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sábado, 8 de janeiro de 2011

ALSÁCIA, MERCADOS DE NATAL

COLMAR
2 a 9 Dezembro 2010






Anexada ao Império Alemão de Bismarck em 1870 (como o resto da Alsácia), sofreu uma "germanização" acelerada que obrigou muitos ao exílio, como Bartholi, escultor e arquitecto autor da Estátua da Liberdade,
oferecida à América em reconhecimento pelo acolhimento dos alsacianos. Durante a II Guerra Mundial foi ocupada pelos nazis, mas libertada a 2 de Fevereiro de 1945.
Séculos de lutas entre a França e a Alemanha, deram origem a belas cidadelas fortificadas e com castelos.
Entre os Vosges  e a Floresta Negra, a Alsácia fica num fértil vale do Reno e é conhecida pelos seus vinhos, desde o Gewurztraminer ao Riesling e aos Pinot (dos quais o Pinot noir é o único tinto da região).
A sua gastronomia também é muito rica e a Choucroute

 (uma espécie de cozido à portuguesa acompanhado por uma couve branca acre, fermentada) é rainha. O Backeoffe é uma cassarola de três carnes marinadas em vinho alsaciano e cozinhada no forno. As Tartes Flambées (Flammekueche)

são uma espécie de pizza com uma massa muito fina guarnecida com uma mistura de creme, cebola e queijo branco. E não esquecer o foie-gras!


Os Mercados de Natal espalham-se por pracinhas e algumas ruas, vendendo artesanato e presépios de todo o Mundo.
As casas típicas, com traves de madeira entrelaçadas na fachada (maison à colombages)

e telhados inclinados,
têm profusamente enfeitadas as suas janelas,

com ursos brancos, pais-natal, cegonhas brancas (que são um dos símbolos da região).
E a neve, branca-branca,
veio dar um cunho muito especial a toda a cidade.
Mas Colmar tem muito mais para ver, e os Mercados foram uma desculpa para esta visita, juntamente com a insistência carinhosa dos nossos amigos residentes, Elisabeth e Bobbyzé, que nos acompanharam e orientaram preciosamente.

A Maison Pfister, no ângulo da rue des Marchands e rue Mercière,

é a a casa mais célebre de Colmar, que alguns consideram a mais bela da Alsácia. Foi construída em 1537 para o chapeleiro Ludwig Scherer, originário de Besançon, que enriqueceu graças à exploração de minas de prata de Lièpvre. É uma mistura harmoniosa de pedra e madeira. Os medalhões esculpidos na fachada,

representam os imperadores Maximiliano, Ferdinand I e Charles Quint.
As paredes estão cobertas por pinturas
de cenas evocando as virtudes cristãs, evangelistas e cenas do Antigo Testamento.
Colada a esta, a Maison Zum Kragen,

conhecida pela escultura em madeira policromada representando uma personagem barbuda renascentista.

  Na Place des Dominicains,

estão as banquinhas de um dos mercados e a igreja com o mesmo nome,
de estilo gótico, cuja primeira pedra foi colocada em 1283 pelo rei Rodolfo I de Habsbourg e terminada no séc. XIV. A visita justifica-se para admirar a "Virgem da Roseira Florida",
de Martin Schongauer, uma magnífica pintura de 1473, com influência flamenga, retratando uma Virgem belíssima, de rosto oval, com o Menino ao colo, que parece em relevo. Por trás, a Roseira, florida. Na nave central, uma exposição temporária de artistas de Colmar e, nas paredes laterais, cenas da Paixão em terracota vidrada.
A Maison des Têtes,
na rue des Têtes, deve o seu nome às muitas máscaras esculpidas na sua fachada (106).

Foi mandada construir em 1609, em estilo renascença tardio, para um rico mercador e é testemunha da idade de ouro dos mercadores, na região. No topo, uma estátua de um tanoeiro alsaciano,
obra do escultor Bartholdi, de 1902. Foi local da Bolsa de Vinhos e hoje é um hotel-restaurante.

A Catedral de Colmar,
assim chamada embora só o tenha sido durante a Revolução, é uma Collegiale consagrada a Saint Martin (São Martinho),

construída entre os séculos XII e XIV, estilo gótico, em grês amarelo de Rouffach. Entrámos ao som do órgão, construído por por André Sielberman em 1755.

