25 e 26 Setembro 2014
Istambul, a maior cidade da Turquia,
foi capital dos Impérios Otomano e Bizantino, quando se chamou Constantinopla e Bizâncio, e é a única cidade do mundo situada em dois continentes (Europa e Ásia). Tem uma população estimada entre 12 e 19 milhões de pessoas que formam uma mescla de culturas bem interessante!
A sua fundação data do ano 657 aC, com o nome de Bizâncio e no ano 330 dC o imperador Constantino mudou-lhe o nome para Constantinopla. Depois da queda do império Otomano, no século XV, tomou o nome actual.
O nosso hotel, "Neorion Hotel",
fica na parte velha da cidade, perto da Haghia Sophia, da Mesquita Azul e do Palácio Topkapi. Muito simpático, com gente que nos acolheu com um sorriso, que procurou satisfazer os nossos interesses e até nos ofereceu, a mim e à Joana, uma prenda, no último dia (uma bonita pashmina)… e tem um buffet gratuito entre as 17 e as 18h, com café, chá, doces e saladas!
Ontem chegámos muito tarde, mas, na recepção, marcámos as visitas para o dia de hoje.
O turismo, na Turquia, é uma indústria com muito peso, os turistas são muitos e as entradas nos ícones da cidade estão sujeitas a grandes esperas, se não formos acompanhados por um guia. Por isso, marcámos o máximo para o dia de hoje para, amanhã, podermos andar à vontade, sozinhos, pela cidade.
Acompanhados, parámos no Hipódromo,
na área de Sultanahmet, que era o centro Romano e Bizantino. É um jardim alongado, rodeado por edifícios otomanos, com uma linha central onde se encontram alguns testemunhos do rico passado.
Num dos topos, o posto de turismo,
num edifício onde estiveram os quatro cavalos de bronze que estão na fachada da catedral de São Marcos, em Veneza, roubados pelos Cruzados que para lá os levaram.
O Obelisco de Teodósio é um obelisco egípcio,
datado de 1500 aC, que estava no exterior de Luxor até Constantino o trazer para a cidade. Terá apenas um terço da sua altura original e está colocado sobre uma base do século IV dC
guarnecida com esculturas de cenas da vida de Constantino e da família.
A Coluna Serpentinada,
como duas serpentes enroladas, cujas cabeças foram cortadas no século XVIII por um nobre bêbado, data de 479 aC.
O outro obelisco, é a Coluna de Constantino Porfirogeneta,
com o nome do imperador que a restaurou,
no século X dC.
Na Praça Sultanahmet, está a Mesquita Azul
e caminhámos até lá, a partir do Hipódromo.
É a mesquita do sultão Ahmet I, que a encomendou durante o período de declínio otomano e, por isso, só foi construída entre 1609 e 1616 pelo arquitecto imperial Mehmet Aga que criou polémica porque os 6 minaretes eram considerados uma tentativa sacrílega de rivalizar com Meca.
O ritual muçulmano das abluções
conclui-se com a lavagem dos pés. As torneiras,
fora da mesquita, jorram a água para isso.
O nome da mesquita vem da cor dos azulejos que decoram o seu interior, vindos de Iznik.
Os padrões pintados com arabescos mesméricos das cúpulas e semi-cúpulas, são belíssimos,
bem como os vitrais das janelas, do século XVII.
O minbar, também do século XVII, esculpido em mármore branco, é usado pelo imã durante as orações de sexta-feira.
O jardim envolvente dá-lhe um enquadramento espectacular, com jogos de água e muitos verdes e há uma posição em que se consegue ver os 6 minaretes.
Em frente, a Haghia Sophia,
a Mesquita da Sabedoria, mandada construir pelo imperador Justiniano, no século VI, como uma igreja cristã e se tornou mesquita na época otomana, ganhando os icónicos minaretes. Hoje, é museu e somos dispensados de tirar os sapatos.
A belíssima Fonte das Abluções, de 1740,
é um soberbo exemplo do estilo Rococó turco.
Para suportar o grande peso da estrutura, o exterior foi reforçado com diversos contrafortes.
O interior, é magnífico. Os medalhões caligráficos,
com a caligrafia árabe dourada em fundo negro, são os Lehva e têm escrito os 99 nomes de Alá.
A imponente cúpula tem quase 60m de altura.
Alguns mosaicos figurativos lembram o seu começo como igreja cristã.
O mihrab
é o nicho que indica a direcção de Meca. O minbar, o púlpito, é do século XVII.
As colunas bizantinas têm capitéis com interessantes rendilhados.
A pé, fomos conduzidos até ao maior mercado coberto do mundo, o Grand Bazaar. Até lá, começámos a observar a cidade cosmopolita, com ruas bem cuidadas, cafés, restaurantes e muita cor.
Depois da larga avenida
e de um grande portão,
encontramos a mesquita do bazar, à direita.
Entrámos no bazar por uma das suas numerosas portas.
Situado no bairro histórico Eminou, o Grand Bazaar é um labirinto de 60 ruas cobertas por abóbadas
pintadas e repleto com as suas 4000 lojas, onde se vende de tudo.
