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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

USA - MIAMI e NEW ORLEANS


9 a 13 Junho 2011


MIAMI

De Lisboa a MIAMI são 9h que nem as comodidades do business tornam agradáveis!
A cidade surgiu, escura, mal iluminada e com muita humidade a tornar a pele pegajosa. No taxi, o motorista saboreava a brisa e o calor que, decerto, lhe sabia bem a afagar a pele escura, pouco se importando com o nosso desconforto de peles pálidas.
O hotel, na Ocean Drive, Miami Beach, na zona de ArtDeco, é o "Wintet Haven South Beach", 
com alguns anos e um ar condicionado catastrófico: só o grande cansaço fez esquecer o barulho.
No dia seguinte, tomámos o pequeno-almoço na sala de entrada, sem luxos, mas com o essencial e fomos apreciar as vistas, a partir do terraço.



South Beach (SOBE, diminutivo inspirado no SOHO de Manhattan) é também conhecida como a "Riviera Americana". O passeio à beira-mar, com areias douradas e os típicos pontos de observação dos nadadores-salvadores, a fazer lembrar as séries americanas da tv.

No HoponHopoff, sob vento ciclónico, vimos a cidade nova

até à Miami Beach Marina, 

South Point Park e Lincoln Road até à Bay Front 

e Central Station, onde apanhámos um barco para um pequeno cruzeiro. Durante 90 minutos, admirámos a beleza da Biscayne Bayna Downtown.

 Devagarinho, passámos perto de algumas ilhas onde os famosos têm as suas casas de férias, 

com o guia a identificar a que era de quem: Júlio Iglesias, Gloria Steffan, ...  Um luxo, muito dinheiro… e muito folclore para turista!
Almoçámos no cais 

e aguardámos o outro HoponHopoff da GrayLine, com colantes nas janelas que não deixavam ver nada!!! O guia era um sexagenário cheio de histórias, bem ao estilo americano-descontraído.
Coconut Grove 

era uma cidade independente até ser anexada a Miami em 1925, nas margens do Miami River onde co-habitavam crocodilos e alligators. E ficámos a saber que estes não comem pessoas (não porque não gostem… mas porque não conseguem abrir muito a boca!).
Coral Gables
outro subúrbio de Miami, deve-se ao sonho visionário de George Merrick que a planeou em 1920 como nos filmes de Walt Disney. Gastou à volta de 100 milhões de dólares e ficou na miséria por causa da Bolsa em 1929.
Parámos junto ao Biltimore Hotel
estilo Revivalista Mediterrânico, que foi construído em 1926 e serviu de hospital durante a II Guerra Mundial para os Veteranos e até 1968. A torre tem 96m de altura e pretende ser uma réplica da Giralda de Sevilha.

Em frente, a Congregation Church
que foi a primeira igreja de Coral Gables, num Barroco Espanhol, cópia de uma outra que existe na Costa Rica.
Outra obra de Merrick. é a Venetian Pool
construída em pedra de coral em 1923 e diz-se ser a mais bonita piscina do Mundo.
Em seguida, passámos na Calle Ocho, 8th Street, Little Havana
onde vivem todos os cubanos da South Florida desde 1960. Reconhece-se a arquitectura tropical em algumas pequenas residências e muitas lojas de charutos e café cubanos.
Voltando a South Beach, saboreámos um refresco na esplanada do nosso hotel, apreciando as raridades 
e o choque das indumentárias, desde o calção de banho ao fato mais sofisticado complementado com estiletos altíssimos.
Jantámos no "Smith e Wollensky", à beira-mar, 
acompanhados por um casal composto por um judeu ucraniano bem nutrido e uma cubana magríssima, que o Ricardo e a Joana conheceram num cruzeiro no Alaska. Refeição muito demorada, mas que valeu a pena pelo espaço agradável para conviver.
O tempo foi muito curto, mas aproveitámos bem a manhã seguinte para tomar contacto com a ArtDeco
que começou em 1925 na Exposição de Paris, com influência de Arte Nova, Bauhaus e imagens egípcias e geométricas  já patenteadas pelo Cubismo.
Miami tem a maior colecção de edifícios no Deco District. 
A maior parte dos apartamentos estão ocupados  por gays, mas nem sempre foi pacífica esta convivência com a população gay e disso é testemunho a morte de Versace, baleado em 1997 à porta da sua bela Casa Casuarina
comprada por ele em 1993 por 3,7 milhões de dólares. De estilo Revivalista Mediterrânico, hoje é um ponto bastante turístico.
O Deco District 
tem cerca de 800 edifícios bem conservados, a maioria na Ocean Drive. Vale a pena identificar alguns:
Beacon hotel
com decoração abstracta Deco Dazzle, um estilo introduzido por Leonard Horowitz nos anos 80 do século XX;
Colony hotel 
que, à noite, tem um stunning blue neon e aparece em várias séries de tv;
Waldorf Towers
exemplo Náutico moderno, com o famoso farol no telhado, como o Breakwater hotel;

Cavalier hotel

(ao lado do Cardozo hotel de 1939) 
que lembra um templo com frisos em estuque vertical com desenhos geométricos Aztecas e da Cultura Meso-Americana.
E tantos outros!



