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quinta-feira, 10 de março de 2016

CALAFATE - Patagónia Argentina

6, 7, 8, 9 Fevereiro 2016

Foi um pouco menos de hora e meia de Ushuaia a Calafate, cuja aproximação me pareceu um imenso deserto castanho, 


depois dos cumes da Cordilheira dos Andes. 

Mas a faixa azul esmeralda surpreendeu, ao aterrar. 
É o Lago Argentino.

Depois, a cidade, 
mais pequena do que Ushuaia e com menos habitantes, mais arranjadinha e, nesta altura do ano, pejada de turistas em busca dos glaciares.

O hotel, "Posada Los Alamos", 
é simpático e estende-se por vários edifícios, com piscina aquecida, ginásio e sauna, e um campo de golfe, embora esteja no centro da cidade!

Depois de nos instalarmos e orientarmos, fomos até à avenida principal, Avenida del Libertador General San Martín, onde abundam as lojas, os bares

e a festa.

As lojas de artesanato, 
a que chamam índio, estão cheias de peças interessantes, mas muito caras.

O jantar foi no restaurante do hotel, num edifício onde também está o ginásio e o SPA. Tínhamos mesa reservada, junto à janela. 
À volta, um jardim 

bem tratado onde Íbis 

e outras aves 
se alimentam livremente. 
Comemos lombo de cordeiro, a comida mais típica nesta região de ovelhas. Muito bom.

A visita ao Glaciar Perito Moreno estava programada para o dia seguinte e foi o Carlos que nos veio buscar, com o motorista Geraldo, às 8.30h.

Viajar com guia privado tem as suas vantagens. 
O Lago Argentino obrigou a uma paragem

e pudemos fotografar, à vontade, as aves. 

Os flamingos cor de rosa 

estavam a alimentar-se e quase todos escondiam as cabeças nas águas esmeralda. 

O Lago, glaciar, é o terceiro, em extensão, no Continente Americano (o primeiro é o Titicaca, que também já conhecemos, e o segundo é o Lago Buenos-Aires que pertence à Argentina e ao Chile). As suas águas resultam do degelo dos glaciares 
do Parque Nacional Los Glaciares, com vários braços.

Tivemos sorte: um guanaco parecia esperar pela fotografia. 

Atentos, uma fila de garanchos, aves de rapina, esperavam presas, nas estacas, 

enquanto um, na berma da estrada, se refastelava com uma lebre.

A estepe patagónica estende-se do lago às montanhas.

Uma paragem, mais à frente, deu para fotografar o Lago Roca, braço do Argentino, 

ver os buracos feitos pelo Pica-pau 

à procura de alimento, e algumas plantas parasitas...

Chegámos à Península Magallanes, já dentro do Parque Nacional Los Glaciares, para ver o Glaciar Perito Moreno. Adivinhava-se, ainda na estrada, 

por entre as árvores da floresta com espécies só aqui encontradas. O primeiro grande contacto visual, é no Mirador de Los Suspiros

Frio, vento e uma sensação estranha, esta, de estar tão perto de uma testemunha de muitos milhares anos do nosso planeta!... Não pudemos (nem quisemos) escapar à foto da praxe que o Carlos se ofereceu para nos tirar...

Comprámos, por 34 euros, o passeio em frente do gigante, 

vivendo outra experiência inesquecível.
O glaciar tem uma superfície de 257 Km quadrados, 
com 30 Km de comprimento 

e 4 Km de largura. 

A parede frontal varia entre 50 a 60m de altura 
e, no centro, onde o gelo é mais consistente, tem uma profundidade de 250 a 350m. 
Todos estes números só nos dão a noção da sua dimensão quando lá estamos, sentindo-nos pequeninos e insignificantes. 

O silêncio é quebrado, de vez em quando, com estrondos enormes de pedaços de gelo a cair na água. Impressionante!... Mas quando nos viramos, já a derrocada se deu... 

Este vídeo mostra o final de uma derrocada.


As fissuras no gelo são de um tom azulado mais vivo. 