Além da mesquita própria, tem uma esquadra de polícia, bancos, correios, cafés, restaurantes e lavabos.
Duas fontes de mármore e cobre, hoje desactivadas, abasteciam o bazar de água fresca.
Muita cor, muita confusão. Mas conseguimos orientar-nos e chegar ao local combinado com o guia, para almoçar.
De tarde, entrámos na mesquita denominada Pequena Haghia Sophia, que não prometia nada, por fora,
mas revelou-se um local muito belo e sereno.
Construída por volta do ano 530 dC como igreja ortodoxa cristã pelo imperador Justiniano e sua mulher Teodora, era dedicada a São Sérgio e São Baco. Convertida em mesquita em 1497 pelo chefe do harém do palácio Topkapi, sofreu restauro em 2007 e tornou-se um espaço gracioso, em tons de azul e branco, muito aos estilos Otomano e Bizantino,
com mosaicos dourados na cúpula e mármores coloridos nas paredes.
Fomos conduzidos até junto às muralhas do Palácio Topkapi que têm 5km de extensão.
Rodeado por uma área de 700.000 metros quadrados (o dobro da do Vaticano), aqui viviam 5000 pessoas da família real, criados e soldados.
Antes da porta de entrada, encontramos a Fonte Ahmet II,
um belo exemplar das fontes de Istambul, em estilo Rococó turco, com pequenas cúpulas e nichos em forma de mihrab.
As fontes otomanas não têm repuxos mas torneiras ornamentadas.
Por cima das torneiras e das pias de mármore, inscrições caligráficas, em ouro, honrando a fonte e o seu fundador.
O portão do Palácio é bonito e imponente,
dando entrada para os jardins e Primeiro Pátio.
Aqui, a Haghia Eirene,
uma igreja ortodoxa cuja construção é anterior à da Haghia Sophia. Tem uma planta basilical Romana e nunca foi convertida a mesquita. Precisa de uma licença especial para ser visitada. É palco para o festival de música de Istambul.
A Porta das Saudações
abre para o Palácio propriamente dito onde, durante 400 anos, viveram os sultões otomanos que daqui governaram o seu império.
A arquitectura assemelha-se aos acampamentos nómadas otomanos, com uma série de pavilhões limitados por quatro grandes pátios.
Guarda grandes tesouros e fantásticas colecções e os jardins escondem o harém. Sem marcação, podemos ver o Divan,
belíssimo pavilhão em mármore, azul e dourado,
onde os vizires se reuniam e, por vezes, eram espiados pelo sultão.
É um óptimo local para passar o dia, calmamente, gozando os jardins,
fotografando pormenores dos edifícios nos diversos pátios
e desfrutando de uma paisagem magnífica para o outro lado de Istambul, onde está a Torre Gálata, além do Bósforo onde o movimento de barcos é impressionante e as pontes unem o recortado debruado da cidade (Golden Horn, Ataturk, Gálata e Bósforo).
O hotel não fica longe e caminhámos, passando pelo Museu Arqueológico,
apreciando o quotidiano.
À noite, fomos fotografar a Praça Sultanahmet
e jantámos no "Mozaik Restaurant", experimentando a "baklava" (doce típico de nozes e pistachios embebidos em calda de açúcar) com gelado de baunilha.
Soltos, no dia seguinte, começámos o passeio na Mesquita Nova,
onde chegámos de taxi. Fica na ponta sul da ponte Gálata. Iniciada em 1597 por Safiye, mãe de Mehmet III, a sua construção foi interrompida quando o sultão morreu e sua mãe perdeu influência. Turham Hatice, mãe de Mehmet IV, terminou-a em 1663. Imponente, o seu recorte sobressai num dia como hoje, com o céu azul e múltiplas pequenas nuvens.
Ao lado, o Mercado de Especiarias,
um escuro mercado em forma de L, construído no século XVII como uma extensão da mesquita para, com os lucros, manter as instituições filantrópicas. Especiarias, ervas aromáticas, mel, frutos secos e os típicos lockum, fazem um festival de cor.
Os donos das lojas cumprimentam os visitantes em 15 idiomas diferentes (incluindo o português) e deixam provar os produtos.
Fora, os engraxadores
com as suas típicas e bonitas caixas de engraxar.
A Ponte Gálata,
cheia de pescadores, é a última do Corno de Ouro.
O Corno de Ouro
é um canal de 7km, que divide o lado europeu em duas partes. Do lado de lá, era a casa dos visitantes estrangeiros da cidade e onde está a Torre Gálata,
a mais antiga de Istambul, construída no ano 528 dC pelo rei de Bizâncio, em madeira, como farol. Durante o século XIII foi usada por genoveses e venezianos e foi posteriormente conquistada pelos turcos, em 1453.
Já foi prisão e depósito naval.
Subindo por ruas estreitas e íngremes, observam-se cenas inusitadas.
Chegados à torre,
com 61m de altura, subimos parte em elevador e parte por escadas até ao piso de observação de onde se desfruta de uma bela paisagem para as numerosas mesquitas (uma sementeira de minaretes), Palácio Topkapi, pontes, Bósforo e Corno de Ouro.
