USA - SÃO FRANCISCO

22 a 25 Junho 2011

Depois das Sequóias e antes de entrar em São Francisco, vindos da meio-portuguesa Ferndale, parámos em Sausalito, 

uma pequena povoação outrora piscatória.
Depois de um almoço apressado, de sanduíches, devido ao adiantado da hora, começámos um passeiozinho debaixo de grande ventania. 
Vê-se São Francisco com neblina, 

barcos e a ilha de Alcatraz, 

esfumada, num rochedo no meio do mar. Alcatraz significa Pelicano, em espanhol. A sua localização, a 5km a leste da Golden Gate (a ponte), 

é estratégica e foi aqui que, em 1859, o exército dos USA estabeleceu um forte que guardou a Baía de São Francisco até 1907, altura em que se tornou prisão militar. De 1934 até 1963, funcionou como Prisão Penitenciária Federal. Teve prisioneiros famosos como Alcapone, Robert Stroud (o Birdman de Alcatraz, que passou a maior parte dos 17 anos de prisão numa cela de isolamento) e os irmãos Anglin imortalizados no filme "Fuga de Alcatraz", de 1979, que conseguiram fugir deixando imitações das suas cabeças nas camas.
A Golden Gate 

é um dos maiores ícones (se não o Maior) da cidade de São Francisco. 
Escondeu-se, mergulhada no nevoeiro. 

Inaugurada em 1937, é muito parecida com a Ponte sobre o Tejo, em Lisboa. É a terceira maior ponte de vão único do Mundo. Quando foi construída era a maior e mais alta estrutura suspensa do Mundo. Tem 2,7km de comprimento, um vão de 1200m e um tabuleiro com 6 vias a 67m da água.
Recorrendo ao GPS, chegámos ao nosso apartamento de luxo, as Executive Suites, na Post Street, 

que vai ser a nossa casa, com sala, kitchnette, duas belas suites, estacionamento coberto para o carro e uma interessante vista da janela.

Depois de acomodados, partimos à descoberta da cidade.
Alamo Square 

é uma praça verde e inclinada para as belas casas 

Queen Anne, as Painted Ladies ou Six Sisters, 

construídas em 1895 entre os números 710 e 720 da Steiner Street. 
Os arranha-céus da Baixa, esfumados, fazem o cenário de fundo.

Outro ponto interessante, é a Lombard Street, 

situada numa inclinação natural de 27 graus. É uma colina de percurso difícil para os automóveis e, por isso, nos anos 20 do século XX, parte do percurso, a secção perto da Russian Hill foi arranjada e a sua descida atenuada por oito pequenas curvas decoradas com verdes e flores, num belo cenário. 
É a rua mais torta do Mundo 

e pudemos descê-la de carro a 8km/hora!

A pé, descemos a Chestnut Street para entrar no 
San Francisco Art Institute, de 1871, 

que foi a habitação da família do barão dos caminhos-de-ferro Mark Hopkins, em Nob Hill, onde fomos ver o fantástico mural de Diego Rivera "Execução de Um Mural" de 1931.

Voltámos ao carro porque a extensão da cidade e as suas colinas não convidam ao passeio a pé.

A torre do relógio do Ferry Building 

tem 71m de altura e é de inspiração mourisca, lembrando Sevilha.

O Distrito Financeiro 

fervilha de gente e está enfeitado com bandeiras arco-íris do orgulho gay, a anunciar a "Parade" que será por estes dias.
Jantámos no "Zoetrope Cafe", 

que pertence aos Coppola, onde comemos boas pizzas acompanhadas por vinho da vinha do realizador. 

O edifício é muito bonito, com a Transamerica Pyramid (260m de altura), ao lado. 

Também se vêem a Coit Tower 

e as torres do First Interstate Center unidas por pontes de vidro.

Na California Street, 

os eléctricos chegam ao topo da Nob Hill, a colina dos ricos, 

o maior cume no centro da cidade, com 103m e onde sobressai a bela Grace Cathedral inspirada na Notre Dame de Paris.

