SÃO LUÍS do MARANHÃO
ALCÂNTARA
5 a 7 Julho 2007
São Luís é Património da Humanidade da UNESCO desde 1997.
Às 10 horas já estávamos a tomar o café da manhã no "Pestana São Luís", à espera de quarto.
Às 10 horas já estávamos a tomar o café da manhã no "Pestana São Luís", à espera de quarto.
A viagem desde Salvador foi um tormento, embora o avião partisse e chegasse a horas. Foram cinco horas de viagem com paragem no Recife e em Fortaleza. Não dormimos, claro, mas já marcámos um citytour, para não perder tempo. Descansaremos depois.
Os índios que aqui viviam, os tupinambás, viviam do cultivo da mandioca, batata doce, fruta, caça e pesca. João de Barros chegou em 1535 e fundou a cidade de Nazaré provavelmente onde hoje é São Luís.
No entanto, outros povos europeus começaram a explorar também a região. Em 1612, os franceses (Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière) invadiram o Maranhão e fundaram São Luís, em homenagem ao seu rei, Luís XIII. Em 1615 foram os franceses vencidos pelos portugueses (Alexandre de Moura), que começaram a povoar a região com colonos açorianos que vieram em 1620. Em 1641, os holandeses também quiseram tirar algum proveito da região e permaneceram aqui até serem expulsos em 1644.
A cana, o cacau, o tabaco e o algodão fizeram a riqueza desta região.
Começámos a nossa visita, guiados pelo André, pela Avenida Atlântica, na Ponta d'Areia, Praia do Calhau e Praia do Caolho. Belíssima extensão de areias onde as marés-baixas são as mais baixas que já vi, deixando à vista uma imensidão de areia molhada.
Parámos na Praia de São Marcos para fotografar uma interessante escultura de pescadores estilizados, na sua faina ("O Arrastão", de Cordeiro Maranhão).
Na Praia Ponta d'Areia, a música do Maranhão e o reggae (que é rei). Chamam-lhe a Jamaica brasileira.
Parámos na Praia de São Marcos para fotografar uma interessante escultura de pescadores estilizados, na sua faina ("O Arrastão", de Cordeiro Maranhão).
Na Praia Ponta d'Areia, a música do Maranhão e o reggae (que é rei). Chamam-lhe a Jamaica brasileira.
Ainda na parte nova da cidade, fomos ver a Lagoa Ana Jansen,
rodeada de manguezais e com uma serpente adormecida que espera ser acordada para abraçar São Luís.
rodeada de manguezais e com uma serpente adormecida que espera ser acordada para abraçar São Luís.
Atravessámos a ponte José Sarney que veio fazer desenvolver a Cidade Nova (1970) com belos e luxuosos hotéis. O bairro de São Francisco foi a primeira área a desenvolver-se.
A pé, fomos descobrir a Cidade Velha.
O Palácio dos Leões, Palácio La Ravardière
(sede do Governo Estadual) já foi Casa da Câmara e Cadeia, construído em 1612, o mesmo ano da fundação da cidade, sob o nome de Fort Saint Louis. Da construção antiga, apenas restam dois baluartes, de São Luís e São Damião.
(sede do Governo Estadual) já foi Casa da Câmara e Cadeia, construído em 1612, o mesmo ano da fundação da cidade, sob o nome de Fort Saint Louis. Da construção antiga, apenas restam dois baluartes, de São Luís e São Damião.
Ao fundo, a Catedral da Sé,
dedicada a Nossa senhora da Vitória, construída pelos Jesuítas, com mão-de-obra indígena. Inaugurada em 1699, marca a vitória dos portugueses sobre os franceses na batalha de Guaxenduba. Reconstruída várias vezes, em 1922 assume o seu estilo neo-clássico. O retábulo do altar-mor é barroco com dourados e azuis do séc.XVIII. Um pormenor interessante é a existência de dois falsos painéis de azulejos, um deles é a Sagrada Família, no nascimento de Jesus.
Ao lado, o Colégio dos Jesuítas de Nossa Senhora da Luz,
actualmente Paço Episcopal.
dedicada a Nossa senhora da Vitória, construída pelos Jesuítas, com mão-de-obra indígena. Inaugurada em 1699, marca a vitória dos portugueses sobre os franceses na batalha de Guaxenduba. Reconstruída várias vezes, em 1922 assume o seu estilo neo-clássico. O retábulo do altar-mor é barroco com dourados e azuis do séc.XVIII. Um pormenor interessante é a existência de dois falsos painéis de azulejos, um deles é a Sagrada Família, no nascimento de Jesus.
