me dispus a sorver as boas fotografias e o excelente e fundamentado texto.
Como sabem dentro de pouco tempo irei fazer idêntico percurso daí a enorme curiosidade em saber deste país de contrastes e tão diferente do nosso.
Estão de parabéns mais uma vez.
Venham mais viagens.
Abraço-vos
Abílio

Alfredo Moreirinhas disse...

Queridos Amigos e Amigas,
Não preciso dizer o quão satisfeito fico, ou melhor, ficamos, eu e a Daisy, por saber que gostam do trabalho. Agradeço aos fiéis visitantes deste Blog, Jú, Romicas, Maria, Tonito, Joana, Rui Felício, Rui Pato, Luís e Fatinha, Celeste, Lili e Abílio. Gosto muito que gostem e gosto dos vossos simpáticos comentários.
Estou duplamente feliz por ver aqui comentários de amigos e amigas pela primeira vez: Zé Manel, Titá e Liliana.
Voltem sempre! Prometo colocar aqui a próxima viagem, mais uma vez aos antípodas, desta vez com paragem de 4 dias em Bali. Está programada para 4 de Fevereiro.
Obrigado a todos pela vossa simpatia.

Ana e J Luis - Mira disse...

Amigos
Gostamos imenso de rever os locais onde passamos bons momentos convosco. O trabalho está muito interessante e sugestivo. Adoramos
um abraço da Ana e do João,
De Mira

Isabel Parreiral disse...

Só hoje tive disponibilidade para abrir o correio e deliciei-me com estas belíssimas imagens e com a descrição que nos transporta para outras paragens.
Parabéns Alfredo e Daisy e um beijinho para vocês.

Carlos Viana disse...

A idade não perdoa e é uma boa desculpa para a preguiça. Já vim visitar a vossa excelente viagem a Konya e Antalya por diversas vezes. Admirando, como sempre, o vosso espírito indomável aos rotineiros circuitos turísticos.
Pensando, em cada visita que fiz, que no dia seguinte por cá colocaria um comentário.
Hoje vi que exagerei na minha quietude. Os meus queridos Amigos, pela data, já deverão estar a chegar a Bali.
Que tudo vos esteja a correr da melhor forma, que o Alfredo tenha o dedo no gatilho, que a Daisy o tenha na esferográfica.
Ficarei a aguardar a vossa partilha de mais essa aventura.
BOA VIAGEM.BOM REGRESSO.ATÉ SEMPRE.
Carlos Viana.

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Pois, pois, só agora por aqui estou passando e apreciando as maravilhosas fotos dos lugares por onde andaram!
Penso que tudo correu na perfeição neste vosso roteiro turistico!
As fotos serão para apreciar devagar!
Um beijo para a Daisy
Um abraço para ti!

Alfredo Moreirinhas disse...

Isabel, Carlos e Fernado, também agradeçoa a vossa visita e nunca é tarde para visitar os amigos!
Esta viagem foi muito interessante e oferecida pela Livraria Bertrand.
A Olinda também a vai fazer agora em Março, só espero que corra, no mínimo, tão bem como a nossa.
Ainda hoje ou vou aqui colocar 3 dias em Bali, Depois, Austrália e NZ.
Abraços,
Alfredo