14, 15 e 16 Junho 2015
Vindos de Auschwitz, chegámos a WROCLAW (Vratislávia), às 20h.
Tínhamos um apartamento reservado, muito simpático, no centro histórico da cidade que é a 4ª mais populosa da Polónia.
Só desde 1945 é uma cidade polaca. A região da Silésia ficou ligada ao Império Alemão desde 1871 e, na I Guerra Mundial, era a capital da Prússia.
Nas eleições de 1933, o Partido Nazi conquistou 51,7% dos votos da cidade, uma das áreas de maior apoio eleitoral de Hitler. Inicialmente removida das frentes, na II Guerra Mundial, o que levou a deslocação de populações de outras regiões da Alemanha, sofreu destruição e muitas vítimas depois, com o cerco da cidade pelo Exército Vermelho.
Com o acordo de Ialta e Potsdam, a Polónia recuperou todas as cidades da Silésia
e deportou toda a população alemã. As autoridades comunistas da Polónia tentaram banir o passado alemão da cidade, promovendo uma visão histórica segundo a qual a cidade e todos os territórios da Silésia sempre teriam pertencido à Polónia.
No início de 1982, durante a lei marcial na Polónia, foi fundado o Combate Solidariedade - anti-comunista, organização clandestina, e, em Agosto, a Alternativa Laranja que protestava contra o autoritarismo comunista pintando anões nos locais onde a polícia apagava os slogans anti-comunistas. A sua actividade foi suspensa em 1989, mas, em 2001, apareceu a primeira escultura de anões. Foram-se espalhando pela cidade, chamando a atenção dos comerciantes que começaram a pedi-las para as portas das suas lojas, com motivos alusivos. Actualmente, são mais de 300 conjuntos de pequenas esculturas e já se criou, mesmo, um circuito turístico, cujo mapa de localizações pode ser obtido no Posto de Turismo na Rynek.
A Praça do Mercado (Rynek),
está rodeada por edifícios muito bonitos
e bem cuidados, dos séculos XIV e XV, que apetece fotografar até ao mais pequeno pormenor.
Imponente, o Edifício da Câmara, Ratusz, de tijolo escuro e muitos dourados,
com o belo relógio e uma instalação de areia e cadeiras de praia, à frente, onde as pessoas saboreiam um refresco!
Apesar da vasta oferta de restaurantes, só conseguimos lugar no "La Espagnola"... e percebemos, depois, pela má qualidade da comida, porque havia lugares!...
No dia seguinte, encontrámos os primeiros anões, o músico e o amante de música,
ao virar da nossa rua para a principal que leva à Rynek, um pouco antes do local onde tomámos o nosso bom pequeno-almoço. Um pouco mais à frente, outro, o pole,
agarrado ao poste de iluminação, bem em cima.
Algumas das bancas de artesanato, de madeira, ainda estão fechadas.
A temperatura desceu, a luz não é das melhores, mas a beleza lá está, na Rynek.
O Ratusz é imponente, gótico, começou a ser construído no século XIII e foi sendo aumentado ao longo dos séculos.
O relógio astronómico é de 1580.
A fonte do urso foi feita por Geyger, em 1932,
e tem duas irmãs: uma no zoo de Berlim e outra na Brown University, em Providence (Rode Island). À volta, nas paredes do edifício, várias esculturas de profissões
e a porta do que foi o primeiro bar da cidade,
com o bêbado a chegar a casa e a mulher à espera...
E mais um grupo de anões, junto da entrada traseira, os deficientes.
A praça é uma das maiores da Europa,
a sua construção data do século XIII, foi minuciosamente recuperada e os edifícios à volta são muito fotogénicos.
A vantagem das pequenas cidades históricas, é que é fácil andar a pé e as coisas interessantes são facilmente encontradas.
A pouca distância, o Hotel Monopol,
construído em 1892, de estilo neo-barroco, foi bem recuperado e o seu principal interesse turístico é ter sido aqui que Pablo Picasso (que em 1948 aqui esteve no Congresso Mundial de Intelectuais) desenhou a célebre "Pomba da Paz".
Em frente, uma escultura com várias pombas a voar.
Ao lado, o edifício da Ópera (Opera Wroclawska),
inaugurado em 1841, conhecida como Opera Breslau e é obra de Carl Langhans, o mesmo da Porta de Brandenburgo, em Berlim. E do outro lado do Hotel, a Igreja de São Stanislau,
de tijolo vermelho, o que resta do antigo Convento.
Bem perto, mais anões, o Alba Papier
e o Florianek.
Procurámos... e encontrámos, o primeiro, de maiores dimensões, o Papa Krasnal,
em cima de um dedo polegar, antecedido por uma instalação muito ao jeito da Joana Vasconcelos...
