21 a 24 Novembro 2013
Os Emiratos Árabes Unidos (EAU) são, desde 1971, uma confederação de 7 monarquias árabes com grande autonomia, situados na extremidade oriental da Península Arábica, entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Oman e o seu extraordinário desenvolvimento deve-se à riqueza natural do petróleo descoberto nos anos 60 do século XX. A capital é em Abu Dhabi que, por sua vez também é um emirato, juntamente com o Dubai, Sharjah, Ajman, Umm, Al-Qaiwain, Rás al-Khaimah e Fujeirah.
Foi a primeira vez que viajámos com a Emirates Airlines e ficámos agradavelmente surpreendidos com a eficiência da assistência prestada aos passageiros de primeira classe e executiva: transporte da residência (desde que a menos de 60km) para o aeroporto e vice-versa e, também, transferes para os hotéis e acompanhamento no aeroporto até aos balcões do check-in.
Numa breve história, o Dubai aparece a partir da Família Maktoum que se instalou no Dubai Creek, em 1833, no local que estrategicamente era importante para trocas comerciais, pesca, estaleiro e comércio de pérolas. Mas há vestígios de presença humana de há mais de 4000 anos, em achados arqueológicos que incluem moedas e artefactos de cerâmica.
A parte final do voo de mais de 8h, Lisboa-Dubai, foi um pouco dramática, com muitos relâmpagos e o congestionamento de tráfego no aeroporto que motivou um atraso de cerca de uma hora.
Escolhemos um hotel perto do aeroporto por causa da hora tardia da chegada, para podermos descansar mais. Pareceu-nos ouvir o comandante dizer que chovia, mas julgámos ter percebido mal. Mas não: estava, mesmo, a chover no Dubai!
Negociámos um city tour, no balcão da agência de viagens do hotel.
A primeira paragem foi no Dubai Creek,
o canal de água salgada que se transformou de porto de pesca em grande marina ladeada pelas altas torres, num cenário surreal onde não faltou o céu negro a ameaçar chuva.
Depois, Jumeirah, à beira da praia, com belas residências de arquitectura diferente,
passando pelas torres que lembram os ancestrais, na chamada Al Bastakiya,
onde se pretende preservar algo do passado. O nome vem de Bastak, região do Irão de onde migraram os residentes, em 1859.
O Burj Khalifa aparece aqui e ali, com o pináculo nas nuvens.
A ameaça concretiza-se e somos apanhados pela chuvada que alaga as ruas impreparadas para o fenómeno!
A Mesquita Jumeirah é uma das mais belas mesquitas do Dubai,
exemplo de uma arquitectura medieval Famitid com materiais modernos. Dois minaretes gémeos ladeiam a cúpula maior,
em pedra branca com intrincados e belos desenhos que também enfeitam as paredes exteriores.
Foi à sua entrada que um velho sheik, respeitosamente apoiado por um jovem, se dirigiu a nós, cumprimentando-nos e dizendo-nos sermos afortunados porque trouxemos chuva!
A chuva voltou
e não nos atrevemos a pisar as areias da Jumeirah Beach.
Outras mesquitas
e o Burj Khalifa
acompanharam-nos até ao Burj Al Arab,
que foi o primeiro edifício emblemático do Dubai. Com a forma de uma vela de barco, com 321m de altura, foi construído numa ilha artificial na Jumeirah Beach, mostrando a opulência árabe, com uma frota de rolls-royces disponível para os hóspedes.
Ao lado, o Wild Wadi, o parque aquático.
A caminho da Palm Tree, passámos num túnel sob as águas
para desembocarmos junto do monumental Atlantis The Palm,
a coroa de glória da Palmeira, localizado no topo do Crescente. O hotel tem 1539 quartos, um aquário com 65000 animais marinhos, parque aquático e outras extravagâncias inimagináveis. Mas o estranho, mesmo, é sabermo-nos "dentro" da Palmeira, sem ter a noção da mesma!
De novo no meio dos arranha-céus,
a caminho da downtown, para ver o actual ícone do Dubai: o Burj Khalifa.
É o mais alto edifício do Mundo, com os seus 828m de altura e com uma arquitectura extraordinária inspirada na flor do deserto Hymenocallis.
Com 57 elevadores, engloba o "Armani Hotel" e um piso de observação no nível 124, muito procurado, necessitando de uma pré-marcação de três dias, o que nos impossibilitou a visita.
Mas a própria estrutura exterior, com a zona envolvente, chega para impressionar.
Passava um pouco das 3h da tarde quando almoçámos, já no hotel, onde o restaurante está disponível 24h por dia e tem comida italiana.
