PERTH e ULURU
Austrália - 9 a12 Fevereiro 2010
O nome oficial da Austrália é Commonwealth of Australia.
Em 7.682.300 quilómetros quadrados vivem 19.544.000 habitantes, uma média de 2,5 habitantes por quilómetro quadrado.
Os primeiros habitantes, chamados aborígenes pelos britânicos, terão vindo da Ásia há alguns milhões de anos e são, actualmente,170.000, três vezes mais do que a população do início do século XX, mas ainda longe dos 350.000 que habitavam a região no século XVIII, quando chegaram os colonizadores britânicos. As tribos mais numerosas encontram-se no Território do Norte.
PERTH
Chegámos a Perth já passava das duas da manhã. Na segurança, as coisas complicaram-se um bocado: "aleatoriamente" revistaram a Joana (que é um pouco mais morena do que nós...) e tivemos que abrir a mala por causa das injecções para as dores de costas do Alfredo.
O taxista que nos transportou era muito falador e simpático e esclareceu-nos que sim, que valia a pena ir a Fremantle, por causa das "little creatures" (...). Com o entusiasmo da conversa, deixou-nos em frente ao "Holiday Inn" e, já com as malas fora e o carro a arrancar, tivemos que lhe lhe bater no porta-bagagens e fazer barulho para que parasse e nos levasse ao hotel que tínhamos reservado. Uma risota! E "sorry" e "no problem"!
No "Travelodge" o pequeno-almoço era só até às 9.30 horas, o que nos obrigou a iniciar a descoberta da cidade mais cedo.
Perth é a capital da Austrália Ocidental e a cidade mais isolada do Mundo. Fica a 2.700 quilómetros de Adelaide, a cidade australiana mais próxima e, para o lado do mar, no Oceano Índico, as Maurícias ficam a 6.000 quilómetros. É a cidade australiana mais próxima do sudoeste asiático, sendo Jacarta a cidade que fica mais perto.
Perth fica nas margens do rio Swan, a 10 quilómetros da sua foz, no Oceano Índico. É uma cidade plana entre a costa e a cadeia montanhosa Darling.
Tem uma rede muito interessante de transportes urbanos gratuitos, que aproveitámos, logo ali, na Hay Street para ir à Barrack Square e conhecer a estilizada Swan Bell Tower,
uma belíssima peça de arquitectura contemporânea, classificada como um dos maiores "instrumentos musicais" do mundo, pelo som dos numerosos sinos que vieram das mais famosas igrejas de Londres e que tocam duas vezes por dia.
Queríamos saber o que eram as "little creatures" e apreciar a beleza de Fremantle e, para isso, apanhámos o ferrie, ali mesmo, deixando para trás a Swan Tower, os altos edifícios da City e apreciando, depois, as belas vivendas sobranceiras ao rio e os iates de invejar.
Fremantle é um dos locais mais históricos da Austrália Ocidental tendo,ainda, belos edifícios do século XIX, da época da corrida ao ouro.
No porto, vê-se o Museu Marítimo com um veleiro antigo.
Duas das muitas esculturas que nos surpreendem, no cais, ao desembarcar em Fremantle.
No E-Shed Market, muito calmo (só ferve aos fins-de-semana, com o povo todo de Perth a vir para a praia e para a diversão...), sentámo-nos para o cafezinho.
Sem pressas, vagueámos pelas ruas antigas e pacatas, com edifícios muito bonitos com varandas em ferro forjado.
Na loja de artesanato aborígene, o Alfredo aprendeu alguns truques para aperfeiçoar o toque do seu didjeridoo e comprou mais uma peça, o "bullroarer", que só poderá usar no jardim e bem longe das minhas preciosas plantinhas!...
Atravessámos os Malls Markets em direcção ao Fishing Boat Harbour,
para almoçar... e descobrimos as "Little Creatures", um restaurante com uma fachada com pequenos anjos, antiga fábrica de cerveja com esse nome.
Comemos na esplanada virada para o rio. A cerveja "Little Creatures" foi muito apreciada e percebemos o entusiasmo do nosso taxista de ontem!...