Numerosos belíssimos vitrais

e esculturas de Arte Sacra que pudemos fotografar. Por fora, a torre com 71 metros. A fachada ocidental, relativamente pouco decorada, tem uma estátua de S. Martinho cortando o manto de soldado romano para dar a um pobre. O portal sul é dedicado a S. Nicolau,

data do início da construção, da segunda metade do séc. XIII e marca a transição do românico para o gótico. Em baixo, na parte românica, vê-se Saint Nicholas rodeado, à sua direita, por três jovens meninas que salvou de um destino sombrio (prostituição?) estando o seu pai arruinado e não lhes podendo dar dote. À sua esquerda, três jovens rapazes, representando, provavelmente, o milagre da ressurreição de três crianças perdidas na floresta, mortos por um padeiro que os pôs na salgadeira para os comer mais tarde. (Esta história deu origem aos "mannalas", pães com forma humana em que os olhos são representados por passas de uva, e que se comem a 6 de Dezembro...).
Le Corps de Garde,

em frente da Catedral, é um magnífico edifício estilo renascença renano, decorado com colunas toscanas ao nível da porta 
e colunas coríntias ao nível da loggia.
Ao lado, a Maison Adolphe,

uma casa alta com janelas em arco, gótica, talvez a casa mais antiga de Colmar.
Le Koifhus,
 
na Grand Rue, é a antiga alfândega (Kauf Haus), com telhados verdes e amarelos semi-escondidos pela neve, data de 1480. Tem uma bela escada renascença, pejada de visitantes, que leva à Sala Décapole (Associação das Localidades Livres Alsacianas). Daí se pode admirar a Place d'Alsacienne Douane, com as belas casas de madeira em tons pastel

com pilares esculpidos, escondidos pela profusão de enfeites e pela multidão de visitantes.
É sábado e está programado um espectáculo especial para o fim da tarde.
Almoçámos no "Winstub (Adega) Petite Venise": choucroute, jambonneau e coustrellont de sandre, acompanhados por Pinot Rouge. Encantámo-nos com a Petite Venise,


um ponto de vista magnífico sobre o Lauch, bordejado por belíssimas casas medievais

que pudemos observar a partir da Ponte Saint Pierre.
Seguindo pela Rue de La Poissonerie,
chegámos ao Quai de La Poissonerie,
onde chegavam os produtos hortícolas, peixe e vinhos, pelo canal, em barcos, e onde pudemos admirar um dos mais belos conjuntos de casas. Entrámos no Mercado Coberto onde, numa banca de emigrantes portugueses, se vendem as nossas coisas, desde os pastéis de nata ao Licor Beirão.

Saboreámos um chazinho  e "mannalas" em casa da Denise, a mãe da Elisabeth, em agradável cavaqueira até às cinco da tarde.
Depois, posicionámo-nos, no Cais da Poissonerie   

(porque na Petite Venise o povo já se amontoava), para ouvir as crianças das escolas, que desceram o canal, vestidos de Pai-Natal, em seis ou sete barcos
e nos presentearam com belos cânticos de Natal. Acompanhava-os um outro barco com São Nicolau carregado de presentes e uma figura soturna (Hans Trapp)
que representa o "castigador" dos mal-comportados.

O Musée d'Unterlinden,
na praça com o mesmo nome,
está instalado num convento dominicano,
fundado no séc.XIII por duas viúvas, irmãs, que decidiram retirar-se num lugar dito "unterlinden" (sob as tílias), em Colmar, e fundar uma ordem religiosa. Juntaram-se à Ordem das Dominicanas e edificaram o convento em 1252. O ex-libris do museu é o Retábulo de Issenheim e toda a visita é conduzida com essa indicação. Data de 1515 / 16 e foi pintado por Mathias Grunewald e esculpido por Nicolas de Hoguenau 
e é composto por 11 tábuas que se abriam segundo o calendário litúrgico.
O retábulo
está exposto na Capela das Dominicanas, na nave central, sendo possível admirar todas as tábuas. Todas elas são extremamente interessantes e vale a pena demorar na observação. Especialmente na "Crucificação",
o artista mostra bem os pormenores dolorosos, na figura da Mãe, na de Maria Madalena e no próprio corpo de Cristo com as suas chagas.
Também Schongauer está representado na Capela das Dominicanas, em retábulos
que mostram os traços suaves das suas pinturas.
Nos claustros, o Poço do Vinho, do séc.XVI.
No Museu, está também representada a pintura moderna, sobressaindo um
"Retrato de Mulher Sentada" de Picasso
e uma grande tela de Vieira da Silva.
Encantadora e acolhedora, Colmar foi o nosso ponto de partida para outras visitas na Alsácia, que ficarão para o próximo post.
Para o sucesso desta viagem, muito contribuiram os nossos amigos residentes, Bobbyzé e, especialmente, Elisabeth que minuciosamente traçou os diversos percursos com os principais pontos de interesse e nos surpreendeu com a gastronomia da região que serviu na acolhedora casa do casal por diversas vezes.