Ao lado, o Colégio dos Jesuítas de Nossa Senhora da Luz,
actualmente Paço Episcopal.
A Igreja do Desterro, saqueada pelos holandeses,
foi reconstruída em 1893 com donativos dos moradores.
foi reconstruída em 1893 com donativos dos moradores.
Embrenhámo-nos, depois, pelas velhas ruas com muitas casas de azulejos
(São Luís é a cidade brasileira com mais azulejos...), a maior delas, o Solar São Luís, na Rua de Portugal.
Comprámos castanha de cajú e nauseámo-nos com o cheiro de camarão.
Comprámos castanha de cajú e nauseámo-nos com o cheiro de camarão.
No Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Fundação Cultural do Maranhão, visitámos uma exposição que pretende explicar o "Bumba-meu-boi", ligado às festas juninas e cuja origem está numa lenda de escravos: Pai Francisco ou Nego Chico ou Preto Velho era marido de Catirina que engravidou e teve desejo de comer língua de boi. Mas não um boi qualquer. Teria que ser do melhor boi do patrão. O Nego Chico viu-se nessa aflição de satisfazer a mulher e matou o boi, deu a língua a Catirina e fugiu para a mata, com medo do castigo. Procurado pelos outros escravos, a mando do senhor, Pai Francisco regressou e prometeu ressuscitar o boi. Um "pajé" ajudou-o: "Levanta boi e dança!"... e o animal levanta-se e começa a dançar. A brincadeira é em Junho, nas festas dos Santos Populares, Santo António, São João, São Pedro e São Marçal (este, só aqui, no Maranhão, a 30 de Junho). Utilizam matracas, zabumba (África) e orquestra (Europa) e os vários grupos rivalizam entre si para ver quem é o melhor.
A Igreja dos Remédios,
a única em estilo gótico, em São Luís, nasceu como capela, em 1798, de São Francisco Xavier, com donativos dos fiéis. De frente para o rio Anil, disse-nos adeus, no fim do dia.
a única em estilo gótico, em São Luís, nasceu como capela, em 1798, de São Francisco Xavier, com donativos dos fiéis. De frente para o rio Anil, disse-nos adeus, no fim do dia.
Jantámos no "Landruá", na Praia do Calhau.
De manhã, apanhámos a lancha para Alcântara, no cais da Praia Grande. As horas de atracamento da lancha dependem das marés já que, aqui, acontecem as maiores maré-baixas, chegando a ser de 800 metros.
O trajecto demora entre uma hora e hora e meia, dependendo das marés.
Chegámos ao Porto do Jacaré
e subimos a Ladeira do Jacaré,
bem íngreme, com calçada bicolor que, ao longe, parece uma escadaria.
bem íngreme, com calçada bicolor que, ao longe, parece uma escadaria.
Guiados por Luís Magno, maranhense de Alcântara, fomos observando casas e ruínas
que documentam o apogeu e o declínio da cidade do séc.XVII que viveu da cana de açúcar e do algodão à custa da mão-de-obra dos escravos africanos. No início do séc.XIX era a terceira cidade da região, depois de São Luís e de Belém e foi o fim do esclavagismo que a levou à ruína.
que documentam o apogeu e o declínio da cidade do séc.XVII que viveu da cana de açúcar e do algodão à custa da mão-de-obra dos escravos africanos. No início do séc.XIX era a terceira cidade da região, depois de São Luís e de Belém e foi o fim do esclavagismo que a levou à ruína.
Deparámos com uma original igreja, revestida a madeira azul forte com quatro portas, que foi mercado. É a Igreja das Mercês.
Desviámos à direita e, num pequeno terreiro, a capela de Nossa Senhora do Desterro,
surge, com um pequeno campanário lateral,
com o mar ao fundo e dois sinos de tamanhos diferentes que foram trazidos de Portugal no séc.XVIII.
Vêem-se alguns solares em ruínas. O mais impressionante é o de Clóvis Beviláqua que estava a ser construído para receber o rei D. Pedro II e como o rei não veio, a construção não chegou a ser terminada e ficaram as ruínas.
Seria um dos maiores solares, com 44 quartos!
Desviámos à direita e, num pequeno terreiro, a capela de Nossa Senhora do Desterro,
surge, com um pequeno campanário lateral,
com o mar ao fundo e dois sinos de tamanhos diferentes que foram trazidos de Portugal no séc.XVIII.