Regressámos de combóio. E passeámos pela parte mais antiga de Perth, fotografando os seus belos edifícios do século XIX, início de XX, como o London Court, o Brass Monkey Hotel, a St. George's Cathedral,
a igreja de St. Andrew, o edifício com varanda de madeira onde os condenados eram expostos. O Perth Town Hall, o Forest Chase, os edifícios e jardins da Governament House, as torres de St. Mary's ao longe... e muitos outros.
Descansámos um pouco no hotel e caminhámos cerca de vinte minutos para ir jantar na zona de Northbridge, no "Outback Jack".
O nosso hotel fica na Hay Street, que é uma enorme avenida, onde se encontram os edifícios mais conhecidos.
O Perth Mint é a casa da moeda mais antiga da Austrália,
construída em 1899 por causa da descoberta de ouro no rio Swan. Também por causa da corrida ao ouro foram, nessa época, construídos muitos hotéis, de que o "Carlton Hotel" é um exemplo.
Nos CAT (Central Area Transit, cujo símbolo é um gato mais parecido com uma pantera),
os transportes gratuitos da cidade, fomos até aos Victoria Gardens ou Claisebrook Cove Public Art Walk, uma zona de urbanização sofisticada, à volta de um braço do rio Swan,
com casas muito bonitas e algumas obras de arte na decoração das áreas públicas, bem como uma extensa área de lazer verde.
Voltámos depois à Hay St., passeando junto do "His Majesty Theatre"
e dos "Cloisters",
um edifício com uma bela fachada decorativa de tijolo, construído em 1850, com a escultura de um bispo a convidar-nos a entrar.
De ferrie, a partir da Barrack Square, fomos até South Perth , a zona do Zoo, para almoçar. Mas não foi boa ideia, porque os restaurantes não satisfazem. Valeu pelo insólito do chinês simpático e que, gesticulando, nos convidou para a fotografia.
Só descobrimos que não era mudo quando apareceu a família, mulher e três filhos. O casal veio da China para ver os filhos que estão a estudar aqui e estavam deslumbrados com tudo. Ficámos em dezenas de fotografias porque, com o tripé montado, disparava três fotografias de cada vez!
De regresso à Barracks Square, voltámos a fotografar a Swan Bell Tower
e caminhámos até ao "Western Australian Museum", numa corridinha porque se aproximavam as 17 horas, mas deu para dar uma vista de olhos pela pré-história e pela história aborígene, principalmente durante o colonialismo. O Centro Cultural da cidade desenvolve-se à volta de uma velha prisão. Foi construído por condenados em 1853-54 e foi aqui que foi erguido o primeiro "Execution Yard", em 1855, para enforcamentos públicos.
A pé até ao hotel, passámos pelo MacDonald Building, o Sweden Hotel com o restaurante "Miss Maud",
o edifício da Salvation Army, a Fire Station (o quartel dos bombeiros),
o Royal Perth Hospital e, finalmente, a St. Mary's Roman Catholic Cathedral, construída pelos Beneditinos em 1884 e transformada em 1920.
Jantaremos no hotel porque, amanhã, cedo, embarcaremos para o Uluru.
ULURU
Chegámos ao Connelan Airport com 44 graus centígrados de temperatura.
Tínhamos alugado carro da Avis e, com o mapa, fomos até ao Ayers Rock Resort, em Yulara e encontrámos o nosso já conhecido "The Lost Camel", às 14.30 horas. A mesma bonita decoração, com os grandes ovos de ema (emú) trabalhados pelos aborígenes, nas vitrinas.
O Ayers Rock Resort ou Yulara Resort é uma aldeia turística a cerca de 20 quilómetros a norte do Uluru (ou Ayers Rock), para receber 500.000 visitantes anuais que aqui se deslocam para ver o pôr e o nascer do sol. Tem hotéis de 5 estrelas, campismo, supermercado, lojas, restaurantes e uma zona habitacional para os trabalhadores do turismo.
O calor é abrasador e as pequenas moscas, aos milhares, tentam meter-se por todos os orifícios descobertos do nosso corpo. Gafanhotos e baratas gigantes passeiam pelas áreas exteriores do hotel. No Inverno (nosso Verão), quando cá estivemos, há cinco anos e meio, não era nada disto!
