MACHU PICHU e VALE SAGRADO
PERÚ - Junho 2005
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A Maria foi a nossa guia e Mário o condutor.
Saímos cedo do Picoaga Hotel, em Cusco, com Machu-Pichu no pensamento, através do Vale Sagrado dos Incas.
Cusco, visto da janela do Hotel Picoaga
Parámos para observar a falha geológica de Qorao e o Parque de Tayakan.
Falha geológica de Qorao.
Este parque é uma reserva de lamas, vicunhas, alpacas e uma espécie que é cruzamento de qualquer destas raças com outra diferente, o guanaco. A Maria diz que se usa, popularmente, a expressão “Aquele é um guanaco!” para designar a pessoa sem valor que nem sabe quem é o pai.
O Lama
O Guanaco
O rio Vilcanota ou Urubamba corre, pacífico, no vale.
Ao fundo, o Vale Sagrado
O Pueblo Antigo de Pisac fica na província de Calca. É uma cidadela inca situada no desfiladeiro do vale do Urubamba e que controlava a estrada que ligava a capital do Império Inca, Cusco, a Paucartambo, na fronteira da selva amazónica.
Terraços de cultivo e condutas de água foram escavados em rocha sólida.
Para que se tornassem terra de cultivo, nos sucalcos escavados era depositada uma camada de areia do rio, uma de cascalho e, finalmente, a terra fértil que vinha da selva, adubada por guano (excrementos das aves) e dejectos de outros animais.
Visitámos as ruínas das casas com a típica arquitectura inca de sobreposição das pedras e o Templo do Sol, semelhante ao da cidade perdida de Machu-Pichu.
Pueblo Antigo de Pisac - as ruínas
Pueblo Antigo de Pisac - as casas e as ruínas
Pueblo Antigo de Pisac - as casas
Era também na rocha sólida da montanha que os incas escavavam os locais para depositar os seus mortos e, ao longe, podem vislumbrar-se centenas de orifícios.
Pueblo Antigo de Pisac - Cemitério
Nestes locais turísticos, aparecem sempre andinos vestidos com cores vivas,vendendo artesanato
Num desses locais, quando o Alfredo fotografava uma criança, uma outra miúda perguntava: "Porque não eu? E eu?"
Gostam que os animais também fiquem nas fotos!
E fez questão de ficar na foto com a ovelha que o acompanhava e que insistia em voltar as costas à câmara, apesar do esforço da garota para que ela fixasse a objectiva!...
A ovelha não estava muito pelos ajustes!
Descemos para a pitoresca aldeia andina de Pisac, percorrendo o colorido mercado, fazendo algumas compras, entre elas o “charango”, instrumento musical de cordas muito popular por aqui.
O Mercado
O almoço foi um buffet muito bem fornecido nos jardins do “Tunupa”, que significa “Grande Senhor”, um palacete colonial, com o rio Urubamba aos pés, na base da montanha, num local paradisíaco.
Nos jardins do Tunupa
O rio que atravessa o jardim.
Depois do almoço, seguimos para a Fortaleza e Cidadela de Ollantaytambo. Situada a 2.800 metros de altitude, a oeste do Vale Sagrado, foi um centro militar, religioso e cultural, durante durante o Império Inca. Estava estrategicamente localizado para defender o Vale do Urubamba
Venda de artesanato nas ruas de Ollantaytambo
Fortaleza e Cidadela de Ollantaytambo
Dentro da Fortaleza
As águas eram trazidas para a cidadela das nascentes das montanhas por canais subterrâneos (para não serem envenenadas pelo inimigo e para diminuir a evaporação). Assim, ainda hoje, as águas correm frescas.
Ollantaytambo foi o único local inca que conseguiu resistir às primeiras investidas dos invasores espanhóis, porque os incas libertaram as águas, inundando a planície e dificultando as manobras dos cavalos.
O passado e o presente!
Dormimos no “Sol y Luna”, um resort e spa entre montanhas, num silêncio magnífico e reconfortante. Não nos seduziu a caminhada nos belos cavalos, ao entardecer, tamanho era o cansaço.
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O jantar foi num ambiente romântico, à luz das velas, uma entrada de alcachofras recheadas com legumes e queijo e um spagetti com gambas.
No dia seguinte, de manhã, um táxi levou-nos à estação de comboios de Ollantaytambo para apanhar o combóio que vinha de Cusco e trazia, de novo, a Maria, que fora dormir a casa.
No dia seguinte, de manhã, um táxi levou-nos à estação de comboios de Ollantaytambo para apanhar o combóio que vinha de Cusco e trazia, de novo, a Maria, que fora dormir a casa.
Estação de Ollantaytambo