De novo no balcão das viagens, negociámos a ida à downtown, porque o Metro é uma confusão, a cidade é muito grande e perderíamos muito tempo nos transportes públicos.
É sexta-feira e os souks só abrem à noite e ficam muito distantes da downtown, o que nos levou a prescindir da sua visita.
Por 15 euros, o condutor deixou-nos no Dubai Mall e combinámos o regresso por 30 euros.
O Dubai Mall
fica adjacente ao Burj Khalifa e ocupa uma área correspondente a cerca de 50 estádios de futebol. Engloba o Dubai Aquarium, o Underwater Zoo,
além de um ringue de patinagem no gelo com dimensões olímpicas, lojas de todas as marcas internacionais e muita, muita gente. Caminhando até ao Burj Khalifa Mall, damo-nos conta da verdadeira babilónia onde estamos inseridos: gente de todas as raças e com as mais variadas vestimentas, desde as mulheres completamente tapadas por tecidos negros até ao turista de shorts e chinelo de dedo.
De noite, o Burj Khalifa não perde a beleza.
E a Dubai Fountain
brindou-nos com um espectáculo de luz e água que, confesso, me decepcionou.
Mas as coreografias e as músicas são várias, como vim a saber mais tarde... e talvez não tivéssemos sorte.
No dia seguinte, com condutor, fomos a ABU DHABI, capital e o maior de todos os emiratos, a cerca de 150km de Dubai City.
A chuva não nos abandonou completamente.
Os arranha-céus são muitos. A moderna arquitectura faz inveja a Chicago e a New York. Tem, até, umas torres gémeas que parecem o Chrysler!
Na Yas Island, visitámos o
Ferrari World Abu Dhabi,
que foi o primeiro parque temático da Ferrari, ao lado da pista de Fórmula 1 e do seu original hotel.
Parámos na Heritage Village,
onde está retratada, reconstruída, uma aldeia tradicional.
Na praia, algumas carcaças de barcos tradicionais
e, bordejando a baía, do lado de lá, os arranha-céus.
A cidade-estado é moderníssima.
Impossível andar a pé. Os automóveis proliferam nas estradas de 6 e 8 pistas de rodagem. A gasolina custa cerca de 25 cêntimos por litro!
O National Exhibition Centre
chama a atenção pela sua arquitectura original.
Almoçámos num shopping onde é fácil encontrar comida internacional.
O tempo foi curto, as distâncias grandes. O guia não foi o melhor: tinha o circuito feito para turistas normais... e descontrolou-se quando lhe pedimos coisas que nem conhecia, como o local onde estava a ser construído o Museu Guggenheim ou a Catedral Católica de St. Joseph!!! Esforçou-se, em vão, o que deu para ver o outro lado da riqueza, nos bairros sobrelotados de indianos e outros emigrantes que trabalham para o luxo que é mostrado ao turista.
A mesquita maior, salvou "a honra do convento"!...
A Sheik Zayed Mosque, é uma beleza.
Com uma área correspondente a cerca de 5 estádios de futebol, tem 82 alvas cúpulas.
Na sua construção foram utilizados materiais como mármore, pedra, ouro, pedras semi-preciosas e trabalharam artesãos de muitos países desde Itália à Índia. Os estilos Mughal, Persa e Mouro, são visíveis.
Com tempo, merece a visita do seu interior onde se encontra a maior carpete feita à mão, bem como o maior candelabro, com 10x15m, pesando 12 toneladas.
Nos EAU tudo é, ou virá a ser, o maior do Mundo. É, com certeza, o lugar actual do Mundo onde a construção está em alta, nesta era de privações!
* * * * *
PUEBLOS BLANCOS
14, 15, 16 Outubro 2013
Na Andaluzia, pertencentes às Províncias de Cadiz e Málaga, os Pueblos Blancos são povoações de fachadas caiadas de branco com vasos de flores de cores vivas, douradas pelo sol e rodeadas pela montanha castanha ou negra ou o verde da serrania e o azul do céu. Não é lirismo: é mesmo isto que espera o viajante, encantado!
Entrámos em Espanha pelo sul, a partir do Algarve, em direcção a Jerez de La Frontera. Não parámos. Jerez merece mais tempo e nós íamos com hotel marcado em ARCOS DE LA FRONTERA que queríamos visitar e sair cedo no dia seguinte, em direcção a Ronda.
