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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

ILHA DE SÃO JORGE

26, 27 e 28 de Abril de 2018

São Jorge pertence ao Grupo Central do Arquipélago dos Açores, onde estão a Graciosa, a Terceira, o Pico e o Faial.
Julga-se que terá começado a ser povoada por volta de 1460. A João Vaz Corte Real, então capitão de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, foi doada a capitania desta ilha em 1483.

A primeira vila a ter foral, foi Velas, ainda no século XV. Depois, em 1510, foi dado foral ao Topo e em 1534 à Calheta.

A ausência de portos seguros não evitou a visita de corsários ingleses, franceses e até turcos e argelinos nos séculos XVI e XVII.
Sismos e erupções também não pouparam a ilha, entre os séculos XVI e XIX. 

Progrediu graças à baleação e à pesca do atum, durante os séculos XIX e XX. 
Hoje, a sua principal riqueza são as pastagens. 
E o seu queijo (Queijo da Ilha) é mundialmente conhecido.

Tem 54km de comprimento e 6,9km de largura máxima. O Pico da Esperança é o seu ponto mais elevado, com 1053m.

Velas
com cerca de 1985 habitantes,é sede de Município. Uma das explicações para o nome é o número de embarcações à vela usadas no tempo da fundação da vila.
Ficámos alojados no São Jorge Garden Hotel, com varanda para a ilha do Pico.

Pela Rua da Conceição, saímos, apreciando o calcetamento do largo passeio marítimo, a costa e o original podado das árvores.

O recorte da costa lembra-nos a sua origem vulcânica.

No local do antigo Forte da Conceição (onde se vê, ainda, parte das muralhas), existe o 
Auditório Municipal
um arrojo de arquitectura, de 1998. Vê-se ao longe, do Poço dos Frades, as piscinas naturais.

A Igreja Matriz 
está no local onde existia a primitiva Capela, também de São Jorge, falada no testamento do Infante D. Henrique (1460). Começou a ser construída em 1664. A Torre Sineira 
só lhe foi acrescentada já no século XIX. 
O retábulo, 
do século XVI, foi oferecido por D. Sebastião. O órgão de tubos, 
do século XIX, foi construído por Francisco Lacerda, compositor natural desta ilha. 

Em frente, a estátua do benemérito João Inácio de Sousa 
(nascido em Velas, em 1849 e falecido em Bakersfield, Califórnia, em 1925), com o Dragão à frente e calçada alusiva.

A grande rua pedonal liga o adro da Igreja à Praça da República, com desenhos na calçada com motivos relacionados com a Ilha e belos edifícios.

O Jardim da República 
tem o coreto mais bonito e bem cuidado que eu já vi. 

O edifício do Município 
é outro exemplo do Barroco das Ilhas, emolduradas as janelas e portas de vermelho.

Jantámos no restaurante "Açor", 
muito bem, com destaque para a sobremesa de pudim de queijo com doce de amora.

Regressando ao hotel, encontrámos o Império Bairro da Conceição, 

o Museu Cunha da Silveira, 

o Convento de São Francisco 
com a Igreja da Conceição,  e entrámos em casa da dona Carolina, 
que nos convidou a ver a sua oficina de restauro de móveis, onde estava a trabalhar. 

Na montra da loja de música, uma bonita viola da terra 
que encantou o Alf... Mas estava fechada.
De manhã, acordámos com o Pico rodeado de nuvens.

O pequeno-almoço é especial, em qualidade e variedade.

O Rui foi o nosso guia e surpreendeu-nos por não ter pronúncia açoriana. Pois, nem podia, já que é de Felgueiras!

No Miradouro das Velas (Alto de Santo Amaro), vê-se o Pico, 

o Jardim da República, 

o Convento de São Francisco, 

o Auditório 

e a Matriz. 

Enfim, Velas de outra perspectiva.

Parámos na Urzelina, 

para ver a Torre, 
o que resta da Igreja. Altaneira, recorda a tragédia. 
Um marco 
comemora os 200 anos da erupção do vulcão da Urzelina (1808-2008), com palavras de Urbano Bettencourt.

À beira-mar, os moinhos diferentes, na encosta. 


Nas Manadas, a bela igreja de Santa Bárbara, 

o Barroco das Ilhas bem espelhado. 

Fechada, infelizmente, porque parece que guarda belos tesouros... 
Ao lado, o Império, 
modesto, sem as cores garridas dos da Terceira.

No Miradouro da Urzelina, a povoação

e, ao longe, Queimadas e o aerporto. 

E o Pico. Sempre o Pico...

Quinze minutos depois, estávamos no Parque da Silveira, 

um bom local para passear, descansar e passar o dia. 
Moinhos de água, 

pequenas pontes sobre ribeiras. 

Muita e variada vegetação, o dragoeiro. 

E os gamos!

E chegámos ao porto da Calheta. 

À Calheta, 
de onde os piratas eram corridos à pedrada e... à batatada! "Cuidado com os da Calheta!", ainda se diz hoje.

A Igreja tem um Império na escadaria traseira. 

Igreja de Santa Catarina, 

que foi destruída por um incêndio no século XVII e bastante danificada com o terramoto de 1980. Mas está linda! Os trabalhos em basalto da fachada e portais dão-lhe um realce especial. 

Almoçámos na Vila, no Os Amigos. 
As fajãs, em São Jorge, são mais de 90! Terra fértil e bela!...

À Fajã dos Vimes 
fomos para ver os cafezais!
Fomos visitar a Família Nunes, 
que receberam o Comendador Rui Nabeiro sem saber quem ele era... e o trataram como a um outro turista: bem!