Rio Urubamba
Descemos até Aguas Calientes, a 2000 metros de altitude, na base da montanha.
O trajecto é lindíssimo, sempre a acompanhar o rio Urubamba. A paisagem é, primeiro, um pouco árida e, aos poucos, a vegetação vai-se adensando à medida que nos aproximamos da selva
A vegetação é cada vez mais densa
De Aguas Calientes até ao Santuário de Machu Pichu, foi cerca de meia hora em autocarro, por uma estrada estreitíssima, com despenhadeiros de mais de duzentos metros.
Assustador, mas belo.

A beleza e imponência da paisagem
MACHU PICHU fica a 2.400 de altitude. Ainda da estrada, já se vislumbra e começa a emoção. É um dos nossos Lugares Míticos.

Na companhia da Maria a nossa guia

Machu Pichu
A Maria guiou-nos na visita. É impensável vir a este local sem um bom guia.
A Cultura Inca teve uma curta duração. Começou em 1400 e foi destruída em 1532 pela ambição e pelo terrorismo dos conquistadores espanhóis.
Perto de Machu Pichu, existe um povoado, Guayna Pichu (“guayna” significa “novo”, em quechua) e foi a partir daí que, em 1911, Hiram Bingham, norte-americano, numa expedição da Universidade de Yale, entrou em Machu Pichu.Vista geral
As pessoas desse povoado sabiam, por lendas, que existia um lugar sagrado escondido e enterrado na vegetação, mas tinham medo de lá ir devido a superstições muito antigas. Foi um menino de nove anos que ensinou o caminho a Bingham, através de uma estreita escada escavada na montanha.
Em quechua (e a Maria é quechua), Machu Pichu significa “Velha Montanha”. A cidadela começou a ser construída em 1438, sob a orientação do arquitecto Pachaquteq. Era como uma universidade para os filhos da nobreza, um lugar muito sagrado que deveria ficar escondido. Os formandos eram levados de lá por caminhos que não pudessem recordar. O local foi escolhido pela sua altitude (quanto mais alto, mais energético) e por estar rodeado por altas montanhas, de onde vinha a energia.
Eram auto-suficientes, com os seus terraços de cultivo e as águas canalizadas de um dos picos que rodeiam o vale.
No lugar mais alto, junto do Templo do sol, viviam os nobres. Estes eram quase todos sacerdotes que ministravam o ensino. Mais abaixo, as casas dos artesãos.
Além dos locais de culto (Templo do Sol, Templo da Lua, Templo das Três Janelas), havia um observatório para estudo das estrelas, um relógio solar… e a Pedra Intihuatana, com significado místico: diz-se que tocando com a testa na pedra, se abre a visão para o mundo espiritual.A Pedra Intihuatana
As pedras das construções são de granito branco, composto por mica, feldspato e quartzo, material muito isolante e que propicia o eco. As conversas dentro das casas eram bem guardadas mas, de janela para janela o som propagava-se muito bem, podendo comunicar mesmo com os vizinhos mais distantes.
Terrenos de cultivo
No Templo das 3 Janelas existe uma Cruz Quadrada dos Incas, com metade ainda enterrada, com o buraco no centro, símbolo de Cusco. Os três degraus que se identificam são, a Serpente
(o mais baixo, representando o Mundo Inferior), o Puma (o do meio, correspondente à Terra) e o Condor (o superior, representando o Ar).
No Templo do Condor, cujas asas estão esculpidas na rocha e a cabeça no chão, realizava-se Yahuar, a Festa do Condor.
Templo da Lua


Todos os recantos eram vistos ao pormenor

E devidamente explicados pela Maria
Na Praça Central, procedia-se às manifestações religiosas dirigidas pelo Sumo-sacerdote no Templo do Sol.
80% dos esqueletos encontrados eram de mulheres, o que levou ao aparecimento da teoria de que era a Cidade das Mulheres Escolhidas.
Alguns apontam a cidadela como o local onde Manco CapacII, o último imperador inca, se refugiou no tempo conturbado da invasão.