CHILE - Agosto 1998
O deserto chileno, no norte do país, é o mais seco deserto do Mundo (menos de 30% de humidade relativa) composto por salares, areia e lava.
Fica numa enorme depressão, entre a Cordilheira da Costa e os Andes.
A caminho de Atacama
A caminho de Atacama
Parte da carga vinda das minas de cobre, caiu!
O Vale da Lua
O Vale da Lua
Cena de rua -2-
Restaurante PAACHA (Isabel e Daisy)
No dia seguinte, com guia, saímos de San Pedro até Toconao, pequena povoação a caminho do Salar, que sobrevive graças à Quebrada de Jeria.
Toconao - Quebrada de Jeria -2-
Salar - Os flamingos rosa!
Salar - O pôr-do-Sol
EL TATIO (Daisy, Hilde e Isabel)
Enquanto o sol não nasce, podem ver-se jactos de água e vapor (a aproximadamente a 85 graus centígrados) que se elevam, alguns, a mais de seis metros de altura, formando figuras várias
EL TATIO -Depois do nascer do Sol
LASANA
Chegámos a Calama, capital da região de Atacama, de avião, vindos de Santiago do Chile e um pouco perdidos. Só tínhamos reservado hotel em San Pedro de Atacama e ainda não sabíamos como chegar lá.
Soubemos, depois, que toda a gente vai de camioneta, mas como bons citadinos, dirigimo-nos à praça de táxis, combinámos o preço (que não era caro, dividido pelos quatro – Isabel, Hilde, Alfredo e Daisy). O motorista aconselhou-nos o regresso no transporte público, porque era muito mais barato e esperaria por nós para um circuito à volta de Calama.
A vantagem do transporte privado é podermos parar onde queremos e mais facilmente obter informações.
A região é rica em cobre e possui a maior mina de cobre a céu aberto, Chuquicamata.
A caminho de Atacama
A caminho de Atacama
Parte da carga vinda das minas de cobre, caiu!
O Vale da Lua faz parte da Cordilheira do Sal e, para a apreciar, fizemos uma pequena paragem.
O Vale da Lua
O Vale da Lua
San Pedro de Atacama é um oásis a 2.000 metros de altitude.
Na altura, o hotel Kimal era o melhor da cidade, composto por espaçosos apartamentos com paredes de adobe, com uma simpática entrada com telheiro e com mesa e cadeiras para sentar ao ar livre a ouvir os pássaros nas árvores despidas de folhagem. A secura é tanta que não se vêem moscas nem mosquitos e um pacote de bolachas aberto no primeiro dia manteve as mesmas rijas durante os quatro dias que aqui passámos.
As ruas, de terra batida, estavam desertas. As poucas pessoas com quem nos cruzávamos, pareciam hippies e com aspecto pouco limpo. Só mais tarde percebemos porquê. A terra é de uma poeira tão fina que se vai entranhando nas roupas e no calçado, à medida que caminhamos, ao longo do dia.
Cena de rua -2-
As casas, térreas, todas de adobe, algumas caiadas de branco.
Dirigimo-nos a uma agência de viagens local, a ”Desert Adventure”, para comprar os programas que já tínhamos planeado: o Salar, os geysers de El Tatio e o que mais fosse possível em dois dias completos e a tarde do dia de chegada. Lemos e assinámos as condições de segurança requeridas. Todos os percursos eram de dia inteiro. Para a tarde, aconselharam-nos a visita à Pukara de Quitor, a pé, a cerca de 3 quilómetros.
Fizemos o reconhecimento do local e almoçámos.
Os restaurantes, o “La Estaka” com comida italiana, o “Paacha”, que pertence ao nosso hotel e é um pouco mais requintado, a “Botilleria Atacama La Grande”.
Restaurante PAACHA (Isabel e Daisy)
A Igreja de San Pedro de Atacama, na sua singeleza de arquitectura mista colonial e índia, caiada de branco, data de 1577.
Visitámos o Museu arqueológico Gustavo Le Paige, com artefactos de olaria e outros, contando a história local das diversas civilizações que por aqui passaram. E as famosa múmias. Os mortos eram enterrados dentro de urnas de barro e mumificavam naturalmente, devido à secura do ar. Podem, assim ser facilmente datadas.
A tarde foi aproveitada para a visita da Pukara de Quitor. Pukara, é uma cidade fortificada, pré-hispânica, anterior, mesmo, ao Império Inca. A de Quitor é do século XII e foi o último bastião índio contra Pedro de Valdívia e os Espanhóis.
