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sábado, 8 de outubro de 2011

CHINA - PEQUIM (BEIJING)

中国 - 北京北京)

3,4,5,6 Setembro 2011


Fizémos a viagem via Amsterdam.
Beijing ou Pequim significa "capital do norte". Desenvolveu-se em anéis concêntricos desde a Cidade Proibida e cresceu tanto que tem 19 milhões dos 1,3 mil milhões de habitantes da China.
A cidade tem muitos pontos de interesse e tivemos que nos organizar com a nossa delicada guia Elena (os guias adoptam nomes ocidentais, para facilitar o contacto com os turistas) e o motorista, para ver o que é mais emblemático.
O hotel, Crown Plaza, fica muito bem situado e, no primeiro dia, passeámos pela Wangfujing Dajie,

a grande rua pedonal, a dois passos. É a principal rua comercial de Pequim, onde se pode encontrar de tudo, desde as grandes e luxuosas lojas de marca até a objectos de arte, artesanato e quinquilharias.
Muita gente, muita confusão. E um tráfego infernal, com completo desrespeito dos automobilistas pelos peões, mesmo nas passadeiras.
A meio da pedonal, a igreja católica de São José,
chamada a Catedral Oriental, com três cúpulas e pedra escura com caracteres chineses. No adro, além dos jovens exibindo as suas habilidades no skate, uma profusão de noivos e fotógrafos.
Numa lateral, o típico Mercado Nocturno onde,
no meio da multidão, se podem encontrar os mais exóticos petiscos, desde os escorpiões, aos grilos e gafanhotos.

E muita, muita quinquilharia.
Os chineses vendem tudo. Também compram muito.

O Templo do Céu (Tian Tan),
foi construído durante a dinastia Ming, em 1420, pelo 3º imperador desta dinastia. Na ampla entrada, os reformados jogavam, davam um pé de dança,
praticavam tai-chi
e escreviam poemas em caligrafia chinesa com os pincéis molhados em água.
As principais partes do templo estão ligadas pela ponte da Escadaria de Cinábrio,
uma passagem elevada com a orientação auspiciosa norte-sul.
O altar circular é feito com círculos de lajes dispostas em múltiplos de 9 (número de sorte) onde os sacrifícios de pequenos touros eram feitos pelo imperador.
O Salão de Orações
das Boas Colheitas, Qinian Dian, que quer dizer "Altar do Céu" é, sem dúvida o mais espectacular. Tem três telhados circulares azuis,
da cor do céu, e um remate dourado à prova de raios. Tem 38 metros de altura, com paredes exteriores vermelhas (a cor do imperador) e esculturas de dragões e fenixes. O tecto interior
é de madeira sem um único prego, suportado por 28 pilares ornamentados.
Saímos pelo bosque dos cedros,
onde os mais velhos continuavam na prática de actividades, à sombra de árvores com mais de 400 anos.

A maior avenida de Pequim, atravessa a cidade de este a oeste, em 46 quilómetros, chama-se avenida da Paz Eterna (Changan), com grandes edifícios que são ministérios e hotéis e também a sede da televisão nacional da China, a Torre Nova de CCTV
da autoria do arquitecto holandês Rem Kollas ( autor da Casa da Música, no Porto). Atravessámo-la para visitar o Templo dos Lamas.
O lamaísmo
é uma seita do budismo do Tibete, de onde veio, no séc. IV, por oposição ao confucionismo, que não acreditava na reencarnação e num reino melhor depois da morte. Atravessámos uma bela alameda
 sombreada por gingkobilobas,
as árvores mais velhas da Terra.
Construído no séc. XVII, o Templo dos Lamas (Yonghegong) é uma fusão de estilos Han, Mongol e Tibetano. À entrada, um casal de leões fazem a guarda. O macho,

com a bola debaixo da pata
e a fêmea com a pata por cima da cria.
Vários salões
guardam diversas estátuas de buda, mas a maior atracção está no Pavilhão Wanfu Ge.

É uma imponente estátua de
Maitreia ou Buda Vindouro,
com 18 metros de altura em uma só peça de madeira de sândalo, oferecida ao 6º imperador da dinastia Qing pelo Dalai Lama.
Os hutongs
são o coração da cidade velha. De riquexó,
embrenhámo-nos pelo emaranhado de ruelas. Orientados no sentido este-oeste, são formados pelos muros das casas viradas para pátios (siheyuan) que eram, outrora, residência de funcionários e burgueses. Visitámos uma casa particular,
com as divisões todas viradas para o pátio sombreado por arbustos de onde caiem pequenas abóboras.

