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segunda-feira, 16 de abril de 2018

LISBOA em 3 dias


01, 02, 03 Dezembro 2017

Fundamental, levantar cedo.
Foi o que fizemos no primeiro dia, para encontrar o Miradouro do Arco da Rua Augusta sem ninguém.

O Arco é um Arco Triunfal 
situado na parte norte da Praça do Comércio, inaugurado em 1875, mas programado em 1759 após a destruição da baixa lisboeta pelo terramoto de 1755. Foi desenhado por Eugénio dos Santos e o arquitecto responsável foi Veríssimo José da Costa.
As esculturas na parte superior são de Célestin Anatole Camels e as do plano inferior de Vítor Bastos. As de Camels representam a Glória coroando o Génio e o Valor. 

As de Vitor Bastos representam Nuno Álvares Pereira, Viriato, Vasco da Gama e o Marquês de Pombal. 

Nas laterais, o rio Tejo e o rio Douro, entre os quais viviam os Lusitanos. 
O texto no topo remete para a grandiosidade do Império Português e a descoberta de povos e culturas: Virtivtibvs maiorvm vt sit omnibvs docvmento. PPD - Às virtudes dos maiores para que sirva a todos de ensinamento. 
Dedicado a expensas públicas.
Desde 09 de Agosto de 2013 é possível subir e usufruir de mais um miradouro sobre a cidade.

A grande árvore de Natal, na Praça do Comércio, estava a ser montada. 

As esplanadas ainda tinham pouca gente. A Sé consegue ver-se no meio do casario. 

E a Ponte sobre o Tejo. 

Também o topo do Elevador de Santa Justa e as ruínas do Carmo 
sobrevoadas por aviões que se dirigem ao aeroporto da Portela 
(agora Humberto Delgado).

Os guindastes estão por toda a cidade. O desenvolvimento turístico, a entrada de Lisboa para o rol das cidades mais bonitas e seguras, trouxe a euforia da construção e, felizmente, do restauro. A cidade está, sem dúvida, muito mais bonita!

E subimos 
ao Largo de Santo António
onde já um grupo de turistas enchia a escadaria da Igreja de Santo António. Esta não foi a primeira igreja dedicado ao Santo. 

António de Bulhões nasceu em 1195, numa família da pequena nobreza, numa casa perto do Arco da Sé ou Porta de Ferro. Após a sua morte, o espaço em que nasceu foi transformado em local de culto. Por volta de 1300, o Senado da Câmara adquiriu o local onde instalou a casa de reunião do Senado até 1753. 
Da igreja posteriormente levantada por Dom Manuel, salvou-se a capela-mor depois do terramoto de 1755,
que corresponde ao quarto onde nasceu o Santo, a actual pequena igreja. 

Adoptado pelo povo e pela burguesia lisboeta, Santo António é festejado 
no dia 12 de Junho com as suas Noivas e no dia 13 de Junho que acabou por se assumir Feriado Municipal.
No Núcleo do Museu de Lisboa, ao lado da igreja, uma exposição de Presépios de Estremoz.

Santo António está no "Guiness World Records" por ter sido a pessoa mais rapidamente canonizada de todos os tempos. 
Morreu a 13 de Junho de 1231 e foi feito santo poucos meses depois. In "Caminhar por Lisboa" de Anísio Franco.

A estátua 
que está no pequeno largo é da autoria de Soares Branco.

Subimos ao Largo da Sé
com os eléctricos a descer, os tuk-tuk 
à direita à espera de clientes e, atrás da fila formada por eles, o quiosque 
(um bom aproveitamento dos típicos quiosques de Lisboa, com meia dúzia de mesas e cadeiras, para saborear um café ou um refresco...).

Por baixo da Catedral
esteve uma mesquita. A Sé é o único edifício românico da cidade e um dos poucos deste estilo a sul do país. Isto explica-se, segundo Anísio Franco,  pelo facto de, depois da conquista da cidade aos Mouros (1147), se terem começado as experiências do Gótico em Portugal.
O modelo para a construção da Sé de Lisboa foi a Sé de Coimbra (que, por sua vez, foi influenciada pela de Santiago de Compostela). 
Com três naves 
e várias capelas, o aspecto austero e sombreado dá-lhe um ar imponente. Alguns focos de luz natural fizeram-me ter vontade de fotografar...
Ao fundo, do lado da nave direita, a entrada para os claustros 
cuja visita ficará para mais tarde. Porque já os primos me chamavam: já tinham "feito negócio" com a Maguy Nunes (lovelisbonne@gmail.com) e combinado a visita pelos Miradouros de Lisboa no seu tuk-tuk vermelho. 