*****

28 comentários:

Saint-Clair Mello disse...

Beleza de post, Moreirinhas! Texto enxuto, fotos magníficas produzem uma narrativa gostosa. Fico aguardando os próximos para continuar essa viagem "fotogástrica" pela Alsácia.
Abraços.

Alfredo Moreirinhas disse...

Obrigado Amigo Saint-Clair!...
Sempre em cima do acontecimento!
Abraços,
Alfredo

cota13 disse...

Bem feito.
Um Abraço.
Tonito.

Maria Julia disse...

Adorei!!! Lindo, tudo lindo, com as tuas fotos a deixarem-nos ver bem todos os pontos de interesse, o casal Bobbyzé e Elisabeth, os monumentos, a cidade em si, e as telas de Picasso e Vieira da Silva...
E...na gastronomia, nem falo - nhã, nhã!!!!
A história dos locais, como sempre muito bem narradas, p'la Daisy...

Obrigada. Beijinhos.

Juju

São Rosas disse...

Se as fotografias são uma maravilha, imagino (só posso...) como será mesmo Colmar.

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Foi bom reviver eStes locais que visitámos em ABRIL!
Mesmo sendo épocas do ano completamente diferentes, deu para com esta bonita reportagem, ter agora percorrido novamente esta maravilhosa cidade...mas com legendas!
Ficou tudo mais completo!

Anónimo disse...

Extraordinário!!!
Belíssimas fotos! Bela lição da "história alsaciana! Parabéns Daisy! Parabéns Alfredo!
É sempre um prazer ver o vosso Blog!
Beijos & Abraços extensivos ao caro amigo Zé Oliveira e Elisabeth, que também são uns previligiados, pois vivem numa cidade de encanto!

José Leitão

Pedro Madeira da Fonseca disse...

Que belas fotos Alfredo, e que bonita a COLMAR que apresent+aste. Assim não me admiro que o Boby Zé se tenha apaixonado pr essas paragens (e não só).

teresa lousada meneses dias disse...

Que preciosidade é Colmar!
Nunca imaginei que aqui, se "respirasse" tanta beleza, tanta antiguidade num cenário de sonho!
Obrigada Alfredo pela tua fantástica reportagem, onde a descrição e as fotografias me fizeram conhecer um pouco da beleza e do passado histórico desta linda Colmar, situada na Alsácia.

Jorge Fernando Ferreira Monteiro disse...

Magnífico meu irmão! Grande abraço!

Laura Sarmento disse...

Adoraria ir até lá. Agora muito mais.

Ana Nazario disse...

Simplesmente maravilhoso....

Marinela St. Aubyn disse...

Uma maravilha! As fotos e a descrição são fantásticas!
Ficámos com a curiosidade espevitada.
É uma zona a conhecer.
Obrigada por terem partilhado as vossas recordações.
Beijinhos e abraços para a Daisy e para ti,
Marinela e Chico

carlos costa freire disse...

Que maravilha de fotografias e que tristeza de não ter tido avião.Se tudo correr bem o Zé Henrique lá terá de me aturar.Voltando a Colmar o nosso amigo Zé tem o previlégio de viver no paraiso.
Abraço para ti e um beijinho á Daisy
Carlos

olinda Rafael disse...

Amigos queridos,
Fotos belas e texto eloquente.
É um local a visitar...assim o espero.
Beijos

lili disse...