Vêem-se alguns solares em ruínas. O mais impressionante é o de Clóvis Beviláqua que estava a ser construído para receber o rei D. Pedro II e como o rei não veio, a construção não chegou a ser terminada e ficaram as ruínas.
Seria um dos maiores solares, com 44 quartos!
A diferença entre solar
e sobrado,
é que este tem loja ou espaço comercial por baixo e o dono vive em cima, no que sobra (...). E o solar, "é só lar"... apenas habitação.
e sobrado,
é que este tem loja ou espaço comercial por baixo e o dono vive em cima, no que sobra (...). E o solar, "é só lar"... apenas habitação.
Outra bela ruína de Alcântara, é a
Igreja de São Matias (1648).
No seu largo, Praça da Matriz, está o belo Pelourinho
de 5 metros de altura e 40 centímetros de diâmetro, em mármore, que foi arrancado a marteladas quando a notícia da abolição da escravatura aqui chegou. Feito desaparecer, só em 1948 voltaria ao local, reposto por uma equipa do Projecto Rondon.
A Matriz actual, é a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (1665), no Largo do Carmo,
uma igreja branquinha, com dois campanários. No interior, um altar-mor rococó, sacristia, tribuna, balcões e vários azulejos na nave principal.
A escadaria de madeira, que leva à bonita e agradável varanda é, ainda, a original. Daí, vê-se, ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos,
que não vamos poder visitar por causa da alteração do horário da lancha devido à maré (...).
Igreja de São Matias (1648).
No seu largo, Praça da Matriz, está o belo Pelourinho
de 5 metros de altura e 40 centímetros de diâmetro, em mármore, que foi arrancado a marteladas quando a notícia da abolição da escravatura aqui chegou. Feito desaparecer, só em 1948 voltaria ao local, reposto por uma equipa do Projecto Rondon.
A Matriz actual, é a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (1665), no Largo do Carmo,
uma igreja branquinha, com dois campanários. No interior, um altar-mor rococó, sacristia, tribuna, balcões e vários azulejos na nave principal.
A escadaria de madeira, que leva à bonita e agradável varanda é, ainda, a original. Daí, vê-se, ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos,
que não vamos poder visitar por causa da alteração do horário da lancha devido à maré (...).
Na Casa da Cultura, um guia local falou-nos do culto e da Festa do Divino (Espírito Santo)
que os povoadores açorianos trouxeram para aqui. Os "impérios", que nos Açores são construções em alvenaria, são improvisados em madeira e enfeitados como andores. Os maiores e mais ricos são os do Imperador e da Imperatriz (um ano festeja-se o imperador e no seguinte a imperatriz, em alternância). Lá está a pomba do espírito Santo,
a coroa encimada pela pomba e o bastão também com a pomba na ponta. É tudo com muito mais cor, introduzida pela influência dos africanos.
que os povoadores açorianos trouxeram para aqui. Os "impérios", que nos Açores são construções em alvenaria, são improvisados em madeira e enfeitados como andores. Os maiores e mais ricos são os do Imperador e da Imperatriz (um ano festeja-se o imperador e no seguinte a imperatriz, em alternância). Lá está a pomba do espírito Santo,
a coroa encimada pela pomba e o bastão também com a pomba na ponta. É tudo com muito mais cor, introduzida pela influência dos africanos.
Almoçámos no "Cantaria", no Largo do Desterro, onde tínhamos feito a marcação quando chegámos. Comemos uma camaroada bem servida e temperada, acompanhada por 3 tipos de arroz (branco, de camarão e o célebre arroz de cuxá, com vinagreira ou azedinha, camarões secos, gergelim e farinha de mandioca), pirão e farofa.
A farofa, é farinha de mandioca frita numa frigideira onde se coloca alho, cebola picadinha, colorau e azeite.
O pirão utiliza a farofa a que se junta o caldo de cozer o camarão e se vai mexendo em lume brando.
Findámos mesmo na hora de, passo apressado, chegar à lancha.
A chegada, em São Luís, foi na Ponta d'Areia em cima do areal, por causa da maré!...
Marcámos os passeios em Barreirinhas na agência de turismo Taguatur e descansámos à beira da piscina do hotel até ao jantar no "Landruá", à beira da praia imensa, com fila de grandes barcos (carregados com minério de ferro do Carajá, Pará), à espera para entrar no porto de São Luís que é dos maiores do Mundo.