A partir da Torre Gálata, fizemos a descoberta da cidade dos estrangeiros, a pé, por Beyoglu, distrito outrora chamado Pera que significa Do outro lado,
nome utilizado na Idade Média e que manteve até ao século XX. Consta que Agatha Christie escreveu, num hotel deste distrito, o célebre "Crime no Expresso do Oriente".
A grande avenida pedonal Istiklal Caddesi,
é a principal rua de Beyoglu, outrora conhecida por Rue de Pera, ladeada por edifícios com blocos de apartamentos do século XIX, embaixadas e, escondidas das vistas, as igrejas que costumavam servir as comunidades estrangeiras de Pera, como a Igreja de Santo António (Sent Antuan),
um mimo, num pequeno largo,
onde acedemos por um portão disfarçado como acesso de habitação. Completou 100 anos em 2006, foi desenhada por Giulio Mongeri, quando o padre franciscano José Caneve sonhou construir um templo ao "Santo do Mundo", no coração do bairro mais europeu de Constantinopla. Estilo Neogótico veneziano, é a maior igreja católica de Istambul.
De fachada cor de rosa e pórticos com mosaicos alusivos ao Santo,
tem Crucificado estilizado numa escultura muito interessante,
à esquerda e a estátua de João XXIII à direita.
Nave central muito bonita
e altar circundado de vitrais, com uma Virgem e mais um Crucificado.
Os eléctricos vermelhos
também fazem lembrar Lisboa e circulam na avenida até à Praça Taksim.
Os típicos carrinhos ambulantes, vendem coisas boas aos passantes.
A grande Praça Taksim
(que era o centro distribuidor de água da cidade, desde a floresta de Belgrado), está cheia de gente. No centro, o Monumento à Independência,
homenagem ao herói nacional turco, Mustapha Kemal Ataturk e outros fundadores da República Turca Moderna.
Era impossível fazer mais com o tempo que tínhamos. Esta paragem em Istambul foi, apenas, uma escala para a viagem maior, até ao Butão, aproveitando para conhecer mais um bocado do Mundo que nos tem levado a sair de casa!
* * *
18 comentários:
Olás... tirei um valioso tempo, logo ao acordar, neste sábado, para ir a uma espetacular "aula" de História... Geografia... Cultura... Turismo...
Obrigada! Conhecer um tanto do Mundo é privilégio de poucos.E vocês nos concedem isso, Daisy e Alfredo.
Meninos obrigado pelo passeio.
Tonito.
Olá: adorei rever esta matéria e por mais que se conheça existem sempre coisas novas.
Obrigada pela partilha.
Beijinhos
Lili
Adorei recordar (incluindo Mozaik e baklava) !
Maravilha
Gostei muito de tudo, que vi e li.
Monumentos, colunas, Cristo estilizado, que amei e o mar i.é água, onde estava pessoal a pescar, não falando do tal labirinto, cheio de ruas e cor, onde se vende de tudo e por isso, eu não poderia lá entrar :)
Mais uma bela viagem.
Obrigada, Alf e Daisy.
Beijinhos.
Com um documentário tão completo vou ter de voltar a ver e a ler a história, a arquitectura, e a cultura da cidade de Istambul. Não conhecia mas fiquei a conhecer e muitos vos agradeço
Adorei e aprendi muito sobre o que já vi antes. É uma cidade incrível e vocês conseguiram transmitir-nos os vossos olhares, de forma a termos vontade de lá voltar e visitar tudo de novo.
Obrigada pela partilha. Beijinhos para os 2 (4) viajantes.
Dava tudo para ir a Istambul.... Aguçaram-me ainda mais essa vontade.
Tenho alguma esperança de fazer essa viagem.
Apenas conheci a Capadócia.
Fico maravilhada...
Da Turquia conheço Antalya e a Capadócia, mas adorava ir a Istambul e agora ainda me aguçaram mais o apetite Beijinho para si e para a Daisy!
OMO SEMPRE ACONTECE COM AS REPORTAGENS QUE FAZEM, GOSTEI MUITO. FIQUEI A CONHECER UMA CIDADE ONDE NUNCA PODEREI IR. OBRIGADA
Eu tenho a alegria de conhecer, Istambul e as sua maravilhas. Cliquei no Video, simplesmente fantástico!.
Grande viagem!
Obrigada pela vossa amável pertilha, amigos Daisy e Alfredo.
Maravilhosa viagem! Obrigada por partilhar pois é a forma de tambem eu viajar e percorrer lugares que, de outra modo, não “visitaria”.
Disfrutem e até à próxima!
Grande abraço,
Odete
Olá Primos!
Só hoje pude fazer esta viagem... Bem hajam por me proporcionarem este mimo
Beijinhos
Nazaré
Foi bom rever Istambul e conhecer mais alguns locais que me tinham "escapado".
Obrigada.
Beijinhos aos dois
Belíssimo passeio por Istambul. Curti cada fotografia.
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