A caminho dos dois maiores ícones de Pequim, parámos no Teatro Nacional, denominado o "Ovo".

Desde 1989, a entrada na Praça Tianamen
(Tian'an Men)
é rigorosamente vigiada, com as mochilas e carteiras a passarem ao Rx. Ainda está na nossa memória a figura do estudante enfrentando os tanques do regime.
Tian'an Men Guangchang significa Praça da Porta da Paz Celestial. Com 440.000 metros quadrados (880X500 metros), é a maior praça do mundo, construída em 1949.
O Mausoléu de Mao Zedong (Tsé-Tung)
está em lugar de destaque enquadrado por um conjunto de esculturas representando a revolução. À volta, os edifícios em estilo comunista da década de 50 do séc. XX e pelas muralhas da cidade. Fervilha de gente. Uma coluna de granito
(Monumento aos Heróis do Povo),
de 1958, decorada com baixos relevos com episódios da história da revolução e caligrafia de Mao Zedong e Zhou Enlai.
A proclamação da fundação da República Popular da China foi feita a 1 de Outubro de 1949 por Mao a partir da Porta da dinastia Ming
onde está o seu retrato, que é retocado todos os anos.
O Museu Nacional da China
fica à direita e foi construído em 1959. À esquerda, o Palácio do Povo,
que é sede do parlamento chinês. Atrás do túmulo de Mao, a Torre da Flecha e a Torre Zhengyang Men, construídas na dinastia Ming.
A luz é estranha. A imensidão da praça assusta.
Atravessámos a Chang'an jie por uma passagem subterrânea até à Cidade Proibida.
Esta,concluída em 1420, é o ex-libris de Pequim e da arquitectura imperial,
testemunhando a vida faustosa e gloriosa de 24 imperadores que aqui viveram
ao longo de 500 anos até 1912, ano em que o último imperador Puyi (ver filme de Bertolucci...) abdicou.
Diz-se que tem 999 divisões
porque o reino celestial tem 1000 e o imperador era o deus na terra, imediatamente a seguir ao deus celestial. É um complexo de belíssimos edifícios
separados por pátios. Entrámos pela Porta da Pureza Celestial encontrando, em frente, o Salão da Harmonia Protectora.
Nos telhados, os remates com guardiões,
em número ímpar. O Rio das Águas Douradas
corre de oeste para leste, em forma de cinto de jade usado pelos oficiais da corte, tem 5 pontes de mármore
que simbolizam as 5 virtudes do confucionismo.
As portas, grandes, vermelhas
(o vermelho é simbolo de poder) estão cravejadas com 81 cravos de bronze (o resultado de 9x9 é de bom auspício).
Saímos pela Porta do Meridiano (Wu Men) de cuja varanda o imperador passava a revista aos exércitos e presidia às cerimónias do começo de cada ano.
A área total é equivalente a 72 campos de futebol!
Os jardins imperiais
ficam a norte, destacando-se o Pavilhão dos Mil Outonos e o Pavilhão das Mil Primaveras, com telhados redondos.
A muralha e o fosso circundantes

isolavam a Cidade Proibida da gente comum.

O palácio da Cidade Proibida estava ligado ao
Palácio de Verão
por um rio que a imperatriz Cixi (1835-1908) percorria de barco para se resguardar dos verões escaldantes. Esta imperatriz foi uma figura importante na história da China e na deste palácio que mandou reconstruir por duas vezes: depois da destruição pelas tropas francesas e inglesas em 1860 e depois da revolta dos Boxers, em 1902.
Situado num frondoso parque, está à beira de um grande lago (Lago Kunming)
que rodeia 3/4 da área do palácio, em forma de pêssego (que significa longevidade), no cimo de uma colina com a forma de morcego (morcego diz-se fu e tem o mesmo som da palavra felicidade em chinês).
Composto por diversos pavilhões
com nomes como Salão da Benevolência e da Longevidade, da Felicidade, das Ondas de Jade. Entre o Salão da Longevidade (com o trono da imperatriz Cixi) e o cais, está uma longa galeria coberta,
belíssima e fresca, com jardins de um lado e o lago do outro,
decorada com mais de 14.000 pinturas de paisagens, animais e flores. Tem 728 metros de comprimento e está no livro Guiness dos records como a maior galeria (corredor) coberta do mundo.
No fim do corredor, no cais,
a barca de mármore
que a imperatriz mandou construir, em madeira pintada de branco para parecer mármore. Foi aí que apanhámos a barca do dragão
para atravessar o lago.
A Ponte dos Dezassete Arcos
liga a ilha do lago sul a terra, com 544 balaústres coroados por leões de bronze. No alto da colina, o Pagode da Fragrância de Buda.