Voltámos à Rynek.
O tempo está instável e, na direcção do rio, a temperatura foi baixando. Na zona da Universidade, vários exemplos de StreetArt.
Os edifícios da Universidade são barrocos do século XVIII.
A Fonte do Homem da Espada,
chama a atenção pela figura do jovem atlético, nu, empunhando uma espada. Tem várias histórias e uma delas é que um jovem estudante foi assaltado e só lhe deixaram a sua espada... Perto, mais um anão, nu, empunhando um guarda-chuva!
A igreja da Universidade é a Igreja do Sagrado Nome de Jesus, barroca.
O edifício do Mercado,
de tijolo vermelho, aparece mais à frente. Mas íamos a caminho da pequena ilha do rio Oder (Odra),
onde chegámos atravessando a Ponte de Areia,
onde se encontra um conjunto de igrejas e mosteiros
e onde, possivelmente, nasceu a cidade, na Ostrów Tumski, espalhando-se depois pelo conjunto de onze ilhas unidas, agora, por 112 pontes. As primeiras construções, de madeira, fizeram-se no século X.
A primeira construção em pedra foi a Igreja de São Martim,
do século XII, não muito longe da Catedral. Em 1315, a ilha foi vendida às autoridades eclesiásticas e os infractores da lei de Wroclaw refugiavam-se ali, como num santuário.
A ponte azul, Ponte Tumski
(que começa a encher-se com os estúpidos cadeados do amor...), pedestre, leva-nos à Catedral, de que se avistam os pináculos, ao longe. A ponte é de aço e foi construída sobre o braço do rio Oder em 1889, substituindo uma outra, de madeira, que unia Ostrów Tumski e Whyspa Piaskowa.
A Catedral de São João Baptista,
gótica com alguns acrescentos neo-góticos, é a quarta igreja construída neste local.
A primeira, data do século X e foi destruída pela invasão mongol e reconstruída depois em estilo gótico, de tijolo, em 1224. Em 1540, o fogo destruiu o telhado, que foi restaurado 16 anos depois no estilo renascença. Outro fogo, em 1759, queimou as torres e os telhados, que só foram recuperados 150 anos depois. A última reconstrução é de 1951.
Perdi a conta às pontes atravessadas.
Vão surgindo paisagens bucólicas,
com barcos e reflexos, até chegar ao Museu Nacional, coberto de hera
com muitas esculturas exteriores.
Afastámos-nos do rio, e rapidamente nos encontrámos de novo na Rynek.
Almoçámos no "Pierogarnia Stary Mlyn",
pierogi gigantes assados no forno, deliciosos.
Cuidado com as doses: 3 pierogi são suficientes!
A Igreja de Santa Isabel,
da Ordem de São Francisco, com a sua torre imponente,
já nos tinha chamado a atenção.
Inicialmente com 130m de altura, em 1976 sofreu um incêndio e foi reconstruída com 91,5m.
A igreja, gótica, é do século XIV
e tinha, à época, um pequeno cemitério com casas à volta. Entre elas, as célebres Gretel e Hansel
unidas por um arco
e que fechavam o pequeno adro igreja-cemitério da época medieval.
Fora o baixo-relevo A Morte é o Portão para a Vida.
E mais anões: os bombeiros
e o preguiçoso.
Junto do Posto de Turismo, o turista.
O dorminhoco, dorme à porta de um hotel e,
logo ali, outro levanta dinheiro na caixa multibanco.
O último anão, encontrado graças à persistência do Ricardo, foi o mito de Sísifo,
antes de irmos descansar, em casa.
Jantámos, de novo, no "Pierogarnia", uma sopa de cogumelos, deliciosa, e gelado de baunilha com morangos, na despedida de Wroclaw.
No dia seguinte, depois do pequeno-almoço no mesmo simpático local dos dias anteriores, partimos para Poznan, a 150km.
Pequenas cidades ficam no caminho, no meio do verde, com os pináculos das suas igrejas a pespontar.
POZNAN é a 5ª maior cidade da Polónia, e a mais antiga, pois foi a primeira capital do Estado Polaco aqui fundado no século X e de onde saiu a primeira dinastia polaca (Piast) que governou o país.
A história foi madrasta para a cidade, bem como para a Polónia. No século XVII foram invadidos pelos suecos e devastados pela peste. No século XVIII, sob o domínio da Prússia, teve o seu nome mudado para Posen. Na I Guerra Mundial, recupera a nacionalidade, mas volta a perdê-la na II Guerra Mundial, para os alemães nazis e, depois da guerra, para os soviéticos. Foi a primeira cidade polaca a fazer um levantamento contra o regime soviético, em 1956, o que foi terrivelmente reprimido pela ditadura.