Meus Amigos:
Obrigada uma vez mais por esta viagem virtual a Colmar.
Tudo é lindo desde as fotos ao maravilhoso texto.
Ficamos muito mais motivados a ir visitar a Alsásia que deverá acontecer no próximo verão.
Um grande abraço
LILI e João

Bobbyzé disse...

Agora DAISY, compreendo melhor porque é que ficavas acordada até às 2 da manha, sempre agarradinha aos teus apontamentos escritos no quotidiano!IMPECAVEL!!Adoràmos!As fotos, lindissimas, e a descriçao relatada dos detalhes dos monumentos e outros sitios de interesse, captivam instântaneamente o leitor.

Nao nos cansamos de citar que foi para nos um IMENSO prazer, servirmos de guia nesta nossa magnifica cidade a estes dois casais do nosso Bairro!

Um beijinho para vos e ficamos ansiosos pelos capitulos seguintes!

José Verdasca disse...

Olá Amigos

É sempre bom saber que continuam a viajar e que estão de saúde. Aproveiro para desejar um Bom Ano com tudo bom

Um Abraço

Zé Verdasca e Patrocínia

celeste maria disse...

A Daisy e o Alfredo puseram-me a sonhar.Fechei os olhos, voltei a abri-los e afinal já tinha estado neste local!
Colmar vestida de branco, brilhante, linda.
A descrição dos pormenores, que escapam aos mais distraídos ou menos sensíveis...completa o cenário!
Agradeço a vossa partilha.

ANA MARIA disse...

Amigo Alfredo:
Obrigada pela magnifica reportagem.
Um abraço para ti e para a Daisy.

Ana Maria

abilio disse...

É sempre um prazer acompanhar vos nas vossas deambulações por este Mundo.
Colmar é uma referência no nosso imaginário, por ser local de algumas outras peregrinações e por ser o local de acolhimento de outro amigo, o Bobbyze.
As fotografias são ótimas e o texto, com o devido enquadramento histórico, dão-nos uma visão global de Colmar abrindo-nos o apetite para uma possível visita.
Abraços
Abílio

Rui Pato disse...

Excelente reportagem , com imagens magníficas e um texto adequadíssimo

ricjoa disse...

As fotos parecem autênticos postais!Quantos rolos gastaram?
Podias fazer um concurso para advinhar quantas fotos tiraram no total....
Beijinhos.Joana.

Titá disse...

Adorei revisitar a bonita cidade de Colmar. Tive pena de não ter podido vê-la vestida de branco e enfeitada para o Natal, mas vi-a na Páscoa e confesso que é igualmente bonita. Deduzo que o seja todo o ano.

Obrigada ao Alfredo e à Daisy.

Anónimo disse...

Colmar é uma preciosidade...a reportagem fotográfica, magnífica.
Parabéns Alfredo, és o um reporter de mão cheia, claro, bem apoiado pela Daisy.
Aquele abraço.

Luís e Fátinha

Graça Portugal disse...

Olá, belíssimas fotografias! A Alsácia é uma região que eu gostava de visitar, talvez no final deste ano:) Os mercados de Natal realizam-se todos os anos? E têm início sempre no principio de Dezembro? Ou será melhor visitar numa estação mais quente, para quem lá vai a primeira vez?

Espero que estejam bem.

Beijos,
Graça

Carlos Viana disse...

Meus queridos Amigos,
Sabem como é, apetece-me dizer que esta reportagem está muito incompleta.
Faltam as imagens de um pastor alemão, zelando pela segurança do Pais, a esfrangalhar as vossas malas...

Por outro lado, não resisto a dizer-vos que esta foi uma das melhores reportagens que nos transmitiram.
Não vou falar da qualidade da fotografia, não vou referenciar a qualidade dos textos.
Falo do imenso cuidado que tiveram em nos situar na História de Colmar e no desenrolar, passo a passo, até aos nossos dias, de todo o processo evolutivo da região.
Algumas coisas sabia mas muitas aprendi convosco, aqui e agora.
Obrigado.
Parabéns.
Beijinho e abração.

zeca soares disse...

Alfredo,ainda bem que me ensinas-te vir viajar através destas mágnificas fotografias e respetivos comentários.Obrigada e beijinhos para Ti e Daisy. Zéca Soares