Mais virada para os turistas franceses, a Maguy fala bem português e agradou-nos bastante a sua companhia e informações preciosas.

Na rua do Limoeiro, o Miradouro de Santa Luzia debruça-se sobre Alfama e o Tejo. Conseguem-se identificar-se a cúpula de Santa Engrácia 
(o Panteão Nacional), 
a Igreja de Santo Estêvão 

e as duas torres brancas da Igreja de São Miguel.

A Igreja de Santa Luzia e São Brás 

é a actual sede nacional da Assembleia dos Cavaleiros da Ordem Soberana e Militar de Malta. Construída no reinado de Dom Afonso Henriques, após o terramoto de 1755 foi reconstruída e remodelada.
Dois painéis de azulejos de António Quaresma, executados na Fábrica da Viúva Lamego, representam a "Praça do Comércio antes do Terramoto de 1755"

e "Os Mouros a atacar o Castelo de São Jorge".

Um pouco à frente, 
o Miradouro das Portas do Sol
antiga entrada nas muralhas da cidade.

No centro do largo a estátua figurativa de São Vicente, do escultor Raul Xavier, 
de costas (propositadamente?) para o monumental Mosteiro de São Vicente de Fora.

São Vicente é o padroeiro oficial da cidade, mas a sua popularidade foi ultrapassada por Santo António.
São Vicente, mártir, era de Saragoça onde foi ordenado no século III. Foi aprisionado e sujeito a grandes torturas quando da perseguição aos Cristãos. Após a sua morte, no ano 304, no tempo do imperador Diocleciano, foi lançado aos abutres mas o seu cadáver foi protegido por um corvo
O imperador romano mandou lançá-lo ao mar, as marés trouxeram-no de volta e uma viúva sepultou-o. Quando os mouros mandaram transformar todas as igrejas em mesquitas, os cristãos de Valência quiseram salvar as relíquias de São Vicente, por cima das quais tinha sido construída uma capela. Embarcaram-nas em direcção ao Algarve mas o barco acabou por naufragar no Promontório Sacro (hoje Cabo de São Vicente). 
Os restos mortais do mártir foram aí novamente enterrados, erguendo-se aí uma igreja e uma aldeia cristã formou-se à sua volta. Quando dom Afonso Henriques conquistou Lisboa, no dia de São Crispim, declarou este padroeiro da cidade. Mas a devoção a São Vicente já era tão grande que o primeiro rei de Portugal resolveu trazer para a cidade as suas relíquias. São Vicente está nas armas da cidade, bem como o corvo que protegeu o seu cadáver.
O Mosteiro de São Vicente de Fora
no bairro de Alfama, começou a ser construído em 1590 sobre a pequena igreja do tempo de Dom Afonso Henriques, onde estavam as relíquias. Filippo Terzi e Baltasar Álvares foram os arquitectos, no estilo Maneirista. É considerada a grande obra da dinastia Filipina que pretendia agradar aos ocupados! Foi mandado construir fora das muralhas da cidade (daí o nome...).

A caminho de outro miradouro, uma pequena paragem para fotografar o mural da Amália de Vhils
com a colaboração de calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa, na rua de São Tomé, junto da Calçada do Menino Deus.

Na Graça, junto da Igreja e Convento da Graça, fica o antigo Miradouro da Graça rebaptizado como Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen
em 2009, em homenagem à escritora e poetisa.

A Igreja é de 1271 
e foi reconstruída depois do Terramoto. 
Foi fundada no Monte de S. Gens, onde Dom Afonso Henriques acampou com as suas tropas durante o cerco de Lisboa em 1147. A frontaria apresenta dupla fachada, em ângulo composto pela igreja e pela antiga portaria conventual, com uma torre sineira de Manuel da Costa Negreiros, de 1738. Pertencia à Ordem dos Agostinianos Eremitas.
Sombreada pelo verde dos pinheiros mansos, tem o miradouro à frente. É dos mais belos miradouros da cidade. Dele se pode avistar o Castelo, a Mouraria, 

o Bairro da Graça (que se desenvolveu a partir do século XIX), 
a Basílica da Estrela ao fundo, 

a Baixa Pombalina, o Martim Moniz, 

o Convento do Carmo 
e o Parque verde de Monsanto.