Em cerca de duas horas a partir de Ayamonte, pusemo-nos à porta do Los Olivos,
que é uma casa antiga, com pátio andaluz,
transformada em hotel, com estacionamento fechado, ao lado, por 8 euros por dia, o que é uma vantagem nos "pueblos", de ruas estreitas. Tem sistema wi-fi óptimo com sinal em qualquer local do hotel.
Depois do check-in, subimos pela rua íngreme
até à Oficina de Turismo.
E com o mapa na mão, continuámos a subir para a Cidade Velha.
A vila é encantadora, branca, com muitas ruazinhas de casas brancas com belas janelas, sacadas e portas de antigos solares com a pedra a desfazer-se.
Mesmo ao lado do Turismo, o Palácio Conde del' Águila, do séc.XV, de fachada gótico-mudejar e uma belíssima janela.
Almoçámos na rua, na "Taberna Jovenes Flamencos"
e continuámos a subir. Pequenas ruelas laterais, com arcos e,
mais à frente, começa a surgir
a imponente Igreja de Santa Maria (Basílica Menor de Santa Maria de la Asunción).
Iniciada no séc.VII, com uma base com vestígios bizantinos, tem tendências renascentistas e balcões de S. Pedro e S. Paulo, ao estilo Barroco-Gótico muito ao gosto da época. A robusta torre inacabada
foi projectada no séc.XVIII, tendo como referência a Giralda de Sevilha.
O seu interior é predominantemente Gótico.
Um retábulo executado por José Navarro em 1741,
tem a imagem da Virgen de las Nieves, padroeira da vila, encontrada depois da reconquista aos Mouros, nos terrenos de uma mina. Tem a fachada virada para a Plaza del Cabildo,
onde também está o Parador
e o Balcón de Arcos de onde se avista o cerro com a Igreja de São Pedro e o rio Guadalete aos pés.
Foi para a Igreja de São Pedro que nos dirigimos, continuando a encontrar arcos e pátios.
A porta do Convento de la Encarnación,
no Callejón de las Monjas passa despercebido, bem como o Convento de las Mercedarias.
Muito branco, em outra viela, com traços de Art-deco, o Teatro Olivares Veas.
A Igreja de São Pedro
foi construída sobre os restos de uma fortaleza árabe do séc.XIV. A torre da fachada
é barroca do séc.XVIII com porta flanqueada por quatro colunas e uma cornija com a imagem do Santo.
No interior, um altar-mor de rica talha dourada,
órgão de tubos,
um sacrário com a Virgen de las Nieves
e belos azulejos árabes.
Mas a jóia mais preciosa é um Belén Napolitano, um belo presépio do séc.XVII.
A deambulação levou-nos a recantos isolados, saboreando o silêncio entre muros.
No regresso ao hotel, a Igreja de San Miguel, antiga fortaleza árabe do séc.XV.
Depois de um chá com torradas no pátio de Los Olivos, voltámos a sair, fotografando a lua entre os arcos
e o interior belíssimo do Centro Cultural de San Miguel,
onde estava uma exposição de fotografia cujo tema era o touro.
Arcos de la Frontera é um labirinto de ruelas entrelaçadas que se adaptam à topografia do terreno. Melhor, como diz Azorín, o escritor anarquista de Málaga, Arcos de La Frontera, una meseta plana, sobre ella casitas blancas y vetustos caserones negruzcos y a sus pies un rio callado, lento, de aguas terrosas, que lame la piedra amarillenta, que va sovacando poco a poco, insidiosamente.
No dia seguinte, a caminho de Ronda, onde iríamos dormir, escolhemos 4 pueblos blancos para visitar.
A primeira paragem foi em BORNOS a cerca de 20km.
Procurámos o Castillo-Palacio de Los Ribera por entre ruas de casas caiadas de branco.
O edifício está em algum grau de degradação. Este palácio renascentista foi construído no séc.XVI na antiga torre fortificada medieval de Fontanar, construída pelos Árabes com fins militares. Os restos do antigo castelo reduzem-se a alguns lanços da muralha e à torre de menagem.
Claustros de dois lanços de arcadas
e os badalados jardins de interesse cultural, mostram um certo abandono.
Chama a atenção o que poderá ter sido a Fonte Pompeiana.
Saindo pela grande porta, encontramos à direita o edifício do Ayuntamiento
e à esquerda a Igreja de Santo Domingo de Guzmán,
construída no séc.XVI por Hernán Ruiz, com fachada neoclássica e um campanário lateral de mais de 30m. Dentro, um retábulo lateral barroco e um altar-mor
com uma Imaculada e Santo Domingo de Guzmán. Um belíssimo Crucificado (Cristo del Capítulo)
chamou-me a atenção. Supõe-se ter procedência mexicana e poderá pertencer aos Cristos de Milho (Cristos de Maíz) cuja manufactura se iniciou em 1492 no México e no Perú, modelados em pasta de milho ou de cana, por serem materiais leves, já que uma escultura do tamanho natural não pesava menos de 10kg, o que dificultava o transporte nas procissões religiosas.