NEW ORLEANS


O voo para NEW ORLEANS era às 16.20h e lá chegámos por volta das 17.30h, porque o relógio andou uma hora para trás.
O taxi que nos levou ao hotel, era conduzido por uma negra simpática e muito faladora, Sara, que não esperou por ajuda para arrumar prontamente as nossas malas e nos deixou no "Quality Inn", perto do French Quarter.
Saímos logo, para aproveitar, ainda, um pouco de luz. Confesso que fiquei um pouco desiludida com o French Quarter. Já não há a espontaneidade do jazz nas ruas. Estas estão cheias de pessoal estranho, em magotes (talvez porque é Sábado…),
com bebidas na mão e muito álcool no corpo. Alguns sons vêm de dentro de locais pejados de gente.
Acima das nossas cabeças, no entanto, a bela arquitectura lá estava! As varandas de ferro-forjado… 
mas também jovens mais ou menos despidas lançando colares para os passantes.

Jantámos no "Oceana". Tinha fila à porta, mas a comida desiludiu.

No "Café Beignets", com uma bela entrada em ferro-forjado, (New Orleans All Legends), 

sentámo-nos, no pátio, a ouvir uma verdadeira jazz band, ao vivo, a Steamboat Willie jazzband.

New Orleans é uma cidade muito maior do que imaginava. Aqui, a mistura de arquitecturas, fora do French Quarter, é bem interessante. 

Culturalmente, mistura-se o voodoo

o oculto 

e os teatros 

museus.

São típicos os seus eléctricos. Por 3 euros por dia, podemos utilizar toda a rede: Os vermelhos 

fazem a Canal Street e a circundante do rio desde Poydras Station a Esplanade Station (são os Riverfront Street Car Line) e os cinzentos 

(St. Charles Avenue Street Car) que apanhámos também em Canal Street, saindo em Washington Av, para visitar o Garden District.

Bebemos um café no Garden District Book Shop 

e preparámo-nos para visitar esta zona residencial na Uptown, construída em 1832, na altura chamada City of Lafayette, que só em 1852 foi incorporada em NO.
São mansões 

em estilos desde o Grego Revivalista ao Italiano e Queen Anne, construídas para banqueiros, comerciantes e donos de plantações.
O nome de Garden District adveio dos luxuosos jardins que circundavam as casas

onde, hoje, os pormenores são um pouco diferentes...


Seguindo, de eléctrico, para City Park, 

entrámos no NOMA, o museu de arte Moderna de New Orleans. 

Tem 3 pisos e 46 galerias com uma vasta selecção de Arte europeia desde o século XII ao século XX. No átrio, uma instalação espectacular, 
"Talassa" (Deusa do Mar), 

com 20X30 pés, de acrílico, papel, madeira, aço e cordas, de Swoon (nascida em 1977, na Florida, Dayton Beach).

O rio Mississipi 
era, para mim, outro fetiche de New Orleans, desde a infância das histórias de Mark Twain e da personagem Hucleberry Finn.

Até Decatour Street, 

de eléctrico outra vez, avistam-se os barcos a vapor da Natchez, 

onde reservámos um cruzeiro para amanhã de manhã. Entrámos no French Market

onde decorria a festa do tomate, com belos exemplares expostos e provas dos mesmos.

Almoçámos muito bem, já perto das 3h da tarde, no "Galvez", a ver o rio e os seus barcos e as pessoas a saborear o passeio marítimo.
Aqui fica situado o Upper French Quarter 

com uma colecção de harmoniosos edifícios, como os Pontalba Buildings 
cuja construção, em 1848, foi supervisionada pela baronesa Micaela Pontalba. São longos blocos de apartamentos que flanqueiam os lados da Jacson Square, custaram acima de 300.000 dólares e eram os melhores e maiores da época.
Na Jacson Square, guardando a Catedral de St. Louis

o Cabildo 
à esquerda e o Presbitério
que são os edifícios mais importantes do período Francês e Espanhol.
A primeira catedral foi destruída por um furacão em 1722 e uma segunda vez pelo fogo em 1788. A actual começou a ser construída em 1789 e substancialmente modificada desde então.
Entrámos no "Café du Monde" 

para provar as célebres beignets
que são uma espécie de farturas polvilhadas abundantemente com açúcar branco em pó.

Entretanto, a tempestade chegou, 
prometida pelo calor abafado e húmido que já estava insuportável. Acompanhada de sonantes trovões, molhou tudo e todos os que não conseguiram recolher-se. Em boa hora nos apeteceu provar os beignets!…

No dia seguinte, fizemos o checkout depois do pequeno-almoço. O empregado perguntou-nos a hora do avião e prontificou-se a reservar-nos o taxi para o aeroporto às 16h. Bom serviço!
E pés ao caminho. 
A finalidade era a Toulouse Station, 
para apanharmos o vapor Natchez. Os bilhetes tinham sido comprados em Portugal, pela net, mas tínhamos que levantá-los na bilheteira até meia-hora antes do embarque.
Fizemos a Royal Street 

com os seus belos edifícios. 