No silêncio, ouvem-se outros sons, adivinham-se outras derrocadas. 
Arestas, grandes orifícios, pormenores de grande beleza, 

mas que lembram a tragédia do futuro do Planeta Azul.

Nas passadeiras de madeira, fomos subindo e descendo, 

saboreando a beleza e procurando outras fotografias para recordação deste local fantástico.
Património da Humanidade pela UNESCO, o Perito Moreno deve o seu nome perito Francisco Moreno, explorador da zona austral argentina.

O almoço foi noutro local espectacular, no "Restaurante Nativos", com vista para o glaciar. 
Buffet banal, para turista.

Regressámos ao hotel, mudámos de roupa, porque está calor na cidade, e voltámos à Avenida General San Martín, procurando algumas lembranças.

No dia seguinte, esperava-nos um dia pesado, novamente no Parque Nacional Los Glaciares mas, desta vez, do outro lado da Península Magalhães, com embarque em Puerto Banderas.
Saímos bem cedo, passámos a correr pelos flamingos do Lago Argentino

e não entrámos na Península Magalhães, seguindo para a direita, para o encontrar de novo, à frente.

Em Puerto Banderas, 

embarcámos e seguimos o Braço Norte do Lago Argentino 

em direcção ao maior glaciar da Argentina, o Glaciar Uppsala, nome dado por Klaus August Jacobson, da Universidade Uppsala, da Suécia, que, em 1908 fez o primeiro levantamento da região. Com 53,7km de extensão, tem 40m de altura. Os campos de gelo, com outros glaciares à volta, formam uma área de 765 quilómetros quadrados. 

A paisagem vai mudando
e a temperatura também. 

Quando os cumes montanhosos 

se começam a branquear de neve, aparecem os primeiros blocos de gelo. 
Ninguém consegue ficar indiferente e, os mais corajosos, enchem o deck e os corredores exteriores. 

O gelo azul vítreo contrasta com a água e a vegetação da montanha. 

Os icebergs tomam formas estranhas sob o efeito dos ventos. 
Deram-nos bastante tempo para fotografar e gozar a paisagem.

Já se vê, ao longe, o grande glaciar

e os que a ele se juntam. 

A sensação é diferente da do dia de ontem. Aqui, os icebergs são a estrela maior, 


já que a aproximação ao Uppsala é menor. 
Para este, espera-nos outra encenação!...

Navegámos até ao Canal Cristina.

Nem todos vamos ter as mesmas actividades. No barco, mediante os nossos nomes, foram dadas pulseiras de cores diferentes e com nomes de animais. As nossas eram azuis e o animal, o Puma.

A chegada à Estância Cristina, é uma desolação. 
O vento é ciclónico, a terra fina levanta-se do chão de vegetação muito rasteira. Seguimos as guias que nos esperavam, até às primeiras construções de aspecto frágil. 

Estes guias ficam aqui, de Outubro a Abril, altura a partir da qual a neve cobre tudo e não há qualquer turismo possível.
A Estância pertenceu à Família Masters 
até à junção da área ao Parque Nacional Los Glaciares. 

Estabeleceram-se aqui em 1914, altura em que o governo argentino dava enormes benefícios aos pioneiros que quisessem povoar a Patagónia. Percival Masters, inglês e sua mulher Jessie Elisabeth, escocesa, chegaram pelo rio Gallegos, 
com 90 ovelhas. 

Mantiveram a primeira habitação, uma pequena casa de pedra, 

mas, agora, a estância é composta por vários pavilhões, 
recebem hóspedes por uma diária de cerca de 1000 euros para aqueles que pretendem o isolamento. 

Num pequeno pomar, 
podemos ver as maçãs em miniatura. 

No jardim, 
poucas flores, mas uma barreira de árvores a proteger do vento patagónico. 

Também pequeno, o cemitério 
com as três cruzes dos que aqui morreram, entre eles a filha Cristina que, com 20 anos, morreu com uma doença pulmonar, longe de qualquer auxílio médico. Os Masters chegaram a ter 22.000 ovelhas e 17 empregados.

