10 a 14 de Junho de 2008
Em CLIFDEN almoçámos num simpático restaurante ("Vaugh's"),
num B&B, umas costeletas de borrego e uma sobremesa bem original, quente, confeccionada com whisky. Fomos servidos por um irlandês de olhos muito azuis que já tinha estado em Portugal.
Clifden está emoldurada pela imponente cordilheira de Twelve Bens.
Fundada em 1812 por John d'Arcy, um latifundiário local representante da Coroa Britânica em Galway com o intuito de criar um polo de autoridade na rebelde região de Connemara, esta região é a mais selvagem, a oeste de Galway, com pântanos, montanhas e uma costa muito escarpada.
Foi esta paisagem que pudemos curtir percorrendo a SKYROAD,
um percurso de 11km em estrada estreita, com paisagem inóspita e bela, ladeada por sebes de pequenos brincos-de-princesa,
pastos com vacas
e casas acasteladas.
As enseadas continuaram a acompanhar-nos até WESTPORT,
uma bonita cidade cujas ruas foram projectadas por James Wyatt em 1770. Lojinhas e a Bridge Street com a sua bela ponte sobre o rio onde passeiam patos.
Parámos em CHARLESTOWN
para jantar, porque o sol já caía e tivemos receio de não encontrar restaurante que nos servisse em Sligo, onde tencionávamos dormir. A carne era muito boa e bem acompanhada com cogumelos e natas.
Depois de algumas voltas, em Sligo, arranjámos hotel no centro, o "Glasshouse",
por 99 euros com pequeno-almoço incluído. Bonito, moderno e colorido.
SLIGO fica situada junto ao estuário do rio Garavogue, entre o Atlântico e o Lough Gill e é a maior cidade do Noroeste famoso centro de música, tradicional. É, também, a terra do mais famoso poeta da Irlanda, W.B. Yeats.
Foi o seu museu que visitámos logo de manhã,
no edifício que foi banco e onde uma simpática velha senhora nos mostrou uma pequena exposição de fotografias da vida do poeta. Na rua, a esbelta figura em bronze, estilizada.
A Sligo Abbey está em ruínas.
É um edifício medieval, mosteiro dominicano, fundado em 1253.
Na O'Connell Street, os edifícios são bonitos. Entrámos na "F.P. Dooney and Son"
onde a dona, senhora de 86 anos, há 60 no negócio, branquinha, com os olhinhos claros atrás dos óculos redondos, nos deliciou com as suas histórias. Sichoan, de seu nome, que significa Joana em gaélico.
Saímos em direcção a Donegal, acompanhados pelo Ben Bulben à direita.
Em Cliffony, belas enseadas e vacas em primeiro plano,
com Mullghmore na pontinha da enseada.
Chegámos a DONEGHAL
a boa hora para o almoço.
O nome da cidade significa "Fortaleza dos Estrangeiros" e foi fundada pelos Vikings, mas foi durante o domínio dos O'Donnell que se começou a desenvolver.
As ruínas do Doneghal Castle ficam mesmo no centro e incluem uma torre com ameias da casa fortificada construída pelos O'Donnell no século XV
e sobressaem no meio dos edifícios modernos. Ao lado, o restaurante "Olde Castle Bar and Restaurant" onde o prato do dia "Home made shepard's pie" estava muito bom.
Com a vista da Doneghal Abbey
nas margens do rio Eske, ao longe, saímos em direcção à Irlanda do Norte, LONDONDERRY (ou Derry, como dizem os da República da Irlanda).
A fronteira é marcada por uma ponte entre Lifford
e Stragbone.
Esta já pertence ao Reino Unido e começou a complicação com a moeda (libra) e as distâncias marcadas na estrada (milhas).
Não conseguimos hotel no centro da cidade e, a alguns quilómetros, encontrámos o "Broomhill Hotel" onde assistimos, acompanhados pelo único habitante visível, o recepcionista-barista, ao jogo Portugal/República Checa. O "Manuel", como alcunhámos o funcionário, torceu connosco e festejou a vitória dos portugueses.
Saímos para jantar e aproveitámos para visitar o Bairro Católico, Free Derry, para ver os murais
que mostram a repressão que se iniciou em Outubro de 1968 e que culminou no "Bloody Sunday" cantado pelos U2. Os murais estão ao longo da Rossville Street, no Free Derry Corner.
