segunda-feira, 4 de junho de 2012

BRASIL - MARANHÃO - Parque dos Lençóis

PARQUE DOS LENÇÓIS

7 a 10 Julho 2007


De manhã, o sr. Edson levou-nos até Barreirinhas, a 260 quilómetros que fizemos em três horas e meia que não custaram a passar porque o nosso condutor é um bom falador e conhecedor da zona. Aprendemos a distinguir as palmeiras como a buriti (com tronco grosso), carnaúba (com folhas em leque), açaí (bem fininha e de copa redonda).
Nas povoações, os quebra-molas evitam o excesso de velocidade.
Os manguezais,
nas margens dos rios, são típicos desta região e é nas suas lamas que se apanham os caranguejos que os rapazes vendem, vivos, nas bermas das estradas.
Atravessámos o rio Itapucurú.
Em São Simão, vimos as casinhas de porta-e-janela, muito simples, casa de sapê, de barro cinzento e palha.
Depois do rio Gunim,
parámos em Morros, mais à frente, para um cafezinho no "Quebra anzol", que é o nome de um rio, que não deve ser muito pacífico!...
Igarapé, aparece em placas, várias vezes, na estrada: é um pequeno regato.
Nomes de povoados como Manoelzinho, nomes de frutos como bacurí, iam enriquecendo os nossos conhecimentos. Pau-de-arara é o indivíduo que viaja em pequenas camionetas sentado em traves de pau, como arara em ramo de árvore.

Chegámos mesmo a horas do almoço, no "Porto Preguiças Resort",
depois de passar pelo centro de Barreirinhas, um complexo de ruas de terra batida com casas muito simples, algumas em estado precário.
O hotel é composto por apartamentos que pretendem imitar a casa caipira.
As janelas não têm vidro, só portadas de madeira e, à porta, uma rede de descanso.
A área social é toda aberta: restaurante, bar, recepção. Uma grande piscina
com fundo de areia e palmeiras no meio, dá um ar de frescura ao ambiente muito quente. Tem horta própria, galinheiro, olaria
e o rio Preguiças ali mesmo, rodeado de vegetação muito verde.
E até uma capelinha.
O calor é muito, o ar condicionado muito barulhento e, por isso, a noite foi má.
Ao pequeno-almoço tivemos a companhia de um garnizé (jacú) que começou a fitar-nos, agressivamente. Às vezes, atacam!
Depois do almoço, às 14 horas, tínhamos combinado o passeio aos Lençóis. O guia chegou às 14 horas e 15 minutos e uma meia hora depois, a família de quatro pessoas que também iam connosco. O transporte era uma espécie de pau-de-arara de luxo, com assentos em napa.
Situado no litoral do Maranhão, o Parque dos Lençóis

abrange os municípios de Paulino Neves, Humberto de Campos, Primeira Cruz, Santo Amaro, Tutóia e Barreirinhas, ocupando 155.000 hectares de dunas, rios, lagoas e manguezais. Descobertos nos anos 70 do séc.XX por uma equipa da Petrobas que sobrevoava Mourrarias, tornou-se Parque Nacional em 1981.
Entramos na picada de terra batida entre palmeiras butiri depois de um pequeno povoado, Santo António. Chegados ao rio Preguiças,
aguardámos a balsa para transporte da pequena camioneta e, depois, seguimos pelas dunas de areia com vegetação baixa,
arbustos de castanha de cajú, durante cerca de 20 minutos. E, então, a duna branca-branca! E as lagoas! Com nomes sugestivos: a da Preguiça,
onde apetece ficar e preguiçar nas águas;
a Esmeralda,
com as águas esverdeadas pelas algas no fundo;
a Azul,
que reflecte, como um espelho, a cor do céu. A quarta lagoa chama-se da Paz.
As lagoas formam-se com as chuvas, entre Dezembro e Julho, por milhares de anos.
Em algumas é possível encontrar peixes e aves migratórias.
A luminosidade é imensa,
pelo sol e pela cor branca das enormes dunas de areia. As sombras, as pegadas, as linhas provocadas pelo vento ondulando as areias, alimentam a nossa imaginação.
O contraste da água com as dunas é de uma beleza inigualável.
Como inigualável é este pôr-do-sol no deserto branco, com a Lagoa da Preguiça aos pés.
Não é tão explorado como o do Ulurú, na Austrália, mas é tão bonito como ele, salvando as devidas diferenças.
Já noite, chegámos ao resort, cobertos de areia fina-fina, que só saiu com um bom duche do corpo e das sapatilhas!... "Carregámos parte do Património da Humanidade... será que é legal?", inquiriu o Alf.
Com um bom jantar de carne do sol e a voz de Tatto Costa, acabámos o dia.

Mais cedo, no dia seguinte, saímos até Barreirinhas. As ruas poeirentas e as casas de aspecto simples, em tijolo, parecendo inacabadas, mostram bem que o turismo, aqui, está a começar. Viemos, por certo, na boa altura. O turismo de massas ainda não chegou. Os turistas são todos brasileiros.
Na lancha, algumas das pessoas que nos acompanharam ontem nas dunas.
O rio Preguiças tem águas muito limpas, nas margens a vegetação muito verde, com palmeiras buriti e açaí e o manguezal.