Os pavilhões de telhados verdes e os belos cavalos a pastar livremente, 
poderia tornar esta paisagem paradisíaca, não fora o frio e, principalmente, o vento.

O almoço, no pavilhão restaurante, 
foi pobre, com opção entre frango e pasta...

Depois do almoço, uma visita pelo museu que nasceu com o que a família aqui deixou. Além das actividades laborais, com o aproveitamento da lã, que era enviada para o exterior através do rio Gallegos, 
ficamos com uma ideia do dia a dia neste isolamento. 

Até uma pequena estante na reprodução de uma pequenina sala de estar da dona da casa, que gostava de ler. 

O pormenor da carteira de sair, bem gasta, 

os produtos da cozinha, 

o ferro de engomar.

Depois, chamaram pelos Pumas e entrámos num 4X4, grande, com cerca de 16 lugares. 

Aos solavancos, por montes e vales, 

com muito pó, alguma vegetação, a Lagoa Cristina 

de águas muito azuis, 

com zonas de árvores mortas (cemitério das lengas)
provocadas pelos Masters, que queriam aumentar o espaço de pastagem para as ovelhas, fizemos 9,5km. Que parecem muito mais. 

As lengas, 
são as árvores que predominam na zona do vale, protegidas. Algumas têm mais de 300 anos. Como as sequóias, não morrem de pé: caem. Mas não por as raízes, naturalmente, crescerem em profundidade e não aguentarem a altura, mas por não poderem crescer devido ao solo rochoso.

Parámos junto ao Continental Ice Refuge 

e saímos para enfrentar o Inferno! Frio, vento e completa ausência de vegetação. 

Parece uma paisagem lunar. 

O lugar já foi assento de glaciares. O Uppsala já deve ter estado aqui há milhares de anos.

Depois de cerca de 30 minutos de caminhada difícil, 
mas sempre com os guias atentos a ajudar, chegámos à pontinha da escarpa e deslumbrámos-nos com o glaciar e os seus afluentes. 
O vento é tanto que é difícil controlar até a máquina fotográfica, que treme! 

Difícil, mas não impossível, conseguindo captar as espantosas imagens que nos impressionaram.



Os 4x4 deixaram-nos no barco, onde já estavam as pessoas que fizeram outras actividades. 

Até Puerto Banderas, foram mais de duas horas de navegação serena. E foi um instantinho até Calafate, onde um banho e um bom jantar nos preparou para o descanso.

Ficou-nos na memória a paisagem que jamais esqueceremos.


No dia seguinte, o voo para BARILOCHE, foi às 16.25h.


* * * 

12 comentários:

São Rosas disse...

Ó Rafael! Rafael! Anda cá ver a sexta fotografia!
O puto de camisola azul tem o teu primeiro Lavacolhos. E pintou-o, para disfarçar!

Chama a Mamãe! disse...

Até parece que esse cenário não existe. Mas existe!

Saint-Clair Mello disse...

Belíssima reportagem; belíssimas fotos. É sempre agradável andar em vossa companhia. Abraços!

cota13 disse...

Obrigado por mais esta
viagem.
Assunto.

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Gostei muito de fazer este viagem, principalmente por ter encontrado os primos do meu lavacolhos!!!

canditacandita disse...

Viagem de sonho.
AMEI....
bj

Maria do Céu disse...

Sortudos!!
Quando me reformar junto-me a vocês.
Lindo de morrer…

Bjs
Céu

Maria Helena disse...

Muito obrigada
Adorei !

lili disse...

Que viagem de sonho! adorei!

Muito obrigada pela partilha.

Beijinhos

LILI

Maria Augusta disse...

Obrigada pela vossa viagem a Patagonia . Fizeram me via jar connvosco. Fico muito grata pela vossa gentileza

Carlos Freire disse...

Maravilha,maravilha Alfredo e Daisy muito obr com estas lindas fotos...

José Saraiva disse...

Uma reportagem de sonho! Grandes fotos! Parabéns a ti e à Daisy.