À noite, deslumbrámo-nos com o espectáculo da ópera,
com muita cor e muitas peripécias,
numa história muito simples
e música monocórdica. Pagámos 260 yuans (cerca de 30 euros) cada um e pudemos fotografar tudo, sem flash.

O outro ícone da China, é a Grande Muralha.
Serpenteia por 6.700 quilómetros, por picos montanhosos, vales e desertos.

Foi em 220 a.C., no reinado de Qin Shi que os vários troços foram unidos,
depois da unificação da China. Não protegeu, no entanto, contra a invasão dos Mongóis (séc. XIII) e dos Manchús (séc. XVII).
O troço que visitámos fica a cerca de 80 quilómetros de Pequim e foi construída ao longo de cumes e encostas, bem difícil de percorrer,
mas de onde desfrutamos de belas paisagens.
As torres ou baluartes estão separadas por uma distância de um disparo de flecha (para não deixar nenhuma secção indefesa), mas com a inclinação, a distância para caminhar é bem maior. Também servia de comunicação através de sinais de fumo (queimando fezes de animais), luzes, tambores e sinos.
Descansámos alguns minutos, saboreando um chá, na companhia da Elena e da Suzana, que nos esperavam em baixo.

Os Tumulos Ming

foram a nossa última visita em Pequim.
Localizados num sítio cuidadosamente escolhido pelo auspicioso alinhamento fengshui, com a cordilheira de montanhas a norte, este e oeste, abrindo-se para sul.
Na área, que tem cerca de 40 quilómetros quadrados, estão 13 dos 16 imperadores da dinastia Ming.
O complexo começa num portão vermelho onde os imperadores deixavam os cavalos, percorrendo a pé os 7 quilómetros do Caminho Sagrado, ladeado por 36 estátuas de pedra de oficiais, soldados, animais e animais mitológicos, para visitar os túmulos dos antepassados e as obras do seu próprio. O caminho era feito 7 vezes por ano.
Visitámos o túmulo do imperador Yongle,
uma cópia, em tamanho pequeno, da
Cidade Proibida,
mas numa zona de montanha, arborizada.
Um dos salões foi adaptado para expôr os tesouros encontrados num outro túmulo, entre magníficas e enormes colunas em nanmu (cedro perfumado).
Na mesma linha, o portão de mármore
que marca a passagem para o reino dos mortos.
Na Torre Sagrada,
de onde se vislumbram alguns outros túmulos, uma monumental peça de mármore
com a inscrição do nome do imperador. Atrás, um muro circular com uma colina artificial debaixo da qual repousa o imperador com as suas riquezas e familiares, escravos e amigos.
Mas não saímos de Pequim sem assistir a um espectáculo de acrobacias no Dongtu Theatre, na companhia de uma alegre algazarra de uma excursão de estudantes coreanos.





Amanhã, o dia vai ser de viagem.
Para Mianshan! Aguardem.

* * * * *

*

24 comentários:

Maria Julia disse...

Como sempre, viajei convosco...

Fabulosas descrições e fotos, que me transportam, para lá.

ADOREI! OBRIGADA Alf e Daisy, por estes minutos.

PARABÉNS.
Beijinhos.

Juju

RI-RI disse...

Mais uma belíssima aula maravilhosamente ilustrada. OBRIGADO!

Suzana Maria disse...

Estou encantada,A Daizy é unica.Obrigada pelo teu trabalho que foi duro .Beijos

celeste maria disse...

Acabei de assistir à longa metragem "China-Pequim (Beijing)"!

Realizadores, fotógrafos, atores, relatores de texto,... são fora de série!

