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sexta-feira, 30 de março de 2012

BERGEN - NORUEGA numa casca de noz

 BERGEN e
NORUEGA numa casca de noz
(Norway in a nutshell)

22, 23 e 24 Fevereiro 2012


O voo doméstico de Tromso a Oslo foi de uma hora e cinquenta minutos. A correr, conseguimos apanhar a ligação para Bergen.
Chegámos bem... as malas é que não. Ainda aguardámos mais dois voos, mas...nada.
De taxi (muito caro: 50 euros!), chegámos ao "Scandic Neptun hotel". A recepcionista diz que é normal as malas chegarem depois dos hóspedes. O nosso quarto é o 608 e chama-se... Vasco da Gama!

Chove.

BERGEN

foi fundada pelo rei Olav Kyrre em 1070. Foi a primeira capital, no séc.XIII e a maior cidade da Noruega até 1830.
Durante a Idade Média foi a capital da Liga Hanseática de Negociações. É a cidade mais chuvosa da Noruega. Local de nascimento do compositor Edvard Grieg e do escritor Ludvig Holberg que escreveu o primeiro ensaio dinamarquês de uma História Universal e também o romance fantástico "Viagem Subterrânea de Nicola Klim" (1741) que, só pelo título, apetece ler!...
A chuva não parava, mas tínhamos que jantar.
A pé, fomos até ao lindo Bryggen Hanseatic Wharf,
com as suas belas casas de madeira, medievais, que mereceram o título de Património da Humanidade pela UNESCO em 1979. O porto foi fundado em 1070 pelo rei Olav Kyrre e deve a sua fisionomia aos colonos alemães.
Entrámos no "Zupperia", com pouca esperança de comer bem, mas o cheirinho fez-nos mudar de ideias de imediato assim que passámos a porta de entrada. E não nos enganámos. Toda a comida estava saborosíssima, desde o bife de pimenta à lasanha, passando pela pasta com vieiras e camarões! As sobremesas, lindas e boas.
A Suzana chegou bem mais tarde, já tínhamos terminado, depois de nos ter telefonado quando chegou ao hotel. Queria mexilhões... e até se "lambuzou" com eles...mnham, mnham!!!
A chuva, entretanto, parou e deu para uma voltinha pelo cais, ver as montras e aguçar o apetite para amanhã, com a luz do dia.
Quando chegámos ao hotel, já lá tínhamos as malas.

De manhã, não chovia e saímos em direcção ao cais, mesmo ali. Fizemos as panorâmicas do lado de lá,
tendo pena que os barcos nos tapassem parte do Património da Humanidade...

Comprámos o Bergen card por 200 coroas, para termos acesso a museus, transportes e teleférico. Deveria ter sido comprado no belo edifício de 1862, de tijolo, que alberga vários murais de Axel Revold, o edifício do turismo, Fresco Hall... mas estava em obras, e tivemos que adquiri-lo no pré-fabricado junto do Mercado do Peixe.
O teleférico, Floibanen funicular,
sobe o monte Floyen (320 m) e de lá desfrutam-se magníficas vistas de Bergen e subúrbios. Foi inaugurado em 1918 e leva 6/7 minutos a chegar ao topo, fazendo algumas paragens para saída de passageiros, nomeadamente na encantadora Skansen, com as suas casinhas na encosta.
Quando admirávamos a soberba paisagem,
a chuva veio meter medo, em grandes bátegas. Quando descemos, depois da visita à loja das lembranças
e de fotografar a "terra dos trolls", abrigados no alpendre, a chuva foi diminuindo e desapareceu, mesmo à medida para podermos explorar as ruazinhas estreitas, os bares, as placas que os identificam e outros pormenores encantadores.
Os trolls são criaturas antropomórficas
do folclore escandinavo. São gigantes horrendos (ogres) ou pequenas criaturas semelhantes a anões. Viviam em cavernas ou grutas subterrâneas. Aparecem nas obras de Tolkien ("O Senhor dos Anéis").
E chegámos ao Bryggen wharf, o cais hanseático com as suas belas casas de madeira, medievais.


A cidade fazia parte do Império da Liga Hanseática de Negociações do séc.XIV ao XVI. Muitos incêndios, o último em 1995, devastaram as casas de madeira. Reconstruídos, são 62 edifícios.