Comprámos mantimentos e, no dia seguinte, o pequeno-almoço foi tomado no "aconchego do lar".

Na Post Street, em frente à nossa casa, está um belo mural.

Parámos na St. Peter and Paul Church, 

na Washington Square, no bairro italiano, onde a Marilyn Monroe e o Joe Di Maggio tiraram as fotografias de casamento (não casaram pela igreja...). É conhecida como "Catedral Italiana" 

e foi utilizada em algumas cenas do filme "Os Dez Mandamentos", em 1923, por Cecil B. De Mille.
A Coit Tower 

foi construída em 1933 no cume da Telegraph Hill,

a 86m de altitude e assim chamada porque tinha um semáforo que alertava os comerciantes da cidade para a chegada de barcos por baixo da Golden Gate. A torre, de betão, foi desenhada por Arthur Brown e é bom ponto de observação da cidade. 

Mas o essencial da visita era aos muitos murais patrocinados por um programa de fundos governamentais em 1934 concebido para empregar os artistas durante a Grande Depressão. Vinte e cinco artistas trabalharam em conjunto para retratar a vida moderna da Califórnia.

O City Hall surge no cenário com a sua cúpula enorme, barroca, inspirada na de S. Pedro, de Roma,

e é maior do que a do Capitólio em Washington DC. O edifício fica no centro do complexo City Center,

desenhado por Arthur Brown, concluído em 1915 para a exposição Panamá-Califórnia.

A Castro Street fica entre Twin Peaks e Mission Street e é o centro da comunidade homossexual da cidade.

As "Quatro esquinas mais gays do Mundo ", 

entre o cruzamento da Castro Street e a 18th Street, surgiram nos anos 70 do século XX, quando os homossexuais se mudaram para esta zona e começaram a restaurar as casas vitorianas e a montar negócios. 

The Castro Theatre 

foi concluído em 1922 e é um sumptuoso e preservado cinema, um dos primeiros trabalhos do arquitecto Timothy Pflueguer. Aqui se realiza, em Junho, um festival de cinema gay e lésbico.

Na zona hispânica, a Mission Dolores 

está intacta desde 1791 e é o edifício mais antigo da cidade, testemunho das suas raízes religiosas coloniais espanholas, fundada por Jonípero Serra.

Estacionámos na Union Square, fizemos um almoço rápido e fomos conhecer os célebres eléctricos (funiculares) de São Francisco, a pé até à Powell Street. 

O sistema foi inventado por Andrew Hallidie: os motores da central eléctrica controlam um cabo situado debaixo das ruas 

e é guiado por um sistema de roldanas estriadas.  
Quando o guarda-freio acciona a alavanca, esta segura-se ao cabo através de uma fenda na rua, 

o que estabiliza o mesmo e o mantém a uma velocidade constante de 15,5km/hora. Para parar, o guarda-freio solta a alavanca e trava. Na Powell Street está um extremo da linha

e, por isso, assistimos à manobra da viragem do carro, que é uma festa para os turistas.

Saímos no Fisherman's Warf, 

à procura do Pier 39, para ver os leões marinhos que, nesta altura, não são muitos. 

O ambiente é bastante animado!

De novo no eléctrico, voltámos ao parque de estacionamento, onde pagámos 22 dólares!
Na Union Square, a bela e aparentemente frágil escultura da deusa Vitória, 

no topo da coluna coríntia com 27m de altura. Esculpida por Robert Aitken em 1903, comemora a vitória naval do almirante Dewey na baía de Manila (Filipinas) durante a Guerra Hispano-Americana de 1898.

Jantámos, em casa, um frango estufado acompanhado com arroz de tomate confeccionado pelo Alf. Acompanhámos com um "Shyrah" californiano e findámos com uns belos alperces locais.

A comunidade japonesa é a mais antiga comunidade de imigrantes nos USA e está distribuída por 7 quarteirões no Filmore District. 