Depois de instalados, dirigimo-nos, de carro, até ao Uluru-Kata Tjuta National Park onde, na entrada, a placa nos dava as boas-vindas à Terra Aborígene. Pagámos 25 dólares cada um por um bilhete que dá para 3 dias.
Tentando repetir o que conhecíamos, fomos, primeiro, às Olgas, para deixar o Uluru para o pôr-do-sol.
As Olgas ou "Kata Tjuta", que significa "muitas cabeças",
é um conjunto de rochas com picos arredondados a 42 quilómetros do Uluru. O monte mais alto tem 546 metros de altura, quase 200 metros mais alto do que o Ayers Rock.
O sol queima e a temperatura está insuportável e, somando ao incómodo das malfadadas moscas que não param de importunar, fez-nos desistir do passeio na Walpa Gorge,
que segue pelo desfiladeiro até à zona rochosa, que já conhecíamos, e deixámos a Joana e o Ricardo a passear, esperando no conforto do ar condicionado do carro.
O Uluru espera-nos para o pôr-do-sol.
O rochedo tem 3,6 quilómetros de comprimento, 2,4 quilómetros de largura e 384 metros de altura. De cor grés, o Uluru é um fenómeno natural espectacular, associado a muitas lendas aborígenes e que os hippies, nos anos sessenta, puseram nas bocas do mundo, iniciando as vagas de turismo. É o único lugar do mundo onde se assiste ao pôr e nascer do sol de costas para o astro-rei! Os efeitos de cor na grande rocha, vão do castanho claro ao vermelho intenso. O que não aconteceu desta vez, porque o céu estava nublado e escondeu o sol, na parte final do dia. Esperámos até às 19.30 horas, a ver se a nuvem se ia embora... e desistimos.
No resort, só o "Geckos Café" estava a laborar e foi lá que jantámos, servidos por um chinês de Taiwan, de cara redonda e sorriso sempre nos lábios.
Antes, entrámos no supermercado para fazer as compras para o pequeno-almoço, que terá que ser de madrugada, para poder ver o nascer do sol no Uluru.
Muita bicharada, muito calor e grande dificuldade em conciliar o sono.
De manhã, saímos às 6 horas.
Pelo caminho, fomos tirando muitas fotografias. De carro, é bem diferente. E o Ricardo, ao volante, ajuda, incitando e parando ou abrandando a velocidade.
Os camelos, trazidos pelos afeganistãos e que, entretanto, se tornaram selvagens, espreitavam-nos, do meio do "bush".
Seguimos o trajecto aconselhado no hotel e fomos ter a um local novo, diferente daquele onde estivemos em 2004. Na altura, as Olgas ficavam à direita e, hoje, podem ver-se à esquerda.
Conseguimos os tons brilhantes esperados, para compensar o acastanhado de ontem.
Tomámos o pequeno-almoço no carro e circundámos o rochedo, fixando os pormenores da Grande Rocha.
Fizemos o "Mala walk" a pé, fascinados.
Desde a "Mala Puta" (a gruta sagrada a que os aborígenes associam à maternidade e às mulheres, porque tem a forma de um sino ou de "bolsa de canguru", onde a cria de desenvolve)
até à gruta que parece uma onda gigante, suspensa, petrificada (com grandes conchas no tecto), tudo era motivo para as nossas fotos.
Ficámos com a lembrança dos tons vermelhos, que em Agosto de 2004, conseguimos ver e fotografar.
Regressámos ao hotel, tomámos um banho e saímos às 11.15 horas para o aeroporto, para entregar o carro e apanhar o avião para Sydney, a 3 horas de voo.
15 comentários:
Deliciada!!! Sem palavras...
Tenho de ver amanhã, com muita atenção e ler ainda com mais.
Parabéns Alf e Daisy.
Beijinhos.
E como disse, voltei...
Mas continuo com pouco para dizer, perante tanta beleza(tirando os montes castanhos avermelhados e tórridos.
Deslumbrada com a Swan Bell Tower!!!
Quisera ter estado convosco, nas Little Creatures...