Lisboa é uma cidade de calçadas, becos e... "vilas" operárias.
Com o surto industrial do século XIX, foi necessário arranjar alojamento para os operários que começaram a chegar à capital, vindos do interior, e havendo, também, o perigo de doenças se as condições de sanidade não fossem acauteladas. Adaptaram-se antigos palácios e conventos que se transformaram em modestas habitações para pessoas de baixos recursos. Construíram-se outras, de raíz, de baixo custo. 

A Vila Berta 
tem uma história ligeiramente diferente. 
É uma construção mais cuidada, já com outras preocupações de conforto e estética. Foi fundada por Joaquim Francisco Tojal, brasileiro filho de emigrantes portugueses, que regressou a Portugal nos finais do século XIX. Foi ocupada por familiares do fundador e amigos, formando um grupo social mais intimista. Com duas entradas, num topo fica a casa do proprietário, 

no topo oposto, um edifício de quatro pisos, 
com acesso à Rua do Sol à Graça por um arco. 
Duas bandas de casa completam a Vila.

Bem original é o conjunto das varandas 
que formam pequenos terraços que deixam adivinhar fins de tarde agradáveis e tranquilos.

Dizem que o Miradouro da Senhora do Monte é o mais bonito de Lisboa. Também no Monte de S. Gens, no Bairro da Graça, fica em frente da Capela de Nossa Senhora do Monte
do século XVIII. Está quase sempre fechada, como hoje. 
Dentro, tem uma cadeira de pedra onde se sentam as grávidas para terem o parto fácil.
Vê-se o Mar da Palha, o Castelo, 

parte da Baixa, o estuário do Tejo, 

o Bairro Alto até Monsanto,  a cúpula e os pináculos da Igreja da Estrela e o Martim Moniz.

Ali mesmo, numa "roulote de rua", um saborosíssimo pastel de nata da Brasileira, preveniu a hipoglicemia.

No Largo das Olarias, na Mouraria, um Vhils acabadinho de fazer.

Baixámos para o Intendente (Pina Manique) e, no Largo, completamente remodelado, é um gosto olhar as fachadas recuperadas e todo o espaço envolvente. 
Chama a atenção a Loja da Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego (1899). 
Era aqui que, inicialmente, se encontravam os edifícios fabris que produziam artigos utilitários em barro vermelho, faiança e azulejos em barro branco.
Outro interessante edifício é 
o Hotel 1908 
renovado pelo arquitecto Adães Bermudes, com decorações de Arte Nova. 
Tomámos um café no bar, em frente a uma instalação do Bordalo II.

No centro da praça, outra instalação, esta de Joana Vasconcelos, 
o "Kit Garden", de 2012, 
que convida ao descanso e meditação, muito intimista.

Perto dos Mártires da Pátria, descobrimos o Jardim do Torel
na encosta virada para a Avenida da Liberdade, na Colina de Santana. 
O bairro tem belos palacetes, 
ao gosto Revivalista do século XIX. O nome vem de Thorel, uma família de provável origem holandesa que ali habitou.
Ao fundo do jardim, o Miradouro
de onde se tem mais uma visão da cidade.

De colina em colina, no pequeno tuk-tuk vermelho, descemos e voltámos a subir: Praça da Alegria, Príncipe Real, Rua da Escola Politécnica, até às Ruínas do Carmo
o que resta do Convento do Carmo depois do terramoto de 1755. 
A igreja foi assim deixada, 
propositadamente, para que o acontecimento nunca fosse esquecido. 
Sem tempo para a visita, foi um saltinho até ao último miradouro programado: o Miradouro do Elevador de Santa Justa 
de onde se pode ver o Castelo, o Rossio, o Teatro Nacional Dona Maria II. 

O elevador é obra do arquitecto Raoul Mesnier de Ponsard. Liga a Rua do Ouro ao Largo do Carmo e é uma torre metálica de 3X6m de estilo Neogótico onde circulam duas cabinas. O desnível é de 45m e o passadiço de metal tem 25m.
Terminámos o percurso com a Maguy no Mercado da Ribeira
O inicial localizava-se no Campo das Cebolas (Mercado da Ribeira Velha). Em 1766 foi transferido, no plano de expansão do Marquês de Pombal, começando a funcionar em 1771 com o nome de Mercado da Ribeira Nova. No século XIX foi-lhe acrescentada a estrutura de ferro (Ressano Garcia) e, em 1930, a cúpula. Popularmente comparada a uma mesquita,valeu-lhe a alcunha de "Mesquita do Nabo"...

O almoço poderia ser ali mesmo, 
mas preferimos algo mais intimista.