Como todas as cidades polacas, tem uma Stare Rynek,
onde chegámos após estacionarmos o carro, relativamente próximo e sem grande dificuldade.
Uma praça quadrada, rodeada por belos edifícios coloridos
de estilo barroco, gótico e renascença e diferentes ornamentos nas fachadas, de aspecto mais fechado do que as outras praças já vistas. As bancas de artesanato e comida, os grandes guarda-sóis das esplanadas, ajudam à sensação de claustrofobia, bem como as obras de restauro, que decorriam num dos lados. Mas não consegue perder totalmente a beleza.
A Ratusz (Câmara),
no centro, foi reconstruída no século XVI, em estilo renascença, tem uma torre espectacular acima da parte central do edifício. A fachada tem três filas de arcadas, decoradas com retratos dos reis polacos, rematadas por três torres onde estão os sinos.
A Torre do Relógio
é a atração ao meio-dia, de onde saem duas pequenas cabras que trocam 12 cornadas. A história que se conta é a de que, quando mestre Bartlomiej acabou o relógio, o alcaide convidou o governador e tinha programado um almoço de javali, mas o chef deixou queimar o cozinhado. Como recurso, tentou apanhar duas cabras, mas estas fugiram para o alto da torre e começaram a combater quando o governador chegou. Este, gostou muito do espectáculo, que julgou ter sido preparado em sua honra e nem reparou no esturro do cozinhado. O mestre relojoeiro foi convidado pelo alcaide a incorporar duas pequenas cabras metálicas no mecanismo do relógio para "combaterem" ao meio-dia.
A praça tem várias fontes.
A mais antiga é a Proserpina, do século XVIII. As outras, são dedicadas a Marte, Neptuno
e Apolo,
mais modernas, mas inspiradas nas do século XVI.
Uma das esculturas mais procuradas pelos turistas, é a stuzienka bamberki, em bronze,
executada pelo escultor Joseph Wackerle, representando uma mulher bamberg (relacionada com a vinificação), carregando dois cântaros de vinho. Já esteve em vários locais e em 1977 foi devolvida à praça, junto ao poço onde se reuniram o chanceler alemão Helmut Kohl e o governador de Poznan.
Tínhamos bilhetes de combóio para Berlim, que era às 17.30h. Almoçámos calmamente. Mas o tempo voa, tínhamos que entregar o carro, a cidade estava cheia de obras, o tráfego caótico. E não conseguimos apanhar o combóio!
Mas Berlim esperava-nos!
Enfim... foi com o mesmo carro que chegámos a BERLIM!
* * *
10 comentários:
Um anão nu! Um anão nu! Está ali um anão nu!
E mais uma viagem cheia de história e "estórias". Grandes monumentos e belos, igrejas fabulosas, com arte muita arte em todos os lados. A Praça do mercado, tem edifícios lindos e os anões são todos deliciosos. A ponte também gostei, mas as coisas de areia, como uma ponte e mesas com cadeiras, para se tomar alguma coisa, não consegui ver (terei de ir ao oftalmologista, mas sério...). Adorei o gelado de baunilha com morangos, para acabar. Eu é que acabei a viagem, saboreando-o.
Obrigada, Alf e Daisy, por mais esta.
Beijinhos.
Mais um belo roteiro! Fazem o favor de continuar.
Excelente! !! Obrigado caros amigos! Abraço
Acabei agora.Tudo visitado,Tudo bonito, como também foi bonito em Portalegre no Castelo fechado.
Boa noite e até mais logo no Primus!
Muito boa esta viagem, como aliás é hábito:).A História está aqui muito presente e isso dá-me imenso prazer.
Fico á espera de Berlim OK.
Beijinhos e obrigada pela partilha.
Não fosse por vocês, jamais teria tido conhecimento de tão ricas informações.
Deve ser uma aula e tanto, 10 minutos sentados, com vocês, a ouvir deliciosas histórias dessas viagens.
Vocês merecem!
Sintam-se abraçados.
Obrigado por mais esta viagem.
Tonito.
Polónia visitada! Lindo país,na sua beleza natural, nos seus edifícios, pontes, fontes, esculturas e, principalmente, com muita História.
A descrição é bem esclarecedora e as fotos excelentes!
Já tenho as malas prontas para ir até Berlim, onde já fui, mas que por certo não terei visto com tanto rigor como vós, queridos amigos.
Obrigada e um forte abraço.
Muito bonita esta viagem pelas cidades polonesas. Vou companhá-los a Berlim. Esperem por mim, que chego lá.
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