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sábado, 14 de maio de 2016

CEREJEIRAS EM FLOR - FUNDÃO


Para fazer entre a última semana de Março e a primeira quinzena de Abril

Na chegada ao FUNDÃO, a pintura rendada da artista polaca NeSpoon recebe-nos, na fachada da casa degradada.


A cidade do Fundão pertence ao distrito de Castelo Branco e está aninhada no sopé da Serra da Gardunha, com a Serra da Estrela a espreitar. 

O seu maior desenvolvimento começou com os refugiados judeus expulsos de Espanha, em 1492. Mercadores e artesãos, transformaram a cidade num centro importante para a indústria e o comércio. Nos séculos XVII e XVIII, a exploração de estanho e a indústria têxtil contribuíram para a riqueza da região.
O edifício do Posto de Turismo, onde nos dão informação e mapas úteis, está na Casa dos Maias,
solar do século XVIII, com brasão de Dom Miguel Ataíde Malafaia. Fachada assimétrica, com dois portais decorados, janela e peitoril com espaldar curvo e avental e beiral duplo.

Do outro lado da rua, o edifício dos Paços do Concelho
que, em 1755, por ordem do Marquês de Pombal, sofreu obras para acolher a Real Fábrica de Lanifícios do Fundão. E no século XX foi-lhe acrescentado um novo piso para aí funcionarem repartições públicas e camarárias, bem como o Tribunal Judicial
Em frente, o Pelourinho
réplica realizada em 1935 com base em fotografias e desenhos do original. Em cima de um soco de 7 degraus, um fuste oitavado, plinto paralelepipédico e capitel encimado por cruz de ferro.

A cidade merece visita mais minuciosa, mas o passeio é temático e chama-se 
"Cerejeiras em flor"!...
E lá fomos, para as encostas da Gardunha, para ALCONGOSTA.
O nome poderá derivar de congosta, que significa caminho estreito.
Por aqui passava a via romana que ligava Alcongosta a Alpedrinha.
Ruas estreitas e casario serrano, fazem o encanto da aldeia. 
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Anunciação,

com pórtico de volta e meia e torre sineira, é um mimo.
E as cerejeiras em flor, nos socalcos. 

Flores brancas, com leveza de seda, 

embelezam o cenário já de si único. 

Caminhos de terra batida, debruados a verde,

permitem o pormenor 




e planos diferentes dos da estrada. 

Não será assim, tão fácil, quando os frutos vermelhos e suculentos aparecerem!...

Neste roteiro, segue-se ALPEDRINHA

também na encosta da Serra da Gardunha, a cerca de 556m de altitude, com muitas cerejeiras.

O casario amontoa-se, tornando difícil o enquadramento dos vários edifícios interessantes. 

Os fios eléctricos cruzados, também não facilitam a procura da estética!... Apesar da visita ser às cerejeiras em flor, não podem passar despercebidos os antigos Paços do Concelho (em cantaria, de três pisos, de 1680)

e o Pelourinho

a Igreja Matriz (com várias alterações, nomeadamente no reinado de Dom Sebastião, sobre a original do século XII), 

o Solar de Pancas (ou Casa das Senhoras Mendes, construído para o farmacêutico António Mendes de Matos em 1859, pertença, hoje, da Santa Casa da Misericórdia) 

e a Igreja da Misericórdia (no centro do lugar, do século XVI renovada em 1788, com um nicho na portada onde está a imagem em granito de Nossa Senhora do Socorro).

Almoçámos no "Cerejal", junto da rotunda, um óptimo cabrito assado, bem fornecido em quantidade e sabor. Gente simpática, que gosta da sua terra e agradece a visita.
Seguimos para CASTELO NOVO.

A cidadela recebe foral de Dom Sancho I em 1202 concedido a Dom Pedro Guterres, permitindo a sua desanexação da Vila da Covilhã. Em 1205, Dom Pedro Guterres e sua mulher, Ausenta Soares, doaram, em testamento, a terça parte dos seus bens em Castelo Novo à Ordem do Templo. Durante o reinado de Dom Dinis foram feitas importantes obras de beneficiação na fortificação, 
com a introdução de matacães. Quando os Cavaleiros Templários começaram a ser perseguidos, Dom Dinis concedeu-lhes protecção e criou a Ordem de Cristo que recebeu a totalidade dos bens da extinta Ordem, incluindo Castelo Novo, em 1319. Abandonado quando Castela invadiu Portugal a partir da fronteira beirã, a sua degradação chegou aos nossos dias, até ser integrado no Programa de Recuperação das Aldeias Históricas de Portugal.

Na subida, o Miradouro das Alminhas

merece uma paragem, para olhar a paisagem.

Um pouco mais acima, o Cruzeiro
no Largo 1º de Dezembro, requalificado em 2014. 
Pode estacionar aqui e almoçar no "O Lagarto", onde também já fomos bem recebidos, noutra ocasião.

O carro é para estacionar... e seguir à descoberta, pelas ruas empedradas.





Na rua da Misericórdia, belos solares, entre eles o Solar Dom Silvestre
de estilo maneirista, do século XVII.

