Mostar
22 Junho 2014
A Bósnia-Herzegovina (Bosna i Hercegovina)
resultou da desagregação da Jugoslávia após a morte de Tito. É um caldeirão de três etnias diferentes, cada uma com a sua religião e cultura.
Existem croatas católicos (15%), sérvios ortodoxos (37%) e bosniaks ou bósnios muçulmanos (48%), estes herdeiros do domínio otomano a partir de 1463.
À entrada, apercebemo-nos que os nomes das localidades (e até do país) estão escritos em alfabeto latino e alfabeto cirílico.
Paisagem agreste,
com aspecto muito rural das casas em pedra,
restos de fortalezas
e um grande número de minaretes, que quase não vimos na Croácia.
Impressionante, a quantidade de cemitérios que vamos encontrando, ladeando a estrada.
Anichada no vale do rio Neretva,
MOSTAR
é uma velha cidade otomana que se desenvolveu entre os séculos XV e XVI e durante o período austro-húngaro dos séculos XIX e XX.
A primeira documentação de Mostar, é de 1474, referindo-se às torres guardiãs (mostari)
da ponte de madeira do mercado da cidade na margem esquerda do rio usadas por soldados e comerciantes em viagem.
Mostar era a ligação entre o Adriático e a região da Bósnia Central, rica em minérios. Fortificada entre 1520 e 1566, a ponte foi substituída por uma de pedra.
A cidade desenvolveu-se com a construção de edifícios públicos, religiosos e comerciais organizados em bairros (mahalas) e bazares.
Foi a cidade mais bombardeada de toda a Bósnia durante o conflito da chamada "Guerra da Bósnia", nos anos 90 do século XX.
Em 18 de Novembro de 1991, o braço da HDZ (União Democrática da Croácia) proclama a existência da República Croata da Bósnia-Herzegovina no território da Bósnia-Herzegovina.
Mostar foi dividida em zona oeste ( forças croatas)
e zona leste com maioria de população bosniak (bósnios muçulmanos). Destruindo a stari most (a ponte velha) em 9 de Novembro de 1993, criou-se um gueto a leste, de maioria muçulmana.
Findo o conflito, foi construída, no mesmo local, uma ponte provisória de madeira. Em 1995, foi tomada a decisão de reconstruir a velha ponte. E em 29 de Setembro de 1997, com a ajuda do Banco Mundial e da UNESCO, iniciou-se a primeira fase da construção, com a primeira pedra simbolicamente retirada das ruínas submersas no rio Neretva, e inaugurada em 23 de Julho de 2004.
Stari most (Velha ponte),
como continua a ser conhecida apesar de ser bem recente, obra original do arquitecto Mimar Hayruddin (mandada construir por Solimão, o Magnífico em 1556), foi reconstruída, com 28m de comprimento e 20m de altura. Este "renascimento" da velha ponte tem um poder simbólico universal de convivência de comunidades com diferentes origens culturais, étnicas e religiosas.
O piso da ponte é curvo e difícil de percorrer, sendo necessário apoiar os pés nas barras transversais, mas vale a pena atravessá-la e mergulhar no mundo de bazares coloridos
e diferentes raças, entre turistas e residentes. Vulgar é encontrar mulheres trajando burkas, ao lado de maridos de calções e rostos de turistas diferentes, alguns que já tínhamos encontrado em Dubrovnik, como a bela oriental que, como começa já a ser habitual, se deixava fotografar e queria ser fotografada connosco.
Na entrada da ponte, o museu fotográfico com a história do conflito e, à porta, uma pedra com estilhaços metálicos e as palavras Don´t forget '93.
Casas otomanas
reconstruídas e bem conservadas a leste, bem como a Mesquita Koski Mehemed Pasa,
de 1617, no final da rua do bazar.
Almoçámos no "Kulluk",
comida local (cevapi) muito saborosa,
e abandonámos a Bósnia.
* * *
13 comentários:
A oriental de olhos em bico deixou-me de olhos em bico...
Como sempre, muito boa reportagem
O cuidado do texto e a beleza das fotos, como sempre.
adorei!!!!
Obrigado por esta viagem de imagem com história ;)
Fotografias muito bonitas. Gosto bastante destas vistas. Beijinhos
Mais uma fantástica viagem que nos proporcionaram, a nós viajantes do vosso blog. Obrigada a ti, Alfredo, pelas lindíssimas fotos e à tua linda Daisy pelo texto sempre interessante.
Fico verdadeiramente FELIZ por o Alfredo e a Diasy partilharem as v/s viagens, que de outra forma, jamais as faria... J
Encantador!
Obrigada sempre!
Beijinhos,
Odete
Aceitei o teu convite na esperança de vos encontrar por lá, gostei muito mas não consegui estar convosco.
Devemo-nos ter desencontrado.
Abraço
Muito Lindo.
Um Abraço.
Tonito.
fotos muito bonitas!
Gostei do passeo!
Uma lição de História e sempre bem ilustrada! Para o próximo mês haverá mais.
De facto, estou como a São Rosas...
Venham mais!
Ó Olinda, deves estar gira, de olhos em bico...
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