São Jorge pertence ao Grupo Central do Arquipélago dos Açores, onde estão a Graciosa, a Terceira, o Pico e o Faial.
Julga-se que terá começado a ser povoada por volta de 1460. A João Vaz Corte Real, então capitão de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, foi doada a capitania desta ilha em 1483.
A primeira vila a ter foral, foi Velas, ainda no século XV. Depois, em 1510, foi dado foral ao Topo e em 1534 à Calheta.
A ausência de portos seguros não evitou a visita de corsários ingleses, franceses e até turcos e argelinos nos séculos XVI e XVII.
Sismos e erupções também não pouparam a ilha, entre os séculos XVI e XIX.
Progrediu graças à baleação e à pesca do atum, durante os séculos XIX e XX.
Hoje, a sua principal riqueza são as pastagens.
E o seu queijo (Queijo da Ilha) é mundialmente conhecido.
Tem 54km de comprimento e 6,9km de largura máxima. O Pico da Esperança é o seu ponto mais elevado, com 1053m.
Velas,
com cerca de 1985 habitantes,é sede de Município. Uma das explicações para o nome é o número de embarcações à vela usadas no tempo da fundação da vila.
Ficámos alojados no São Jorge Garden Hotel, com varanda para a ilha do Pico.
Pela Rua da Conceição, saímos, apreciando o calcetamento do largo passeio marítimo, a costa e o original podado das árvores.
O recorte da costa lembra-nos a sua origem vulcânica.
No local do antigo Forte da Conceição (onde se vê, ainda, parte das muralhas), existe o
Auditório Municipal,
um arrojo de arquitectura, de 1998. Vê-se ao longe, do Poço dos Frades, as piscinas naturais.
A Igreja Matriz
está no local onde existia a primitiva Capela, também de São Jorge, falada no testamento do Infante D. Henrique (1460). Começou a ser construída em 1664. A Torre Sineira
só lhe foi acrescentada já no século XIX.
O retábulo,
do século XVI, foi oferecido por D. Sebastião. O órgão de tubos,
do século XIX, foi construído por Francisco Lacerda, compositor natural desta ilha.
Em frente, a estátua do benemérito João Inácio de Sousa
(nascido em Velas, em 1849 e falecido em Bakersfield, Califórnia, em 1925), com o Dragão à frente e calçada alusiva.
A grande rua pedonal liga o adro da Igreja à Praça da República, com desenhos na calçada com motivos relacionados com a Ilha e belos edifícios.
O Jardim da República
tem o coreto mais bonito e bem cuidado que eu já vi.
O edifício do Município
é outro exemplo do Barroco das Ilhas, emolduradas as janelas e portas de vermelho.
Jantámos no restaurante "Açor",
muito bem, com destaque para a sobremesa de pudim de queijo com doce de amora.
Regressando ao hotel, encontrámos o Império Bairro da Conceição,
o Museu Cunha da Silveira,
o Convento de São Francisco
com a Igreja da Conceição, e entrámos em casa da dona Carolina,
que nos convidou a ver a sua oficina de restauro de móveis, onde estava a trabalhar.
Na montra da loja de música, uma bonita viola da terra
que encantou o Alf... Mas estava fechada.
De manhã, acordámos com o Pico rodeado de nuvens.
O pequeno-almoço é especial, em qualidade e variedade.
O Rui foi o nosso guia e surpreendeu-nos por não ter pronúncia açoriana. Pois, nem podia, já que é de Felgueiras!
No Miradouro das Velas (Alto de Santo Amaro), vê-se o Pico,
o Jardim da República,
o Convento de São Francisco,
o Auditório
e a Matriz.
Enfim, Velas de outra perspectiva.
Parámos na Urzelina,
para ver a Torre,
o que resta da Igreja. Altaneira, recorda a tragédia.
Um marco
comemora os 200 anos da erupção do vulcão da Urzelina (1808-2008), com palavras de Urbano Bettencourt.
À beira-mar, os moinhos diferentes, na encosta.
Nas Manadas, a bela igreja de Santa Bárbara,
o Barroco das Ilhas bem espelhado.
Fechada, infelizmente, porque parece que guarda belos tesouros...
Ao lado, o Império,
modesto, sem as cores garridas dos da Terceira.
No Miradouro da Urzelina, a povoação
e, ao longe, Queimadas e o aerporto.
E o Pico. Sempre o Pico...
Quinze minutos depois, estávamos no Parque da Silveira,
um bom local para passear, descansar e passar o dia.
Moinhos de água,
pequenas pontes sobre ribeiras.
Muita e variada vegetação, o dragoeiro.
E os gamos!
E chegámos ao porto da Calheta.
À Calheta,
de onde os piratas eram corridos à pedrada e... à batatada! "Cuidado com os da Calheta!", ainda se diz hoje.
A Igreja tem um Império na escadaria traseira.
Igreja de Santa Catarina,
que foi destruída por um incêndio no século XVII e bastante danificada com o terramoto de 1980. Mas está linda! Os trabalhos em basalto da fachada e portais dão-lhe um realce especial.
Almoçámos na Vila, no Os Amigos.
As fajãs, em São Jorge, são mais de 90! Terra fértil e bela!...
À Fajã dos Vimes
fomos para ver os cafezais!
Fomos visitar a Família Nunes,
que receberam o Comendador Rui Nabeiro sem saber quem ele era... e o trataram como a um outro turista: bem!