Aproveitámos bem o intervalo sem chuva. São bares e lojas comerciais com fachadas interessantíssimas e coloridas, umas ao lado das outras, coladinhas, viradas para o porto onde se vêem navios e veleiros.
Ao fundo, a Rosenkrantz Tower,
construída para proteger a entrada no porto de Bergen. Serviu, simultâneamente, de residência e fortificação de defesa.
Seguimos para Lille Lungegardsvann,

um grande lago rodeado por um belo jardim. Grupos de crianças passeavam com os professores.
Torgallmenningen é uma grande praça pedonal,
um dos pontos de encontro mais importantes da cidade com um monumento muito interessante.
Almoçámos por volta das 14 horas, num restaurante de aspecto americano, "Friday's".
A chuva começou a apertar e iniciámos a nossa visita aos museus.
No "West Norway Museum of Decorative Art", vimos uma colecção de arte chinesa e esplêndidos trabalhos em prata. Chamaram-me especial atenção os pormenores das toucas de bebés.

No "Bergen Art Museum", tivemos contacto com alguns ícones russos, velhos mestres da pintura desta região da Europa desde a Idade Média aos tempos actuais e, ainda, alguns trabalhos de Picasso, Munch, Klee e Dahl (que foi uma surpresa para mim...)
e um Diego Rivera de 1913 que é difícil de identificar(...), "Anis del mono".
Ainda tivemos tempo (as horas passavam...) de ver o "Edvard Munch Museum",
num edifício muito interessante, mesmo ali ao lado, onde estão mais de 100 obras de Munch,
algumas que eu não conseguiria identificar porque, para mim (influência de "O Grito"...) era um pintor escuro, triste e pesado. Também tem telas de outros pintores, nomeadamente Dahl.
A chuva não parou e acabámos por jantar num dos restaurantes do hotel, para não enfrentar a intempérie.
Amanhã, vai ser um longo dia até Oslo.
A Suzana não nos acompanhará: vai de avião.
A nós, espera-nos uma aventura!

A aventura começou logo de manhã.
Vamos fazer a Norway in a Nutshell.
Na pequena estação de comboio, foi fácil identificar o nosso.
Até Voss são cerca de duas horas por uma paisagem coberta de neve. Percorremos a meseta mais alta da Europa do Norte.


Em Voss, o autocarro esperava-nos a cinco metros.
Paisagens frias, cheias de neve,
cascatas congeladas
e um enorme lago gelado.
Não houve paragens porque a ninguém apetecia sair do conforto do aquecimento e enterrar-se na neve até aos joelhos!...
No Verão, as paragens para fotografias fazem a viagem mais longa.

Em Gudvagens, o topo do fiorde que iríamos percorrer de ferry.

A paisagem é deslumbrante. O espelho de água reflecte as montanhas nevadas.

Quando a chuva parou, aventurámo-nos um pouco além dos beirais dos restaurantes fechados. Ao longe, a pequena cidade.
Depois de cerca de vinte minutos de espera, o ferry apareceu na linha do horizonte.
O nosso passeio vai incluir dois fiordes que se unem em V deitado. O primeiro é o Naeroyfjord, o mais estreito fiorde navegável do Mundo. O outro, o Aurlandsfjord levar-nos-à até Flam.
Montanhas polvilhadas de neve branca. Grandes placas de gelo que parecem glaciares, Muitas-muitas cascatas desde o "fio de prata"

ao "véu de noiva".

E as aldeias, nas margens, nos vales,

de casinhas pequeninas de madeira, coloridas ou forradas de neve!...
Uma delas diz-se que tem as pessoas mais saudáveis do Mundo, provavelmente devido à pureza da água.
Chegámos a Flam
com chuva, vento e frio... e uma estação de comboios vazia. Nesta região, o turismo é maior no Verão.
Esperámos quase uma hora para apanhar o Flamsdalen até Myrdal. Seria suficiente para visitar a pequena cidade, mas o nevão não convidava a sair da estação.
A linha férrea Flamsdalen