Os tres mosqueteiros dentro do ovo! Mais uma delícia.
Bem hajam pela partilha, grandes amigos, Daisy, Alfredo e Suzana.

Anónimo disse...

Obrigado! Excelente descrição! Belíssimas imagens! Uma bela Lição de História...chinesa!
Parabéns caros amigos!
Abraço

São Rosas disse...

Só de ler já tenho as solas dos sapatos gastas!

Cristina Borda D'Água disse...

Fabulosa viagem. Muito organizadinho o meu amigo. E reparei nas fotos que não estáo nada " Ictéricos" Lol!

Pedro Caracas Tiago disse...

Afredo explica-me lá uma coisa sff...Tu conseguiste decorar aqueles nomes todos, ou tens o teu livrinho dos apontamentos ? hihihihi

Manuela Rebelo disse...

Adorei! As fotos e os textos são tão bons que até parece que também fiz a viagem! Um abraço

Marinela St Aubyn disse...

Obrigada, Alfredo, por partilhares tanta beleza connosco. É uma reportagem fotográfica e descritiva de grande qualidade. Parabéns para ti e para a Daisy.

Hilda Maria Baptista disse...

Já fui de viagem!!!!... Obrigado!!
Gostei de ver que a Zara já chegou à China!!!

Anónimo disse...

Bela reportagem... assim, viajamos convosco.
Grande abraço,

Luís e Fátinha

Anónimo disse...

Excelente reportagem, óptimas fotografias e a habitual generosidade da partilha, que agradeço, com um fraterno abraço. Jorge Castilho

Washington Dantas disse...

Queridos Alfredo e Daisy:

Ficamos felizes em saber que vocês estão óptimos e que continuam na vossa jornada de conhecer o mundo.
Obrigado por partilharem fotos tão lindas, e um texto tão maravilhoso.
Acreditem que "viajamos com vocês".

Obrigado e Um grande abraço.

Washington, Beth,Ju e Vitinho.

Carlos Viana disse...

Mais uma fantástica viagem oferecida, sem custos, pela Daisy & Alfredo.
Pelo que sei, o que hoje nos é mostrado é apenas o levantar do véu...

Cá fico, comodamente instalado, aguardando o resto da vossa grande aventura.

Para já, por este bocadito, obrigado.

cota13 disse...

Obrigado por mais este mimo.
Tonito.

Saint-Clair Mello disse...

Tenho chegado um pouco atrasado para as viagens, mas embarco. Sempre muito bons o texto e as fotos.

lili disse...

Meus Amigos:
Mais uma maravilhosa viagem que nos ofereceram a custo 0 :)).
Ficamos eternamente gratos pois as descrições e as fotos são tão boas que embarcamos no sonho e torna-se realidade. Esta viagem não pára por aqui e por isso cá ficamos à espera da continuação.
Um enorme abraço da Lili e João

Odete Tavares disse...

Maravilha! E como eu não estou a pensar ir para aquela confusão, prefiro visitar “à distância”. Confesso que adorei as explicações que dão a todo o vosso percurso, os detalhes que nos levam até lá! Verdadeiramente bonito!
Grande abraço,
Odete

olinda Rafael disse...

Fiquei,saudávelmente,com os olhos em bico por tudo que vi e li...exceptuando os bicharocos para comer na feira onde tudo de vende!
Ai gente do meu bairro que bom é viajar na realidade...apenas vos vou acompanhando e com muito gosto neste TRAVEL WITH US.
Continuem a partilhar!

Rui Felício disse...

A costumada qualidade dos textos e das fotografias transportam-nos e explicam-nos a um longínquo país que a esmagadora maioria de nós nunca visitou nem visitará.
Como curiosidade, refiro a presença da Zara, evidenciada por uma das fotografias.

Obrigado à Daisy e ao Alfredo

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Fantástico.Algumas imagens esmagadoras!
Para tornar a ver...

abilio disse...

Maravilhado. Imagino o trabalho que tiveram a compilar toda a informação que recolheram e compaginá-la com as excelentes fotos.
É outro mundo em que tudo se apresenta com um significado numa civilização que soube preservar o passado.
Obrigado

Joaquim Miranda disse...

Belas fotografias e textos ilucidativos. Um dos viajantes é a Susana Redondo?