Atravessámos a Praça do Município
freguesia de Santa Maria Maior, antes chamada Praça de São Julião. O edifício dos Paços do Concelho foi construído entre 1865 e 1880 com projecto do arquitecto Domingues Parente da Silva com intervenções artísticas de várias figuras, entre elas José Malhoa e Columbano Bordalo Pinheiro. Ligado ao liberalismo e ao republicanismo, foi aqui proclamada a República, no dia 5 de Outubro de 1910.
No centro da praça, o Pelourinho 
edificado depois do Terramoto, projecto de Eugénio dos Santos, em estilo Revivalista, com coluna composta por três elementos que formam uma espiral e uma esfera armilar no topo.

As esplanadas do Terreiro do Paço são um local agradável para almoçar.

A Praça do Comércio 
sempre foi a sala de visitas da cidade e o ponto mais importante do projecto de reconstrução da Baixa Pombalina. Concebida pelo arquitecto Eugénio dos Santos, veio substituir o antigo Terreiro do Paço. Aqui se juntaram os Ministérios e a Bolsa do Comércio à volta do Paço Real. Como a família real não voltou a habitar a zona, simbolicamente foi colocada uma estátua equestre de Dom José, 
da autoria de Machado de Castro.

Requalificada em 2011, a praça ficou mais bonita, livre dos muitos automóveis estacionados. 
E o Arco, ao fundo, dando entrada à Rua Augusta.

Depois do almoço, com a intenção de visitar a Casa dos Bicos, depois de passar pelo "Martinho da Arcada", fechado,  encontrámos a Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha 
que chama a atenção, ali, entre edifícios, com o seu magnífico pórtico. 

Ocupa o espaço da antiga Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia deLisboa, sede da primeira misericórdia do país, mandada edificar por 
Dom Manuel I. 
Na altura, era o segundo maior templo da cidade, depois dos Jerónimos. O portal é o que resta da Igreja da Misericórdia destruída pelo Terramoto. Pormenores manuelinos, com destaque para os anjos, 
flores e esferas armilares e a Cruz da Ordem de Cristo. No tímpano, a Virgem Maria protegendo, com o seu manto, figuras históricas. 
De nave única, o altar-mor 
corresponde à capela do Santíssimo Sacramento da antiga Igreja da Misericórdia e a imagem de Nossa Senhora do Restelo veio da capela de Belém, onde foi edificado o Mosteiro dos Jerónimos.
Chegados ao Campo das Cebolas
custou-me a reconhecer o espaço. 
O arranjo paisagístico tornou um local abandonado, com edifícios em ruínas, num espaço aberto, cheio de cor e verde.

Antes do terramoto de 1755 chamava-se Cais da Ribeira Velha. O nome de Campo das Cebolas, popular, veio-lhe de ser o local onde se descarregava e armazenava grande quantidade de cebolas.

A Casa dos Bicos 
alberga, desde 2012, a Fundação José Saramago, Prémio Nobel da Literatura de 1998. 

Em frente, uma oliveira trazida da sua terra natal, Azinhaga do Ribatejo, debaixo da qual repousam parte das suas cinzas. 
E, junto, uma homenagem a um dos seus livros "A Viagem do Elefante".

A Casa dos Bicos foi mandada construir por Brás de Albuquerque, filho do segundo vice-rei da Índia (1521-1523), Afonso de Albuquerque. A sua fachada foi inspirada em modelos renascentistas italianos, como o Palácio dos Diamantinos em Ferrara. Quando do Terramoto, sobraram apenas os dois pisos inferiores e foi, posteriormente, armazém e loja de revenda de bacalhau até ser votada ao abandono. A sua recuperação deveu-se à XVIII Exposição da Arte, Ciência e Cultura do Conselho da Europa, em 1983, dedicada aos Descobrimentos Portugueses e à Europa do Renascimento.

Fomos ver o pôr-do-sol, no Cais das Colunas e Ribeira.

No segundo dia, a beira-Tejo foi o começo. A ideia era visitar o Maat mas, infelizmente, só abre às 11h e o nosso tempo era curto. 
Optámos por aproveitar e fotografar a arquitectura exterior e a paisagem à volta.







O Maat, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia é a mais recente atracção cultural da capital.
Na zona de Belém, junta-se à monumentalidade da zona, onde estão o Mosteiro dos Jerónimos, o Centro Cultural de Belém, a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o Palácio e Museu da Presidência da República Portuguesa e... a Cordoaria Nacional. Inaugurado em 2016, tem dois polos: a antiga Central Tejo e o novo edifício da autoria da arquitecta britânica Amanda Levete.