começou a construir-se a partir da meseta de Myrdal e foi um desafio de engenharia e trabalho braçal até ao vale de Flam. Encostas inclinadíssimas e passagens estreitas. 18 dos 20 túneis que compõem o trajecto foram feitos à mão, sem ajuda de qualquer máquina. A inclinação é tal que em cada 18 metros há um desnível de 1 metro! Inaugurado em Agosto de 1940, a sua construção tinha sido iniciada em 1923.
A viagem de 20 quilómetros durou cerca de uma hora. Rios, quedas de água, grandes estalactites de gelo cortante, quintas mergulhadas no manto branco de neve.
Em Berekvam, vê-se o rio Flam
a correr, escuro, com ilhotas brancas de neve. Em Vatnahalsen,
a cerca de 1 quilómetro de Myrdal, o comboio parou para a espectacular vista sobre o vale.
Pois. A neve é tanta que cobre tudo, escondendo toda a possível beleza do vale. O hotel está lá, fechado, claro e quase coberto de neve.
Myrdal recebeu-nos às 15:40h, com uma tempestade de neve. Desolador. Assustador.
Fica a 855m de altitude. A ideia era passar umas horas na pequena cidade (o combóio para Oslo é só às 17:55h) para a conhecer, mas o tempo não nos permite, sequer, pôr o nariz fora da estação. O vento assobia, assustadoramente, lá fora. A neve já se acumulou nos vidros e a luz começa a desaparecer.
O restaurante está fechado. Para aceder ao WC é necessário sair e entrar na porta ao lado. Ninguém a utilizou!
É sexta-feira e o fim-de-semana faz deslocar os noruegueses. Passou um comboio antes do nosso, mas estava cheio. No das 17.55 h, temos lugares reservados.
Para entrar no combóio tivemos que enfrentar a tempestade de neve.

Com noite cerrada, as cinco horas até Oslo foram esquecidas com o livro de Richard Zimler que, felizmente, tinha deixado na mochila.


14 comentários:

São Rosas disse...

Eu comentava... mas fiquei com estalactites nos dedos...

cota13 disse...

Obrigado Meninos.
Um Abraço.
Tonito.

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Vi devagar para e metade de cada vez.
Assim não arranjei as estalactites nos dedos...
Gostei e em alguns casos revi!

Diamantino Santos disse...

Gostei do que vi, mas deve ter sido difícil com a chuva, a neve e o frio. Belas fotografias e adorei o encontro com o Vasco da Gama que, afinal, também descobriu forma de se fazer representar por aquelas bandas.
Um abraço

celeste maria disse...

Estou maravilhada!
Sentadinha no sofá e a passear por terras lindas, em branco de neve!
E a saber tudo o que passaram os viajantes aventureiros...
Fotografias de primeira, belas!
Desejo à Daisy e ao Alfredo muita saúde, mantendo este espírito de partilha das viagens pelos amigos.
Beijinhos.

lili disse...

Gostei muito, embora quase gelasse por ver tanta neve! imagino o frio e admiro a vossa coragem de se aventurarem àquela viagem entre Bergen e Oslo! é certo que se fizessem como a Susana já não tínhamos acesso às belas paisagens que nos mostraram.
Obrigada mais uma vez e muita saúde para continuar a viajar e a partilhar com os amigos.
Um abraço LILI

abilio disse...

Ao olhar para aquela estação de caminho de ferro fiquei cheio de arrepios. Vou-me já deitar.

Meus amigos, Daisy e Alfredo, esta excelente reportagem transportou-nos para uma outra realidade diferente da que estamos habituados e fica-me a dúvida de não saber como andam aqueles comboios no meio da neve que nem os carris se vêem. Não descarrilam?
Um abraço
Abílio

ricjoa disse...

Daisy:
Faltou contares que um casal de indianos nos deu umas moedas para comprar bolachinhas numa máquina automática, salvando-nos de morrer à fome em Myrdal, encerrados na estação de comboios!

olinda Rafael disse...

Mais uma etapa chuvosa e gélida mas igualmente linda...
O espírito genuino e enorme da vossa parte para viajar faz-vos "não sentir" a chuva,a neve e não ter medo de viajar naquele combóio...
Até à próxima viagem!

Daisy Moreirinhas disse...

É mesmo verdade!
Esgotámos as nossas moedas e o simpático casal DEU -NOS algumas moedas para não morrermos à fome na estação do FIM DO MUNDO!

JORGE NEVES disse...

O ano passado em principios de Setembro fui até à Noruega Suécia e Dinamarca achei maravilhoso e como não nevava gostei do que vi é realmente outra coisa os Nórdicos. Foram 15 dias fantásticos.
Cumprimentos
Jorge

Maria do Carmo Abreu disse...

Obrigada pelos beijos… mas principalmente pelo resultado dos teus ciclópicos trabalhos para nos dares a conhecer o mundo!!! Hás-de ser condecorado!!!
Beijos… também para partilhares com a Daisy

RI-RI disse...

Mais uma vez obrigado pela maravilhosa partilha. Gostei de ver que os dotes culinários do Alfredo já chegaram a Bergen com a abertura do Alfred Skulstad.

Maria Julia disse...

Deslumbrantes paisagens.

Mais uma deliciosa viagem.

Obrigada Alf e Daisy.

Juju