Entre as muralhas de Derry e o rio Foyle, a Guild Hall, estilo Neogótico,
construída em 1890, que possui um vitral retratando Santa Columba.
Na manhã seguinte, o "Manuel" serviu-nos ovos mexidos, estrelados e torradas que nos deram forças para empreender a etapa do dia pela Causeway Coast.
As ruínas do Dunluce Castle,
encostadas à borda da falésia, recordam o bastião dos MacDonnells, Senhores da região de Antrim.
A Calçada dos Gigantes
é um extraordinário cenário de vários conjuntos de colunas de basalto. Diz a lenda que o gigante Finn MacCool construiu uma calçada sobre o mar para a sua amada que vivia na ilha de Staffa, na Escócia, onde existem colunas semelhantes. Outra lenda, mais engraçada, diz que o gigante Finn MacCool construiu a calçada para defrontar o escocês Benandonner mas, quando o avistou ao longe, verificou que ele era muito maior e tinha um aspecto bastante feroz. Então, voltou para trás, receoso e pediu conselho à mulher OOnagh. Esta, esperta como todas as mulheres, vestiu-o de bebé e deitou-o na cama. Quando o gigante escocês chegou, viu o "bebé" e pensou: "Se a criança é deste tamanho, como será o pai?!" E regressou à Escócia, destruindo o causeway atrás dele.
Calcula-se que, actualmente, sejam 37 000 colunas de basalto
que se estendem dos penhascos até ao mar devido a várias erupções vulcânicas separadas por milhões de anos e sequente arrefecimento rápido.
Bushmills ficava no caminho.
É uma pequena vila famosa por ter a destilaria de whisky mais velha do Mundo. O "Old Bushmills Irish Whiskey" é produzido a partir de vários lotes de malte e cereais.
Carrick-a-rede foi a povoação seguinte,
caracterizada por ter uma ponte de cordas e tábuas, suspensa a 25m acima do mar e dá acesso a uma minúscula ilha muito procurada por pescadores de salmão.
Em Ballymorey tivemos oportunidade de fotografar The dark hedges, onde as árvores se entrelaçam, formando um túnel original.
Em Ballymena parámos para um café.
O Carrick Fergus Castle
é a mais bela e bem conservada fortificação normanda da região. A sua construção foi iniciada em 1180 por John Courcy para proteger o acesso ao Belfast Lough. Não passou despercebido o mural vizinho.
E chegámos a Belfast, a única cidade da Irlanda a sofrer integralmente o impacto da Revolução Industrial. Procurámos a Avis para comunicar que iríamos entregar o carro mais tarde… e rumámos às MIDLANDS, o berço da civilização irlandesa, centro espiritual dos Celtas, abrangendo alguns dos locais mais sagrados e simbólicos da Irlanda.
Marcámos dormida para Drogheda mas parámos, primeiro, em Monasterboice (Mainistir Bruithe),
num ermo a norte de Drogheda, fundado no século V por St. Buite, um discípulo de St. Patrick.
Este complexo monástico, em ruínas, está rodeado por um cemitério com os maiores tesouros em cruzes celtas, as High Crosses do século X.
E a West High tem 6,5m de altura e é também conhecida por Tall Cross,
ficando junto à grande Torre Redonda.
As Torres Redondas,
construídas entre os séculos X e XII, nos antigos mosteiros, eram campanários usados como locais de refúgio e onde se guardavam manuscritos valiosos. A entrada podia ficar a 4m do solo e era acessível por uma escada que depois era puxada para o interior.
O dia ía avançado mas o desejo de fotografar as preciosidades, não me deixou dar ouvidos ao Alf e à Joana que ansiavam por se afastarem do cemitério. O barulho dos corvos a sobrevoarem as campas, era assustador. Preparavam-se para se aninhar e passar a noite.
Com o esvoaçar e a gritaria das aves negras, a cena era bem tétrica!
DROGHEDA ficava mesmo ali.
O "The d hotel" esperáva-nos,
com boa vista para o rio Boyne e suas pontes.