O Padrão dos Descobrimentos 
foi projectado para a Exposição do Mundo Português, em 1940, para comemorar os os 8 centenários da Fundação de Portugal (1140) e os 600 anos da Restauração da Independência (1640) depois da usurpação Filipina. 
Foi desenhado pelo arquitecto Cottinelli Telmo com esculturas de Leopoldo de Almeida. Pretende recriar os antigos padrões (marcos de pedra com as armas nacionais) que eram deixados pelos Portugueses nos territórios onde chegaram por mar, nos Descobrimentos. 
É como uma caravela estilizada, com o Infante Dom Henrique à proa

e 33 personalidades históricas e culturais 
que "deram mundos ao mundo". 
A única figura feminina é Dona Filipa de Lencastre, a mãe da Ínclita Geração.

O Centro Cultural de Belém 
impõe-se pela volumetria, do outro lado da estrada.

Na , faltava visitar os Claustros

Os claustros perderam alguma beleza porque, na sua recuperação, foram descobertos sinais da antiga mesquita

sobre a qual se foi construído o templo cristão. 
À volta, diversas capelas que merecem visita.

Subimos a Rua do Limoeiro até Santa Luzia e virámos à esquerda, junto à Igreja de Santiago
fundada nos anos da conquista da cidade por Cruzados de origem galega, em direcção ao Castelo. 
Um pouco acima, o Teatro Romano
descoberto em 1778 quando se reconstruía a cidade após o Terramoto. Mas as ruínas rapidamente foram  esquecidas e, sobre elas, foram construídos prédios de habitação. Em 1964 foram iniciados trabalhos de escavação no r/c de um dos edifícios e, a partir de então, a Câmara Municipal de Lisboa iniciou a recuperação dos edifícios com fachada para a Rua da Saudade. Foi descoberta parte das bancadas, cavea, localizadas no lado norte da Rua de São Mamede. 
O Teatro Olisipo tinha capacidade para 4000 espectadores, tendo aproveitado o afloramento rochoso na sua construção, com os degraus talhados na rocha, virados para o Tejo...

Continuando a subir, chegámos ao Chão da Feira 

onde, diz-se, se fez a primeira Feira da Ladra (1272).
Em 1147 Cruzados ingleses, normandos, flamengos e alemães a caminho da Terra Santa, ajudaram Dom Afonso Henriques na conquista do castelo de Lisboa. Baptizaram-no de Castelo de São Jorge 
porque este era o santo de devoção dos Cruzados. Durante a Idade Média o rei vivia no castelo sempre que se encontrava em Lisboa. 
No início do século XVI, Dom Manuel I abandonou o castelo e passou a residir junto ao rio, na zona que passou a chamar-se Terreiro do Paço, onde aportavam os navios com os exóticos produtos do Oriente. 
As muralhas foram, aos poucos, perdendo a dignidade e foi já no século XX que sofreram restauro.

Chegámos à Praça de Armas 
e, do miradouro temos a melhor vista de Lisboa, no adarve da fortaleza. 
No Castelo ponho o cotovelo, em Alfama descanso o olhar...

Voltámos a sair pela porta do Chão da Feira e fizemos a Costa do Castelo que circunda as muralhas do Castelo onde se construíram os palácios dos nobres 
(que tinham a obrigação de proteger o seu rei...).

Na rua do Milagre de Santo António, um painel de azulejos 
representando o milagre das bilhas quebradas e o da mula que se ajoelhou perante a Eucaristia.

Descendo, o Chapitô, a Escola de Circo, 

os azulejos de Lisboa 

e as típicas ruas da Mouraria.

Almoçámos no Largo do Limoeiro, num pequeno restaurante com ementa turística saborosa.
O passeio pela Baixa fez-nos descobrir as velhas lojas de Lisboa.

Subimos ao Chiado, cortámos na esquina da Cervejaria Trindade, passámos o Teatro Trindade e, ao fundo, a Igreja de São Roque
no Largo Trindade Coelho (Bairro Alto). 
Fundada por Jesuítas, no lugar onde existia uma ermida dedicada ao santo pestífero. Tornou-se muito frequentada por causa dos sermões que os padres aí proferiam e por causa do conjunto de relicários que albergava.
O desenho austero da fachada  (de Baltasar Alves) não deixa adivinhar o tesouro que encerra. 
Mármores, talha dourada, pedras semi-preciosas, prata dourada, 

pinturas, ornamentam as várias capelas deste belíssimo templo.