Vimos o cafezal, 

a secagem ao sol 
e explicaram-nos que a torrefacção é feita ao lume do fogão, em frigideiras. 

O pai, orgulhoso, os filhos colaborantes. Servem café (arábica) no pequeno café, 
aos turistas que deixam notas dos seus países. 
As paredes estão forradas com elas. 
Todo o mundo passa por ali.

Mas as mulheres da família Nunes fazem maravilhas nos seus teares. 

Belas colchas com padrões antigos respeitados. 
Muito simpáticas, trabalham juntas no tear grande.

Subindo para o Topo, o Miradouro da Canada do Pessegueiro mostra 
a Ilha do Pico 

e os campos verdes com vacas 

e o Farol do Topo.

Descendo para a Vila do Topo, a Igreja de Santo Antão.

Os trabalhos de calceteiros 

no miradouro em frente ao farol, 

de onde se vê o Ilhéu do Topo. 
O Ilhéu do Topo constitui uma reserva natural desde 1984, para proteger a fauna e a flora marinhas.

A Vila do Topo preparava-se para a festa, no próximo Domingo.
O Império 
tem influência terceirense e estava aberto...

Outro Barroco das  ilhas pode observar-se na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de 1761. 

O púlpito é belíssimo 

e o altar 
tem a Família Sagrada: São José, a Virgem e Santa Ana, todos com o Menino. 
Nossa Senhora do Rosário 
estava pronta para a procissão daqui a dois dias.

Do Miradouro, a Fajã dos Cubres 
com a sua caldeira, 
a Fajã do Belo, a Fajã da Caldeira de Santo Cristo e a do Sanguinhal.

Na estrada, um engarrafamento de vacas a caminho da ordenha. 

O dia terminava. 
Parámos num último miradouro, do Canavial, para ver Velas, que poucos turistas conhecem: a Escola Profissional, o Parque de Campismo e o Morro. Uma bela paisagem.

O restaurante de ontem estava fechado... e jantámos mal, num outro, perto do coreto.

Mas o Portão do Mar, 
no antigo pano da muralha  e a visão nocturna do Auditório 
salvou a noite e o passeio até ao hotel.

Logo de manhã, na loja de música da Rua da Conceição, o Alf comprou a desejada viola da terra!

Depois, iniciámos o tour extra para preencher as horas até à partida do avião.
Em Rosais, foi a primeira paragem. Chamada "celeiro da ilha", por causa da fertilidade dos seus terrenos, 
tem uma Igreja, 

o Coreto 

e o Império no Largo Baptista Sequeira.

No Parque das Sete Fontes, 

fomos recebidos pelos patos e pelos passarinhos em alegre convivência. 

Nunca vi passarinhos tão afáveis!...
Inaugurado em 1962, o parque fica na ponta nordeste da ilha. Fetos arbóreos, caminhos, vegetação endémica da Macaronésia, criptomérias, azáleas e hortênsias. 

Deste local, saía a água para Velas (das sete fontes).

Com almoço marcado nos 
"Fornos de Lava", 
escolhemos a ementa e passeámos por Santo Amaro. 

A Igreja, 
bonita na sua singeleza, fica bem enquadrada na paisagem. 

Do século XVIII, tem Santo Amaro no altar-mor.
A povoação é pequena, mas tem dois solares, cada um com o seu império.


Joaquín Alvarez, espanhol, 
apaixonou-se pelo local, montou um alojamento turístico junto do seu restaurante, onde comemos uma deliciosa cataplana de pargo, lapas e camarões, 
precedida por pão com linguíça da ilha e seguida de enxarcada e leite creme.

Continuámos o passeio, parando no Miradouro do Canal, a 400m de altitude.
"Canal" para o Pico.

No Miradouro do Norte Grande, 

temos uma vista soberba para 
a Fajã do Ouvidor 

e a Fajã da Ribeira da Areia. 
No horizonte, a Ilha Graciosa e a Ilha Terceira.
A Fajã do Ouvidor 
tem este nome porque foi propriedade de Valério Lopes de Azevedo que era Ouvidor do Capitão Donatário da ilha.

Voltámos à Urzelina 

para visitar a "Quinta da Magnólia", onde Vitor Fernandes está a transformar um magnífico solar 

numa unidade de turismo de charme.
Aqui terminou a nossa visita à Ilha de São Jorge, com promessa de voltar, 
porque soube a pouco.
  
* * *

7 comentários:

São Rosas disse...

Quando é que iremos poder ver e ouvir essa viola da terra, ao vivo?

Saint-Clair Mello disse...

Belíssima viagem. As fotos estão maravilhosas, a retrar um ambiente acolhedor. Dá vontade de ir lá morar, para fugir dessa agitação doida das cidades grandes. Abraços, amigos!

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Visita feita.Bonitas fotos e texto adequado a cada foto e bem elucidativo.
Só falta ouvir o som da guitarra que o Alf comprou...

Fernanda Carvalho disse...

Viagem maravilhosa.Gostei muito. Obrigada.

Ló disse...

E fico a conhecer melhor a ilha com as vossas fotos e descrições do que se lá tivesse ido. Como sempre, uma reportagem ao pormenor

quito disse...

Mais um trabalho admirável! Todos os elogios são poucos. Fotos e narrativas fantásticas ! Obrigado ...

UVA disse...

A vossa bela reportagem é equiparada à maravilhosa ilha que descrevem. É quase um mistério como os Sãojorginos (?) conseguem ter e manter tão rico património sendo tão poucos!
Assim, ainda fico mais envergonhado por nunca ter ido aos Açores. Não posso continuar sem lá ir!
João Bago d'Uva