Jantámos no "Brú", nas margens do rio e,
já à média luz, fotografámos a
St. Peter's SRC Church
e o Millmount (a Torre do Martelo)
e o Boyne Viaduct.
Saímos cedo, na manhã seguinte, em direcção a KELLS,
Ceanannus Mór (o seu nome celta) que ganhou fama por causa do seu famoso mosteiro, fundado por Sta. Columba, no século VI
(depois de ter sido expulso da ilha de Iona, na Escócia, pelos Vikings…) e onde se julga ter sido executado o célebre livro de iluminuras, Book of Kells, guardado em Dublin, no Trinity College.
No centro do que resta do mosteiro, está a Igreja,
do século XVIII. Uma Torre Redonda truncada
e várias High Crosses do século IX,
são os testemunhos de outras épocas.
E reentrámos na IRLANDA DO NORTE, em direcção a Belfast.
Em Armagh, que é das cidades mais antigas da Irlanda, encontram-se duas catedrais com o mesmo nome, St. Patrick, o padroeiro da Irlanda.
A mais grandiosa, de estilo Neogótico, é a Católica. A Protestante, mais antiga, data da época medieval e é nela que estão os restos mortais de Brian Ború, o rei da Irlanda que derrotou os Vikings em 1014.
Ruas estreitas e casas georgeanas, completam o cenário.
Chegámos a BELFAST por volta das 14h.
Instalámo-nos no "Days Hotel", nas traseiras da Great Victoria Street, entregámos o carro na Avis, comemos uma refeição ligeira no "Esquires Coffee Houses" e, como o tempo era curto, resolvemo-nos por um City tour
que nos levou, primeiro, aos estaleiros onde foi construído o "Titanic". Na época, trabalhavam ali 35000 operários e, hoje, não são mais do que 100.
Mas a área está em fase de reestruturação (Titanic Quarter).
Atravessámos a Queen's Bridge.
O Crumlin Court apresenta arame farpado à volta e sinais de alguma violência e reporta aos problemas que foram eufemisticamente baptizados como "The Troubles", iniciados em 1968 entre Protestantes e Católicos que defendiam (estes) a integração na República da Irlanda.
Vêm-se murais pró-República da Irlanda nos bairros Católicos (talvez mais contra o Reino Unido…)
e pró-Reino Unido nos bairros Protestantes. Estes, têm a Rainha-Mãe ou a Rainha Isabel II nas composições.
São, já, atracção turística.
A visita foi superficial por falta de tempo, mas ainda fotografámos a Fisherwick Presbyterian Church
num bairro de classe média e a Queen's University,
a mais prestigiante da Irlanda do Norte.
Já a pé, a caminho do hotel, passámos na Roda Gigante, junto ao City Hall
e parámos no célebre Crown Liquor Saloon,
com fachada de azulejos policromados, que remonta a 1880, repleto, onde se aconselha uma "Guiness"!
E o sol punha-se, atrás da Opera House.
Para nós, nascerá amanhã já a caminho da Escócia.
* * *
10 comentários:
Maravilha!
As torres redondas e as cruzes altas, então...
Gostei muito desta Irlanda, mostrada, por vós. Muitas paisagens bonitas e interessantes curiosidades, como as pastagens de vaquinhas.
Uma ou duas construções, mais própriamente castelos em ruínas, mas nada, como me é dado a conhecer, por "tótós", que vão buscar imagens da Irlanda à net e só mostram coisas FEIAS!!!!!
Gostei mesmo muito. Obrigada, Alf e Daisy.
Tudo muito calmo e sereno.
Assunto.
tonito.
Já fiz a minha viagem...
Ótima reportagem, parabéns.
Abraço
Luís Cabral
Eternos viajantes!
Terminei a 2ª fase do passeio
Com calma e relembrei pisagens!
Cada vez se tornam mais longas estas "nossas" viagens.
Muitas e belas fotografias e excelentes descrições!
Cá fico à espera de mais...
Adorei!
Vi as duas partes seguidas e está na minha rota para conhecer... Espero ainda poder fazê-lo!
Obrigada,amigos pela partilha.
Recordei o mesmo passeio. foi muito bom e como sempre agradeço a oportunidade que me deram de apreciar a magnifica reportagem. Parabéns a ambos. Beijinho da
Jane
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