O pagode é uma estrutura de cimento de 5 andares e 22m de altura. 

Tem, também, uma escultura que é o monumento aos imigrantes daquela nacionalidade.

Nos Yerba Buena Gardens, o interessante edifício do San Francisco Museum of Art (SFMOMA).

Estacionámos perto do Embarcadero Center, 

onde a Villancourt Fountain, 

de 1971, é uma interessante escultura de Armand Villancourt feita de enormes blocos de cimento que não agrada a muita gente. 
A Chiffonière, 

de Jean Buffet, escultura de 1978, também é bastante estranha. Mas a clássica torre do Ferry Building, altiva, impõe-se.

A Chinatown, 

são 18 quarteirões ao longo da Grand Avenue e Stockton Street, da Bush à Columbus. Ruas delineadas por mercados, ervanárias e lojas bem coloridas, muito ao gosto da maior comunidade de imigrantes .
Depois, o gozo de subir e descer as colinas, num "Ricardo's scenic drive"!...

Na Marina Green 

encontra-se o melhor local para fotografar a 
Golden Gate. 

Bons passeios a pé e de bicicleta nesta zona pantanosa (Crissy Field) que foi drenada em 1915 para a exposição Panamá-Pacífico, onde se pode ver, além da ponte, o Palace of Fine Arts, 

o Fort Point, o Presídio 

(onde residiram os primeiros habitantes de San Francisco).

O Golden Gate Park é o maior parque feito pela mão do homem, com lagos, quedas de água, pontes, jardins, trilhos, arte pública, 

os Botanic Gardens, 

o Conservatory of Flowers 

(uma casa vitoriana em vidro com centenas de plantas raras) e até búfalos!

Almoçámos numa pizzaria perto do Arguello Boulevard, a "Village Pizzaria" e subimos a 
Twin Peaks, 

duas colinas conhecidas em espanhol como "El Pecho de la Chola" (O Peito da Rapariga Índia), no centro da cidade, a 274m de altura, um miradouro natural onde, fustigados pelo vento, tivemos outra visão da cidade.

No De Young, 

vimos duas exposições temporárias: a "Picasso masterpieces from the Musée National Picasso, Paris" e "Balenciaga and Spain" (com peças de Alta Costura e acessórios de Cristóbal Balenciaga). 
Além do "New Orleans" de Edward Hopper, 

o "Retrato de Dora Maar" de Picasso, 

entre outros, encantaram-nos no museu fundado em 1895, situado no Golden Gate Park. Em frente, a California Academy of Sciences.

Ainda procurámos o mural de Rivera no College of San Francisco, mas estava fechado ao Sábado.

Regressando a casa, a Sutro Tower 

estava cortada ao meio pelo nevoeiro. 
A torre tem 295m e deve o seu nome a Adolph Sutro, um filantropo proprietário local e que serve de base para numerosas antenas que emitem sinal para a maioria das televisões e rádios da cidade.

O jantar, preparado pelo Alfredo, aproveitando os restos do frango de ontem, foi um saboroso "arroz de estilhaços" e a segunda garrafa de tinto da Califórnia.

E, no dia seguinte, já de malas feitas, pequeno-almoço tomado, chaves do apartamento entregues, a caminho do Big Sur, ainda passámos em frente da Holy Virgin Cathedral 

com as suas cúpulas douradas em forma de bolbo, igreja ortodoxa dos Russos no exílio, no Richmond District, construída nos anos sessenta do século XX e também o museu Legion of Honor, 

com o "Pensador" à entrada, inspirado no Palais de la Légion d'Honneur de Paris, construído em 1920. Situado no Lincoln Park, onde também se pode ver o Holocaust Memorial.

Voltámos a entrar no Golden Gate Park 

onde as famílias faziam pic-nics e espreitámos 
o Japanese Tea Garden, 

despedindo-nos de São Francisco, a caminho do Big Sur.

* * *