Em Uluru, e p'lo que descreste, querida Daisy sobre moscas , baratas, gafanhotos e quejandos, teria ficado no Hotel, à vossa espera - "Deus qui mi livri"! Depois iria só mesmo ver o Pôr do Sol!!!
Achei interessantíssima a Mala-Puta, mas tão bom vê-la aqui...
Esqueci de referir os Victoria Gardens, que admirei, p'la área de lazer verde e construções modernas e antigas bonitas, mas não vos perdoo, que tão perto de praias, não tenham trazido uma foto, mesmo que de longe, já que o "sururu" é grande...e a propósito, aquelas estátuas das quais uma o Alf, colocou no FB, para chegarmos aqui, são o quê? Li, li e não entendi...
OBRIGADA Alf e Daisy.
Juju
Alfredo,nem avisaste!
Vou ver com atenção e cá voltarei...
Tens toda a razão, JÚ! De facto, não está esplicado o que são aquelas esculturas.
Bom! Uma é "A Nadadora e o Farol" a outra "O Ganso e a Menina", duas das muitas esculturas que nos surpreendem, no cais, ao desembarcar em Fremantle.
Obrigado pelo reparo!
Alf
Alf fiquei com a sensação, talvez por estarem no sítio onde falam, das praias inacessíveis por tanta frequência, que aí se encontrariam...
Também me esqueci de fazer uma referência, aos "ovos" de Ema, pintados p'los aborígenes e de que tanto gosto!...
Belas...imagens!
Optima narrativa!
Parabéns!
Abraço
NYC
Jose Leitao
Óptimas fotos,fazem-nos viajar.
Voltarei com mais calma.
Grande abraço.
Luís e Fátinha
Tudo lindo.
Um GRANDE Abraço.
Tonito.
UF! Fiquei dentro dos 20 primeiros!
Vi tudo devagar, devagarinho!
Fiquei deliciado mas...com palavras!
por exemplo gostei mais da "MALA PUTA" do que da "MALA WALK"!
Gostos! Não se discutem!
Fiquei a saber e a conhecer "curiosidades interessantes pela descrições feitas e pelas belas fotos que nos proporcionaram!
Partilho da vossa satisfação pela viagem que fizeram e agradecido pela partilha que nos proporcionaram com a reportagem!
um beijo e um abraço, respectivamente, claro para a Daisy e para o Alfredo!
Meus Amigos:
Mais uma vez obrigada pela viagem que como sempre foi óptima.
Perth ficou muito mais perto do meu conhecimento e Uluru(que nunca tinha ouvido falar) faz agora tb parte do meu imaginário.
As fotos estão magníficas e a narrativa saborosa.
Os contratempos dos insectos até se esquecem pois esta como todas as anteriores deve ter sido uma viagem de sonho.
Um beijo para os dois e cá ficamos á espera de novas viagens ao Mundo desconhecido que vocês tão bem sabem desbravar.
LILI e João
Já que não terei oportunidade de lá ir fiquei com uma ideia destes belos sítios que normalmente não aparecem quando se vêm reportagens sobre a Austrália. Os realizadores do trabalho estão de parabéns como sempre.
Meu amigo Alfredo e Daisy quero agradecer o magnifico documentário das vossas férias que fizeste o favor de me enviar,só me ocorre dizer MAGNIFICO.
Obrigada por serem nossos amigos.
A tua amiguinha Mariana está óptima.
Abraços
Maravilha das maravilhas!
Encantem-nos mais...
Olinda
Adorei tudo o que li... é como se estivesse a viajar connvosco... só tenho pena de não ir tambem...
Meus Amigos,
Não sei o que se passou mas verifiquei, agora, que um comentário efectuado pouco tempo após a Vossa postagem, não consta na lista de comentários.
A culpa talvez tenha sido minha, pouco importa. De qualquer forma, não o vou transcrever porque já não sei o que escrevi na altura.
Vocês continuam a maravilhar-nos com as descrições, documentadas com belas fotografias, por locais inimagináveis e belos.
Despertam no nosso imaginário o desejo, intangível, de conhecer essas terras tão distantes e diferentes.
Cada linha que escrevem, cada foto, é uma agradável surpresa.
Obrigado por esta partilha de mais uma viagem de sonho.
Zeca e Abílio
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