Foi em Bornos que nasceu a Semana Santa Espanhola quando, em 1520, o senhor de Bornos regressou de uma viagem a Jerusalém e decidiu recordar a viagem instalando uma série de cruzes entre o Convento de São Bernardino de Sena e a Ermida do Calvário, passando a percorrer esse caminho na Sexta Feira da Quaresma com os familiares e criados. E o costume difundiu-se rapidamente.
ALGODONALES foi o pueblo seguinte, nas encostas da Sierra de Grazalema.
Sobressai a Iglesia Parroquial de Santa Ana,
na Plaza de La Constituición, de fachada com grande arco flanqueado por pilastras e um campanário reconstruído após o terramoto de Lisboa de 1755.
Procurámos a fábrica das guitarras, por curiosidade, onde o Alf experimentou uma esplêndida Flamenca, mas com um preço pouco apelativo.
Seguimos para OLVERA, que alguém definiu como: uma rua, uma igreja, um castelo!
Ruas muito íngremes e estreitas que nos deram grande dificuldade em estacionar o carro, depois de muitas tangentes!…
Os cães vagueiam à vontade e tive um certo receio da matilha onde se encontravam dois pesados buldogues.
Sempre a subir, chegámos à Plaza de La Iglesia. A Iglesia de Nuestra Señora de La Encarnación
foi construída sobre o anterior templo gótico-mudejar. De estilo Neoclássico, foi impossível visitá-la porque estava em obras.
O Castelo árabe sobressai no alto da colina.
Já de saída, do carro, fiz a fotografia final, do cerro.
A paragem seguinte foi num pueblo que é um monumento por si próprio:
SETENIL de LAS BODEGAS e as suas casas-cuevas.
É outro tormento para estacionar: não só por causa da estreiteza e inclinação das ruas
mas também porque tem muitos turistas.
Sentámo-nos na primeira esplanada-restaurante que encontrámos depois da subida dificultosa.
Na Plaza de Andalucía (é uma redundância chamar praça ao pequeno espaço em declive...), parámos para almoçar e
não nos arrependemos, pois fomos muito bem servidos no "Dominguez".
Depois foi a descoberta, continuando a subir até à Iglesia de Nuestra Señora de La Encarnación,
que se ergue, sóbria mas majestosa num megalito, parecendo nascer da própria rocha.
Mas a principal atracção da cidade são as grutas naturais que serviam de abrigo na Pré-história e que foram aproveitadas como vivendas, construindo fachada com porta e janelas
que encerram a embocadura, sendo a própria rocha a cobertura de grande parte das construções.
Em alguns sítios, parece um pesadelo, como se um meteorito tivesse caído sobre as nossas cabeças.
Chegámos a RONDA ainda com bastante claridade.
O Parador é um bom local para ficar.
Esplêndida paisagem a partir do quarto,
mas... um péssimo sinal de wi-fi em todo o hotel!
Ronda é uma cidade magnífica. Arunda dos Romanos, Izn Rand Onda dos Muçulmanos que aqui estiveram a partir de 711 até 1485 altura em que foi conquistada pelo rei Ferdinand.
A Puente Nuevo
é o ex-libris da cidade. Construída entre 1751 e 1793 sobre as ruínas de uma outra que havia sido começada em 1735 e caiu antes de ser concluída. São 150m de profundidade até ao rio Guadalevín, pequenino, lá em baixo. Liga a zona histórica à cidade nova.
Saindo da Plaza de España, do Parador, atravessámos a ponte até à cidade histórica, encontrando à esquerda o Convento de São Domingos que foi sede da Inquisição.
Continuando a descer, encontramos, empoleirada no precipício, a Casa del Rey Moro,
residência da duquesa de Parcent, que se encontra degradada... ou em vias de restauro.
Foi construída no séc.XVIII sobre as ruínas de uma residência árabe.
Por 4€ prometiam-nos belíssimos jardins, que desiludiram... e a Mina. Esta encontra-se no fundo de 365 degraus escavados na rocha no tempo do rei mouro. Um dos turistas que regressava quando nós empreendíamos a descida, estava congestionado e respirava com dificuldade. Parando aqui e ali, espreitando por "janelas"
e entrando em algumas "salas",
chegámos, por fim, à frescura, ao espanto da água azul…
e confrontámo-nos com o forte cheiro a enxofre.