Descemos outra vez ao Chiado para um chá quentinho na "A Brasileira", onde os turistas são tantos que abafam a escultura do Poeta, na esplanada. 
O frio aperta.
Jantámos na "Casa Nepalesa", na Avenida Elias Garcia, perto da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, 

onde fomos assistir a um espectáculo de Gospel.

No terceiro dia, voltámos à beira-Tejo.
O Museu de Arte Popular 
foi um dos pavilhões da Exposição do Mundo Português em 1940.

A Fonte com três elefantes 
que se vê na fachada virada para o relvado ondulado, pertencia à secção colonial da referida exposição e esteve guardada muitos anos num armazém do Porto de Lisboa.
O edifício foi originalmente projectado pelos arquitectos Veloso Reis Camelo e João Simões. 
As actuais decorações e a estatuária do exterior 


são da autoria de Barata Feyo, Henrique Moreira, Júlio de Sousa e Adelina de Oliveira.

A exposição temporária era sobre Maurits Cornelius Escher 
(24 Novembro 2017 e 27 Maio 2018) que já conhecíamos de livros que adquirimos, mas nunca tínhamos visto nada original.
A "Mão com esfera reflectora" 

é a sua obra mais conhecida, mas os seus desenhos de estranhas perspectivas são os mais extraordinários. 

Com alguns quadros interactivos, o tempo passou sem darmos conta.

Fora, no relvado ondulado, 
o Farol de Belém
um falso farol, que nunca funcionou como tal, também construído para a Exposição do Mundo Português, de 1940.

A caminho do almoço, no antigo "Espelho de Água", outra vez o Padrão, numa espécie de despedida... 
e um "até breve!".


* * * 

10 comentários:

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Muito interessante e completa está visita por Lisboa.Conheço um pouquinho de de Lisboa,que tenho tido a oportunidade de visitar algumas vezes e onde temos familiares...mas agora o conhecimento é mais profundo, graças a está Vesta vossa partilha.Muito bom.Obrigado

quito disse...

Calcorrear Lisboa passo a passo. Sentir Lisboa como os chamados "alfacinhas de gema" jamais o farão. De gema, porque para se ter esse estatuto, são necessárias pelo menos três gerações de residentes. O trabalho, como sempre é notável. Grande empenhamento no trabalho de pesquisa, como é timbre da autora. Lisboa das vielas e dos monumentos. Lisboa do Tejo e estrada dos Descobrimentos. Lisboa do fado e da diva plasmada em mural. Lisboa, recanto surpreendente do nosso Ocidente europeu. Lisboa de tão belas fotos aqui plantadas que encanta quem viaja pela escrita e objetiva dos autores.
Obrigado pela partilha,
Quito Pereira

celeste maria disse...

Parabéns pelo vosso cuidado e bonito trabalho de pesquisa,de fotografia, de descrição da nossa capital!
Percorri quase todos lugares, mas hoje pude deter-me nos pormenores e na História.
Grande abraço, meus amigos.

São Rosas disse...

Uau!

LOVE LISBONNE disse...

Obrigada Alfredo, maravilhoso trabalho que fizeram Parabéns !!
As fotos da Daysi sempre fantásticas bem como o seu trabalho de pesquisa.
Irei partilhar na minha pagina esse vosso didáctico trabalho.
Grande abraço aos dois.
Maguy

olinda Rafael disse...

E já nos habituaram a estes passeios magníficos, complementados de pesquisa séria e didáctica.... Lisboa é mesmo bonita!
Parabéns!
Olinda

Titá disse...

Tenho feito muitos destes percursos mas demoro mais tempo porque vou a pé. Nunca tive a sorte de contar com guias tão bons.

Por isso este passeio me soube tão bem!!!!

Abraço aos dois.

Saint-Clair Mello disse...

Belo passeio. Há inúmeros recantos de Lisboa que não conheci, na única vez que lá estive. Muito bom para quando voltar.

Graca Freitas disse...

Acabo de fazer uma visita a Lisboa de três dias, maravilhosa.
Nada que não conhecesse mas vista pelos olhos do casal Moreirinhas e documentada pela Daisy, fiquei com a sensação que quase tudo era novo para mim.
Excelente trabalho de pesquisa, como sempre, da Daidy. Que bom seria se fosse levado às escolas, mesmo às lisboetas, a aulas de História.
Parabéns, mais uma vez.

emaildagracafreitas@gmail.com disse...

Parabéns, mais uma viagem bem fotografada e bem documentada.