Vimos o cafezal,
a secagem ao sol
e explicaram-nos que a torrefacção é feita ao lume do fogão, em frigideiras.
O pai, orgulhoso, os filhos colaborantes. Servem café (arábica) no pequeno café,
aos turistas que deixam notas dos seus países.
As paredes estão forradas com elas.
Todo o mundo passa por ali.
Mas as mulheres da família Nunes fazem maravilhas nos seus teares.
Belas colchas com padrões antigos respeitados.
Muito simpáticas, trabalham juntas no tear grande.
Subindo para o Topo, o Miradouro da Canada do Pessegueiro mostra
a Ilha do Pico
e os campos verdes com vacas
e o Farol do Topo.
Descendo para a Vila do Topo, a Igreja de Santo Antão.
Os trabalhos de calceteiros
no miradouro em frente ao farol,
de onde se vê o Ilhéu do Topo.
O Ilhéu do Topo constitui uma reserva natural desde 1984, para proteger a fauna e a flora marinhas.
A Vila do Topo preparava-se para a festa, no próximo Domingo.
O Império
tem influência terceirense e estava aberto...
Outro Barroco das ilhas pode observar-se na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de 1761.
O púlpito é belíssimo
e o altar
tem a Família Sagrada: São José, a Virgem e Santa Ana, todos com o Menino.
Nossa Senhora do Rosário
estava pronta para a procissão daqui a dois dias.
Do Miradouro, a Fajã dos Cubres
com a sua caldeira,
a Fajã do Belo, a Fajã da Caldeira de Santo Cristo e a do Sanguinhal.
Na estrada, um engarrafamento de vacas a caminho da ordenha.
O dia terminava.
Parámos num último miradouro, do Canavial, para ver Velas, que poucos turistas conhecem: a Escola Profissional, o Parque de Campismo e o Morro. Uma bela paisagem.
O restaurante de ontem estava fechado... e jantámos mal, num outro, perto do coreto.
Mas o Portão do Mar,
no antigo pano da muralha e a visão nocturna do Auditório
salvou a noite e o passeio até ao hotel.
Logo de manhã, na loja de música da Rua da Conceição, o Alf comprou a desejada viola da terra!
Depois, iniciámos o tour extra para preencher as horas até à partida do avião.
Em Rosais, foi a primeira paragem. Chamada "celeiro da ilha", por causa da fertilidade dos seus terrenos,
tem uma Igreja,
o Coreto
e o Império no Largo Baptista Sequeira.
No Parque das Sete Fontes,
fomos recebidos pelos patos e pelos passarinhos em alegre convivência.
Nunca vi passarinhos tão afáveis!...
Inaugurado em 1962, o parque fica na ponta nordeste da ilha. Fetos arbóreos, caminhos, vegetação endémica da Macaronésia, criptomérias, azáleas e hortênsias.
Deste local, saía a água para Velas (das sete fontes).
Com almoço marcado nos
"Fornos de Lava",
escolhemos a ementa e passeámos por Santo Amaro.
A Igreja,
bonita na sua singeleza, fica bem enquadrada na paisagem.
Do século XVIII, tem Santo Amaro no altar-mor.
A povoação é pequena, mas tem dois solares, cada um com o seu império.
Joaquín Alvarez, espanhol,
apaixonou-se pelo local, montou um alojamento turístico junto do seu restaurante, onde comemos uma deliciosa cataplana de pargo, lapas e camarões,
precedida por pão com linguíça da ilha e seguida de enxarcada e leite creme.
Continuámos o passeio, parando no Miradouro do Canal, a 400m de altitude.
No Miradouro do Norte Grande,
temos uma vista soberba para
a Fajã do Ouvidor
e a Fajã da Ribeira da Areia.
No horizonte, a Ilha Graciosa e a Ilha Terceira.
A Fajã do Ouvidor
tem este nome porque foi propriedade de Valério Lopes de Azevedo que era Ouvidor do Capitão Donatário da ilha.
Voltámos à Urzelina
para visitar a "Quinta da Magnólia", onde Vitor Fernandes está a transformar um magnífico solar
numa unidade de turismo de charme.
Aqui terminou a nossa visita à Ilha de São Jorge, com promessa de voltar,
porque soube a pouco.
* * *
7 comentários:
Quando é que iremos poder ver e ouvir essa viola da terra, ao vivo?
Belíssima viagem. As fotos estão maravilhosas, a retrar um ambiente acolhedor. Dá vontade de ir lá morar, para fugir dessa agitação doida das cidades grandes. Abraços, amigos!
Visita feita.Bonitas fotos e texto adequado a cada foto e bem elucidativo.
Só falta ouvir o som da guitarra que o Alf comprou...
Viagem maravilhosa.Gostei muito. Obrigada.
E fico a conhecer melhor a ilha com as vossas fotos e descrições do que se lá tivesse ido. Como sempre, uma reportagem ao pormenor
Mais um trabalho admirável! Todos os elogios são poucos. Fotos e narrativas fantásticas ! Obrigado ...
A vossa bela reportagem é equiparada à maravilhosa ilha que descrevem. É quase um mistério como os Sãojorginos (?) conseguem ter e manter tão rico património sendo tão poucos!
Assim, ainda fico mais envergonhado por nunca ter ido aos Açores. Não posso continuar sem lá ir!
João Bago d'Uva
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