É a rua mais importante no French Quarter, delineada por lojas antigas 
associadas à opulenta lifestyle sulista. 
É o orgulho do French Quarter com as suas muito bem cuidadas casas.

Nada, hoje, faz adivinhar a confusão de Sábado à noite.
Depois, a Bourbon Street
cujo nome vem da família Real Francesa dos Bourbons e é sinónimo de pecado
Muitos bares e lojas de sexo: Nuclear Kamikaze, Preservation Hall

No século XIX, os barcos a vapor trabalhavam ao longo de todo o Mississipi, levando 3 a 5 dias a ir de Louisville, Kentucky, a New Orleans. Quando chegavam a NO, os homens ansiavam por mulheres e licor, no fim da viagem. E, assim, se estabeleceu a fama de "Cidade do Pecado" de NO.

O steamboat Natchez faz, 
em cerca de duas horas, um pequeno trajecto lembrando os velhos tempos. Impressionantes, são o estridente apito (de vapor) 
da partida e da chegada, que é um tesouro de antiguidade, e a roda (paddlewheel) bem vermelha.

A paisagem 

e os barcos são outras atracções. 

Aprendi que a bandeira amarela significa que o barco está de quarentena e a tripulação impedida de pisar terra.
Na sala de jantar, onde o ar condicionado nos refrescou do calor abrasador e húmido do deck, um pianista branco tocava e cantava blues.

O almoço, já no regresso, foi na Decatour Street, onde saboreámos os Po-boys: grandes sanduíches com recheios de bife ou camarões, e batata frita.
Mal deu para sentar e gozar um pouco do ar condicionado, porque o taxi já nos esperava para nos levar ao aeroporto Louis Armstrong, onde nos abriram todas as malas e vasculharam até  encontrarem o que julgávamos ter desencadeado a operação de segurança: o livro  "Califórnia" da American Express que o rx não teria conseguido identificar.
Ficou para trás mais um local fetiche que estava nos nossos planos visitar, embora a devessemos ter visitado antes do Katrina. Mas tudo está a voltar à normalidade. E os turistas estão a regressar, alguns atraídos pelo álcool e pelas festas, outros pela cultura e pela paisagem. Embora o French Quarter e outras zonas mais antigas nada tenham sofrido, é visível, em alguns pontos, ainda, testemunhos da destruição. 

O Dome dos Saints (futebol americano) foi casa de muita gente durante algum tempo. O seu telhado ainda sofreu alguns maus tratos.
Mas a reconstrução é visível, nas zonas baixas onde a maioria das casas da população mais pobre tinha desaparecido.


* * *

13 comentários:

São Rosas disse...

Gostei da foto do Alfredo com a menina de bronze no French Market. Especialmente da explicação por baixo dessa foto: "(...) onde decorria a festa do tomate, com belos exemplares (...)"
E a menina que atirava colares da varanda... qual seria a razão? Promoção, certamente. Mas de quê?...

celeste maria disse...

Os andantes do mundo fazem-nos caminhar, caminhar e deliciar com paragens longínquas, belas e desconhecidas!
Bela viagem!!!

carlos costa freire disse...

Mais uma reportagem de encher o olho.Muito obr pelo cuidado que este lindo casal tem pelos amigos em dar a conheçer mais locais maravilhosos.

RI-RI disse...

Gostei!

cota13 disse...

Mais uma viagem.
Obrigado.
Tonito.

Nazaré Baptista disse...

Bem hajas, Primo. É bom sentir a vossa sempre presente vontade de partilhar connosco os vossos momentos bons por esse mundo fora.

Beijinhos para os dois.
Nazaré

lili disse...

Muito interessante esta viagem. Adorei.

Obrigada pela partilha.

Beijos

Lili

Maria Julia disse...



Uma viagem, que desperta a ida lá, para ver ao vivo e a cores, de tal forma vocês nos mostram e descrevem coisas tão belas...

Adorei tudo e as praias de Miami, "Mammia" - fazia-me lá, uma senhora


Beijinhos, Alf e Daisy. Obrigada

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Visita feita.
Gostei de tudo especialmente de uma varanda de ferro forjado com tons de azul!

São Rosas disse...

Tinha que ser, Rafaelito. Não podes ver ferro forjado em tons de azul que te saltam logo os olhinhos dessas órbitas...

MFAmaral disse...

Obrigada Alfredo e Daisy por me terem transportado para NO. Tive a sorte de ter feito essa viagem muito antes do Katrina tendo a nossa estadia coincidido com o festival de jazz. Foi soberbo.

Saint-Clair Mello disse...

Tenho a impressão de que meu desejo de conhecer Nova Orleans foi um pouco atendido pela sua postagem. Uma beleza, Daisy e Alfredo!

Titá disse...

Dois destinos que fazem parte do meu imaginário. Já não irei lá, mas pelo menos consolei-me com esta "viagem". Fico ansiosa esperando pela próxima.

Beijinhos aos dois
Titá