A noite é o mais difícil de passar… Não há televisão, nem rádio. A partir da meia-noite, não há iluminação em lado nenhum. Jantámos à luz das velas, em mesas corridas, confiando no que nos punham no prato, num pátio pejado de gente jovem. E teríamos que ir para o hotel antes da meia-noite se queríamos encontrá-lo, antes dos geradores se silenciarem
No dia seguinte, com guia, saímos de San Pedro até Toconao, pequena povoação a caminho do Salar, que sobrevive graças à Quebrada de Jeria.
... descobrimos a quebrada!...
As quebradas, são depressões, no deserto, onde se conserva a água, com paisagens escondidas, lindíssimas, rodeadas por frondosa vegetação e árvores. E uma frescura deliciosa.
Toconao - Quebrada de Jeria -2-
O Salar de Atacama è uma depressão com uma área de 3.200 quilómetros quadrados. É um lago subterrâneo de águas salgadas, salobras, habitat de belos flamingos rosa.
Cristais de sal aparecem à superfície, devido a evaporação rápida.
O Salar é, também, o maior depósito de lítio existente no Mundo.
Salar - Os flamingos rosa!
A 2.305 metros de altitude, o entardecer, aqui, é um espectáculo incomparável e inesquecível!...
Ficámos até ao pôr-do-sol, em contemplação.
Salar - O pôr-do-Sol
Se o Salar de Atacama deve ser visto ao entardecer, os geysers de El Tatio, pelo contrário, deve ser visitado ao amanhecer.
Fica a 100 quilómetros de San Pedro a 4.320 metros de altitude, por estradas “manhosas”, o que implica levantar às três e pouco da madrugada, fazer a higiene à luz das velas e sorver um chá de coca a ferver, para superar o frio e preparar para a altitude. Comer? Nem pensar: o apetite, a essa hora, é coisa que não existe.
EL TATIO (Daisy, Hilde e Isabel)
Depois de três horas de solavancos, parámos. De novo, os guias reforçam as regras de segurança de que tomámos conhecimento ao assinar o contrato, no primeiro dia. Os carros trazem um pequeno equipamento médico de que faz parte uma garrafa de oxigénio.
EL TATIO
Ainda está escuro e sem darmos conta, aparece uma poça de água fervente de onde pode sair um jacto e cada passo faz perder o ar, pelo que se deve caminhar bem devagar e com os olhos no chão.
Enquanto o sol não nasce, podem ver-se jactos de água e vapor (a aproximadamente a 85 graus centígrados) que se elevam, alguns, a mais de seis metros de altura, formando figuras várias
Apesar da temperatura ser próxima dos 5 graus centígrados negativos, os guias cozem os ovos e aquecem o café para o pequeno-almoço na água.
Depois, o sol aparece e as fumarolas vão desaparecendo.
As piscinas de água quente (35 graus centígrados) convidam alguns ao banho.
EL TATIO -Depois do nascer do Sol
Depois, foi a descida, apreciando a paisagem. O rio gelado, os cactos centenários, as vicunhas.
No dia seguinte, como os outros turistas e como os locais, apanhámos a camioneta para Calama onde nos esperava o nosso amigo motorista com um programa de circuito à volta da região.
A cidade é bem maior do que a encantadora San Pedro. Não é tão bonita, mas tem uma bela praça com igreja de arquitectura contemporânea e um coreto. É aqui que os mineiros vivem e toda a cidade foi construída para a satisfação das suas necessidades, com residências modestas, motéis, restaurantes e mercado.
Perto de Calama, ergue-se o Monumento aos Mártires do Paredão do Deserto, que homenageia os heróis da independência da Bolívia em 1825.
Calama - Monumento aos mártires
Em Lasana, fomos visitar a escola local. No meio do deserto, além da leitura e da escrita, ensina-se a prevenir os acidentes e a trabalhar a terra.
A Pukara de Lasana é uma fortaleza do século X. Entre as suas paredes existem ainda muitas múmias enterradas e devidamente sinalizadas pelo Serviço de Arqueologia.
LASANA
Entre Lasana e Chiu-Chiu, encontram-se zonas de petroglifos também sinalizados, e rebanhos de vicunhas.
Por uma paisagem completamente desértica e plana, fomos conduzidos à Lagoa de Inka-Colla. É uma grande lagoa de águas azuis, no meio de uma zona árida, sem qualquer ponto de referência para ser encontrada, mas que o nosso motorista mostrou não ser a primeira vez lá ia. Diz-se que Jacques Cousteau aqui mergulhou e “não encontrou fundo nem ser vivo”!... O nível das águas tem-se mantido o mesmo desde sempre, apesar do calor abrasador.
Diz a lenda que veio um índio do Alto Peru (um inca), que se apaixonou por uma índia colla. Desse amor, nasceu um filho. Mas um dia, o índio inca partiu. Prometeu voltar e não voltou. A índia chorou o seu desgosto e afogou-se com o fruto do seu amor nas águas das suas lágrimas e ficou a lagoa.