O Chafariz d'El Rei
do século XIV, com o escudo de Dom Dinis, é o primeiro que encontrámos, no largo onde estacionámos. 

As casas beirãs típicas encantam-nos, nomeadamente a Casa do Balcão.

A Capela Senhora da Misericórdia, do século XVII,
de influência maneirista, fica como que suspensa nas ruas íngremes.

E chega-se à Praça dos Antigos Paços do Concelho que é um museu ao ar livre. 

O Pelourinho, do século XVI, 
tem fuste octogonal até meio e depois cilíndrico com espirais e termina em pinha com quatro escudos, numa plataforma de seis degraus. 

A Antiga Casa da Câmara 
tem estruturas identificadas do século XIII e do século XVI, reconhecendo-se alguns elementos do Manuelino. 

Tem, acossado, o Chafariz de Dom João V.

Bem em cima, está o Castelo, de visita livre.



Antes de voltar às cerejeiras em flor, vale a pena, seguir o caminho do cemitério, de carro, para ter uma visão geral da bela vila.

ALCAIDE

fica no caminho para casa e é mais conhecida pelo seu festival de míscaros, 
em Novembro do que pelas cerejeiras em flor. 
É terra natal de João Franco, importante político 
da nossa história na fase final da Monarquia 
(1855-1929). 

Em visita rápida, fotografámos a Igreja Matriz
maneirista e barroca, do século XVI, construída sobre uma outra do século XIII e a sua Torre do Relógio
separada, de 1694.

Subimos a São Macário
capelinha modesta, onde é venerado o santo que cura 7 males de alma e 7 males do corpo. Foi erigida por um soldado que foi à guerra dos franceses e sobreviveu. Todos os anos o hábito do santo  é substituído e o velho é retalhado em pequenos pedaços de cerca de 2cm, que são vendidos aos romeiros que os metem nos ouvidos, para cura de doenças e dores de cabeça...

Daqui se tem uma boa vista de Alcaide.

E, descendo já a caminho de Aveiro, a vista poisa sobre campos verdes onde as vacas, pachorrentamente, pastam.



* * * 





13 comentários:

São Rosas disse...

Sou sempre tão feliz no Fundão... na minha...

Cova da beira tão linda
Que nem rosa no roseiral
Verde engaste de uma estrela
Devesa de Portugal

Por cada casal da serra
Ergue-se a Deus um altar
Em cada palmo de terra
Cresce um formoso pomar

Verdes campos verdes flores
Caminhos velhos em flor
Choram as águas nas fontes
E as águas falam d`amor

Pão na tulha com fartura
Vinho novo no tonel
Foi Deus quem fez a pintura
Bendito seja o painel.

Adolfo Portela, também conhecido por Zé d´Águeda, 1866-1923

lili disse...

Muito obrigada por mais este passeio. Portugal é muito bonito e as cerejeiras em flor foram fotografadas por mão de mestre!

Um beijinho

Odete Tavares disse...

Bom dia!
Muito obrigada pelo passeio lindíssimo pelo Fundão! Este ano fui um fim-de-semana a Pinhel, pensei encontrar mais árvores em flor mas o tempo estava tão mau (choveu e até nevou), que flores houvera, viriam abaixo com aquele tempo com certeza.
Pois é como diz, as cerejas este ano devem estar caríssimas, já as vi à venda pela estrada de Cacia mas nem reparei no preço – penso que não colocaram para não assustar os possíveis compradores J

Abraço,
Odete

José Luís Cacho disse...

Bom dia Alfredo e Daisy
Interessante...obrigado
Abraço

cota13 disse...

Alto gabarito.
Assunto.
Tonito.

João Carlos disse...

Gostei imenso da reportagem fotográfica. Que bom gosto que tens.

Francisco José Carvalho Domingues disse...

Pois ... Se viessem cá a casa também as podiam ver ... com a vantagem de estarem sentados com qualquer coisinha fresca à frente ! Abraço.

celeste maria disse...

Como sempre, imagens maravilhosas!
Vou dormir de alma cheia.
Obrigada, amigos.

Saint-Clair Mello disse...

Gostei demais desta viagem doméstica que fiz aqui. As aldeias de Portugal são um encanto para nós brasileiros. E, ainda que tenham dificultado o enquadramento para as fotos, proporcionaram bons e inusitados ângulos. Um grande abraço, amigos!

Inês Alves disse...

Como eu vos agradeco as partilhas dos recantos maravilhosos que teem visitado. Depois com bom material sabedoria e muita sensibilidade podemos ver maravilhasdesta natureza e das diferentes culturas

José Saraiva disse...

Mais uma excelente reportagem fotográfica! Um encanto! Muitos Parabéns!

Forte e saudoso abraço do Vosso,

ZM

Titá disse...

Apesar de conhecer alguns destes sítios, há muita coisa que nos escapa. Por isso, visto pelos vossos olhos mais atentos e com descrições tão pormenorizadas, é outra coisa. Foi um passeio muito mais agradável.

Beijinhos aos dois

olinda Rafael disse...

Sempre a apreciar as vossas viagens ao pormenor.