Vale a pena.
Subimos com o mesmo cuidado e não tivemos qualquer problema.
Do terraço, no jardim, avista-se a cidade mais baixa. A Sinagoga,
degradada, a Puente San Miguel, os Banhos Árabes.
Mais afastada, a Iglesia de Nuestro Padre Jesús
com o seu belo campanário.
E a Puerta de S. Filipe V
(construída após a queda da primeira Ponte Nova), um arco de alvenaria dupla encimado por três pináculos e adornado pelo escudo real, que atravessámos, bem como a Puente Viejo Árabe
até aos Jardines de Cuenca
para apreciar as Casas Colgadas na arriba,
à semelhança das da cidade de Cuenca (daí o nome dos jardins e a geminação das duas cidades).
Voltámos a subir, passámos ao lado do Palácio dos Marqueses de Salvaterra,
residência senhorial do séc.XVIII, de fachada barroca com brasão de família
e dois pares de insólitas figuras nuas:
a feminina ocultando o sexo e a masculina mostrando a língua, lembrando figuras incas pré-colombianas.
Caminhando até à Catedral, passamos pelo Minarete de San Sebastian,
recordação de uma mesquita do séc.XIV, ruas estreitas de casas de fachadas brancas
com sacadas e janelas com ferros-forjados, vasos com flores coloridas
e portas de palácio desconhecidos.
Desembocámos na Plaza Duquesa de Parcent,
onde nos sentámos para beber um refresco. A Iglesia Santa María Mayor,
do séc.XV, muito bela, foi mandada fazer pelos Reis Católicos e é uma mescla de estilos arquitectónicos que lhe dão um aspecto ímpar, conservando um minarete. Também na praça, o edifício do Ayuntamiento,
construído em 1734 e que foi quartel das milícias de Filipe V.
Contornando a Catedral por rua bem estreita com vasos de flores,
chegámos à Plaza Mondragón, onde está o Palácio Mondragón,
actual Museu da Cidade, reconstruído após a reconquista cristã a partir da morada do governante mouro Abbel Mallek ou Abomelic, filho do rei de Marrocos, possivelmente de 1314. Estava fechado, devido ao adiantado da hora.
Na manhã seguinte saímos em direcção a GRAZALEMA
e do seu Parque Natural da Sierra de Grazalema.
A estrada apertada, curvilínea mas de bom piso, leva-nos à cidade encravada na serra.
Durante o séc.VI até meados do séc.XVIII, a cidade viveu grandes revoltas e confusão. Teve ocupação romana e árabe, mas hoje é uma bela cidade, calma e branca, com muito turismo senior, com queijos, peles e as célebres mantas de lã.
A Iglesia Nuestra Señora de la Aurora
é o monumento mais importante, do séc.XVIII.
Seguimos pela Calle Las Piedras, com casas caiadas de branco e janelas floridas
e descendo de novo até ao centro, encontrámos a vellha Torre de la Iglesia de San Juan
e a Iglesia Parroquial de Nuestra Señora de la Encarnación,
do séc.XVII, de origem árabe, mas reconstruída no séc.XVIII.
Do miradouro, onde tínhamos deixado o carro, fazem-se as fotos finais.
Montecorto fica no caminho da fronteira.
Almoçámos numa pequena tasca à beira da estrada, com muitos camiões à porta.
E não conseguimos resistir a ARACENA,
cidade calada, aparentemente sem ninguém, de onde os Portugueses expulsaram os Mouros em 1251 e a entregaram aos Castelhanos em 1267. Foi controlada pelos Cavaleiros Templários até 1312.
Entrámos na praça baixa e confrontámo-nos com a Iglesia de Nuestra Señora de la Asunción, do séc.XVI.
O Cabildo Viejo
fica mais acima, com portal de cariz toscano, em mármore, com a inscrição Veritas de terra orta est justitia de coela prospexit ("A verdade nasce da terra e a justiça é feita no céu").
Do Castillo
são,agora, visíveis apenas muralhas e ruínas, mas na sua aproximação deparamo-nos com um imponente Campanário de tijolo, em arco, no topo da colina.
A Iglesia de Nuestra Señora de las Dolores
foi construída no local de uma fortaleza mourisca do séc.XII pelos Templários no séc.XIV.
A torre é do séc.XVI
com decorações com arabescos de alvenaria como a Giralda de Sevilha.
Chegámos já de noite a casa.
Ficou uma pequena ideia deste circuito maravilhoso que engloba muitos mais PUEBLOS BLANCOS na quente Andaluzia!
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