Tem cerca de 145 quilómetros e começou como um rio bem pequenino até engrossar num belo caudal, já junto ao resort (que tem barcos a remos para passeio, sem cobrar) e, aumentando, ainda, espraia-se preguiçosamente até à foz, em Atins,
bem largo, com algumas ilhas de vegetação no meio.
O primeiro povoado que se avista é São Domingos,
com a duna ao fundo e casas simples de pescadores, com barcos resguardados por telheiro em V invertido feito com folha de palmeira butiti. Esta, serve para tudo: das folhas se fazem as coberturas das casas; do tronco, muito duro, fazem-se pilares e suportes de linhas telefónicas; os frutos, pequenos, em cacho, avermelhados, para sumo ou para consumir assim mesmo.
Parámos em Vassouras,
com alguns bares na margem do rio e dunas de 40 metros, atrás. Uma água de coco e a visita à curiosidade de um dos bares que tem pequenos saguis nas árvores.

Pássaros pernaltas,
os medanhas, passeiam à beira-rio. Vassouras fica em plena área dos Pequenos Lençóis (os que visitámos ontem, são os Grandes Lençóis).
Voltámos a parar, agora em Mandacaru,
também povoado de pescadores, com ruas de areia, cuja única atracção é o farol Preguiças, de 54 metros.
Por 2 reais, subimos os 160 degraus, em escada de caracol, para desfrutar de uma bela paisagem.

O rio Preguiças desagua no mar em Altins, mas o nosso passeio parou em Caburé, onde almoçámos.
São apenas restaurantes, nas dunas brancas, junto ao rio, para servir turistas. Comemos num deles, o "Pousada do Paulo",

muito simples, com mesas cobertas de plástico colorido, mas que estavam sempre a ser limpas. Pão, é coisa que pouco se usa nos restaurantes no Brasil profundo.
E, aqui, também não há, claro, mas caía muito bem, com a fome que o passeio nos fez, enquanto aguardamos a refeição. Pedimos "galinha caipira", mas demorava duas horas a preparar. É que a galinha ainda estava na capoeira!... O peixe já estava pescado, embora tivesse demorado mais de meia hora. Mas estava bom, acompanhado com arroz branco, feijão castanho, farofa e uma boa salada. Abacaxi, tinha, sim senhor, e foi um inteirinho para nós, o mais doce que comemos na vida. Café à discrição, de borla. É o Brasil.
Às 15 horas, regressámos a Barreirinhas, sem paragens.
Uma batida de coco, antes do jantar e um banho na piscina ecológica, findaram o dia.
No dia seguinte, seu Edson e o seu caçula Erik,
estavam à nossa espera, na recepção, para nos deixar, de novo, em São Luís, onde apanhámos o voo para Foz do Iguaçu.

Para fechar o Maranhão, uma curiosidade: o apelido Ribamar é muito vulgar neste Estado. Lembro aquela série da tv com o louro Falabela em que a criada, vinda do Maranhão, se chamava Maria de Ribamar. A história do nome vem de um santo que os pescadores encontraram na praia, tratando de lhe construir uma igreja na povoação. Mas a capela ruiu e o santo voltou ao mar. Tentaram mais uma e outra vez e o santo voltava sempre para o mar. Até que fizeram a igreja na praia e construiram o altar voltado para o mar. E o Santo ficou, recebendo o nome de São José de Ribamar.




14 comentários:

  1. Tudo do melhor.
    Obrigado Meninos.
    Tonito.

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  2. Excelente! Um paraíso!
    Concordo com o Paulo. A ultima foto é a maravilha das maravilhas! Parabéns Daisy! Abraço para "ambos os dois"!!!!!

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  3. Belas vistas e belas legendas antes de ir para Vale de Lençóis.

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  4. Zona muito linda...Fotos maravilhosas!
    Bjos

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  5. Ao ir percorrendo as imagens tão reais de lugares longínquos e para mim inéditos, fui absolutamente surpreendida pelo Parque dos Lençois!
    Senti-me tão pequenina perante a grandiosidade das dunas e a beleza dos lagos!
    Um grande beijinho ao casal Moreirinhas.

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  6. Francisco José Carvalho Domingues9 de junho de 2012 às 17:26

    Caro Alfredo, pelos vistos andaste nos Lençóis do Maranhão. Sinceramente, nunca esperaria da tua parte um tal abuso de confiança. E já agora, esse tal de Maranhão sabe disso ? Estavam os ditos lençóis devidamente higienizados ? Não ficaste com comichão em algum lado (ou partes) ? Vá lá, tem mais cuidado para a próxima e vê lá bem onde te deitas ... Um abraço e boas (e grandes) viagens com a tua Guia Turística de Toda a Vida.

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  7. Adorei espreguiçar-me no Rio Preguiças e envolver-me nos Lençóis do Maranhão. Beijo.J.

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  8. Graça Maria Ferreira Gaspar9 de junho de 2012 às 17:27

    MARAVILHA !!!! ♥♥♥

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  9. Caros Amigos:

    Continua a ser maravilhoso viajar convosco!

    Um beijo grande.

    LILI

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  10. Como nos vão habituando, A Daizy e o Alfredo, trazem até nós magníficas paisagens. Obrigado por mais esta partilha. Excelente !!!
    Quito

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  11. josé manuel saraiva24 de junho de 2012 às 10:28

    Parabéns, Alfredo e Daisy, pela excelente reportagem fotográfica! Espero que um dia destes se decidam pela publicação, em livro, deste conjunto de lindíssimas "pérolas"...
    A ambos, um forte abraço de admiração e amizade.

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  12. Como sempre, belas fotos e textos, parabéns.
    Grande abraço.

    Luís e Fátinha

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